Após mais de dez dias da última atualização, e frente aos problemas que nossa página vem enfrentando, sem dúvida alguma sinto-me em débito com os leitores da PAIXÃO.
Mas maior ainda é minha dívida com colegas mais talentosas do que eu, e que tão generosamente vêm dedicando seu tempo a me auxiliar e a divulgar meu trabalho – muitas vezes com palavras elogiosas que, ainda que sinceras, refuto como pouco críticas...
E mais ainda se faz mister divulgar o trabalho delas, e leviano deixar de fazê-lo a tolos pretextos, frente a defecção protagonizada por ... Calma Myri, você está pegando muito pesado...é com essa sua reatividade que você acaba sempre metendo os pés pelas mãos... Respire fundo ... Conte até dez...
Bem, como já dizia Benjamin Franklyn, talento é 1% de inspiração e 99% de transpiração.
Transpiram talento:
Kianah – cujo segundo capítulo de ESTRELA SILENCIOSA finalmente li – macaco, olha teu rabo – e só posso dizer que está excelente: bem escrito, bem narrado, com personagens bem construídos, bem cuidado; palpável fruto de um esforço de aprimoramento. VALE A PENA!
Kwannom – HALDIR E HALETH – VERSÃO REVISADA é o fruto de um trabalho que começou em português, foi vertido para o inglês, passou a ser criado nessa língua, e agora está sendo reescrito em português novamente. Seu esforço foi premiado com uma indicação para o My Precious Award – MPA – do site elvenlords. É uma fic mais adulta do que o comum da página, o que ao meu ver só reforça o mérito de quem, atendendo aos apelos brasileiros, está se dando a todo esse trabalho sem poder esperar o mesmo retorno que obtém junto ao público estrangeiro.
Nimrodel Lorelin – CRÔNICAS ARAGORNIANAS sempre justificou suas eventuais demoras com um texto que amadurecia em beleza e fluência narativa a cada novo capítulo. Pois agora sua temática também deu um surpreendente salto de maturidade. Mais uma autora que tem abraçado todo o comprometimento que escrever uma obra em capítulos representa.
Elfa Ju Bloom – Ao longo de 4 meses, tão tomados pela faculdade e pelas atividades extra-curriculares quanto os de qualquer de nós, permitiu-nos testemunhar o esforço que transformou ROSAS, ARMAS, AMOR E SANGUE de um plot interessante numa ficção engenhosa, com começo, meio, fim, romance, sensualidade, mistério, originalidade e ousadia. Palmas para Ju, porque ela merece.
E claro, óbvio, lógico, nenhuma lista instituída nesta página pode prescindir da presença da mestra a quem acredito que todas nos curvamos, com quem todas aprendemos sobre a beleza exterior – das palavras, das construções líricas, das imagens emocionantes – e a beleza interior – das intenções, da amizade, da generosidade, do afeto sem peias, da compreensão de espírito, do incentivo permanente – que é Sadie Sil.
Seu maravilhoso VIDAS E ESPÍRITOS está chegando aos momentos finais, e mesmo depois de 30 e tantos capítulos Sadie ainda nos arrebata como a crianças arrastadas pelo turbilhão do mar, jogadas de um lado para outro frente a sua capacidade de transformar-nos em feixes de pura emoção, ainda quando um laivo de preconceito nos faz debater, sem entender que não se pode lutar contra um poder maior. Não se pode fugir ao destino: ao destino de que os ESPÍRITOS daqueles que amamos e nos amaram estará sempre entrelaçado com nossas VIDAS; ao destino de que alguns nasceram para ser anjos que cumprem uma missão de luz, esperança e doação nesta terra (média?) em que vivemos, muitas vezes resgatando do desespero aqueles que de outra forma não encontrariam consolo, fazendo-os acreditar que sim! Existe um bem neste mundo, pelo qual vale a pena viver e lutar; enquanto outros nasceram para mergulhar nas profundezas onde é mais escuro, e dela trazer retratos que não falam de elevação, mas de impossibilidades, das paixões descontroladas destinadas aos mortais.
