Ainda nos acompanhando? Fico realmente feliz em lhe ver por aqui!
Espero que esteja seguindo também:
Sadie Sil – VIDAS & ESPÍRITOS; MACHAS VERMELHAS; AFETO ROUBADO, VERDADE REVELADA
Nimrodel Lorellim – CRÔNICAS ARAGORNIANAS (Finalmente saiu o capítulo novo!)
Kika-Sama – O ADEUS A ELESSAR; APRENDENDO (e surpreendendo)
Elfa Ju Bloom – MÚSICA FUNEBRE; ROSAS ARMAS AMOR E SANGUE (uma surpresa a cada semana)
Lady Éowyn – OS JARDINS DE ITHILIEN
Lady Liebe – É uma comédia, mas nunca mais apareceu, espero que esteja preparando um prato novo para nos servir
Kiannah – Chegou agora com o original e sensível ESTRELA SILENCIOSA, vamos insistir numa continuação
Entretanto, não estou plagiando ninguém não, eu juro, mas esse capítulo é dedicado à fada das palavras do ffnet, Vick Weasley.
Quando vi esse "Weasley" pensei logo: "Oh não! Intrusos! Voltem para a escola de onde vieram!"...
... e além do mais: que plotzinho safado!
Como eu estava enganada! Pode ser a mesma velha história, mas Vick faz dela uma história completamente nova, fresca...como o aroma de pão caseiro saindo do forno numa manhã fria... Vick é algo que eu nunca havia visto, uma escritora sensorial: faz-nos sentir a textura do alimento, a gota de sumo escorrendo pelo queixo, a ponta das orelhas geladas de frio, o suor gorduroso na testa (ai que horrível! Isso não é Vick, isso é Myri tentando explicar Vick...se bem que em O VINGADOR...)
O que eu quero dizer é que mesmo sabendo tudo que vai acontecer, com Vick nunca sabemos o que vai acontecer, pois cada batida do coração de BITTERSWEET é imponderável, e sempre pode haver esperança quando Arwen não é uma chata perfeita, como bem disse Elfa Ju ...
Um dia eu também lhes trarei Arwen, e espero que as pessoas encontrem um pouco da adolescente de Vick nela...
Exceto aquelas que nos deixarem por aqui, é claro.
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A PAIXÃO DOS EDAIN
Capítulo XIV - Da Aliança entre Elfos e Homens – 2ª Parte
A BATALHA DO ABISMO
À direita da torre de menagem os arqueiros élficos se posicionaram ao longo da alta muralha de pedra. Haldir observava a aproximação do inimigo; as setas de seu povo nunca erravam o alvo, mas não seriam suficientes para deter o mar de lanças que iria engolfar o rochedo onde estavam.
A chuva tilintava em suas armaduras quando a batalha finalmente começou, não rivalizava, contudo, com a chuva de setas despejada sobre o exército de Saruman. A maior parte das forças de Rohan ali era composta por velhos e meninos, e a flagrante injustiça da situação inflamava o coração de todos os elfos.
Que os soldados do belo povo ofertassem sua imortalidade no altar da liberdade após poucas centenas de anos era melancólico, mas ainda assim justificado. Que crianças edain tivessem de abrir mão de sua já curta vida mortal ainda no nascedouro, era inaceitável! Sob essa inspiração a defesa resistia.
Aragorn era incansável, continuamente insuflando com sua paixão feroz os espíritos de todo o Forte.
Haldir, entretanto, não precisava ser insuflado. Uma epifania selvagem parecera ter tomado conta do elfo, e a medida em que os invasores se multiplicavam, sua espada parecia se multiplicar também, como se uma ira feroz, por muito tempo contida, houvesse subitamente encontrado uma brecha por onde escapar, e agora o fizesse arrebentando tudo que encontrava em seu caminho, tamanha era sua pressão.
O Capitão da Aliança, contudo, não se apercebia disso: a frieza dos eldar dera lugar a uma extravagante paixão de guerreiro, e sua mente valia-se mais das ferramentas do instinto que do intelecto puro naquela batalha. Poder-se-ia dizer que tirava prazer de tudo aquilo, e bailava com a morte, flertando com ela, como se não se importasse de encontrá-la.
Assim aquela maré quebrou nas muralhas durante horas, rechaçada em sua tentativa de escalar os muros principalmente pelas espadas Dunadan e Galadhrim e pelo machado de Khazad. Lutavam como se fossem um exército cada um, na ânsia de proteger os demais.
Até que num clarão tudo mudou.
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O MASSACRE DOS GALADHRIM
As muralhas onde se concentravam as forças dos elfos vieram abaixo. Corpos e pedras e fumaça e fogo misturavam-se no ar. Saruman sacrificara milhares de seus soldados para desviar a atenção dos defensores do Forte.
