O que você vai fazer nas férias?
Harry abriu os olhos lentamente. Ainda sem lembrar exatamente tudo que acontecera, reconheceu a enfermaria. "Sobrevivi!" Procurou os óculos na mesinha de cabeceira e se sentou na cama. Deu de cara com Draco sentado na cama ao lado, as costas apoiadas na cabeceira e abraçado aos joelhos.
-Oi, Harry – cumprimentou o sonserino, olhando para ele.
-Oi, Draco. – O grifinório sorriu de volta. – O que houve?
-Você arrancou a mão do Pettigrew e desmaiou. Sirius e Remus tiraram você de lá; Pettigrew escapou, apesar de ferido. – Draco falava com voz arrastada e sem emoção. – Ratos são muito difíceis de serem pegos.
-Você está legal, Draco?
-Estou ótimo. E você?
-Um caco.
Draco olhou para o outro garoto e sorriu.
-Nota-se.
-Foi você que me encontrou, não foi?
Draco ruborizou-se antes de admitir baixinho:
-Foi.
-Obrigado.
-Sabe, foi horrível quando eu percebi que você havia desmaiado. Depois eu não conseguia sentir você e, quando consegui, não sabia onde você estava. Então eu senti que ele havia aplicado o Cruciatus em você; não consegui nem andar direito. Mas o pior foi ver você sair daquela sala nos braços de Sirius. Havia tanto sangue, você estava inconsciente, eu achei que o sangue era seu, achei que estava morto. Foi horrível imaginar você morto. – Draco escondeu o rosto entre os joelhos e se calou.
Harry sentou-se na beirada da cama de Draco e puxou o outro bruxo para um abraço.
-Eu não sou corajoso como você, estava morrendo de medo. Não quero que você morra – resmungou o sonserino com o rosto escondido no pescoço de Harry.
Harry o apertou nos braços mais um pouco antes de soltá-lo e encarar os olhos azuis do outro garoto.
-Você não deixou que eu morresse. Foi um feitiço que você me ensinou que eu usei para decepar a mão do Pettigrew e mandar Voldemort embora. Foi você que me encontrou. Todo o tempo que eu estava lá, eu sabia que você ia me procurar.
Draco deu um pequeno sorriso.
-Eu não gosto de me sentir assim, Harry.
-Assim como?
-Vulnerável. Importando-me tanto com alguém. – Draco se soltou de Harry e tornou a encostar-se à cabeceira da cama, com seu tradicional sorriso irônico. – Você tem esse dom não é, Potter? Fazer as pessoas se importarem.
Harry olhou para o relógio de Draco na mesinha ao lado da cama.
-São três da madrugada. Por que você não está dormindo?
-Coisa minha, Harry.
-Nem vem, Draco. Fala. Você sabe que eu não vou dar sossego enquanto você não falar.
-Chantagista.
-Pára de tentar me enrolar.
-Não é nada, Harry.
-Draco....
-Só.... são só uns pesadelos. Só isso.
-Você também tem problemas com pesadelos?
-Por que? Você tem?
-Deixa-me ver..... Voldemort tentando invadir minha mente... eu quase matei Sirius, vi Cedrico morrer e Voldemort voltar. É, eu tenho alguns problemas com pesadelos. – Harry fez uma pausa e ficou mais sério. – Eu devia ter imaginado que você também teria, depois daquela história toda no último verão.
-Remus me deu um Guardião dos Sonhos, aí ficou mais fácil dormir. Faz um tempo que eu não preciso dele. Mas hoje....
-Por que você não pediu a alguém para pegar?
-Eu não quero ninguém mexendo no lugar onde ele está. Não é o tipo de coisa que eu queria que se espalhasse, e tem outras coisas junto que...
Draco calou-se, lembrando que um dos seus tesouros era o desenho que Harry fizera de Sirius, e que o outro bruxo não sabia disso.
-Entendi, Draco. – Harry voltou para a própria cama. – Eu estou sem sono, pode dormir. Se você tiver um pesadelo, eu acordo você.
Quando já estavam acomodados nas camas, Harry começou a rir baixinho.
-O que foi agora?