A PAIXÃO DOS EDAIN – PARTE 3
Capítulo XXIV - O Retorno a Lórien
A JORNADA DE VOLTA
Darai acordou num quarto de pedra. Estava deitada em uma cama, envolta na capa de Haldir, e ele estava de pé olhando para ela.
- Vista-se – disse ele, apontando-lhe um vestido e saindo do quarto.
Por baixo da capa, Darai usava apenas seus adornos de noiva. Então Daror a perdoara? Apesar de haver-lhe faltado com a verdade, fizera o que lhe pedira? Concedera-a a um marido estrangeiro? Oh Daror, bom e corajoso irmão, clemente e generoso, como me faz feliz!
E Haldir? Ela sabia, sabia! Ele não lhe pudera resistir ... Apesar de tudo que vira, e que certamente o horrorizara – gargalhou travessa – a reclamara, e certamente a tomara nos costumes antigos à frente de todos – ria – e todos deviam ter vislumbrado quão respeitável era sua espada!
Era mesmo Darai de Harad, e nenhum poderia resistir-lhe, e ao final acabaria por prevalecer sempre a sua vontade.
O vestido ficou-lhe justo nos seios, mas a princesa dos haradrim sentiu-se absolutamente deslumbrante no rico traje élfico, reconhecendo-o como uma retribuição da Rainha Arwen ao seu presente, já a vira no traje vermelho antes.
No quarto também havia sapatos e fitas, e ela calçou-se e entrançou os cabelos antes de Haldir retornar.
Despediram-se dos Senhores de Gondor com brevidade, e partiram no cavalo que finalmente retornaria à Senhora Galadriel. Darai gostaria de conhecer melhor a cidade, mas exultava: estava nos braços de Haldir, e este era o melhor lugar do mundo.
A Capa do elfo envolvia-os, protegendo-a do vento da estrada enquanto atravessavam Gondor e Rohan, e Darai recostava-se no peito forte de seu capitão, montada de lado, galopando em direção aos seus filhos e à sua casa. No amor de Haldir todas as suas feridas seriam curadas!
Darai voltara seu rosto para o do marido algumas vezes, mas ele mal a olhara. Certamente estava com pressa de alcançar à querida Lórien, pois fez apenas breves e poucas paradas no caminho, quando a fazia beber água e comer alguma coisa. Seguia sob a lua como sob o sol, e ela dormia em seus braços quando chegaram à Floresta Dourada.
Os olhares se voltavam para eles à medida que se aproximavam de Caras Galadhom. Darai sorria aos rostos conhecidos.
Haldir mandou que o cavalo da Senhora fosse levado as cocheiras e conduziu Darai pelo braço ao talan aquém dos limites da cidade, em meio aos cumprimentos formais dirigidos ao Capitão.
- Aguarde-me aqui – disse ele deixando-a em casa.
O talan fora bem cuidado na sua ausência. – Niéle – pensou Darai com gratidão – sempre Niéle.
- Nana! – gritou Mîleithel correndo para os seus braços. Lágrimas escorreram dos olhos de Darai ao levantar o filho.
- Upa, como cresceu! Ion, quanto tempo. Não imagina a saudade que sua nana sentiu de você.
O menino de cabelos claros, entretanto, ficou parado no umbral da sala até que ela fosse até ele.
- Onneneithel? – disse ela agachando-se junto ao rostinho desconfiado.
- Não reconhece os próprios filhos, senhora? – perguntou Haldir.
SOZINHA COM AS CRIANÇAS
- Vou deixá-los com a senhora, não são órfãos para estarem sempre aos cuidados de outros – disse Haldir, partindo no mesmo dia em que chegaram.
Bem, aquilo era inesperado. Entretanto ele sempre fora um soldado obcecado, e embora a guerra houvesse terminado com a derrota da sombra, as criaturas desta ainda infestavam o mundo...e Darai voltou-se para seus filhos, consciente agora do quanto temera e ansiara por eles ao longo daquele tempo de tribulações que finalmente acabara.