Som e fúria e o corpo de seus guerreiros e de Aragorn foram longinquamente percebidos por Haldir, que por um momento pensou que deixara o mundo dos vivos. Mas não, ainda estava lá; então por que tudo parecia tão distante?
A aguçada audição do elfo fora atingida pelo estrondo. Sua mente buscou entender o que estava acontecendo enquanto os demais sentidos lutavam para suprir a falta daquele que sempre os guiara.
As forças de Lórien posicionadas atrás da muralha agora travavam combate intra-muros com os invasores. Dos que estavam nas muralhas, Haldir era um dos poucos sobreviventes; pedaços de corpos dos galadhrim espalhados em meio à fumaça e às cinzas.
Os orcs revoavam sobre a muralha como aves carniceiras, era preciso reorganizar seus soldados. Haldir comandava sem escutar a própria voz, e seus guerreiros não pareciam em condições melhores que as dele, seriam dizimados.
Haldir sentiu a vibração de um chamado, e viu Aragorn gesticulando, o que dizia? À torre de menagem! Aragorn comandava a retirada das forças para a torre de menagem!
Haldir aquiesceu com a cabeça e voltou-se para os galadhrim ao seu lado, transmitindo-lhes a instrução numa voz abafada que causava estranhamento a si próprio. Era preciso recuar, preocupava-se Haldir em se fazer entender por seus soldados, protegendo-os e forçando-os na direção da torre com seu corpo, interpondo-se entre os remanescentes de sua marcha e o enxame de inimigos que agora tomava a muralha.
A dor guiou sua espada quando a lâmina orc encontrou um ponto frágil em sua armadura. Haldir apalpou a ferida e olhou para o sangue em suas mãos. Tudo parecia tão irreal!
Mas o choque em sua cabeça foi bem real. A pressão do sangue dentro do crânio. A dor descendo pela espinha, até chegar às pernas que abandonaram o corpo. E o último momento em que todos seus sentidos clarearam nos braços de Aragorn, à vista do massacre de sua gente, antes da escuridão tomá-lo.
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O CHAMADO DA LUZ
Dor, dor, dor. Sua cabeça era um gongo reverberando uma dor que se espalhava pela nuca e a coluna, a fronte, os ouvidos, os olhos, os dentes, tudo. Pensar era doloroso, e Haldir soltou um gemido, buscando voltar para a inconsciência daquelas ondas de agonia.
- Haldir, Haldir! – uma voz o chamava ao longe, perturbando a procura do oblívio onde poderia mitigar aquele sofrimento. – Gandalf, Haldir está voltando a si!
Voltar? Não! Ele não queria voltar, queria partir, deixar aquela dor para trás. Não morrera ainda? Não pensar! Não pensar! Esquecer. Ir embora para onde aquela dor não o seguisse.
- Haldir, lasto Beth nîn, tolo dan na ngalad – disse uma voz rouca.
Dor, dor, muita dor.
- Haldir, ouça minha voz, volte para a luz – ordenou a voz novamente.
Ondas de dor batiam em sua cabeça e o engolfavam como a uma pedra na arrebentação.
- Ouça minha voz, soldado de Lórien, volte para a luz, são as ordens que a Senhora Galadriel lhe envia. – Haldir fixou Gandalf com grande esforço. A luz era uma faca perfurando sua fronte. A tentativa de inspirar levou a dor também para seus pulmões e o elfo fechou os olhos com força, aquele movimento mínimo elevando a dor a uma potência infinita.
Lágrimas escorreram dos olhos de Haldir pela primeira vez em sua existência.
- Ele vai voltar, podem dar-lhe o remédio – ordenou Gandalf.
A dor não permitia que ele sequer se mexesse na cama.
- Haldir, me perdoe, pensei que você estava morto – dizia Aragorn - Somente após a batalha Gandalf reparou que não havia sangue em sua cabeça. Seu crânio rachou, mas não foi dilacerado. Graças a Gandalf você vai ficar bom. – Haldir preferiria que ele se calasse, as palavras amplificavam sua dor - O Uruk-hai que o atingiu empunhava uma espada e não um machado. – "Por Manwë, cale a boca!" - Talvez sua trança tenha amortecido o golpe.
Haldir emitiu algo o mais próximo possível que conseguiu de um riso de ironia. Conhecera apenas uma pessoa cujas tranças poderiam fazer à guisa de capacete.
Pela primeira vez a lembrança lhe trouxe alguma forma de alívio, e em seus sonhos ele voltou aos dias de encantamento, onde não havia dor.
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NOTA DA AUTORA: Fala sério! Vocês acharam mesmo que e eu ia deixar Haldir morrer? Nem Sadie é capaz de uma maldade dessas...
