É injustificável deixar de agradecer às reviews generosas de tantos amigos novos e talentosos que tenho encontrado aqui.
É injustificável também deixar de retribuir a menção que têm feito do meu trabalho para seus próprios leitores, o que certamente é a causa de hoje eu ter mais de um.
Entretanto, hoje vou tomar esse espaço para falar de uma autora com quem tenho uma dívida de gratidão especial, Lady Éowyn de Rohan.
E a razão é que nem esta fic, nem muito menos este capítulo em especial, estariam aqui se não fosse por ela, que com suas mensagens de incentivo e encorajamento me convenceu de que, apesar de tudo, valeria a pena publicá- los.
Conforme as advertências que postei na introdução deste fanfic, este é um texto originalmente concebido como NC-17, devido ao seu conteúdo sexual, e por mais que tenha procurado adequá-lo aos parâmetros do ratting R - que é o máximo que o fanfiction.net permite - ainda assim sei que muitos podem considerá-lo forte demais.
Já houve quem me colocasse isso, e eu mesma tinha, e tenho, muitas dúvidas a esse respeito. Éowyn, entretanto, não as tem, e citou para mim o grande Érico Veríssimo "PARA SER ESCRITOR, VOCÊ TEM DE IGNORAR A MÃE QUE ESTÁ OLHANDO O QUE ESCREVES, ACIMA DO SEU OMBRO ESQUERDO".
Decidi seguir seu conselho, e assim sendo, com as devidas advertências e os sinceros pedidos de desculpa aos que porventura possam vir a se sentir ofendidos pelo seu conteúdo, apresentarei a vocês ... A PAIXÃO.
Mas não sem antes convidá-los a conhecer o singelo e adorável JARDINS DE ITHILIEN, onde a mencionada dama reina, e que, ao contrário do texto a seguir, é curto e não contém nenhuma contra-indicação.
A PAIXÃO DOS EDAIN----
Capítulo VII - Sob o Domínio da Paixão
O RETORNO DE HALDIR
Haldir voltava lentamente pelos caminhos de Lórien. Fora a Caras Galadhom esperando ter com seu Senhor Celeborn, e tratar do mal que crescia em suas fronteiras e na guerra para a qual Lórien deveria fazer-se preparada, mas seu rei fora ter com Thranduil, Senhor da Floresta das Trevas.
Relatou então à Senhora Galadriel os últimos acontecimentos, dividindo com Ela suas preocupações.
- Cresce em importância a missão que lhe deleguei, Haldir.
- Mas, Minha Senhora, não vejo como possa cumpri-la: Mornfinniel não se lembra de nada. Pode não se lembrar nunca, e talvez não queira se lembrar.
- Ela tem medo, Haldir, é por isso que não se lembra.
- Medo, Minha Senhora? Não, não há medo nela. Nem com sua existência mortal tem cuidado, põe-na em risco sempre que me distraio.
- Então seu segredo é pior do que a morte, Haldir. E no entanto ela prezou pela vida de Niéle.
- Às vezes penso que é mais amor à batalha que apreço à vida que move aquele coração. Nem ao filho demonstra algum carinho.
- No entanto o coração sofre e teme, sem saber por quê. E eu lhe pergunto, Haldir, o que queriam os Orcs com o nosso pequeno, nosso tithen? Que mantivessem Niéle viva para torturá-la, é algo de que bem os sabemos capazes, mas o menino? Niéle disse que já o estavam levando quando ela chegou. O segredo de Mornfinniel envolve Mîleithel, e só a proteção dele já seria razão suficiente para insistir nessa busca. Mas, além disso, tempos maus chegaram junto com ela a Lórien, ou tempos maus a trouxeram para cá, e eu sinto que há um fio ligando todos os acontecimentos.
- Vejo agora a importância da missão de que me incumbiu, Senhora, e peço perdão se a releguei; porém meu coração está confuso, pois, embora se mantenha em conflito com ela, não reconhece o mal em Mornfinniel, ao contrário, a quer bem.
- De fato – e um sorriso fugidio passou pelos olhos da Rainha que miravam o Capitão, jovem entre os elfos que como ela haviam sido contemplado a primeira era, jovem demais para atentar às próprias palavras.