-Sabe, Draco, depois do que aconteceu ontem, eu sei exatamente o que responder quando você vier me chamando de Santo Potter ou de Herói do Mundo Bruxo.
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Harry teve alta no outro dia depois do almoço, mas Madame Pomfrey segurou Draco ainda mais uma noite, apesar dos protestos do garoto.
Draco sabia que, mais uma vez, teria uma noite ruim, sem conseguir dormir, e pediu a Hermione um livro qualquer. Melhor ler do que ter pesadelos, mas o fato era que ele estava com sono, com tédio e querendo matar lentamente a enfermeira quando o relógio bateu meia-noite. Dez minutos depois, viu a porta da enfermaria abrir e fechar sem ninguém entrar.
-Quem está aí?
-Sou eu.. – Harry saiu de baixo da capa de invisibilidade. – Sabia que você ia estar acordado.
-Harry!
-Xadrez Bruxo para matar o tempo?
-Ótima idéia.
Três horas, seis garrafas de cerveja amanteigada e quatro partidas ganhas por Draco depois, Harry concluiu:
-Draco, você e Rony têm algo em comum.
-O quê?
-Me detonam no xadrez.
-Então o Weasley é bom em alguma coisa?!
-Não começa, Draco. Não estou a fim de discutir.
-Quer saber, nem eu.
-Está com sono?
-Sim. Mas não quero dormir. – Draco olhou para Harry por uns momentos. - Eu não tenho a sua força, Harry, nem a sua coragem. Não quero enfrentar nem mesmo meus pesadelos.
-Não é a primeira vez que você me diz isso, Draco. Eu acho que você está errado. Você não precisa ter nem a minha força, nem a minha coragem, Draco. Você tem a sua própria força, e é preciso muita coragem para ir para as masmorras todo dia sabendo que pode ser emboscado. Muita coisa eu só consigo passar por ter Rony e Mione do meu lado. E agora você.
-Harry e seu bando – Draco brincou, mas na verdade gostara de ouvir o que o outro bruxo pensava dele, e gostara de saber que ele também estava no mundo de pessoas próximas a Harry.
-Hora de dormir, Draco. – Harry já recolhera toda a tralha que trouxera e, vendo os olhos embaçados de sono e cerveja de Draco, o jovem grifinório se preparou para ir embora.
Mas o sonserino fez manha. Aninhou-se no travesseiro e resmungou com sua voz arrastada:
-É assim? Você vai me deixar sozinho? Sem nem um beijinho de boa noite?
Draco pretendia realmente só brincar com Harry, falara sem pensar, e Harry agiu antes de pensar. Colou os lábios aos de Draco, e mergulhou a mão nos cabelos já meio longos dele.
Draco não reagiu a princípio, mas depois aprofundou o beijo, segurando Harry pelos ombros. O grifinório sentiu a língua do outro invadindo-lhe a boca e a tocou com a sua própria língua, provocativamente, fazendo Draco gemer de leve e morder o lábio inferior de Harry, provocando-o também. Ele adorou quando Harry aceitou a provocação e reagiu invadindo sua boca com a língua e explorando cada sensação que aquele beijo podia trazer.
Quando o fôlego acabou, Harry rompeu o beijo e fitou os olhos de Draco. Os dois ficaram assim por algum tempo, olhos nos olhos, os narizes se esfregando de leve e os lábios se roçando de vez em quando.
-É melhor eu ir, Draco. – Harry deu-lhe um beijo leve nos lábios e se afastou. – Bons sonhos.
Quando saiu da enfermaria, Harry teve de se apoiar na parede. Tinha as pernas bambas e um balão de felicidade inacreditável no peito. A vontade que tinha era de voltar lá e ficar com Draco o resto da noite.
Draco não teve pesadelos. Na realidade, demorou tanto a dormir depois que Harry saiu que, quando acordou, já era quase hora do almoço. Madame Pomfrey o liberou após um rápido exame.
-O senhor está com uma cara ótima, senhor Malfoy.
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No salão principal, Draco não viu Harry quando entrou, mas logo depois pôde sentir o outro antes mesmo de ele passar pela porta. Harry estava feliz.
