De volta às aulas

A primeira semana de aula transcorreu quase normalmente na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Draco nunca esteve tão em evidência na escola. Por mais discretos que os professores houvessem tentado ser, parte da história de sua prisão pelos comensais da morte havia vazado. Crabbe e Goyle haviam se afastado dele, por ordens de casa, e apesar de Snape ter colocado Draco a par da rede de alunos confiáveis na Sonserina, Draco não fazia realmente parte dela - ele estava em evidência e solitário.

Harry era novamente o herói da escola, mas estava mais distante das pessoas do que nunca. Mesmo Rony e Hermione, apesar de estarem junto dele todo o tempo, não sabiam mais dizer o que estava acontecendo com ele.

No almoço da primeira sexta-feira depois do início das aulas, todos os alunos no salão principal, e até alguns dos professores, ficaram imóveis por alguns instantes. Afinal, ninguém nunca tinha visto uma cena assim na escola.

Draco estava se dirigindo para a mesa de sua casa quando Potter, que vinha entrando no salão logo atrás, o chamou:

-Malfoy. – O sonserino parou, esperando que o outro rapaz o alcançasse. – Preciso falar com você.

Todo o salão ficou paralisado, à exceção de McGonagall e Snape, que apesar de se manterem atentos, continuavam almoçando como se nada de anormal estivesse acontecendo.

-O que foi, Potter? – Draco e Harry tinham se afastado para um canto e conversavam em voz baixa. Mesmo assim, sentiam os olhos dos colegas fixos neles.

-Hoje à noite vamos ter a primeira reunião do ED, na mesma sala do ano passado. Você ainda está disposto a participar? – Draco observava a seriedade nos olhos verdes de Harry, mas havia algo mais, um véu de tristeza no olhar do garoto.

-E eu lá tenho escolha? A que horas é?

-Às oito horas. É melhor você se encontrar comigo no saguão principal uns quinze minutos mais cedo. Eu quero evitar atritos, é mais seguro se você for comigo.

-OK. Até lá.

Quando os rapazes se separaram, indo cada um para sua mesa, o burburinho voltou ao salão. Potter e Malfoy trocando frases sem sair confusão! Algo totalmente inesperado.

-Harry, o que houve? – Dino Thomas foi o porta-voz da curiosidade geral.

-É o seguinte - Harry fez um gesto trazendo os membros do ED da grifinória mais para perto –, o Malfoy vai fazer parte do ED.

-Não!

-Qual é?!

-Que brincadeira boba, Harry!

Os protestos explodiram na mesa, mas Harry os silenciou.

-O professor Dumbledore pediu isso, e o Malfoy vai cooperar. Não vou pedir a ninguém que goste do cara, isso é meio impossível, ele é intragável. Mas se ele não provocar, a gente vai ter de aturar ele.

-Mas por quê? – Neville, mais do que os outros, não gostou nem um pouco da idéia.

-Porque ele também vai ter de se defender de Voldemort. – O nome do bruxo das trevas provocou estremecimentos e caretas entre o ED. – Na realidade, ele vai precisar mais do que muita gente. Por isso ele vai cooperar, e por isso o diretor pediu que nós o aceitássemos.

-Droga! – Simas resumiu a opinião geral.

-Pois é. – Nem mesmo Harry podia discordar.

A notícia correra entre os membros do ED das outras casas e ninguém estava feliz. Draco percebeu alguns olhares tortos durante a tarde, mas manteve a habitual cara debochada. Aproveitou e se manteve também próximo à sala do professor Snape, aonde ninguém iria provocá-lo. Às quinze para as oito, entrou no saguão principal e encontrou Harry à sua espera.

Um breve cumprimento e os dois se dirigiram lado a lado para a reunião do ED.

-Malfoy, eu já avisei que você vai entrar para o grupo. É claro que ninguém gostou da idéia, mas nós vamos ter de trabalhar juntos. – Quando estavam quase na porta, Harry parou e fez Draco encará-lo. – Não vai ser fácil para você. Mas você sabe que, para sua própria segurança, você precisa fazer isso.

-Que foi, Potter? Agora o grande herói está preocupado comigo também?

