HALDIR E HALETH, de Kwannom, está concorrendo a um prêmio com sua versão em inglês, o My Precious Awards, na categoria Best English Second Language Story (Algo como melhor história de autor cujo inglês é a segunda língua). Vamos todos votar nessa história maravilhosa no site "elvenlords" (mpa.htm)
CRÔNICAS ARAGORNIANAS deu um salto ousado no tempo, no foco, na atitude, no estilo, em praticamente tudo com o tantalizante, amargo, apaixonante e surpreendente capítulo "Passolargo". Nimrodel Lorelim rompeu vários limites, e é obrigatório conferir.
VIDAS & ESPÍRITOS está eletrizante encaminhando-se para o final...mas falar de Sadie chega a ser covardia.
BITTERSWEET : Vick Weasley pediu nossa compreensão, pois está com uma pequenina crise criativa. Não deixe a peteca cair, garota, estamos órfãs de vocês.
ESTRELA SILENCIOSA- VERSÃO REVISADA - Kiannah
OS JARDINS DE ITHILIEN - Lady Éowyn
A HORA DOS MAGOS, A OUTRA FACE DA MOEDA, HOBBITS NO MACDONALD´S - Lady Liebe
O ADEUS A ELESSAR; APRENDENDO – Kika-sama (sem comentários)
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A PAIXÃO DOS EDAIN – 3ª PARTE
Capítulo XXII - O Dote
AS MULHERES DE GONDOR
Aragorn lhe descrevera apenas por alto o encontro de Haldir com o Grande Chefe de Harad, mas Arwen arrependia-se de haver estimulado o elfo a reclamar a esposa. Que povo bárbaro era aquele que desprezava a sacracidade dos laços matrimoniais? E que mau-gosto barganhar a irmã desta forma! A Rainha bem podia adivinhar o que o marido não lhe contara pela cólera vermelha que não se dissipava do rosto de Haldir, que desta vez sem dúvida partiria, ainda que fosse para desfalecer de dor na estrada.
E ela ficaria ainda mais sozinha, entre aquele povo estranho, de damas tristes e pobreza crescente, condenadas a secar sua feminilidade tarde após tarde de fiação no palácio, desperdiçando sua vida tão curta.
Arwen aproximou-se timidamente dos salões em que a velhice tecia a teia em que a juventude ficaria aprisionada. A necessidade de conformar e envelhecer um espírito que não teria a juventude eterna do corpo ao seu dispor parecendo-lhe subitamente a pior desdita colocada no caminho dos edain.
- Rainha Arwen, pode me perdoar o atrevimento de dirigir-me a Vossa Pessoa? – uma jovem insegura interceptou-a no corredor, com uma reverência até o chão.
- Oh! Não há atrevimento algum em a voz de uma jovem fazer-se ouvir. Às vezes parece que só há fantasmas silenciosos nos corredores deste castelo. Alegrar-me-ei em ouvi-la, criança.
- Meu nome é Míriel, Senhora, somos parentes do regente, minha mãe e eu, e estamos entre as damas de companhia de Vossa Majestade.
Míriel, um nome de rainha, somente uma família de muita nobreza batizaria uma filha assim; Arwen agora a destacaria da massa enlutada de suas damas de solidão.
- Sim, Míriel, o que quer me falar?
- É que chegou aos ouvidos de alguns em Minas Tirith a proposta de Harad, Minha Senhora, e sua necessidade de esposas, e também a encruzilhada do Capitão da Aliança. Se puder de alguma forma ajudar ao amigo do Rei, gostaria de colocar-me à disposição – despejou Míriel de um fôlego só, torcendo as mãos nervosamente, sem ousar olhar nos olhos da Rainha.
Arwen piscava, sem compreender o que ouvira.
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Silane desviava o olhar, o estômago roncando, enquanto os filhos devoravam o pedaço de pão duro.
Seu marido morrera e sua casa fora destruída. Não tinha parentes, e de qualquer forma os lares remanescentes de Minas Tirith não podiam mais suportar nenhum agregado. O pão distribuído pelo palácio do Rei minguava a cada dia. Aqueles que podiam voltavam para o campo, mas ela também não tinha parentes lá, e quem a quereria como empregada com dois filhos pequenos para criar?