- Disse e repito, Senhora da Luz, não sei como encontrar o que procura.
- Eu lhe avisei que seria uma jornada longa e perigosa, Haldir, e também profunda e intensa para você. Faça-a abandonar o medo, faça-a sentir-se segura para percorrer os caminhos da própria mente.
Então o medo habitava aquele coração indômito, e ele teria de encontrar um meio de extraí-lo de lá. Mas como?----
Como se sua paciência se esgotava no momento em que ela chegava à sua presença?
Como se para ela seus conselhos eram como vento nas pedras?
Como fazê-la segura, se não lhe acatava as ordens, e buscava o risco, criança teimosa?
Não, criança não, discutira com o irmão do meio mas era forçado intimamente a lhe dar razão agora, não podia mais tolerar os desatinos de Mornfinniel com tais desculpas. Não quando tinha capacidade de envolver Orophin numa estratégia louca, que jamais teria funcionado se Haldir já não houvesse retornado da fronteira norte e já estivesse seguindo sua trilha com Rúmil, disposto a enviar Niéle e Mîleithel de volta para Caras Galadhom e impor alguma ordem àquela chacrinha que se estava tornando seu comando.
Haldir bufou ao lembrar de Mornfinniel brandindo a espada sozinha contra os orcs. Protegê-la? Só se fosse depois de chicoteá-la na frente de todos os seus galadhrim, isso se não lhe quebrasse a espada ao chegar à Fronteira. O que foi que dissera à Senhora Galadriel, que Cabelos Negros tinha um coração bom? Bom para assar num espeto, isso sim! Porque os orcs não lhe tinham feito esse favor?
O humor do capitão estava péssimo quando chegou à Fronteira. Tudo que queria era tomar um banho e descansar, mas suas obrigações para com a Senhora Galadriel vinham em primeiro lugar, e antes de repousar precisava ver Mornfinniel, embora não soubesse se iria matá-la ou ajudá-la naquele momento.----
Mornfinniel, que aparentemente estivera descansando, chegou quando Haldir terminava de se trocar.
- Mandou me chamar, Capitão?
Haldir olhou para aquele queixo arrogante. É claro que mandara chamá-la, como era sua prerrogativa à qualquer hora! Quem ela achava que era para dirigir-se a ele naquele tom?
- Se não tivesse mandado, você não estaria aqui. É seu dever atender ao meu chamado e às minhas ordens, como todos os demais, estou sendo claro?
- Sim senhor, Capitão.
- Então quando eu a chamar, não pergunte se eu a chamei, simplesmente obedeça. Quando eu disser venha, você vem, e quando eu disser fique, você fica! É assim que vai ser daqui para frente. Não permitirei mais que a sua indisciplina coloque Lórien em risco.
- Minha indisciplina?
- E quando eu falo, você escuta. Só responda quando algo lhe for perguntado, e limite-se a dizer sim ou não, você entendeu?
- ...
- Agora eu estou fazendo uma pergunta.
- Sim, Capitão.
- E emita apenas palavras, e bem pronunciadas. Não bufe nem suspire quando estiver se dirigindo aos seus superiores.
Mornfinniel fez menção de sair do talan
- Eu ainda não acabei.
Mornfinniel deu-lhe as costas e se dirigiu para a saída. Haldir agarrou seu braço e puxou-o violentamente, fazendo-a voltar-se de encontro ao seu peito.
- Nunca mais faça isso! – O Capitão iria fazê-la baixar aquele olhar insolente hoje de qualquer maneira.
Mas no momento em que seus rostos se encontraram, a poucos centímetros um do outro, o orgulho se desvaneceu dos olhos de Mornfinniel, totalmente indefesos. Haldir a segurava fortemente, aguardando por uma resistência que não ocorria, o corpo dela parecia mole junto ao seu, e ele soube que era apenas por estar seguro em seus braços que ainda se mantinha de pé.
Surpreso, o elfo ficou como que preso à expressão de vulnerabilidade que tomara todo o rosto dela, a rosa vermelha de sua boca entreaberta, o queixo trêmulo, e olhos como lagoas negras, onde Haldir se viu afogar quando mergulhou em sua boca, fascinado pelo hálito morno que emanava tão próximo.