-Não seja idiota, Malfoy. Eu não gosto de você e nem você de mim, mas nós dois já vimos Voldemort cara a cara. – O nome fez Draco estremecer e desviar os olhos de Harry. O grifinório segurou o rosto do sonserino, forçando-o a encará-lo. – Nós dois sabemos que ele tem de ser detido, eu sei que você sentiu isso também. Nós dois sabemos que vamos ser caçados. Eu posso ajudar você, e você pode me ajudar e ajudar aos outros. Será uma troca, Malfoy. Mesmo quando estiver muito desconfortável, você precisa continuar, para sua própria segurança. Eu vou ajudá-lo o máximo que puder a criar um relacionamento suportável com o grupo, mas se você fugir da situação não vai adiantar nada.

-Eu não corro de briga, Potter. Não se preocupe, vou ensinar a você tudo o que eu sei. Mas não vou ficar bancando o professorzinho desse bando de malas. Você, se quiser, que os ensine. Afinal o santo de plantão é você. Agora me solta.

-Para mim está bom assim. – Harry soltou o rosto de Draco e levou a mão à maçaneta. – A propósito, Malfoy, não sou herói nem santo, e suas ironias não me atingem.

Malfoy seguiu Potter para dentro da sala ainda sem encontrar uma resposta à altura.

Na sala, só estavam Gina, Rony e Hermione. Um círculo formado por grandes almofadas ocupava a parte central; nos cantos havia várias prateleiras repletas de livros. Draco pegou o primeiro que alcançou e sentou-se em uma das almofadas, o mais longe possível dos Weasley e da Granger. Para sua surpresa, Harry sentou-se ao seu lado e ficou escrevendo em um caderno.

Os outros membros do ED foram chegando aos poucos. Apesar de alguns tentarem manter um clima descontraído, o ambiente era tenso na sala. Às oito horas estavam todos sentados nas almofadas; Ana Abbott era quem estava mais perto de Draco, mas entre eles ainda caberiam com folga umas três pessoas. Harry olhou em redor e começou:

-Bom, já que todo mundo veio, parece que ninguém tem medo de assombração loira! – Malfoy olhou para ele indignado, mas Harry não deu tempo para nenhuma réplica e continuou, em meio a alguns pigarros e risadinhas abafadas. – E parece também que Malfoy não tem medo de ataques em grupo.

"Mentira. Eu estou apavorado", Draco admitiu para si enquanto percebia que só viera por confiar na proteção de Harry.

-Nosso objetivo aqui sempre foi aprender ao máximo como nos defender de ataques de Voldemort. – O jovem mago continuou indiferente ao silêncio tenso que se estabeleceu. Ele preparara seu discurso com ajuda de Hermione e já esperava essa reação. – Todos nós, incluindo o próprio Malfoy, estamos igualmente tensos com a presença dele aqui. Mas é assim que as coisas vão ser. O que está por vir é muito maior que nossas antipatias pessoais. Aqui todos nós falamos o que pensamos, e ninguém é forçado a nada. Como eu acabei tendo mais experiência em situações de.... luta, eu acabei me tornando uma espécie de instrutor, mas não mando no grupo. Alguém tem alguma coisa para falar a esse respeito?

-Nada, a não ser que é melhor Malfoy se comportar. – Ernesto Macmillan ainda não esquecera o Comitê Inquisitorial no ano anterior.

Antes que Draco respondesse, Harry o conteve.

-Ele vai. Todos nós vamos. Mais alguma coisa.

-Já que tem que ser.... – Parvati Patil resumiu a opinião geral.

-Ótimo. Malfoy sabe coisas que nós não sabemos; ele e eu vamos trabalhar nisso, e eu vou repassar para o grupo. Mas agora vamos rever algumas coisas que vimos o ano passado. Formem duplas; você fica comigo, Malfoy.

Eram dez horas da noite quando o treino terminou. Draco achou melhor enrolar um pouco para sair da sala. Não queria descer junto com os outros membros do grupo. Por causa disso, acabou saindo junto com Harry e encontrando Rony e Hermione, que esperavam o amigo no corredor. Malfoy se deixou ficar para trás. Já havia aturado aquela gente demais por um dia.