Estava com fome e frio, e suas crianças estavam ficando doentes de dormir ao relento sem que um olhar caridoso se lhes voltasse para oferecer abrigo, o que iria fazer?
Havia o boato de que os homens do sul queriam esposas, estariam até dispostos a pagar por elas. Por todos os deuses de Númenor, venderia seu corpo de bom grado agora por um mero prato de comida, porque não deveria procurá-los? Se soubesse como o fazer...
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Faidenel trabalhava nas cozinhas do palácio sem cessar desde o retorno do Rei, não tinha tempo para o fuxico das copeiras sobre os guerreiros morenos que eram insaciáveis. Afinal, para que se permitir tais devaneios? Não era dotada de encantos suficientes para atrair os homens nem quando os havia, quanto mais agora ... entretanto as mulheres continuavam tagarelando, como se não houvesse cada vez mais serviço, sobre a luxúria que os levava a oferecer pagamento pelas mulheres, quaisquer mulheres, mesmo com filhos. Quaisquer mulheres.
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Se o tesouro não quisesse o ouro, este ficaria com as famílias, pensava Naufelam...sim, que lógica havia em condenar suas filhas a envelhecer sozinhas, se elas poderiam fazer a sua fortuna? E retornariam depois de cinco anos, enriquecendo-o ainda mais. Ora, o que são cinco anos?
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- Você é a desgraça de minha vida. Era melhor que tivesse morrido, como seu pai e seus irmãos, do que vir me trazer esta indignidade – dissera a mãe a Míriel ao saber da gravidez.
- Nós iríamos nos casar, mãe – chorava a moça coberta de vergonha – ele ia lutar contra as forças de Mordor, como eu poderia me negar a ele?
- Um soldado reles, ainda por cima, quando você poderia ter-se casado até mesmo com o rei, se ele não tivesse preferido aquela criatura estrangeira.
- Mãe, por favor, não me trate assim!
- Então tire essa criança do ventre enquanto é tempo.
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- Aragorn! – chamou Arwen antes que ele se reunisse com os capitães da Terra Média – não deixe Haldir partir.
- Será difícil retê-lo depois desse Conselho, Minha Rainha, mal ficou para participar.
- Creio que ele terá uma espécie de dote para apresentar ao rei de Harad, algo a que será dado um grande valor – disse ela puxando-o para um canto mais afastado do corredor.
- Como assim, Arwen?
- Parece que a princesa de Harad não lhe fez um pedido tão descabido assim, meu marido. Muitas mulheres querem seguir com os haradrim. É a escolha que farão se tiverem a permissão do Rei para isso.
- Arwen?!
- Desde que a primeira se me ofereceu pela manhã, não param de solicitar que eu interceda.
Aragorn a fitava incrédulo:
- Depois do que vi anteontem, menos ainda consentiria em que as filhas de Gondor se entregassem aos homens daquele povo, não me faça entrar em detalhes.
- Os detalhes estão sendo espalhados pelos mercadores de Gondor: as mulheres não se ofenderam.
Aragorn riu. Ser rei envolvia questões que ele jamais haveria imaginado.
- Poderão se arrepender daqui a cinco anos, não é mesmo? – sorriu-lhe Arwen.
- Mesmo assim, minha amada, o que isso tem a ver com Haldir?
- É que, pelo que pude entender, não deixa de ser uma desculpa nobre para as mulheres e famílias interessadas, dizer que estão fazendo um favor ao amigo do Rei, Capitão da aliança entre os homens e os elfos – sorriu Arwen, com um tom de malícia novo para Aragorn.
- Pois o orgulho dele não gostara de saber que sua situação está sendo comentada por toda a cidade – lembrou-lhe Aragorn.
- Nem se agradará de deixar as palavras do Senhor de Harad sem resposta. Gimli me contou – acrescentou Arwen ao olhar curioso do marido – E os comentários não mais cessarão, de uma forma ou de outra.
- Também nós não partilhamos da paixão dos edain, meu amor? – perguntou a Estrela Vespertina, tomando as mãos do marido nas suas.
Aragorn beijou-a demoradamente em resposta.