No dia seguinte Niéle veio visitá-la.
- Trouxe-lhe algumas coisas, Haldir pediu que olhasse pelas suas necessidades, para que não precisasse se afastar de casa .
- Sempre uma benção! Gostaria de poder retribuir sua generosidade algum dia, Niéle. Se houver alguma coisa que eu tenha e você deseje, por favor me fale.
Niéle não respondeu, estendendo a Darai uma cesta.
- Roupas! Obrigada Niéle, não encontrei meus vestidos em lugar nenhum, sabe o que aconteceu com eles?
- Haldir os rasgou quando você foi embora.
- Rasgou? Por quê? A Senhora Galadriel não explicou porque parti?
- Ela não entrou em detalhes.
- Ahn... – Claro que a Senhora da Luz não entrara em detalhes, também ela queria proteger a origem de Mîleithel! Então Haldir só soubera de tudo quando ela fora ao Rei de Gondor!
- Quebrou meu espelho também?
- Eu lhe trouxe outro.
As gentes de Lothlórien não lhe estavam sendo das mais amistosas. Não que a tratassem mal, não seria de sua natureza, mas não a tinham mais como uma filha ou irmã adotiva. Sabiam agora que era do povo aliado à Sombra, embora poucos dos habitantes da Floresta Dourada tivessem um contato com o mundo exterior que lhes permitisse saber mais detalhes, pelo que não havia como não ser grata.
- O isolamento é fruto de nossa história – disse-lhe a Senhora Galadriel – e a desconfiança para com os estrangeiros é sua irmã.
- Se isso protege o meu segredo, não posso me queixar.
- Sim, isso protege o nosso segredo, embora vá lhe oprimir, criança.
- Nada me oprimirá em Seu Reino, Minha Senhora, não ao lado de meu marido.
Galadriel também fora estrangeira uma vez, e também necessitara de abrigo para seu segredo então.
- Assim lhe desejo – disse tocando a face de Darai. – Tem muita força, Cabelos Negros, e paixão.
A adan não compreendeu porque a Rainha parecia tão cansada ao lhe dizer isso.
A VOLTA DE HALDIR
As emoções ameaçaram dominá-lo quando Haldir encontrou o talan vazio ao anoitecer, mas rapidamente retomou o controle ao ouvir as vozes que se aproximavam.
- Ada! – Os filhos acorreram para seu colo ao encontrar o pai em casa, e Haldir suspendeu a ambos em seus braços, enquanto Mornfinniel observava a cena enlevada, ainda na soleira da porta.
Parecia doce e meiga, quase tímida, mas Haldir fechou a expressão após contemplá-la por um breve momento. Havia passado semanas na organização das forças agora unificadas de Lórien Oriental e da Floresta das Trevas, mas sua batalha interior não arrefecera:
- Onde estavam?
- Fomos ter com Niéle, pois ela se sente sozinha sem as crianças – disse Darai – e eu também. Isso o desagrada, meu senhor?
- Nenhum marido se agrada de não encontrar a esposa ao retornar para casa após uma longa ausência.
- E nenhuma esposa se agrada da ausência do marido.
- Minha ausência não foi maior que a sua, minha senhora, e a senhora sabia onde eu estava e por que - Haldir soergueu-lhe as sobrancelhas num rápido olhar de desagrado, antes de voltar-se para os filhos em seus braços.
Ele a entendera mal, pensou Darai, só queria dizer-lhe que estava saudosa.
Enquanto as crianças punham o pai a par de todas as novidades Darai preparou o banho de Haldir, após o que colocou os meninos para dormir, impaciente de paixão.
Sim, era mais do que evidente, ela queria, ansiava por... pelo encontro carnal.
Como? Como podia ela, agora que sabia? Agora que ambos sabiam?