Como seguiam na mesma direção, o rapaz podia observar o trio maravilha da grifinória à vontade. Potter em especial. Durante o treino de DCAT o rapaz mostrara energia e pulso firme; agora andava ao lado dos amigos cabisbaixo, como se não estivesse prestando a menor atenção ao mundo em sua volta. Draco podia captar a tristeza dele mesmo à distância, e podia perceber também os olhares de preocupação da Granger.

Draco se dirigiu sozinho às masmorras. Ao contrário de Potter, ele ia atento ao caminho. "Momento ideal para uma emboscada, melhor tomar muito cuidado." Mas tudo o que encontrou foi o Barão Sangrento, que o cumprimentou solene e permaneceu flutuando no corredor deserto.

No salão comunal, deu de cara com Pansy Parkinson. A garota que antes vivia atrás dele agora o provocava descaradamente.

-Estava com seus amiguinhos da Grifinória, Malfoy? – A voz dela era puro veneno. Mas uma coisa Draco aprendera com Lucius Malfoy: reduzir uma idiota como ela a nada apenas com olhar e voz gelados.

-E isso interessa a você?

A garota ficou completamente sem graça com a frieza da resposta. Draco subiu para o dormitório, não admitiria para ninguém, mas o treino o deixara cansado. Depois de correr as cortinas de sua cama, executou uma série de feitiços protetores ensinados por Snape e Dumbledore. Não seria fácil matar Draco dormindo. Pôs a corrente com o Guardião dos Sonhos no pescoço e deitou-se tentando dormir. "Minha vida está tão fodida que até meu guardião dos sonhos tem forma de um lobo." Os pesadelos persistiam, mas o lobo surgia nos seus sonhos e afugentava a ameaça que fosse, ou uivava até ele acordar. Era bem melhor do que passar por isso sozinho, mas, mesmo que não admitisse, Draco sentia falta da proteção de Remus.

Girou mais uma vez inquieto na cama, pensando de novo na tristeza de Potter. "Droga!" tateou em baixo do colchão até encontrar um envelope, murmurando a senha, pegou seu segundo tesouro, o desenho que Harry havia feito. Lindo, triste e, por alguma razão misteriosa, reconfortante. Depois de olhar o desenho por algum tempo, Draco conseguiu adormecer sem perceber que seu último pensamento fora destinado ao Garoto que Sobreviveu.

Harry estava deitado com os braços cruzados sob a cabeça e os olhos fechados. Como toda noite, ele se preparava para fazer os exercícios de oclumência antes de dormir. Uma coisa que Harry aprendera nos últimos meses fora a refletir sobre o dia antes de limpar sua mente nos exercícios propriamente ditos; assim ele não ficava lutando com memórias e sentimentos.

Harry não pôde deixar de perceber que apenas durante o treino do ED e a conversa com Draco ele se sentira realmente bem. Fora isso, sentia-se imerso na culpa e na tristeza pela morte de Sirius e na confusão de sua mente por causa da profecia. Só quando enfrentara os gelados olhos azuis de Draco ele se desligara de tudo o que o incomodava. Durante o treino, estivera atento a todos os membros do ED, mas em especial a Draco; afinal, tinha de evitar confusões entre ele e os outros. Sim, com certeza era isso.

O garoto se dedicou a seus exercícios e dormiu, surpreendentemente melhor do que em qualquer noite de que pudesse se lembrar desde a volta de Voldemort.

Harry entrou no salão comunal satisfeito. Os treinos do ED continuavam indo bem. O único problema naquele dia fora que Gina não viera: culpa do Snape, que dera uma detenção para lá de injusta para a garota. Na realidade ela ainda não voltara da detenção.

Snape andava mais irritado do que nunca. Seu humor em geral sombrio se tornara venenoso. Nem sua própria casa estava podendo vacilar perto dele. O professor ainda protegia a Sonserina, mas por qualquer motivo sua voz fria e venenosa fazia os alunos, mesmos seus favoritos, tremerem. Neville ficava a um passo de um ataque de nervos só de ver Snape no corredor.

Harry e Rony estavam justamente fazendo um trabalho de poções quando McGonagall surgiu no salão comunal da Grifinória. A presença da professora ali era algo tão raro que todo o salão se calou.

-Potter, venha comigo. Os senhores também, Weasley e Granger.