O grifinório se dirigiu a sua mesa de olho em Draco que, de repente, começou a captar imagens de beijos, e precisou quase enterrar o rosto no prato para esconder o embaraço.
Quando Harry começou a rir sozinho na mesa da Grifinória, Rony e Hermione o olharam intrigados:
-O que foi, Harry?
-Draco. Eu gosto dessa história de mandar imagens para a mente dele. – E atacou o almoço com uma disposição e um bom humor que não indicavam em nada os problemas que tivera menos de 48 horas antes.
Harry já tinha tudo planejado para depois do almoço: encontrar Draco casualmente na saída do salão - despistar Rony e Hermione não seria difícil, os dois deviam estar a fim de namorar um pouco - e arrastar Draco para algum lugar bem escondido. O abandonado ex-quarto de Sirius era sua primeira opção. Mas.... tem dia que dá tudo errado.
Quando estava saindo do salão, McGonagall o reteve, junto com Hermione e os Weasleys:
-Meninos, vão para a sala do Diretor agora. Teremos uma reunião daqui a pouco.
"Droga!" E Harry descobriu que podia rosnar em pensamentos.
-Potter, me faça o favor de chamar o senhor Malfoy também.
"Menos mal."
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Boa parte da Ordem da Fênix estava reunida no gabinete do Diretor. Molly conferiu se Harry estava bem e inteiro tantas vezes que o jovem mago ficou tonto. A essa altura, Rony e Gina já estavam às gargalhadas. Draco é que não conseguia se divertir muito às custas de Harry - afinal ele estava tendo de responder a um extenso questionário de Remus a respeito de como estava se sentindo. Não que algum dos rapazes realmente se importasse, mas eles já estavam ficando embaraçados. Sirius ficou com pena e pediu:
-Remus, Molly, por favor. É óbvio que os dois estão bem. Se me lembro bem da Madame Pomfrey, ela não costuma liberar seus pacientes levianamente.
Quando Snape, que foi o último a chegar, fechou a porta, o clima na sala ficou automaticamente mais sério, e o diretor começou a reunião.
-Graças à pronta ação dos aurores e de muitos de vocês, a população de Hogsmeade escapou do ataque de Voldemort sem baixas. Tivemos meia dúzia de feridos que foram encaminhados ao Saint Mungus, e algumas contusões tratadas aqui mesmo. Com os artefatos que ele queria longe daqui, Voldemort não tem, por hora, razão nenhuma para voltar a atacar Hogsmeade. Graças ao esforço de Draco e ao conhecimento das passagens secretas do castelo de Sirius e Remus, temos Harry conosco, são e salvo. As precauções tomadas pelo ED felizmente não foram necessárias:o único comensal a entrar no castelo foi Pettigrew, e ele tinha uma missão específica.
-Sim, mas...
-O que foi, Harry?
-A Sonserina. Lá só tem o Draco do ED. O professor Snape, que pode ser muito necessário em outro lugar, fica preso por causa disso. E se ele estivesse em alguma missão fora daqui? Nem todo mundo na Sonserina é filho de comensal, seria hora de seguir o conselho do Chapéu Seletor e incluir gente da Sonserina no ED. O professor Snape deve saber em quem a gente pode confiar.
Nem Hermione, nem Rony e nem o próprio Draco estavam esperando por isso.
-Severus?
-Potter tem razão, Diretor. – Snape pronunciou a frase como se tivesse tomado Esquelecresce com Mata-Cão em um único copo. – É um caso a ser estudado. De qualquer forma, isso é para o ano que vem.
-Gostaria que pensasse nisso, Severus. – O Diretor voltou-se então para Draco e Harry. – Agora temos de planejar as férias de verão de vocês. Harry, sei que você não gosta, mas terá de ficar ainda algum tempo na casa dos seus tios; Draco, você vai direto para a casa dos Black. Remus e mais alguns membros da Ordem estarão lá.
-Quanto tempo eu vou ficar com meus tios, professor?
-Ainda não sei, Harry, mas eu prometo que será o mínimo possível. Manteremos também a rotina de comunicação que usamos no verão passado. Molly, o que vocês farão?
