O que eu faço agora?

Draco entrou no salão comunal da Sonserina sem olhar para os lados. E, apesar de ainda ser bastante cedo, se enfiou debaixo das cobertas e lançou todos os feitiços protetores habituais. "O que eu fui fazer?!"

Ainda em choque com o beijo que dera em Harry, ele não conseguia coordenar seus pensamentos. A lembrança da expressão de Harry quando vira McGregor e o namorado teimava em invadir sua mente. Mas o gosto da boca do outro rapaz era tão bom. "Merda, merda, merda. Como vai ser agora?" A vontade de Draco era de ir lá e agarrar Harry e tomá-lo, não com um inocente beijinho, mas com toda a paixão que estava sentindo.

Draco fechava os olhos, mas ficava revendo o rosto de Harry. O sorriso do garoto no pub no dia anterior, a expressão desolada dele ao falar da profecia, o ar súplice quando insistira em fazê-lo contar sobre o que realmente tinha acontecido no verão e a expressão de enlevo de Harry quando seus lábios se descolaram. Draco se sentou assustado na cama. "Harry gostou do beijo!!! Oh, Merlin! Na realidade, ele retribuiu.... Oh céus! E foi tão bom!" Preocupado demais com o que havia feito, só agora Draco percebia que fora retribuído.

À medida que se acalmava, Draco revivia a sensação do beijo. A sensação de perfeição, de segurança e de paz que sentira. Poderia ter ficado beijando Harry por horas que não se cansaria. "Eu fui um idiota de sair correndo de l."

Um sorriso feliz substituiu a agitação de Draco. Ele se deitou fitando o dossel de sua cama, um braço sob a cabeça e um ar sonhador no rosto.

"Harry é tão... perfeito! Eu me tornei um idiota apaixonado." Draco não tinha mais dúvidas, estava apaixonado. O que mais justificaria o ritmo acelerado do seu coração só de lembrar um sorriso ou um gesto de Harry? "Foi ele que idealizou a chuva de presentes ontem." Desde o momento em que recebera os presentes, Draco se sentia estranho, meio diferente dele mesmo.

Com a mão passeando no próprio peito, Draco relembrava o beijo, o gosto de Harry com uísque, o cheiro do outro garoto. Totalmente impossível não ficar imaginando como seria se ele tivesse continuado lá. "Amanhã.... amanhã eu não vou fugir, Harry.... Oh, Grande Merlin!!! E se ele só correspondeu porque estava bêbado?"

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Harry ficou observando Draco pelo mapa. Viu o outro garoto se enfiar na cama e ficar se revirando. "Por quê, Draco? Por que você saiu correndo?" Devagar, Harry se esticou , guardou o mapa e foi para a torre da Grifinória. Quando estava quase pronto para dormir, Rony entrou no quarto.

-Já vai dormir?

-Estou com sono. Como o Neville está?

-Saiu do choque. Ele foi ver a Ana, mas disse que queria falar com você.

-Amanhã eu falo com ele. Até amanhã, Ron.

-Até.

Depois que o amigo saiu do quarto, Harry mergulhou num sonho sem sonhos.

Ainda era muito cedo quando Harry acordou. Com preguiça de se levantar, preferiu ficar enrodilhado na cama pensando em Draco.

"Draco, ácido e doce ao mesmo tempo. Surpreendente. Lindo, cínico, provocativo e tão gostoso.... " As lembranças do sonho já meio esquecido voltaram à mente do bruxo. "Será que ele de verdade é tão intenso quanto no sonho?"

Com a movimentação matinal dos colegas de quarto, Harry acabou por levantar também e, avisando Rony que ia esperá-lo no salão comunal, desceu lamentando o fato de Draco ter fugido na noite anterior.

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"Um beijo é só um beijo, por melhor que tenha sido", Harry repetia mentalmente o tempo todo ao se dirigir ao salão principal para o café da manhã no dia seguinte. "Tudo o que eu tenho a fazer é tratar o Draco normalmente. Se ele saiu correndo é porque se arrependeu. Pena que se arrependeu!"

Draco resolvera tentar esquecer o beijo. "Foi culpa do uísque, se ele disser qualquer coisa eu ponho a culpa nele e no uísque."