Cinco minutos depois, Harry entrava nas chamas da lareira da sala da professora com destino a um cômodo nas masmorras. Nada estava realmente claro ainda, mas seu coração batia tão forte que parecia que ia acordar a escola toda. Gina encontrara Sirius VIVO. De tudo o que a professora falara, isso fora a única coisa que Harry retivera.

Tinha consciência de Rony e Hermione próximos a ele quando se precipitou para perto do padrinho e perguntou a Dumbledore:

-Ele está vivo, professor?

-Sim, Harry. Bastante fraco, mas, sem dúvida nenhuma, vivo.

-Mas o que houve?

-Isso, meu rapaz, nós ainda não sabemos. Ele chegou a recuperar a consciência por alguns momentos. Acredito que vá se recuperar e poderá nos dizer o que houve. Por favor, deixe Sirus descansar, Harry. Acredito que é o que ele mais precisa agora. Gina, por favor, tranque a porta e venha nos dizer o que aconteceu.

-Eu ouvi o barulho de um corpo caindo na sala no final do corredor. Eu fui ver; tive de usar um feitiço para abrir a porta, e Sirius estava caído no chão desacordado e totalmente gelado. Então eu o trouxe para cá e corri para chamar o professor Snape. – A garota fez uma pausa breve. – Sabe, diretor, eu não trouxe ele para cá só para aquecê-lo; na outra sala eu sentia que Sirius estaria em perigo.

-Gina, você percebe quão temerária você foi? Era Sirius, minha criança, mas podia ser outro ser qualquer. Mesmo assim, acho que sua coragem o salvou. – O Professor Dumbledore parecia ter uma noção do que acontecera. – Você trancou a porta? Muito bem. Vou examinar a sala depois, mas antes precisamos cuidar de Sirius direito.

E Dumbledore se pôs ao trabalho. Era impressionante. Transfigurou o sofá em uma cama de hospital, enquanto McGonagall, que entendera as intenções dele, transfigurava as cadeiras em uma mesa alta, onde Snape pôs a caixa de poções. Devolvendo a capa a Gina, Dumbledore evocou cobertores para a cama. E materializou uma poltrona ao lado da cabeceira de Sirius.

-Sente-se, Harry, vai ser bom ele ver você ao acordar. Minerva, comunique- se com o Remus, ele está na casa de Sirius com Charles Weasley e Tonks. Diga-lhe o que aconteceu e peça que venha o mais rápida e discretamente possível. Tonks e Charles devem informar os outros membros da Ordem e marcar uma reunião para amanhã à noite. Apesar de ser uma ótima notícia, recomende máxima discrição. Meninos, vocês voltem ao dormitório e descansem bem, vamos precisar de vocês amanhã. Gina, oficialmente você apenas se demorou cumprindo a detenção. Rony e Hermione, se alguém lhes perguntar, digam que se tratava de uma noticia sobre a família de Harry, e que ele teve de ir para casa. Agora vão.

Quando os quatro saíram em obediência a Dumbledore, ele criou mais duas poltronas, e indicou uma delas a Snape.

-Sente-se, Severus. Acredito que ainda precisarei de você aqui, essa noite.

E a lenta passagem do tempo começou. A cada meia hora Harry ajudava Snape a dar a Sirius um pouco da poção verde. O que parecia um desmaio profundo foi aos poucos se tornando um sono pesado. Até que Sirius acordou novamente e encontrou o rosto preocupado de Harry.

-James! Não... você não é James... – Sirius estava fraco e ainda parecia confuso. – Você é Harry. Merlin! Eu estou vivo? – Ele tentou sorrir. – Achei mesmo que havia visto o Snape.

O coração de Harry batia acelerado. O padrinho conseguira. Ele sobrevivera.

-Sim, Sirius, você está vivo. – Dumbledore se aproximou da cama.

-Professor Dumbledore! Onde estou? – Sirius fez menção de se levantar, mas foi impedido pelo mago mais velho.

-Em Hogwarts, meu filho, em Hogwarts.

-Então era aqui que eu caía.

-Caía, Sirius?

-Sim. Caía. Numa sala escura e fria. E depois era sugado de volta. Eu não conseguia sair da sala. Na primeira vez, gritei e bati na porta; eu não podia aparatar ou abrir a porta, eu não sei da minha varinha.