-Ficaremos uns dias na Toca e depois vamos para Grimmauld Place.
-Hermione?
-Vou ficar algum tempo com meus pais e depois vou para a casa de Sirius também.
-Ótimo. Sirius?
-Bem... tem alguma coisa para eu fazer que me mantenha longe da casa dos meus pais por algum tempo? Eu não vejo sentido em ficar na Floresta Proibida sem os meninos aqui.
-Na realidade, tenho uma tarefa perfeita para você. Hermione, acredito que você vai precisar adotar um cachorro nessas férias. – A idéia do enorme cão negro em que Sirius se transformava virar um cãozinho doméstico provocou risadas gerais. – Sem dúvida vai ser engraçado, mas será útil também. Sirius poderá proteger seus pais e você durante o tempo que você ficar em casa.
-Certo, por mim tudo bem. Mas Mione, sem coleiras, por favor.
-Por favor, Hermione, tire uma foto sua levando Sirius para passear no parque.
-Remus!
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Depois de uma tarde de conversa fiada, em que os membros da Ordem aproveitaram para relaxar um pouco e Draco teve de contar pelo menos três vezes como conseguira localizar Harry, os garotos saíram da sala do diretor direto para o jantar, de onde Draco, muito frustrado, foi atender a um chamado de Snape, deixando Harry igualmente frustrado.
No dia seguinte haveria um passeio a Hogsmeade, e eles iriam em grupo.
"A Grifinória realmente só anda em bando. Que saco!"
Draco estava quase rosnando. Se Harry não estivesse tão irritado quanto ele, acharia muito engraçado o estado do sonserino.
Na aldeia quase não havia vestígios da batalha de dois dias antes, apenas algumas marcas de fogo e paredes destruídas e, em meio a isso, os bruxos tentando voltar ao seu normal.
Nos dias seguintes a rotina da escola os manteve afastados e, antes que percebessem, já tinham empacotado as coisas, participado do banquete de encerramento do ano e estavam no expresso Hogwarts voltando para casa. Harry e Neville dividiam a cabine com Anna, Draco, Hermione e Rony, que saíam de tempos em tempos para patrulhar os corredores.
À medida que a viagem chegava ao fim, Harry ia se sentido cada vez mais triste. Draco, por sua vez, estava mergulhado no sentimento estranho de não ter mais casa para voltar e no alívio de não ter de passar outro verão se adequando aos inatingíveis padrões de Lucius Malfoy. Quando Harry foi trocar as vestes de Hogwarts pelas de trouxa, Anna perguntou a Neville:
-O que o Harry tem? Ele parece que está indo para Azkaban, e não para casa.
-Mas é meio como se fosse. – Quem respondeu foi Rony. – Os tios dele são horríveis. Eles o tratam super mal, são grosseiros, regulam até comida. Teve um ano que a gente precisou raptar Harry porque ele estava trancado no quarto.
-Como é que é? – Draco reagiu como se o tivessem espetado com um ferro em brasa. – E Dumbledore ainda o manda para lá? Por quê?
-Por causa do feitiço que a mãe do Harry fez quando morreu. Lá ele fica mais protegido. – Hermione impediu um discurso exaltado sobre o absurdo de Harry não ir direto para a Toca que Rony parecia prestes a começar. – Ainda assim, é muito ruim. Sabe que o Harry nunca teve uma festa de aniversário na vida?
-Sério? – Draco lembrou por um momento da chuva de corujas no aniversário dele. – E quando é o aniversário do Potter?
-É dia 31 de julho, por quê?
-Nada não. Coisa minha. Depois a gente conversa, Granger.
Harry, que vinha entrando, sentiu o súbito silêncio, mas preferiu ignorar. Estava outra vez com vontade de passar o verão no trem, ou quem sabe dormir pelos próximos dois meses para não ver a cara dos tios e de Duda. Nesse estado de ânimo, foi o último a começar a pegar suas coisas para desembarcar. Quando juntou tudo e se virou para sair, deu de cara com Draco parado na porta, que ele mantinha fechada.
-Que foi, Draco?
