Capítulo 11 – Duas Almas Um Mesmo Coração
Quando finalmente regressaram ao vilarejo, Kagome e Inu-Yasha tinham um semblante preocupado.
Percebendo que todos estavam olhando para eles aflitos, o hanyou resolveu quebrar o silêncio:
Por quê estão todos com essa cara de velório?
Fazemos da sua a nossa pergunta! Falou Miroku.
É que encontramos o Kouga, e eles acabaram brigando! Respondeu Kagome.
Novidade!! Toda vez que ele e o Inu-Yasha se encontram sempre acaba em briga, mas isso não justifica essa cara de vocês. Por acaso dessa vez o Inu-Yasha matou o Kouga? Falou o monge.
Eu já te falei que não tenho essa sorte Miroku! O caso é que ele descobriu uma coisa sobre mim e Kagome!
Vocês contaram a ele que estão namorando? Falou a senhora Kaede.
Mais ou menos! Completou o hanyou.
Então? O que foi que ele descobriu que deixou vocês com essa cara? Perguntou Sango.
Sinceramente amiga, eu não gostaria de falar agora! Kagome falou com lágrimas nos olhos.
Acho que já está na hora deles saberem a verdade meu amor! Inu-Yasha falou abraçando a menina.
Não sei, mas de alguma maneira eu sei que você tem razão, talvez assim eles possam nos ajudar contra as ameaças dele.
O QUÊ? ELE AMEAÇOU VOCÊS? ENTÃO A COISA É MAIS GRAVE DO QUE EU PENSEI? Falou o monge.
Você não faz idéia de como está certo Miroku. O hanyou falou franzindo o cenho.
Então porque não nos conta de uma vez Inu-Yasha? A velha sacerdotisa tinha um semblante preocupado.
É que o assunto é um pouco delicado, e eu não gostaria de falar na frente do Shipou. Inu-Yasha completou.
Shipou? Vai brincar lá fora com a Kirara, depois te contamos o que aconteceu! Falou Sango.
Mas por que eu sempre tenho que sair quando o assunto vai ficar interessante?
Faz o que ela falou, senão eu vou te jogar lá fora à força! Falou o hanyou irritado.
Não precisa falar duas vezes, tchauzinho! Shipou falou correndo para fora com Kirara logo atrás.
Pronto! Agora pode falar Inu-Yasha! Disse Kaede.
Não é novidade para ninguém que nós estamos namorando, mas acontece que não é mais um namoro inocente. Agora nós pertencemos um ao outro. Será que vocês entenderam, ou eu vou precisar entrar em detalhes?
Nos poupe dessa parte Inu-Yasha! A sua vida sexual não nos interessa nem um pouco! Falou a sacerdotisa.
Que bom que entenderam! Completou o hanyou.
Até aí está tudo normal, mas onde entra o Kouga nessa história? Perguntou o monge.
É que quando nós fomos ver o motivo de eu estar sentindo a presença de fragmentos, percebemos que eram os do Kouga. Quando ele se aproximou de mim sentiu o cheiro do Inu-Yasha e perdeu o controle. Ele parecia outra pessoa, ameaçou até a mim, coisa que jamais havia feito! Falou a menina não podendo mais conter as lágrimas, que rolavam sem controle pela face.
Parece que ele te assustou minha menina! Falou Kaede, oferecendo seu colo para que ela pudesse desabafar.
Sim, ele me assustou, mas não por mim, pois eu de alguma forma sei que ele jamais me machucaria, mas fiquei com medo dele me tirar o que mais amo, aquele que me completa.
Deixa de ser boba, ele não vai me tirar de você! Aliás, ele nem sequer é páreo para mim! Falou Inu-Yasha sentando ao lado da menina e segurando suas mãos nas dele.
Não o subestime Inu-Yasha! Um lobo ferido pode se tornar muito perigoso! Kaede falou ainda afagando os cabelos da menina, que agora parecia mais calma.