Aquilo pelo que ela passara, aquilo mutilava a alma, ele o testemunhara – Todos em Lórien testemunharam a agonia da senhora Celebrian.
Mas não parecia afetar aquela criatura que lhe lançava olhares maliciosos.
Olhares devoradores.
Desde que se haviam amado pela segunda vez fora assim, sem freios, sem pudores.
Não tinham conhecimento então do que sabiam agora entretanto.
Ao contrário de agora.
Haldir não sabia o que pensar... Temera uma longa batalha contra feridas que talvez nunca pudessem ser curadas.
Seus temores haviam-se transformado em horror porém, exatamente por não se concretizarem: a forma como Cabelos Negros dançara, a forma como sequer se apresentara, em seus trajes e sua empáfia sulista, a forma como reagira, semi-consciente, à concretização de seu casamento, entre gemidos surdos e estertores, revirando os olhos ...
Os olhos lúbricos que lhe voltava agora.
Estava além do que Haldir podia entender.
Além do que podia aceitar.
Durante a longa ausência de Mornfinniel, Haldir refletira sobre o quanto a paixão que o unira a adan era malfazeja, tentando imaginar que, ao mirar a face tão próxima, os olhos como lagoas negras e a boca entreaberta, fazia outra coisa que não beijar aquela criatura, sem, entretanto, obter sucesso.
Quando a reencontrara e ouvira seu relato, nos saguões de Minas Tirith, porém, seu amor inescapável fez de tudo para escancarar a ela as portas de sua compaixão. Aceitar que aquela explicação tudo justificava, tornava possível tudo perdoar.
Contudo, havia algo em Cabelos Negros que tornava impossível travesti-la com trajes de vítima.
Não lhe assentavam.
O que Haldir não podia entender.
Torturado além do limite em que sua própria dignidade ficaria irremediavelmente avariada, um elfo morreria.
Mesmo uma adan, quando brutalizada daquela forma, era sabido que podia fenecer.
Ou no mínimo acabrunhar-se.
Ele tinha dificuldades em lidar com o que acontecera com ela.
Tentar imaginar o que lhe acontecera quase fazia parar seu coração.
A ela, contudo, a volta de suas memórias parecia não haver afetado grandemente.
Ao contrário, nesta nova Monrfinniel – que chamava a si mesma Darai – Haldir vislumbrava uma malícia, uma ... sensualidade, que sua Cabelos Negros nunca assumira tão explicitamente.
A própria forma como ela se movia, até como andava, havia mudado, tornando-se mais sinuosa, mais provocativa.
Voltava-lhe os olhos baixos, e deixava entrever a língua a umedecer os lábios, como que antecipando um banquete.
Ela já se despia.
E de pronto despia a ele.
Haldir observou quase em transe enquanto ela lhe lambia o tronco, quase como um animal devorando a outro ainda vivo.
- Nay – disse Haldir tomando-a nos braços e conduzindo-a à cama. Onde a deitou desvencilhando-se de seus braços.
Haviam-se amado já com animalidade, anteriormente, mas ainda assim com certa inocência, quase como crianças podem até lutar, pretender se matar um ao outro, com alegria e despreocupação.
Aquilo a que ela quisera conduzi-lo agora, contudo, ultrapassava de muito esses limites.
Ao menos os limites que o elfo poderia tolerar.
Esposos não se amavam desta forma, mas com respeito mútuo, com comedimento.
Sem aquela ânsia com que se procuravam antes.
Darai ainda tentou cavalga-lo.
Mas Haldir lutou para conter-se, e conduziu Mornfinniel a um encontro suave, de desfecho ameno, findo o qual beijou-lhe a fronte.
Pronto, fora delicado e aprazível.
Como devia ser.
Quem ou o quê aquele galadhrim pensava que ela era, Darai não sabia. Mas ela sabia o que ele era. Havia uma palavra na língua de Harad para um marido assim, e não era uma palavra que honrasse aquele a qual se referia.