Antes que Haldir pudesse recuperar o controle e entender o que fizera, o corpo dela ganhou vida de novo em seus braços, e os braços dela contornaram o seu pescoço, puxando-o ainda mais para si. Quando fez menção de afastá- la, ela colou seu corpo totalmente no dele, e ele sentiu por sob as roupas de ambos o quanto os bicos dos seios dela estavam duros, sentiu os seios macios espremidos contra o seu peito, e sentiu quanto o próprio membro estava duro contra o corpo dela, e que era como um ferro em brasa, que o queimava de dentro para fora.
Estrelas de Elbereth! Haldir não se reconhecia, sentindo que nem o Poder dos Valar conseguiria contê-lo nesta hora. Naquele momento estava conhecendo um desejo que jamais sentira e que não podia esperar; poderoso como a ira, quente como o fogo, violento como o mar sob a tempestade, arrebatando-o em seu turbilhão e arrastando-o em sua correnteza. Suas túnicas estavam no chão e ele agarrava Cabelos Negros pela cintura, respirando entre seus seios, botas e calças empurradas para longe.
Eles caíram ao chão e ela o puxou para dentro de si, aferrada ao seu corpo.
Haldir ardia. Calor por todos os seus corpos, agora suados, deslizando um no outro. Os bicos dos seios duros deslizando em seu peito molhado, seus próprios mamilos enrijecidos esfregando-se na maciez daqueles seios redondos. Seus pelos nos pelos dela, suas coxas escorregando nas coxas dela, as mãos dela tentando se agarrar às costas dele. A boca colada na boca, os olhos colados no espaço, as estrelas voando à sua volta, o corpo arrastado no turbilhão violento contra o qual não havia possibilidade de resistência, por mais que Haldir tentasse nadar. Ele era uma forma ínfima arrebatada pelas águas, e um ser gigantesco que preenchia todo o Espaço, e por fim se entregou ao abismo...
Haldir voltava à consciência lentamente, mal distinguindo a realidade do sonho. Seria verdade? Seria sempre assim quando a paixão dos Edain se consumava? Se fosse, aquilo valia a eternidade. E embora perturbado pela intensidade daquele desvario, Haldir não poderia dizer que não mais desejaria experimentá-lo de novo.----
Pouco a pouco apercebeu-se do chão duro. Será possível que tivesse dormido? Sentia-se como um náufrago que acordava na praia após ter sido subjugado pela força das águas e julgado que morria afogado.
- Cabelos Negros? – perguntou sem resposta.
O talan estava vazio.
Mornfinniel chorava sozinha, ajoelhada na clareira sob as estrelas.----
- Oh, Varda Elentari! Gratidão eterna, Rainha das Estrelas. A graça que recebi foi muito maior do que poderia esperar. Oh, Senhora da Bem- aventurança, viverei com a lembrança desse momento único em meu coração. Embora de agora em diante morra feliz, pois a minha vida teve um sentido e não foi desperdiçada!
A DISPENSA DE MORNFINNIEL----
A admiração de Rúmil pelo irmão cresceu ainda mais, se isso era cabível, pela forma como conseguira domar o temperamento bravio de Mornfinniel. E momentos houve em que tal fora considerado impossível...
Agora, entretanto, seus modos eram humildes e corteses, e ela se mostrava diligente e disciplinada, acatando até mesmo suas ordens sem sombra de contestação; pois aparentemente Haldir estava evitando dirigir-se pessoalmente a ela.
A frieza fazia parte da tarefa bem sucedida, pensava Rúmil, cujas atribuições de comando direto aumentavam dia-a-dia.
Haldir não mais levava consigo os irmãos, percorrendo incessantemente a fronteira, obcecado com as defesas de Lórien, e consciente de que Rúmil e outros jovens precisavam ser acostumados ao comando. Mas, na verdade, viajava sozinho por não querer a companhia de ninguém, e sua disposição negra só não chegava a fazer-se mais percebida devido a máscara de impassibilidade que assumia quando na presença de seus soldados.----
Evitava todos que lhe haviam sido tão caros, pois seu pensamento enredara- se na escuridão dos cabelos negros daquela edain corrompida, que numa péssima decisão acolhera em Lothlórien, contra seus costumes, e que agora o arrastara para seus olhos sombrios, onde só o que havia era tumulto e indignidade.