-Descanse, Sirius, depois conversamos.

Mas Black parecia precisar falar sobre o que acontecera.

-Então eu fui sugado de volta, voltei para perto de James e Lily. Vi seus pais Harry, falei com eles. Eles diziam que eu tinha de voltar, e eu continuava tentando, mas sempre caía na mesma sala. Fui ficando fraco, era cada vez mais difícil voltar, e cada vez eu era sugado mais rapidamente. Então eu caí na sala escura e desmaiei. Eu sempre desmaiava quando era sugado de volta. Quando acordei eu não vi James, vi Snape.

-A Gina tirou você da sala, Sirius. – Harry estava pasmo com a história. Se a Gina não estivesse ali, naquele exato momento, Sirius teria morrido.

-Tome essa poção, Sirius. – Depois de falar baixinho com Severus, o professor Dumbledore agora apresentava a Sirius uma poção azul clara. – Você vai descansar agora. Harry, fique com ele. Eu e o professor Snape vamos verificar a tal sala. Mandei chamar Remus, Sirius; ele, assim como Harry e todos nós, vai se alegrar muito com a sua volta.

Harry passou todo o final de semana nas masmorras com Sirius e Remus. O animago lentamente ia voltando ao normal. Já não dormia tanto, e parecia mais preocupado com o abatimento de Harry do que com sua própria saúde.

Na segunda-feira, Harry voltou à roda-viva da escola com a promessa que poderia ir visitar o padrinho à noite.

Pouco mais de uma semana depois de Sirius ter reaparecido, ele já estava impaciente por ficar preso naquela sala. Remus tinha de ir a Londres com bastante freqüência, e o principal contato do animago com o mundo exterior acabou sendo Snape. Apesar das discussões entre os dois terem se transformado em um silêncio frio, Sirius se sentia incomodado com a presença do professor de poções, que também não escondia o desconforto por ter de lidar com ele.

Por isso, quando outubro já ia quase na metade, Harry se surpreendeu muito ao entrar no "quarto de Sirius" e encontrá-lo jogando xadrez bruxo com Snape.

O professor de poções olhou rapidamente para Harry e fez um movimento com o bispo.

-Agora que Potter está aqui eu vou me retirar. Concluímos o jogo depois. – Ele se ergueu, recolhendo alguns livros que estavam na mesinha próxima. – Nem tente trapacear, Black, eu sei exatamente a posição das peças.

-Não preciso trapacear para ganhar de você, Snape! – Sirius respondeu indignado. – Esse tipo de estratagema é coisa sua.

O professor de poções se voltou da porta com um meio sorriso provocativo.

-Nem trapaceando você ganha, Black. – E saiu antes que o outro bruxo lhe desse uma resposta atravessada.

-Sirius, você estava jogando xadrez com o Snape?

-Eu tenho que passar o tempo, antes jogar xadrez com esse trasgo do que tentar conversar com ele. – Sirius levitou o tabuleiro até um canto do quarto. – Harry, estive conversando com Dumbledore; eu não vou voltar para a casa dos meus pais.

-E você vai ficar aqui?

-Não exatamente aqui, mas na floresta. No dia das bruxas, durante o banquete, eu vou embora.

-Sirius, isso é muito perigoso.

-Talvez um pouco. Se eu ficar na casa dos meus pais eu vou enlouquecer Harry. Prefiro me arriscar na floresta a agüentar aquela casa de novo.

-Sirius, eu.... – O garoto não sabia o que dizer.

-Tem outra coisa que nós precisamos conversar. O que você tem, Harry? Eu tenho observado você. Garoto, parece que o peso do mundo está nas suas costas!

-Eu tou legal, Sirius.

-Não, não está. Dumbledore me falou que lhe contou da profecia.

-Você sabia?

-Sim. Eu e Remus. Dumbledore alertou James e Lily assim que você nasceu. Alertou também os Longbottom quando o filho deles nasceu. Eu disse a Dumbledore mais de uma vez que deveria contar essa história para você, que você saberia lidar com isso. Mas parece que isso está pesando muito, não é?

O garoto mantinha os olhos fixos na lareira e uma expressão obstinada no rosto.