Draco entrou cinco minutos depois de Harry no salão e lançou um cumprimento calmo para o grifinório, que retribuiu. "Que pena que foi só o uísque, Harry", ele não pôde deixar de se lamentar interiormente ao ver o ar sério de Harry conversando com Gina. "Lindo!"

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Quando saíram do salão, Harry estava decidido a falar com Draco para evitar um gelo entre os dois. Mas metade do ED parecia ter algo para falar com o jovem grifinório, e em meio a isso tudo, Rony queria discutir um treino extra de quadribol e Hermione resolveu falar da redação de História da Magia.

Draco estava andando o mais devagar possível, mas ele ia acabar descendo para as masmorras antes de Harry chegar perto dele. Do nada, Luna Lovegood surgiu ao lado de Draco e começou a perguntar ao garoto se já havia lido o livro que ela lhe dera no aniversário. Draco, que nem folheara o livro ainda, se agarrou à chance e iniciou o mais infrutífero e demorado diálogo de sua vida. Com algum tato, Harry conseguiu manobrar os amigos e chegar perto dele e de Luna. A garota sorriu para eles e se afastou, deixando-os cara a cara. Nesse dia, a famosa coragem grifinória falhou, e Harry não sabia o que dizer. Draco ficou olhando para ele sem fala.

-Oi, Draco. – Conseguiu soltar Harry, depois de um embaraçoso silêncio, rezando para não ficar vermelho.

-Oi. – Draco nunca tinha reparado que o chão do saguão era tão interessante.

-O que você vai...

-Harry, vamos? – Hermione chamava da escada.

-Já vou, Mione. Nós vamos fazer o trabalho de História da Magia na biblioteca. Quer vir com a gente?

"Ai, essa foi péssima! Eu não tinha nada pior para falar?"

-Eu estou sem meu material.

-Se você não quer ir, tudo bem.

"Legal. Agora eu fiquei parecendo ofendido por ele não querer ir estudar com a gente."

-Eu.. eu, eu quero. Só estou sem o meu material.

"Controle-se, Draco. Que merda! Ficou gago agora, é?"

-Então vai buscar. O Rony foi buscar o dele, eu e Mione vamos pegando uma mesa.

-Ah... é, é claro.

-O que o Malfoy queria, Harry?

-Nada, Mione, eu é quem chamei ele para estudar.

-Ah?

-Algum problema?

-Nenhum novo. Você está legal, Harry?

-Estou ótimo. Só chamei o cara para estudar.

-Harry "O Cara" é Draco Malfoy!

-Eu sei, Hermione. Eu achei que depois de sexta estava tudo bem.

-Harry, eu só acho muito estranho isso tudo. Primeiro você faz questão de arrumar uma surpresa no aniversário dele, depois fica chamando ele para estudar.

-O cara está precisando de uma força. Você chamou o Draco para ir a Hogsmeade com a gente.

-Eu sei, mas.... Harry, o que está acontecendo?

-Nada!

-Tem certeza?

Quando chegaram na biblioteca, encontraram Rony esperando na porta.

-Mesa para quatro, Ron, o Harry chamou o Malfoy para estudar com a gente.

-O quê? Por quê, Harry?

-Ora essa, porque sim.

Cinco minutos depois, um Draco meio sem jeito se juntou a eles. Por sorte o sonserino realmente gostava da matéria e, apesar das anotações de aula dele serem quase tão ruins quanto as de Harry e Rony, ele tinha material de consulta extra o suficiente para encher os olhos de Hermione. Com o natural instinto competitivo entre Sonserina e Grifinória, aquele acabou sendo o melhor trabalho de Harry e Rony em História da Magia, o que empolgou a garota.

-Malfoy, você está convidado para fazer todos os trabalhos de História com a gente. Só assim esses dois se esforçam.

-Hermione, essa matéria é um tédio.

-Não é não, Rony.

-É sim.

-Não é não.

-É sim.

Draco olhou para a Harry surpreso com a discussão boba dos dois.

-Todo o tempo. – Foi resposta do outro garoto, só movendo os lábios, o que fez Draco sorrir.