Como sucumbira ao feitiço primitivo de uma espécie menor, que o conquistara somente para rir dele?
Mornfinniel era como uma aranha, e todo esse tempo tecera sob seus olhos a teia em que agora o elfo se debatia, em plena Lórien, e com o consentimento dele. Era uma chaga aberta em seus domínios, disposta a corromper todos seus soldados com sua disposição lúbrica.
Devassa imodesta, não fora assim que Rúmil a chamara? Banhando-se nua entre os guardiões, exibindo seus "atributos" – um sorriso amargo contorcia a boca de Haldir – Aprisionando os olhos dos galadhrim até conduzi-los à insanidade, como conduzira a ele, preso agora num poço de loucura e desejo.
Não, não era mais possível tolerar. Ele não conseguia mais tolerar, a proximidade dela o queimava. O mal que Mornfinniel trouxera consigo acabaria por desagregar as forças da fronteira, e ele diria isso à Senhora após expulsar aquela criatura pérfida da Floresta.
Que ela fosse embora para nunca mais retornar, pois dessa vez ele não hesitaria em atirar se a visse, rastejante, esgueirando-se de volta. Estrangeira maldita, que fosse semear sua colheita de aviltamento longe, nos domínios de seu povo, que agora Haldir bem acreditava a tivessem posto para correr um dia:
- Então que vague sem pátria e sem abrigo, escondendo-se das intempéries atrás de seus encantos repulsivos, se puder!
A decisão de Haldir estava tomada, e novamente Mornfinniel foi convocada à sua presença. O elfo evitou encarar a traiçoeira doçura de seus olhos, muito conveniente naquela hora em que as más ações iriam receber a justiça.----
- Sim, meu capitão?
As orelhas de Haldir tremeram de indignação ao ouvir o mel em sua voz. A mulher ousava tentar seduzi-lo de novo? Não lhe bastava tê-lo dominado uma vez, fazendo-o esquecer-se de quem era por uma noite e criado aquele desejo insano de retê-la em suas entranhas, ela acreditava poder sujeitá-lo novamente?
Mornfinniel aguardava as palavras de Haldir angustiada. A dádiva dos Valar se lhe revelara ao final uma fonte de tormento, pois aumentara seu amor ao invés de mitigá-lo.
Primeiramente procurara manter-se longe de sua presença para não constrangê- lo com uma lembrança que podia estar abaixo da dignidade do altivo capitão. Depois continuara afastada por temer as próprias reações à sua proximidade. Mas agora que ele a mandara chamar, uma esperança que ela sabia despropositada a consumia: se ele a quisesse de novo, se lhe permitisse servi-lo mais vezes...
- Já faz dois anos que a Senhora da Floresta Dourada concedeu-lhe a vida, edain, com a condição de que se lembrasse do que a trouxe aqui. Foi cumprida a vontade da Rainha?
- Não, infelizmente não, meu capitão – arquejou Mornfinniel.
- Nem o será nunca, eu presumo, pois a indignidade que certamente a acompanha permanecerá escondida enquanto lhe for possível, não é mesmo?
- Não, meu capitão – do que ele estava falando? Porque a estava tratando assim, com palavras tão frias e desprezo tão gelado? - de forma alguma faltaria para com o senhor ou a Senhora Galadriel no que lhos pudesse atender.
- Ouço o mel em seus lábios vermelhos agora, mas para mim eles não são mais do que a isca com que tenta enredar os galadhrim em suas mentiras.
Os olhos negros de Mornfinniel estavam arregalados, a respiração suspensa, ela o adorava, e isso aumentava ainda mais sua humilhação àquelas palavras cortantes com que a estava ferindo.
- Sua boca vermelha e seus olhos negros são para mim a personificação da traição, e não mais permanecerão em minhas fronteiras. Parta amanhã ao nascer do sol, estrangeira.
- Você está me dispensando do seu comando? – a respiração voltara à Mornfinniel descompassada como o seu coração.
