Era um capítulo que virou dois capítulos, que voltou a virar um capítulo só que...bem, estou publicando os dois ao mesmo tempo. Embora lidem com temas ligeiramente diferentes, ocorrem praticamente ao mesmo tempo, e ao final se complementam. E, como com esses dois capítulos encerra-se a primeira parte desta fic, é muito importante para mim saber o que vocês estão achando: dos personagens, da história e do jeito de contá-la... Elogios são fabulosos, e até agora vocês sempre me estimularam a seguir em frente...mas críticas, quando bem direcionadas, podem nos ajudar a corrigir alguns rumos, a melhorar nosso trabalho, enfim a escrever não só para nós mesmos, mas também para as pessoas que não estão dentro da nossa cabeça, e que só podem ver através de nossas palavras aquilo que os autores vêem dentro de si (por favor, não me ponham numa camisa de força só por causa desta frase).
As recomendações ficaram prejudicadas pela falta de atualização de algumas fics...tomara que o período de provas acabe logo.
Uma das exceções foi a incansável Kika-Sama, que assumiu agora o desafio de uma fic em capítulos – APRENDENDO – recheada de todos os personagens que adoramos: Estel, Legolas, Elrond, os gêmeos, Haldir (hehehe) e até Thranduil.
Elfa Ju Bloom, também trouxe-nos mais um capítulo de ROSAS, ARMAS, AMOR & SANGUE, ela está com todo o gás!
Até o momento em que postei, Vick Weasley ainda não havia atualizado nem O VINGADOR, nem BITERSWEET. Ai, ai,ai!
CRÔNICAS ARAGORNIANAS ,de Nimrodell Lorelim padece do mesmo problema...vamos lá meninas, olha a responsabilidade!
OS JARDINS DE ITHILIEN, de L. Eowyn, é uma recomendação permanente.
A assinatura de Lady Liebe é sempre uma garantia de boas risadas, mas bem que ela poderia nos brindar com uma fic nova também, né?.
E claro, nossa mestra Sadie-Sil, sabe o perigo mortal que correria se deixasse sua enorme legião de fãs sem o capítulo semanal de VIDAS E ESPÍRITOS. Na verdade dois capítulos, e na verdade eu acabei de ler, e na verdade não sei se vale a pena continuar publicando o meu fic...TÔ COM INVEJA!!! - Pronto, falei.
Chega de auto-comiseração: vocês agora têm dois capítulos para ler, e enviar sua opinião para myriarayahoo.com.br
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A PAIXÃO DOS EDAIN
Capítulo X – A Música Interior
O DIA PERFEITO
- Por misericórdia, meu senhor, não posso mais – suplicou Mornfinniel, ainda ofegando de prazer, quando Haldir debruçou-se sobre ela uma vez mais.
O elfo sorriu e começou a beijar-lhe o pescoço – A senhora dos cabelos negros foge ao embate? Jamais imaginei ver chegar este dia.
- Chega! Não, por favor... – a mulher ria ao tentar fugir, e Haldir segurou- a pelo quadril. Adorava pôr as mãos naqueles quadris largos, onde ficava o centro de gravidade daquele corpo, a chave para possuí-lo.
– Não meu esposo! – Mornfinniel ainda ria, quase sem forças, o corpo de Haldir prendendo seu corpo, as mãos dele prendendo seu cabelo.
- Fale! – ordenou ele.
- Não! – ela ainda tentava se rebelar, um sorriso de exaustão brilhando nos olhos, até sentir que o elfo realmente se preparava para um novo combate – Ah, meu senhor malvado, me sujeita a um confronto injusto – o desejo dela nunca arrefecia, mas sua capacidade de realizá-lo acabara conhecendo limites.
- Não! Piedade! Eu me rendo! Ao seu poderio eu me rendo, senhor meu, tenha pena de sua serva que lhe suplica.
Haldir riu deliciado – Você é minha!
- Toda sua, senhor meu. Agora, por favor, me largue, ou não terei condições de acompanhá-lo ao Palácio.
Haldir fitou-a com arrogância, e antes de soltá-la fez-lhe prova de que apenas por magnanimidade a liberava naquele momento.
Mornfinniel voltou-se para sorrir-lhe em meio a uma careta de dor enquanto se afastava. Haldir fitou-a satisfeito; bem sabia o estado em que ela deveria se encontrar, pois seu próprio membro estava abrasado após possuí- la tantas vezes.
Sua esposa edain de cabelos e olhos negros, senhora de tantos encantos que eram só dele, Haldir encontrara ao seu lado um estado de êxtase que sua imortalidade não conhecia antes. Pelos Valar: como a amava!
- Haldir, está na hora de procurar os meninos; preciso banhá-los antes de me aprontar.
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Mîleithel e Onneneithel, o bem-nascido - que mal começara a andar já seguia o irmão a toda parte - voltaram ao talan trazendo braçadas de minúsculas elanor douradas para enfeitar os cabelos da mãe.
Por um momento a respiração de Haldir ficou suspensa quando viu a esposa mirando-se no largo espelho redondo que os filhos seguravam. Duas pequenas mechas saiam das têmporas para a parte de trás da cabeça, entrançadas com uma tira de couro; um vestido vermelho amoldava-se às formas indisfarçáveis de seu corpo voluptuoso; a rosa rubra da boca e os lagos negros do olhar emoldurados pelo jardim dos cabelos. Sua beleza era muito diferente da das senhoras dos elfos, mas certamente não lhe era inferior.
Ela voltou-se para ele e, num gesto raro, seus olhos fugiram tímidos, o rosto ruborescido em face da genuína admiração incomumente estampada no rosto do elfo.
