Em primeiro lugar, obrigada pelas apaixonadas reviews que o capítulo anterior recebeu de tantas autoras talentosas que me orgulho estejam-no acompanhando até aqui.

Algumas chegaram a se desculpar pelo tom dos comentários - e houve até quem admitisse jamais ter gostado de Haldir. – Ao contrário do que possam pensar, a forte reação com que me brindaram só me fez satisfeita. O que seria de um trabalho que ousou intitular-se "A Paixão dos Edain", se só despertasse mornos comentários de aprovação? Não, mesmo a repulsa, o franco ódio a um dos personagens que mais amo, eu consideraria melhor que isso...

Assim sendo, mesmo ao reconhecer o quão curto ficou este capítulo, peço a graça de que o comentem também, prometendo que sua continuação desta vez será postada em um intervalo mais breve.

Para encerrar o assunto, seguem as recomendações:

Super Elfa Ju Bloom MÚSICA FÚNEBRE (songfic) e ROSAS, ARMAS AMOR E SANGUE (terminada); recomendações absolutas.

Nimrodel Lorelim CRÔNICAS ARAGORNIANAS: Poesia em prosa, acompanhando os caminhos de um certo alguém, e de tantos outros personagens conhecidos ou novos que cruzaram o seu caminho, e cada um dotado de luz e vida próprias (aguardamos um novo amor para Ivy, pelo menos eu aguardo).

Lady Liebe - A HORA DOS MAGOS; HOBBITS NO MACDONALDS; A OUTRA FACE DA MOEDA ... para espairecer.

Lady Éowyn OS JARDINS DE ITHILIEN ... para se enternecer.

Kianah ESTRELA SILENCIOSA ... para reviver a maior das aventuras, sob um novo ponto de vista.

Kwannom HALDIR & HALETH ... para se alucinar ... e votar na premiação do site elvenlords: Vamos valorizar a prata da casa, pessoal!

Sadie Sil VIDAS E ESPÍRITOS ... para se emocionar mais que nunca com os capítulos finais da fic das fics (e no mais não há palavras sobre Sadie, sua arte, sua generosidade, sua maestria, seu jeito angst de ser, que eu já não tenha dito.

A PAIXÃO DOS EDAIN – Parte 3

Capítulo XXV – O Espelho

IMAGENS NO ESPELHO

Maldição! Mais uma vez chegara em casa para não encontrar ninguém! A esposa certamente exibindo a figura por Caras Galadhom. Não percebia que se estava expondo? Não se importava em enfrentar o constrangimento das gentes?

O passar do tempo não os havia ajudado em nada.

A cada temporada em que se afastava para a fronteira quando o clima de conflito e beligerância entre eles se tornava insuportável e Haldir achava que não seria mais capaz de deter o controle sequer sobre si mesmo, mais obsessivamente seu pensamento se voltava para ela, para o fascínio nefasto que suas provocações despudoradas exerciam sobre ele.

E logo o ciúme e a saudade o faziam voltar. Sempre esperançoso de que desta vez seria diferente, que desta vez seria a antiga Cabelos Negros a espera-lo, com os cabelos enfeitados por flores de mallorn, que ela o acataria, buscaria antes agradá-lo que indispor-se com ele, que então teriam novamente paz, encantamento, ele a ergueria nos braços e em seu quarto se reencontrariam, naturalmente, como era antes.

Mas nada, nunca mais, seria como fora antes.

Exceto pela necessidade desesperada da presença dela que sempre o acompanharia.

Uma outra presença, entretanto, fora a única que encontrara no talan; sua própria presença refletida num rico espelho encostado à parede da sala.

Haldir aproximou-se do magnífico trabalho dos anões que reconheceu, mirando-se em toda sua altura. Caro, com certeza. O que dera em Mornfinniel para colocá-lo naquela sala? Destoava da simplicidade em redor.

Contudo, não era hora de preocupar-se com isso; antes de mais nada, fazia-se tarde, e Haldir soube onde buscar a esposa.


Encontrou-a já retornando da casa de Niéle. Arrastava um sonolento Mîleithel pela mão, enquanto Onneneithel dormia em seus braços. Seu primogênito já não mais crescia de forma tão acelerada, mas a mãe não teria conseguido carregar os dois.