- Eu a estou expulsando de todas as terras próximas. A guarda da fronteira não é mais seu brinquedo.
- Claro que não, é um brinquedo seu, como os sentimentos e as vidas dos que os cercam e que você tiraniza nesse seu reinado de faz-de-conta! – o rosto vermelho de Mornfinniel parecia em chamas de tão rubro, lábios arreganhados e dentes à mostra, como um animal pronta a atacar. – Traiçoeiro é você, que exorbita da confiança dos Seus Senhores arrogando-se numa autoridade que não detém realmente!
Haldir não mais conseguia manter-se impassível. Aquela mulher baixa ousara pôr em questão sua lealdade ao Senhor Celeborn e a Senhora Galadriel? A ele que consagrara sua vida a servi-los? Maldita hora em que pela primeira vez colocara palavras naquela boca que num último gesto de ingratidão se voltava contra ele.
- Cale sua boca imunda, prostituta! Não me faça nunca mais ouvir sua voz venenosa, retire-se de Lothlórien para sempre!
A mão direita de Mornfinniel queimou a face do capitão, deixando o rastro branco de seus dedos, logo seguido de um vermelho intenso, que a raiva estendeu da área atingida para todo o rosto. Mesmo assim Mornfinniel foi pega de surpresa pela resposta violenta do dorso da mão esquerda de Haldir, e caiu.
Haldir se surpreendeu mais ainda com a própria reação – "Por Manwë, que me reste alguma dignidade neste momento" suplicou em pensamento - e imediatamente abaixou-se para ela.
Somente os aguçados sentidos do elfo salvaram seus olhos das unhas furiosas que rasgaram sua face. Por um momento o sangue o cegou, e Haldir só enxergou com os olhos da ira.
- Úgewth! Rath! Gwarth arpeth útolog! – atacava Mornfinniel descontrolada.
Haldir a prendeu no chão. Maldita fera traiçoeira.
- Cale a boca mulher! – mas ela continuava se debatendo, arranhando, chutando, mordendo a mão que tentava silenciá-la. Haldir sentiu na boca o gosto do sangue que escorria pela face; o rosto em chamas, o corpo em chamas, a visão vermelha, as ofensas nos ouvidos.
A mão sobre a boca dela também se tingiu de vermelho. Haldir se esforçava para não ouvir, para ignorar a fúria que se transmitia de Mornfinniel para ele, tomando seu corpo e sua alma; subjugando seu juízo, como ele queria subjugá-la agora, com toda sua força, com todo seu ser, até que ele era só um feixe de nervos em ebulição, e a paixão dos edain o possuiu de novo, completamente avassaladora.
O horror do que havia feito o atingiu de repente. Não, ele não poderia ter feito aquilo! Não fizera aquilo! Não era ele, não podia ter sido ele. E então percebeu transtornado que ainda estava dentro dela, e que não pertencia mais a si mesmo----
- Ilúvatar...perdão...perdão...
Lágrimas escorriam pelo rosto dela, e Haldir sentiu que não conseguia respirar. Era como se houvesse engolido uma faca. Não conseguia acreditar no que acontecera, não conseguia raciocinar.
Só a muito custo percebeu que as mãos dela ainda estavam presas pelas suas, e as soltou lentamente.
Soltas, as mãos de Mornfinniel seguraram o rosto desesperado do elfo.
- Não me mande embora...não me mande para longe de você...eu não posso... – ela beijava seu rosto – deixe-me ficar – o gosto do sangue misturava-se ao gosto das lágrimas – não me mande embora se eu significo alguma coisa para você.
- Se você significa alguma coisa para mim, Cabelos Negros? Se você significa alguma coisa para mim? Você significa que tudo mais perdeu o significado. Tudo em que eu acreditava. Tudo que eu era. Tudo o que fazia algum sentido foi retirado de lugar dentro de mim, só sobrou essa obsessão por você. Nada significa coisa alguma para mim agora além de você – disse Haldir, agarrando com olhos alucinados os cabelos que escapavam da trança negra desgrenhada.
NOTA: Os interessados na versão NC-17 podem solicitá-la através do e-mail myriarayahoo.com.br----