Ao invés de responder, o sonserino escureceu a janela e puxou Harry para junto do seu corpo. Por um instante, os dois jovens magos se olharam nos olhos antes de seus lábios se encontrarem.
O já familiar gosto da boca de Draco, e as mãos dele em suas costas fizeram Harry relaxar um pouco enquanto envolvia o sonserino em um abraço. Foi um beijo breve, suave, e os dois se separaram.
Draco saiu da cabine com um sorriso triste nos lábios. Essa história entre ele e Harry estava ficando complicada. O grifinório o seguiu um minuto depois, o rosto sério e uma saudade por antecipação no peito.
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Harry tinha exatamente 10 cartas de Rony para marcar aquele primeiro mês na casa dos tios. Hermione e Sirius tinham mandado um pouco menos, e Draco, vários bilhetes lacônicos.
Cada vez que vinha alguém verificar se Harry estava bem, os amigos aproveitavam para mandar cartas. Draco escrevia vários bilhetes durante o dia e, quando enviava a correspondência, Harry recebia várias coisas do tipo: "Ronald Weasley é retardado ou só faz de conta?", "Estou pensando seriamente em jogar um balde de tinta negra no retrato da senhora Black. Será que o cachorrão vai se aborrecer?", "Beijou alguém esses dias?". Três dias depois, ele recebia outra leva contendo mais pérolas do humor ácido de Draco: "A Granger chegou! Graças a Merlin! Agora quem sabe o Weasley melhora um pouco", "Eu posso aparatar agora e você ainda não, bebezinho!", "O seu amigo Weasley é ainda pior com a namorada por perto! Como ele consegue?", "O professor Snape esteve aqui, achei que você tinha me dito que ele e o cachorrão se odiassem". Draco reclamava um bocado de Rony nos bilhetes, mas os dois haviam conseguido atingir um estágio de convivência pacífica. "Se eu treinar expeliarmus no Rony você se aborrece?", "Eu também não beijei ninguém", "Estou entediado! Muito entediado", "Até que Fred e George não são tão ruins, mas o Rony.....", "Seu amiguinho conseguiu passar no exame de aparatação!!! Estou chocado!" . Na véspera do seu aniversário, Harry recebeu a visita de Lupin. Dessa vez Draco mandara só um bilhete: "Harry fiquei louco de tédio! Tão louco que considerei divertida a tarde de ontem em companhia de Hermione, Rony e Gina! Socorro!"
Os bilhetes de Draco eram uma fonte de divertimento para Harry. Como sempre, ele respondia em uma única carta, defendendo Rony, negando que tivesse beijado alguém e perguntando o que Draco andava fazendo, e reclamando de tédio também.
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Aniversários são engraçados. Algumas pessoas adoram, outras detestam. Para Harry, sempre fora algo que o deixara indiferente, mas naquele dia ele faria dezessete anos. Agora era um bruxo maior de idade. Antes de ir para Hogwarts, teria de fazer o exame de aparatação, mas para isso precisava ir para a casa do padrinho. Desceu pensando nisso e no fato de nenhum dos seus amigos, nem mesmo Hagrid, ter-lhe enviado um cartão de aniversário.
O café da manhã foi tomado em silêncio, os tios tentando ignorar a presença de Harry, e ele cansado demais do ridículo da situação para se importar. Quando estava saindo da cozinha, Walter Dursley o chamou de volta.
-Escuta aqui, garoto, eu vou receber visitas de negócios hoje à noite, e eu o quero fora daqui até as onze horas. Não se atreva a voltar antes.
-O senhor sabe que eu não posso sair depois que escurece. O professor Dumbled.....
-Não me interessa o que aquele velho caquético disse. Da última vez que eu recebi alguém aqui com você em casa, você estragou tudo. Sem falar na monstruosidade que fez com minha irmã um ano depois. Portanto, RUA até minhas visitas saírem.
-E fique no quarto durante o dia para não me atrapalhar – acrescentou a tia quando ele se retirava.
Harry pensou em pedir abrigo na casa da senhora Figg naquela noite. Sabia muito bem que, se ficasse sozinho na rua até tarde, teria problemas. Mais de um Comensal da Morte já fora entrevisto nas imediações, e Snape já avisara que Harry era novamente prioridade para Voldemort, depois da derrota na sala do lago.