"O mais lindo sorriso torto de Hogwarts." Mais atento ao sorriso do outro do que a qualquer coisa, Harry esticou as pernas, esbarrando sem querer nas de Draco.

-Opa! Desculpe. – Harry corou furiosamente.

-Sem problema. – Quem disse que o pálido Malfoy não ficava vermelho?

Se Hermione não tivesse escolhido justo aquele momento para fazer um enorme discurso para o namorado sobre a importância do estudo da História, ela teria tido certeza do motivo atrás da súbita cordialidade entre Draco e Harry.

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"Junho, época de primavera e casaisinhos passeando por aí. Grande Merlin, eu juro que estou feliz por Ron e Mione, mas eles precisam se beijar tanto NA MINHA FRENTE!!!"

Hermione fizera a escala dos estudos para os exames finais ainda em abril, apesar dos protestos de Rony, Harry e Draco de que ainda faltava muito tempo. No final das contas, feliz por ter mais um para controlar os estudos, ele adotara Draco. Os quatro estavam estudando na biblioteca, afinal agora os exames estavam realmente muito próximos. Era tarde da noite, e Harry sabia que quando saíssem dali Draco provavelmente não iria para as masmorras.

O outro bruxo adquirira o hábito de se refugiar na torre de Astronomia sozinho. Às vezes ele ficava lá por horas, às vezes alguns minutos. Harry se preocupava. Temia que alguém o atacasse, e ficava velando pelo loiro através do Mapa do Maroto. Vigiando se ninguém se aproximava dele. Essa vigília também servia para aliviar seus ciúmes. Sabia que Draco, assim como ele próprio, não estava se encontrando com ninguém.

Harry andava mal-humorado, e nem era por nada específico. Resmungava por causa dos beijos de Rony e Hermione, mas, na realidade, os dois nem se beijavam tanto assim na frente dele. Era só aquele ar de namorado feliz que estava deixando Harry com sentimento de "encalhado". Os sonhos mais do que eróticos que ele vinha tendo com Draco não ajudavam nada. A essa altura a única diversão era imaginar a cara do Rony se ele chegasse e dissesse: "Rony eu preciso desabafar com você. Estou completamente apaixonado pelo Draco. Sonho com ele toda noite, não existe oclumência que dê jeito nisso. Acordo morto de tesão. Quando ele chega perto eu tenho vontade de me agarrar a ele. Encostá-lo na parede e beijar aquela boca linda dele. Eu quero ir para a cama com ele e não sair mais. Ninguém é tão lindo, tão gostoso, tão irritante, tão...."

-HARRY!!! – Hermione já o estava chamando pela terceira vez, e ele com o ar parado e um sorriso irônico no rosto

-O que foi, Hermione?

-Céus, Harry! Estou tentando lhe dizer faz um século, o diretor mandou chamar a gente. Anda, Draco, você também. Que coisa, vocês dois parecem estar dormindo em pé.

Quando chegaram junto à gárgula que dava acesso ao gabinete do diretor, encontraram Lupin esperando por eles e conversando com Gina.

-Remus! – A visão do antigo professor conseguiu arrancar um sorriso de Draco.

-Olá, meninos. Vamos subir?

Deixando os outros irem na frente, Lupin se aproximou de Draco:

-Você está bem, Draco? Parece abatido.

-A Hermione ainda mata a gente de estudar, são só os exames. – Draco tentou um sorriso, a preocupação sincera de Remus sempre o confortava. O lobisomem achou melhor aceitar a desculpa por hora.

Na sala do diretor, encontram quase toda a Ordem reunida. Snape, Black, Moody, Tonks, McGonagall, e o restante do clã Weasley, incluindo Percy. Eles pareciam estar terminando uma reunião muito séria. E foi justamente Percy que encarou Draco, surpreso:

-O que ele está fazendo aqui?

-Draco está conosco, Percy. – Harry precisou se lembrar de quem o outro bruxo era filho para ficar só nisso, mas toda a sua atitude era defensiva, o que não passou desapercebido a Sirius e Remus, que trocaram um olhar de compreensão.

-Mas...

-Mas nada, Percy. – Atalhou Arthur Weasley. – Não viemos aqui para isso.