-Harry, é obvio que você não está bem. Você precisa ...

-Droga, Sirius! Que grande porcaria. – O esforço que o rapaz vinha fazendo para se conter desde o final do ano letivo anterior era muito grande. E agora vinha a explosão de tudo que ele guardara naquele tempo todo. – Que merda. Eu preciso, eu tenho, eu sou obrigado. Que porcaria.

Sirius cruzou os braços e deixou o afilhado desabafar.

-Eu quase matei você. Por causa da minha incompetência você quase morreu. Se eu tivesse feito a merda da oclumência direito, você não teria passado pelo que passou. Se não houvesse essa porcaria dessa profecia, meus pais talvez estivessem vivos e você não teria ido para Azkaban. Se Voldemort não estivesse tão a fim de me matar, Cedrico estaria vivo. Eu quase matei Rony, Hermione, Neville, Luna e a Gina naquela noite também. É TUDO MINHA CULPA!

-Não é não.

-MERDA, SIRIUS. VOCÊ NÃO VÊ? Eu já nasci errado – Harry desabou no sofá em frente à lareira e voltou a fitar o fogo. – Eu nem devia ter nascido.

Sirius se sentou ao lado dele.

-Seus pais amavam você, Harry. Eu nunca vi o Pontas tão feliz quanto no dia em que você nasceu. Quando você tinha pouco menos de um ano, ele me disse que ter você e Lily na vida dele era a perfeição, que não precisava de mais nada a não ser um vôo de vassoura de vez em quando – Harry não pode evitar um sorriso ao ouvir isso - e de ver Voldemort definitivamente derrotado.

-Mas ele não viu. Ele morreu tentando me salvar.

-Assim como você morreria tentando me salvar, ou eu a você. Nada disso é sua culpa. Você deveria ter-se esforçado mais na oclumência, o imbecil do Snape poderia ter facilitado sua vida, Dumbledore deveria ter-lhe explicado o que estava realmente acontecendo há mais tempo, EU deveria ter feito o que eu achava certo, que era conversar com você. Não tente carregar a culpa do mundo sozinho, Harry. Ninguém consegue.

-Eu não quero ser predestinado a matar por uma profecia, Sirius, e menos ainda quero morrer e deixar Voldemort escapar. Antes era divertido, sabe.... resolver um mistério, salvar a Pedra Filosofal, salvar Gina e depois você. Mas agora.... Cedrico está morto, você quase morreu.... eu não sei o que fazer.

-Conselhos sensatos não são minha especialidade, mas sim do Remus. – Novamente Sirius conseguiu um meio sorriso do afilhado. – Mas eu acho que você vem fazendo um bom trabalho. Você aprende com seus erros, Harry, aposto que nunca mais vai se descuidar de algo tão importante quanto a oclumência. Só o fato de você estar conseguindo manter o Malfoy no ED já é um fenômeno.

-Malfoy! A criatura mais.... irritante que eu conheço. Dá vontade de liberar o pessoal para treinar feitiços nele.

Esse capítulo ficou um pouco menor, e tem um trecho de "O Mais Improvável" mas eu quero manter o parelelismo das duas fics. O próximo está mais movimentada e já está nas mãos da minha beta. Muito obrigado pelas reviwes. Um abração,

Marck Evans

Ana vc tem razão, o Lucius é um maldito (desculpe ai Morticia, mas eu detesto o Malfoy Pai, é muito racista para minha cabeça).

Morticia nesse capítulo o humor do Harry melhorou um pouco né?! Mas a tristeza do Harry não é só pelo Sirius...... Quanto ao amuleto..... hummmmm deixa queito.

Anna Malfoy não rolou mais cena no trem! Eu sempre me perguntei como os bruxos puro sangue, e que não gostam de trouxas, lidariam com o embarque.

MEL MorganWeasley Eu dei risada sozinho imaginado essa cena, depois penei para por escrito a descrição da Tonks Coruja. O Draco precisava mesmo de uma boa sacudidela.

Bru valeu. Só tem um Draco "bonzinho" logo de inicio que eu gosto, é da Morticia, e ela sabe disso.

Simas Potter alguém vai ter de cuidar do "pobre sonserino desajustado" hehehehe algum herói de plantão vai ter de se habilitar!