O garoto estava tentando não morrer de tédio no quarto logo depois do almoço quando o aviso de duas visitas da Ordem chegou. Harry achou estranho, porque Lupin tinha estado ali na véspera, e as visitas sempre deixavam o intervalo de dois dias entre uma e outra. Raramente alguém vinha em um horário em que os Dursleys estivessem em casa, e nunca haviam vindo dois de uma só vez.
No horário anunciado, um estampido anunciou a chegada do primeiro. Draco Malfoy surgiu do nada bem na frente de Harry, seguido de Ronald Weasley exatos dez segundos depois, ambos devidamente disfarçados de trouxas. O segundo estampido com certeza fora ouvido pelos tios na cozinha, apesar de Harry haver fechado portas e janelas do quarto.
Apesar de nenhuma palavra ter sido dita sobre seu aniversário, Harry ficou imensamente feliz de ver aquela dupla tão pouco harmoniosa aparecer ali.
-A Mione queria vir, mas ela não pode aparatar ainda... – começou Rony. Mas Draco logo interrompeu:
-A Hermione, a Gina e mais um monte de gente. O fã-clube inteiro. – Harry sorriu ao ouvir a voz arrastada de Draco. Por incrível que parecesse, ele tinha sentido falta daquilo. – Mas viemos só eu e o sombra aqui. Por enquanto.
Rony bufou e se jogou na cama de Harry.
-Eu tenho aturado isso faz quase um mês! Dá um tempo, Draco, que ninguém agüenta você.
Draco sorriu como se tivesse sido elogiado.
-Anda, Potter, vai arrumar seu malão. Ou você vai doar seus livros de feitiço para os trouxas?
-Hein?!
-Mas é lento! Oh donzela em perigo, essa é uma missão de resgate. Junte suas tralhas que nós temos um cronograma a cumprir.
-É isso mesmo, Harry. Apesar do Malfoy ter acabado de enlouquecer de vez, e ninguém entender o que essa coisa fala, a gente realmente está com os horários meio apertados.
Harry arrumou o malão o mais rápido que pôde com a ajuda de Rony e com Draco examinando o quarto muito intrigado:
-Que coisa esquisita é essa?
-É uma televisão, Draco, mas está quebrada. Larga isso que dá choque!
-Ai, droga! Que merda foi essa?
-Eletricidade, Draco! Eletricidade. Senta aqui e fica quieto.
Draco, ainda tremendo do choque que levara no fio desencapado do ventilador velho do Duda, resolveu ficar quieto em um canto. Mas o barulho atraiu a tia Petúnia, que espancou a porta aos berros:
-Eu não falei que era para você ficar quieto aí....
Ela engasgou ao ver a porta ser aberta magicamente por um jovem loiro de frios olhos azuis, quase cinza, e com um sorriso de gelar as veias de qualquer um.
-A senhora deve ser a tia do Harry.
Rony quase se engasgou de rir quando Petúnia virou as costas e saiu quase correndo do quarto chamando pelo marido.
-Harry, sua tia é esquisita. Ela bate bem da cabeça? – Draco estava feliz com o susto que havia dado na mulher.
-Eu tenho minhas dúvidas. Já está tudo pronto, e agora?
-Vamos descer, os outros já devem estar chegando. – Rony fez o malão de Harry flutuar escada abaixo. – Eles vieram de carro, vestidos de trouxa. Só o Sir...
Antes que Rony concluísse, Sirius Black aparatou no quarto de Harry e os alcançou na escada. Depois de cumprimentar o afilhado rapidamente, ele assumiu a forma canina e desceu com os garotos.
O malão guiado por Rony quase colidiu com tio Walter, que ia começar a subir as escadas.
-Mas que diabos é isso! – Vendo o tio já púrpura de raiva, Harry sufocou uma risada. – O que eu já falei, moleque, sobre magia em casa?
Quando avançou para Harry, ele deu de cara com a varinha e o sorriso cínico e letal de Draco, mais o rosnado nada amigável de um enorme cão negro.