Draco se sentiu feliz pela pronta defesa de Harry. Ele buscou os olhos de Remus, mas esse ainda estava olhando intensamente para Sirius como se os dois soubessem de um segredo só deles.

-Senhores, calma. – O diretor interferiu. – Nós viemos aqui tratar de um assunto muito sério.

Quando todos enfim se acomodaram, o professor Dumbledore explicou o motivo de estarem reunidos ali.

-Bill Weasley encontrou um mapa de Hogsmeade com diversos pontos marcados. O professor Snape fez algumas investigações e descobriu que os comensais vão atacar Hogsmeade antes do final do mês.

-Mas por que eles fariam isso? – Sirius dirigiu sua pergunta diretamente a Snape. – Criar mais pânico?

-O pânico será apenas um efeito secundário. Eles descobriram que alguns antigos artefatos estão escondidos em Hogsmeade. Eles ainda não sabem bem onde, por isso os diversos pontos no mapa. Serão pontos de ataque – Snape respondeu olhando diretamente para Black.

-Exato, os artefatos que eles buscam, se usados da forma como eles planejam, darão a eles acesso a Hogwarts e ao Ministério da Magia. Esses artefatos já foram removidos de lá. E alguns aurores leais a nós já estão a postos para retirar a população. Temos a vantagem de saber onde eles vão atacar, mas não temos certeza exata de quando. – Dumbledore fitou Harry com firmeza. – Harry, eu quero que você mantenha o ED em alerta para ajudar a defender o castelo se for necessário, mas não quero que nenhum de vocês vá atrás dos Comensais. Fui claro?

-Sim, senhor.

-"timo. Não quero que alertem os outros ainda, para que a noticia não se espalhe. Espero que mantenham silêncio sobre isso.

Os quatro grifinórios concordaram com um aceno de cabeça. Algo, no entanto, parecia incomodar Draco.

-Pois não, Draco? – o diretor o estimulou a falar.

-Nada, só que.... Por que eu fui incluído nessa conversa? Eu não controlo o ED, e com certeza não vou sair tentando enfrentar aqueles caras.

-Porque, meu jovem, eu acredito que você e Harry são alvos secundários nesse ataque. Suspeito que Rony, Gina e Hermione também correm algum perigo, mas tenho quase certeza de que você e Harry serão atacados.

-Uau. – Foi o único comentário de Draco, que olhou para Harry esperando a reação do outro bruxo.

-O que o senhor quer que a gente faça, diretor? – Apesar de se dirigir a Dumbledore, Harry estava olhando para Draco, e os dois acabaram trocando um leve sorriso tranqüilizador.

-Que fiquem na escola e, quando o ataque começar, venham para este gabinete. Isso serve para vocês três também.

-Quer que a gente se esconda, professor? – Harry indignou-se.

-Exato, Harry. E é o que vocês vão fazer – Sirius falou em um tom tão firme que Harry se calou.

-Agora, meninos, voltem para seus dormitórios. – O diretor aproveitou o silêncio para dispensar os garotos.

Quando saíram da sala do diretor, Draco segurou o braço de Harry:

-Você não vai fazer nada, não é? Vai ficar quieto e fazer o que Black e o diretor disseram?

-Vou. – Harry parecia contrariado com a idéia.

-Por favor, Harry.

-Já falei que vou ficar quieto, Draco – Harry respondeu de forma quase doce, e o outro bruxo soltou o braço dele.

Gina e Hermione se entreolharam mal contendo um sorriso, enquanto Rony olhava pasmo para o sonserino.

Quando chegou no quarto, a primeira coisa que Harry fez foi conferir onde Draco estava. Como sempre, na torre de Astronomia. "Que droga, será que ele não percebe o quanto isso é perigoso?"

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Poções era o último exame. Harry entregou a prova ao professor e reparou que ele também estava nervoso. Por um milésimo de segundo, seus olhos se encontraram e um leu a ansiedade do outro. Harry leu também uma ordem seca que, se traduzida em palavras, seria: "Comporte-se".

"Que saco!" Ele não estava nem aí se Snape conseguira captar ou não.