Ao ver o pai, o filho mais velho buscou menos seu abraço do que abrigo para o próprio sono. Recostando-o em seu ombro, Haldir regressou silenciosamente ao lado da mulher pelo caminho que acabara de percorrer.

Darai sentiu a sombra começar a infiltrar-se em seu coração novamente. Calculara mal a época do retorno do marido, agora teria de sofrer seu descontentamento com a visita à amiga.

Não! – gritou alguma coisa dentro dela. – O tempo de escuridão acabara para si, não mais se curvaria!

O sol voltara a brilhar para ela desde que trouxera o espelho para casa, e nele mirara a dança da princesa da mais orgulhosa Casa de Harad.

Os meninos foram acomodados em suas camas e Darai ocupou-se de preparar o banho do marido, e depois da casa.

Haldir não pode deixar de notar, ela o evitava.

Mas os olhos negros a toda hora procuravam o espelho e sorriam a cada vez que o encontravam.

Era como se fossem cúmplices, amigos, como se compartilhassem um segredo, a mulher e o espelho.

Havia mais intimidade entre sua esposa e o espelho do que entre ela e o marido – sentiu Haldir um ciúme avassalador, ao vê-la dirigir ao objeto os sedutores olhares que outrora dirigira a ele.

- De quem é este espelho?

- É meu.

- De onde veio? Quem lho deu?

- Eu o comprei do povo de Dúrin, que agora tem permissão para vir a Caras Galadhom comerciar.

- Comprou-o? Comprometeu-me com os anões?

- Não, meu marido, não o comprometi com ninguém, já está pago.

- Já está pago? Quem pagou por ele?

- Eu paguei.

- Pagou? Como? – perguntou Haldir

- Com meu ouro – respondeu ela.

- Seu ouro? Que ouro?

- Daror colocou um dote em ouro de sua Casa entre os pertences que me acompanharam – esclareceu Darai.

Contudo, Haldir duvidava ainda:

- Pensei que o costume de seu povo era que o dote fosse ofertado pelo noivo.

- Assim é a tradição de meu povo, mas Daror sabia que não possuía tesouros, eu disse a ele.

- Disse ao seu irmão que eu não tinha meios de prover as suas necessidades? – Haldir sentiu-se possesso.

- Não, meu marido – retorquiu Darai, sem paciência para mais um desentendimento – apenas lhe disse que os elfos não possuem tesouros como os haradrim.

Haldir via-se de novo frente ao ogro de Harad, que zombava dele, dizendo-lhe que era preciso mérito para pretender sua irmã: então era a isso que estava se referindo? E no final, caridosamente, proviera-a com a garantia de seu sustento, como se ele, Haldir, não fosse capaz de fazê-lo!

- Não devia ter feito isso, minha senhora; se precisar de alguma coisa, basta pedi-la a mim! Vai enviar de volta o ouro de seu irmão.

- É meu de direito! Os poucos adornos com que dancei foram só o que restou do saque das joias de Ravai, que são minha herança! Daror só realizou uma pequena compensação do que me cabe.

- Poucos são os adornos com que tem o mau gosto de desfilar ostentosamente por toda Caras Galadhom? Dê-mos, vou enviá-los todos de volta ao rei de Harad.

- Não! – rugiu Darai feroz – é herança de minha mãe, e não pode dispor dela! Sou uma princesa de Harad, não serei espoliada nem andarei como uma mendiga! E também não seguirei escondendo-me, como é de sua vontade, como se tivesse algo de que me envergonhar, elfo das trevas: se não era digno de mim, não devia ter-me esposado, outro o faria!

Insano de ódio, Haldir avançou para ela e começou a arrancar-lhe os colares:

- Fez com que a reclamasse, agora fará como digo!

- Arrependo-me! Preferia ter sido entregue a qualquer outro que não você! – os dois lutavam, o ouro resistindo no pescoço de Darai antes de ceder à força do elfo, as mãos de Haldir rasgando o vestido dela junto com seus colares, cujos elos partidos lhe cortavam a carne – Afaste-se de mim, seu orc maldito!

Àquela injúria, Haldir terminou de transtornar-se. O elfo agarrou os cabelos negros e arrastou Darai para fora do talan

- Conhece bem os orcs, rameira, comprou deles a vida, e não foi com ouro que pagou! Há todo dia capitães partindo de Lórien para caçá-los com seus galadhrim, levá-la-ão até eles, que são mais dignos de ti!