-Quem é essa gente? Que monstro é esse?
-Monstro? – Sirius voltara à forma humana. – É. Tem gente que me chama assim. Eu sou padrinho de Harry. Esses garotos são amigos dele. Algum problema?
Antes que Dursley acabasse de entender que o padrinho procurado pela polícia de Harry estava na sua frente e podia virar um cachorro gigante, a campainha tocou.
-Rá! Remus. Pontual como sempre. Nós já vamos. Harry, despeça-se dos seus tios.
E Sirius voltou à forma canina. O que provocou gritos assustados de Duda e da tia Petúnia.
Remus e Tonks estavam à porta. Eles tinham vindo em um carro magicamente modificado, e eram seguidos por mais dois carros também modificados e com bruxos pertencentes à Ordem da Fênix. Depois de todos embarcarem o mais rapidamente possível, o carro arrancou, e logo se deslocava veloz pelo trânsito tranqüilo da tarde de domingo, seguido apenas pelos dois carros da escolta e pelo olhar surpreso da vizinhança dos Dursley.
Quando Sirius e os garotos se viram frente a frente, explodiram em uma crise de riso incontrolável que durou, com algumas pausas, quase todo o percurso até Londres. Nem mesmo Remus pôde se furtar a rir junto. Quando estavam entrando na cidade, Draco decretou:
-Harry, você tem uma família muito esquisita. Muito esquisita mesmo.
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Eles entraram na casa dos Black com os devidos cuidados para não acordar o quadro da falecida senhora Black. Harry foi deixar suas coisas no quarto, seguido por Rony e Draco e logo depois por Gina e Mione. Volta e meia um deles saía do quarto, mas os outros se empenhavam em segurar Harry ali. Quando a tarde chegou quase ao fim, Sirius entrou e pediu que Draco, Gina e Mione fossem atender a senhora Weasley. Quando Harry fez menção de ir junto, Sirius começou uma conversa comprida sobre como os trouxas tratam os cães, e sobre ele quase ter sido "macinado" pelo pai da Hermione.
-Não seria vacinado, Sirius?
Menos de dez minutos depois, Gina voltou dizendo:
-Mamãe está chamando todo mundo na sala de visita. Ela disse para ir correndo, Rony, e você também, Harry.
Quando Harry seguiu Sirius e Ron e entrou na sala de visitas, ela estava toda decorada com fadinhas, pilhas de presentes e cartões no chão. Hagrid, os Weasleys, Tonks, Lupin, Hermione lhe deram o tradicional grito de "SURPRESA!", e um sonserino de ar cínico, cabelos loiros quase no ombro e incríveis olhos azuis lhe deu um meio sorriso. Um balão de felicidade se encheu no peito de Harry, e ele decidiu que, afinal de contas, fazer aniversário era realmente muito legal.
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Dessa vez demorou um pouco mais para eu atualizar a fic. Problemas graves de tempo, mas essa semana minha vida vai estar mais normal, e eu volto a ter mais tempo. Agradeço os reviews:
viviane valar: beijinho conta como corpo a corpo?
Bárbara: Não acho que o Draco fique "bonzinho" nos livros, e concordo com vc, a JK nunca juntaria Draco e Harry, é por isso que a gente mesmo faz isso. :)
Anna-Malfoy: Desculpe a demora! É tão bom quando a gente consegue emocionar alguém com uma história.
MEL MorganWeasley: Os produtores de série Buffy sempre diziam, Buffy sofrendo episódio bom, Buffy feliz demais eposódio ruim. Não sou tão radical, mas gosto de ver personagens sofrendo.
E lentamente todo mundo vai sacando o lance dos dois.....
Momoni: Pois é, continuei. Que nick fofo o seu!
Ia-Chan: efeito do uísque é muita cara-de-pau do Draco mesmo, rs
Trinity C. Malfoy: As cenas mais fortes viram, prometo. Obrigado pelo review.
Patty: quase Patty! Quase vc acerta. Kkkk eu também fico imaginado a continuação das fics que eu gosto.
Morticia Sheldon: Minha lindinha sumida. Que bom que vc gostou. Cadê a continuação de MdC? Um beijo.