Sirius estava escondido com Remus e Tonks na Casa dos Gritos. Os dois Weasleys mais velhos estavam hospedados no Três Vassouras, disfarçados de bruxos estrangeiros. Um grupo grande de aurores estava a postos para defender a vila no momento em que o ataque começasse. Arthur Weasley chegara a sugerir que se evacuasse Hogsmeade, mas a Ordem havia achado melhor não: isso só faria com que o ataque fosse transferido para uma data desconhecida. Tudo o que coubera a Harry fora convocar uma reunião extraordinária do ED, avisar que os treinos haviam sido suspensos por causa dos exames, e dizer a todos que "A coisa está tensa, tenham muito cuidado, não andem sozinhos e fiquem prontos para pôr em ação o plano de defesa que bolamos há alguns meses."

A inatividade o estava esgotando muito mais do que se estivesse em ação. Mas por alguma maldita razão todos pareciam resolvidos a vigiá-lo. Hermione e Rony o cercavam nas aulas e dentro do salão comunal e. fora da torre, se ele conseguia distraí-los, dava de cara com Draco, que devia estar usando toda a sua capacidade de sentir Harry para localizá-lo. Até Sirius lhe enviara um bilhete por Dobby pedindo que ficasse quieto.

Quando alcançou Draco, Rony e Hermione, que o esperavam na saída da prova, Harry resmungou alguma coisa sobre babás e foi para o salão jantar com os outros.

Durante o jantar, a notícia chegou. Hogsmeade estava sob ataque.

O diretor mandou que os alunos se dirigissem às suas casas. Harry, Rony, Draco, Hermione e Gina sabiam que teriam de se desviar do fluxo de alunos e se abrigarem na sala do diretor. No meio do tumulto, Harry tentou encontrar Draco. Quando viu os cabelos quase brancos do outro garoto, o sonserino já estava quase sendo levado pela massa em pânico para as masmorras. Abrindo espaço entre os membros da Sonserina quase a tapas, Harry conseguiu arrastar o outro para um corredor mais isolado, junto com Hermione, Gina e Rony.

-Obrigado, Harry. Tinha alguém bem forte me puxando pelo braço e alguém usando magia para me impedir de sair. – Draco estava despenteado e a manga de suas vestes estava rasgada, como se alguém as tivesse retido com a máxima força possível.

-Vamos, nós temos de ir. – Agora era Harry que estava preocupado, Draco estava pálido, como se sentisse dor. – Draco, o que você tem?

-Eu estou captando o medo de tanta gente que parece que vou pirar.

Harry pegou o outro bruxo pelo braço e correu para alcançar Gina, Hermione e Rony.

Em cada uma das Casas, com exceção da Sonserina, havia um grupo de membros do ED que, junto com os monitores, cuidariam a defesa interna das Casas. Na Sonserina, o diretor da Casa assumiria o comando junto com os monitores.

Quando estavam quase chegando à sala do diretor, um grupo enorme de pessoas que haviam sido retiradas de Hogsmeade se misturou a eles.

Harry, que estava entre Rony e Draco, sentiu alguém puxá-lo com força e, antes que pudesse dizer qualquer coisa, foi estuporado.

-Harry!! – Draco gritou no exato minuto em que o outro perdeu a consciência. – Onde ele está? – O sonserino fez menção de voltar, seguido pelos três grifinórios, quando foram detidos pela McGonagall.

-Sr. Malfoy, o senhor deve ir para a sala do diretor.

-Mas o Harry.... professora, o Harry sumiu.

-Certamente ele já está lá, sr. Malfoy.

-Não, professora, o Harry estava aqui agora e sumiu. – Hermione interferiu. – Ele não está em parte alguma.

-Eu não posso sentir ele. Eu não consigo achar o Harry. Tem gente demais. – Draco estava mais pálido que um cadáver. – Cadê o diretor? Eu preciso achar o Harry.

-Vão para a sala do diretor. Eu vou avisá-lo de que o Potter sumiu. Vão, meninos.

Os outros praticamente arrastaram Draco, que não queria ir.

Quando McGonagall se distanciou, Hermione sussurrou para Rony:

-O Mapa. Nós temos de buscar o Mapa.

-Está com o Harry. Ele tem andado com o Mapa todo o tempo.

-Que mapa? – Draco, ainda muito pálido, estava começando a recuperar o controle. – Do que vocês estão falando?