O Capitão dos Galadhrim aproximou-se e levantou seu rosto com as mãos: – Está muito bela, minha esposa – o coração de Mornfinniel disparou ante o sentimento extravasado nas palavras de Haldir. – Entretanto, acho que ainda está lhe faltando algo – e estendeu ao olhar curioso duas peças de ouro.
Há muito que Haldir percebera a presença de um pequenino furo em cada lóbulo da mulher, e agora pedira aos artesãos de Lórien que confeccionassem o tipo de adorno que alguns dentre os edain utilizavam nas orelhas. Haldir viu o metal dourado reluzir nos olhos da esposa, tomada de tamanho contentamento que soltou um pequeno grito.
- Oh meu esposo! São para mim?
- Acredito que são chamados de brincos, minha senhora.
Mornfinniel os colocou nas orelhas com um movimento fácil e gracioso, como se o tivesse feito a cada dia de sua vida, e voltou-se novamente para o espelho, transfigurada de prazer.
- Senhor meu marido, não encontro palavras para agradecer-lhe – disse Mornfinniel voltando-se novamente para Haldir com uma profunda e grata reverência que o encheu de ternura pela esposa. O elfo a tomou nos braços e girou-a pelo talan.
As crianças assistiam a tudo extasiadas, a paixão dos pais raramente extravasava as portas do quarto do reservado capitão.
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A GRANDE HARPA
Ao ser conduzida aos salões dos Senhores de Lórien por seu marido, cercada pelas crias de seu ventre, Mornfinniel teve a certeza de que mulher alguma jamais encontrara tal felicidade.
Praticamente vazio ainda se encontrava o local, e, enquanto Haldir ia ter com alguns de seus galadhrim, carregando os filhos orgulhosamente um em cada braço, Mornfinniel aproximou-se do instrumento solitariamente postado em meio as mesas arrumadas para o banquete - em frente à plataforma onde erguia-se a mesa dos Senhores, que fora ladeada por duas longas mesas para seus convidados - não se lembrava de jamais tê-lo visto, mas sabia o que era, uma grande harpa.
Mornfinniel aproximou-se mais, ainda envolta no transe de júbilo trazido por aquele dia perfeito, e correu seus dedos pelo instrumento.
- Não sabia que você conhecia música, Mornfinniel – a mulher ouviu a voz da Senhora Galadriel.
- Perdoe-me, Grande Rainha – disse Mornfinniel fazendo uma reverência – não havia avistado Vossa Majestade.
- Levante-se e toque para nós, minha querida – disse Galadriel com bondade.
- Lamento não poder atendê-la, Minha Senhora, não sei tocar este ou qualquer outro instrumento.
- Acabou de tocar dois acordes, criança, seus dedos conhecem música, deixe- os ensinar-lhe – insistiu Galadriel.
Mornfinniel assumiu um ar de dúvida, mas sentou-se junto à grande harpa e posicionou suas mãos nas cordas. Sem saber como, a melodia tomou forma em seus dedos e ganhou o salão.
Os elfos foram se aproximando daquela música surpreendente, nunca antes escutada em seus domínios. Fácil perceber que aquele pulsar vibrante não fora composto para a delicada e melancólica harpa, mas ainda assim os presentes admiraram as harmonias vigorosas e desconhecidas que pareceram dançar à sua frente. Mornfinniel chegava a ver a dança saindo de seus dedos, vestida de ouro e vermelho, rodopiando e tremendo.
Haldir não conseguia esconder o orgulho, ante os sorrisos e acenos que o cumprimentavam, deliciosamente surpreso ante mais esse predicado revelado por sua bela esposa, para quem as atenções de Caras Galadhom se voltavam.
Após a música, Haldir conduziu Mornfinniel pela mão aos seus lugares, numa das mesas laterais, honrosamente próximos à Senhora Galadriel e ao Senhor Celeborn, que a homenageou com um brinde silencioso quando seus olhos se encontraram. Mornfinniel abaixou a cabeça respeitosamente ao soberano, sentindo que ruborizava das pontas dos pés ao último fio de cabelo.
Nenhum vinho poderia proporcionar-lhe uma sensação de embriaguez mais deliciosa do que aquela em que se encontrava. Os Valar haviam-lhe agraciado com mais bênçãos aquele único dia do que a maioria dos seres sonha por uma vida inteira.
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A DANÇA DA MEMóRIA
Mornfinniel sentia que aquela felicidade era quase insuportável: suas crianças brincando nos joelhos dos Senhores dos Galadhrim; seu soberbo esposo, O Capitão de Lórien, que escolhera a ela entre todas, beijando suas mãos ao final do banquete, antes de retirar-se para o Conselho.
Os menestréis da corte também a cumprimentaram ao tomar seu lugar junto à Harpa. A música dos elfos soava distante em seus ouvidos, bela e pungente, mas eivada de tristeza, como o balé melancólico das damas de beleza perfeita.
Em sua mente ecoava uma outra melodia, jovem, ardente, cheia de energia, e à frente de seus olhos dançava uma mulher alta e deslumbrante; parecida com ela, entretanto mais madura, mais poderosa e desafiadora, frente a um homem que a olhava com ardor, gritando e batendo no tablado em que ela estava.
O homem também olhava para Mornfinniel, que ainda pequenina imitava a mãe, em meio às suas primas e tias, todas bailando frenéticas sobre o tablado cercado pelos homens da corte de seu pai. Então as lembranças desabaram impiedosamente sobre ela de uma só vez, e Mornfinniel viu refletido nos olhos de Galadriel o horror absoluto que tomou sua alma.
Silenciosamente as duas dirigiram-se para fora do salão.