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A DECISÃO DE HALDIRHaldir já arrumara suas coisas para partir, mas não conseguia deixar o quarto, ponderando a proposta de Aragorn. Era inacreditável que estivesse levando em consideração aquela idéia; ele é que acabaria parecendo ser o mascate ali.
Entretanto, ainda ardia em seus ouvidos o desafio de Daror, dito com Mornfinniel nos braços; Mornfinniel que nunca poderia estar em outros braços que não fossem os seus.
Darai era o nome dela. Darai! Mornfinniel não existia, era um delírio de sua imaginação; uma sombra e um pensamento que ele amara um dia.
Os cabelos negros que amara não haviam sido aqueles, nem aqueles olhos noturnos, nem aquele queixo orgulhoso, nem aquele desafio arrogante, nem aquelas pernas fortes, aquele jeito atrevido, aquele corpo lascivo. Pela fúria de Tulkas, como ela ousara exibir o corpo daquela maneira em sua presença? Não se lembrava de que tinham filhos? Não lhe devia ao menos a consideração de ter sido sua esposa um dia?
Não, não era destemido o suficiente para tomá-la como esposa uma segunda vez, não depois que a conhecera realmente, depois de tudo que vira. Que um homem com mais méritos se apresentasse para desposá-la!
A reboque deste pensamento, não mais a terrível dor de cabeça, mas uma dor não menos profunda oprimiu seu peito, como se o tenebroso pássaro negro apertasse o coração de Haldir em suas garras. Seria esposa de outro, outro a tomaria em seus braços, outro provaria de sua boca, outro se enredaria em seus cachos negros, outro acordaria impregnado do seu cheiro.
Pois que outro ambicionasse aquela miséria, ninguém podia lidar com ela, ele não pudera! Haldir andava de um lado a outro do quarto, lutando para que as palavras de Daror parassem de soar, humilhantes, em seus ouvidos. Lutando para não mais ver em sua frente as mãos sequiosas dos homens estendendo-se para aquele corpo que se contorcia lubricamente, como se contorcera tantas vezes embaixo do seu próprio corpo, como queria vê-lo contorcendo-se ainda, sob o seu poder, sob a sua potência, sob o domínio ao qual pertencia!
O sol se pôs e o sol raiou sem que Haldir conseguisse partir ou descansar.
O sol do dia em que Darai seria dada em casamento a quem ousasse merecê-la.
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Haldir finalmente saiu do quarto para procurar o rei Elessar.
- Estávamos aguardando você, amigo – disse Legolas abrindo a porta do próprio quarto e indo ao seu encontro – Aragorn pediu que o chamássemos quando você saísse do quarto – acrescentou o elfo enquanto Gimli ia chamar o Rei. – Posso perguntar qual foi a sua decisão?
- Nada pode ficar pior do que já está, irei me espojar de vez na lama para satisfação daquele ogro: vou-me candidatar à mão de minha própria esposa – respondeu Haldir, a raiva e o cansaço somados em seu rosto.
- Mesmo um amor estranho como esse, se é tão grande, deve ter sido inspirado pelo Único – disse o príncipe de Mirkwood procurando animar o galadhrim. - E parece que as estrelas de Varda favorecem a sua causa: a Rainha está ocupada em trajar dezenas de mulheres desesperadas por um marido – Legolas deu de ombros, era impossível entender os edain. – Você tomou a decisão certa, Haldir, não é bom afrontar o destino quando ele de alguma forma se volta para nós.
- Não levarei mulher alguma comigo, não são nada meu – resmungou o Capitão dos elfos.
- As mulheres irão de qualquer jeito, e dirão que se oferecem por você, ainda que não vá – disse Aragorn aproximando-se com Gimli. – É uma rebelião popular, e não sou eu o tirano que vai reprimir as famílias de Minas Tirith ávidas por ouro.
- Serão algumas horas para que atravessem o Pelennor até o acampamento do povo de Harad, partirão após o meio dia – disse o anão.
- Há tempo para que você descanse um pouco, antes de defrontar o inimigo – sugeriu Legolas. Seu parente da Floresta Dourada, apesar de elfo, estava com a aparência péssima de uma alma em conflito.