-Do Mapa do Maroto. A gente poderia localizar o Harry com ele, mas se ele está com Harry....

-O que nós vamos fazer? – A voz de Draco soou tensa e seu rosto se transformou em uma máscara de determinação e raiva. – Vocês não pretendem ficar parados, pretendem?

-Claro que não, Draco. Vamos tentar raciocinar. Quando a gente viu o Harry pela última vez?

-Quando aquela gente de Hogsmeade passou pela gente. Ele estava entre mim e o Weasley. Quando a gente saiu do meio da multidão, eu senti ele tomar um susto e menos de um minuto depois eu não senti ele mais.

-Como assim, "sentiu o Harry"? – Hermione verbalizou a confusão dos outros.

-Hermione, eu posso sentir quando o Harry está por perto, ou o estado de ânimo dele. Ele estava preocupado, aí a gente se separou, então eu senti ele tomar um susto e depois apagou, eu não consigo sentir ele.

-Apagou? Malfoy, você está dizendo que acha que o Harry.... – Rony não concluiu o pensamento, a preocupação e o medo tomando conta da sua expressão.

-Não – Draco respondeu de forma quase selvagem. – Ele não está morto. Não pode estar.

-Ele pode estar estuporado, ou desmaiado. – Gina também não aceitava que o amigo pudesse estar morto.

-Isso, Gina, é algo assim. – Draco se agarrava à esperança. – Mas ele está em perigo.

-Então nós temos de achá-lo. – Rony assumiu a liderança. – Malfoy, o que você precisa para encontrar o Harry? Tem alguma coisa que a gente possa fazer?

-O caos emocional da escola me atrapalha. Se o Harry estiver consciente, ele pode me enviar imagens mentais, e aí fica mais fácil.

-Então vamos para o lugar onde ele sumiu, talvez haja alguma pista.

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Quando Harry acordou, Pettigrew estava parado à frente dele segurando sua varinha. Cordas prendiam os tornozelos e os pulso do jovem bruxo.

-Já nos vimos nessa situação, não é mesmo, Harry? – A mão prateada do animago brilhou sinistramente na semi-escuridão da sala. – Eu vou entregar você para meu Lord, e ele vai ficar feliz.

O jovem reparou que o tom de Pettigrew era de quem havia perdido a razão.

-O Lord vai entrar na escola e vai vir pegar você. Aí ele vai ficar feliz comigo e não vai me machucar mais. – O animago continuava com seus resmungos. – Ele vai machucar você.

Pettigrew ficava falando ora sozinho, ora com Harry, sobre o quanto Voldemort era poderoso, e que ele estava vindo. Harry sabia que era muito pouco provável que Voldemort entrasse na escola; ele não encontraria as armas que buscava em Hogsmeade. Era bom também saber que ainda estava na escola. Mas infelizmente o Mapa do Maroto estava no seu bolso, e ele tinha certeza de que, quando Pettigrew percebesse que Voldemort não viria, entraria em pânico e o mataria antes de fugir na sua forma de rato.

"Draco!" Draco poderia senti-lo, mas Harry não sabia onde ele próprio estava. Concentrou-se em enviar a imagem da cena que via, torcendo para não estar longe demais do outro bruxo e para que as ondas mentais da escola não se interpusessem. Mesmo que Draco o percebesse, ele ia levar tempo para chegar ali. Era preciso fazer alguma coisa

Harry começou a mover, o mais discretamente possível, a mão em direção ao bolso escondido de suas vestes. Idéia de Sirius, uma segunda varinha; se desse sorte, Pettigrew não o teria revistado direito e ela ainda estaria lá.

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-Harry! – A exclamação de Draco fez com que os outros se detivessem. Estavam há meia hora circulando próximos aos corredores onde Harry desaparecera. – Ele está consciente e aqui em Hogwarts.

Rony soltou a respiração, e Hermione sentiu os olhos se encherem de lágrimas de alívio.

-Onde, Draco?

-Não sei, Gina. Ele não sabe, então não pode me dizer, mas não está muito longe. Pettigrew está com ele.

-O que diabos está acontecendo aqui? – Snape os encontrou agachados atrás de uma estátua.