Aliás, havia palavras também para expressar aquilo no qual uma esposa transformaria um marido daqueles, e eram palavras ainda menos honoráveis.
Daror a amaldiçoara, só podia ser! - Darai espumava de ódio, ocupando-se em preparar o desjejum dos garotos que já haviam despertado, e do pai que logo cedo tinham ido acordar. – Se não fosse por eles, ela é que o teria acordado, com a faca que agora fatiava o pão nas mãos.
Se não fosse por eles, aliás, teria se ido embora de novo, e naquela mesma noite.
Teimosa estúpida, por que fizera isso? Correra atrás de Haldir, confrontara o irmão por ele, exilara-se do Harad, pelo quê, deuses dos elfos e de Harad, pelo quê? Não entendera que nada mais poderia ser como antes? Que ele não poderia mais amá-la sabendo quem era?
Mas não, não podia voltar a Harad naquelas condições, sujeita ao escárnio de todos, a implorar pelo abrigo e proteção de Daror, desonrada.
Desonrada.
Ela. Darai da Casa de Or, filha de Ravai de Raor.
Não mesmo!
Não podia de fato voltar, só teria a perder.
Inclusive o orgulho de si mesma.
Haldir estava negando-se ao seu poder de mulher, aquilo era um desafio, e ela iria vencê-lo.
Ou destruir os dois tentando.
Muito, muito difícil contudo, era seduzir um marido que não só não queria participar do seu jogo de sedução, mas sentia-se ofendido pelos métodos de que ela fazia uso para tenta-lo.
E muito, muito demorado para uma criatura que media o tempo de forma tão impaciente quanto uma mulher de Harad.
Pela primeira vez na vida Darai sentiu-se completamente só. Pois a maior das solidões não corresponde ao estar desacompanhado, mas exatamente ao estar isolado daquilo que nos está mais próximo.
A frieza de Caras Galadhom não se comparava a frieza de seu marido. Aquela pelo menos não a admoestava a qualquer pretexto. As ressalvas da cidade para consigo eram envoltas em formal discrição, e chegavam a ser mitigadas pelo carinho generoso que via continuar a ser devotado a seus filhos.
Ademais,sempre se podia quedar o rosto para o lado, e, com olhos meigos, pedir aos sérios sentinelas um sorriso,o qual, ainda que saísse tímido, nem por isso deixaria de soar divertido.
Por óbvio que provocar-lhe o ciúme era algo que rompia a contenção a que se forçava o capitão dos galadhrim, porém com consequências nefastas, bem diversas das pretendidas pela mulher do sul.
O que conseguia era que ele a repreendesse, buscando controla-la cada vez mais, suprimir-lhe aqueles comportamentos descabidos, que certamente colocavam a ambos em situação vexaminosa.
Depois de cada explosão, Haldir por sua vez recriminava-se, descontente com a força e a ambiguidade de suas próprias emoções – elas o traíam, e luta constante contra elas era necessária.
Fosse com a esposa, fosse consigo mesmo, sua casa hoje era palco de batalhas tão ferrenhas quanto jamais travara outrora.
Entretanto...
Entretanto a amava tão, tão perdidamente ...
Passaria o resto de sua vida em comum buscando antes enquadra-la que compreende-la, porque nunca admitiria que apaixonara-se por tudo que ela era, malfazeja ou não, e não apenas pela parte dela à que se prestava a um amor adequado e conforme.
Ela estava tão quieta; estaria dormindo? Haldir correu os dedos pelas costas douradas de Mornfinniel, sem se dar conta do que fazia, até perceber o arrepio provocado pela rara carícia. Ainda que concentrasse toda sua vontade, o turbilhão de preocupação, cuidado, paixão, desejo e impossibilidade pulsava em suas veias sempre que se distraia.
Mornfinniel, entretanto, continuou imóvel em sua solidão orgulhosa, lágrimas escondidas sob os cachos negros.
Não queria admitir, mas estava exausta.
Nenhum dos dois podia mais sustentar aquela situação.