-Pettigrew capturou Harry, professor. – Draco estava levemente rouco e, quando fitou o diretor de sua casa, o garoto tinha o olhar embaçado pelo esforço. – Ele está naquela direção, em uma sala escura, e tem uma varinha escondida, mas ainda não conseguiu pegar.

-Como sabe disso, Malfoy?

-Ele pode me enviar imagens.

Ouviu-se o barulho de passos apressados, e logo foram alcançados por Lupin, McGonagall, Dumbledore e Black na sua forma canina. Draco agarrou-se ao braço de Remus:

-Pettigrew capturou Harry, Remus. Está com ele em uma sala escura, e eu não consigo achar a sala. Me ajuda! – A palidez de Draco estava aumentando, ele parecia perto de um colapso.

-Draco, pare de tentar localizá-lo. Você precisa se recuperar um pouco ou não vai agüentar. – Dumbledore foi taxativo. – Pare um pouco agora ou eu vou sedar você.

A contragosto, Draco parou de procurar por Harry. Na realidade, ele não se mantinha mais em pé. Estava apoiado em Remus e respirava com dificuldade.

-Onde está o Mapa?

-Está com Harry, Sirius.

-Black, volte imediatamente a sua forma canina. Não precisamos de outro problema. – Snape empurrou Sirius para uma sala próxima quando viu que o animago não tinha intenção de obedecer. O resto do grupo os seguiu.

-O que Draco já conseguiu ver? – Dumbledore encarou os três grifinórios.

-Que Pettigrew capturou Harry e está com ele em uma sala escura, e que Harry tem uma segunda varinha escondida, mas ainda não conseguiu pegar.

-Segunda varinha?

-Sim, Snape, eu dei uma segunda varinha para Harry e o ensinei a esconder. Achei que podia ser útil.

-Engenhoso.

-Harry acha que Pettigrew enlouqueceu. – Draco se virou para o diretor. – Me deixa procurar.

-Acredito, Draco, que posso ajudar você.

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Harry se encolheu no chão fingindo sentir dor. Nessa posição, ele conseguiu enfiar a ponta dos dedos no bolso oculto e fisgar a varinha. Usando os dentes, ele a posicionou apontada para as cordas no seu pulso e prestou atenção aos resmungos de Pettigrew.

-Meu Lord vai conquistar a escola, o Ministério. Ele é o maior dos bruxos. Meu Lord vai fazer seus inimigos pagarem.

Harry murmurou um feitiço baixinho e as cordas se soltaram. Tomando a varinha, ele soltou os pés. Agora teria de se levantar e estuporar Pettigrew, que ainda estava resmungando no escuro, parecendo totalmente alheio ao que o garoto fazia.

Quando Harry se ergueu, no entanto, Pettigrew se voltou tão rápido que o garoto não teve tempo de se defender.

-Crucio. – Não era mais a voz de Pettigrew, era o sibilar cruel de Voldemort.

E Harry se viu imerso na dor. Quando a maldição cessou, ele estava de quatro no chão, arfando.

-Achou que ia fugir, Potter? – Era Voldemort que tomara posse completamente do corpo do Rabicho. – A vila estava defendida. Quem é o traidor?

-Foda-se.

A risada aguda feriu os ouvidos do garoto.

-Que boca suja! Achou mesmo que tinha se livrado de mim, garotinho? Quem virá salvar você hoje para morrer em seu lugar? A mamãezinha já foi, o padrinho foi fazer companhia para o papai. Quem você vai matar agora, Harry? Crucio.

Os gritos do jovem bruxo encheram a sala. Devia haver algum feitiço protetor impedindo que o castelo inteiro escutasse.

-Me diga quem é o espião e eu paro. Talvez eu até lhe dê uma morte rápida.

Diante do silêncio do garoto, o bruxo perdeu a paciência.

-Crucio.

Desta vez, ele sustentou a maldição até Harry rolar no chão semidesmaiado.

-Pense, Potter. Pense quanto disso mais você vai ter de suportar. – Olhando os olhos de Pettigrew, Harry pode entrever os olhos ofídicos de Voldemort, e desviou o olhar, enjoado. Eram os mesmos olhos que ele vira pela primeira vez no cemitério há dois anos, no dia em que Cedrico morrera e Pettigrew fizera o ritual para Voldemort voltar. "O ritual! A Mão Prateada! Grande Merlin, é assim que ele controla o Rabicho!"

Harry simulou uma fraqueza maior do que sentia enquanto tornava a pegar sua varinha. "Draco me ensinou um feitiço para isso. Eu sei que tem um feitiço." Com a risada de Voldemort ecoando, o garoto tentava se concentrar.

No momento em que Voldemort ergueu a mão de prata de Pettigrew para lançar outro Cruciatus, Harry contra-atacou.

-Amputate Totalis!

A mão de prata foi decepada e caiu; Voldemort abandonou Pettigrew sangrando no chão e desapareceu.

Um segundo antes de desmaiar, Harry ainda teve forças para enviar um pensamento para Draco.

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Dumbledore evocou um espelho e entregou a Draco.

-Segure isso e concentre-se olhando para ele. Concentre-se até seu rosto sumir e você enxergar o que sua visão interior lhe mostrar. Só você enxergará alguma coisa nesse espelho; portanto, filho, descreva o que for vendo.

Draco ficou olhando para o próprio rosto até que:

-Harry já tem a varinha, vai estuporar Pettigrew.

-Tente localizar a sala.

-Segundo andar, perto do retrato da Bruxa do Lago.

-Vamos.

-Voldemort. – Era a primeira vez que Draco dizia esse nome, mas ele nem percebeu. – Ele está usando o Cruciatus em Harry.

Dumbledore nem tentou deter os mais novos; saiu na frente já empunhando sua varinha. Sirius, Remus, Severus e os outros bruxos mais jovens o seguiram na mesma hora. McGonagall vinha um pouco mais atrás.

Mal Draco se recuperara do choque de sentir Harry levando o primeiro Cruciatus e veio o segundo. Dessa vez, no entanto, ele estava preparado. Ainda podia sentir um eco da dor do outro garoto no fundo de sua mente, mas ele não se descontrolou mais. Antes de o grupo alcançar o retrato, veio o terceiro ataque. Draco mal se mantinha em pé quando chegou junto ao retrato e apontou para ele.

-Ali. Harry está ali atrás.

-Mas é claro! – Sirius se lembrou do lugar. – A sala do lago, Remus!

Tomando distância, ele se atirou no lago do enorme painel e desapareceu.

-É só mergulhar, tem uma sala atrás. – Remus explicou seguindo o amigo.

Enquanto Remus mergulhava, Draco sentiu o alivio de Harry pela fuga de Voldemort e ouviu o pedido que ele enviava antes de desmaiar novamente: "Draco, me encontra!"

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Sem beijinhos dessa vez, mas muita preocupação de um com o outro e.... bem vou deixar que cada um imagine o que o Harry andou sonhando de tão perturbador.

Viviane Valar: Eles estão indo devagarzinho, mas estão se aproximando

Jessica: Eu tenho toda a intenção do mundo de concluir essa fic.

Ana Granger Potter: Que bom que você gostou de O Mais Improvável. O que eu posso dizer, sou romântico e adoro finais felizes. :)

Anna: eu não stressei com o outro comentário não, mas que bom que vc mudou de opnião depois de ler a outra fic.

Patty: Eu tb gostei de escrever esse beijinho suave entre eles, mas as coisas vão esquentar, devagar, mas vão.

Ana Carolina: O harry deve ter andado prestando muita atenção no cheiro do Draco para acertar o perfume. :)

Mel MorganWeasley: A Hermione, a Luna, a Gina são bem antenadas nas coisas.... O Remus e o Sirius também. :) Se no outro vc deu um ataque de fofura nesse não né.

Bárbara: eu adoro Máscaras do Coração tb. Obrigado pelos elogios. Não achei vc exagerada não, eu tb sofro quando uma fic que eu estou acompanhando demora a atualizar. Mas ta ai, menos romance e mais problemas, espero que tenha gostado tb. E obrigado pelos comentários sobre O Mais Improvável.

Não dá para dizer o quanto é bom essa quantidade de review. Muito obrigado pelo apoio de vcs.