Só não quero que ele a machuque, pois se encostar num só fio do cabelo dela, eu vou caçá-lo até no inferno se for preciso.
Mas o que você acha que devemos fazer? Perguntou a exterminadora.
Ainda não sei, mas até eu descobrir o que ele pretende fazer, queria que quando eu não estiver por perto, vocês cuidem dela para mim. Será que posso contar com vocês?
Mas é claro Inu-Yasha! Mesmo porque a senhorita Kagome é como se fosse parte da minha família. Ela me fez sentir novamente uma pessoa normal, mesmo eu sendo um monge pervertido e inconseqüente, ela nunca me julgou e sempre esteve ao meu lado nos momentos em que eu mais precisei, não vai ser agora que eu vou abandoná-la!
Eu digo o mesmo! Mesmo eu tendo tentado te matar, ela nunca se virou contra mim, muito pelo contrário, me fez descobrir uma nova família, que me recebeu de braços abertos, e se hoje eu estou viva, devo isso a ela. Falou Sango com os olhos marejados.
Inu-Yasha, você sabe o quanto eu sofri por causa da morte da minha irmã, mas quando ela chegou, iluminou a minha vida, apesar dela não ser a Kikyou, eu sentia como se a minha querida irmã, de alguma forma, ainda estivesse ao meu lado. Aos poucos fui gostando mais dela, a ponto de hoje eu amá-la como se fosse minha filha, e é por isso que eu não vou permitir que nada nem ninguém a machuque. Nem mesmo você!
Ficou louca velha? Eu jamais machucaria a minha companheira, a minha única razão de continuar existindo!
Eu sei disso Inu-Yasha, você não a machucaria fisicamente, mas emocionalmente, com esse seu gênio, com certeza a machucaria!
Eu sei que não sou muito fácil de se lidar, mas ela está me fazendo mudar, e eu vou mudar por ela!
É bom saber disso Inu-Yasha, pois você viu o que suas palavras impensadas fizeram a ela da última vez! Falou Kaede.
Eu aprendi a lição velhota, jamais vou magoa-la como daquela vez novamente! Eu prometo!
Agora nós temos que pensar numa maneira de afastar o Kouga de vocês! Falou Miroku.
Ele não vai tentar nada por enquanto, ele vai tentar atingir o Inu-Yasha quando nós não estivermos esperando! Kagome finalmente falou.
Como você pode ter tanta certeza? Perguntou o hanyou.
Não sei, eu só sinto!
São seus poderes minha menina, eles estão lhe dando essa certeza! Falou Kaede.
Como assim?
Parece que quando vocês se entregaram um ao outro, de alguma forma, passaram a compartilhar o mesmo coração, apesar de serem duas almas completamente diferentes, é por isso que, se acontecer algo com ele você saberá, da mesma forma ele se acontecer algo com você!
Eu já havia notado alguma coisa estranha. Toda vez que ela fica triste eu sinto como se eu também estivesse! Falou o hanyou.
Vocês não chegaram a fazer o ritual de sangue não é mesmo?
Ritual? Que ritual é esse velhota?
Inu-Yasha, quando um youkai acasala, para marcar a parceira como sendo dele, principalmente inu-youkais como você, fazem o ritual de sangue. Basta ferir a fêmea e faze-la receber um pouco do seu sangue, isso a protegeria de perigos e manteria outros machos afastados. Mas isso significa que ela teria que ser sua parceira por toda a vida.
E isso ainda pode ser feito velhota?
Sim! Não precisa ser feito no primeiro acasalamento, basta o youkai ter certeza que aquela companheira será a definitiva. Mas ela tem que estar de acordo, pois ela passaria a sentir as mesmas coisas que o parceiro sente, inclusive, no seu caso, se transformar numa hanyou na mesma noite em que você se transforma em humano. Sendo assim, vocês seriam duas almas compartilhando o mesmo destino e o mesmo coração.
Obrigado senhora Kaede! Inu-Yasha falou.
De nada, mas pensem bem antes de realizarem o ritual, pois uma vez feito não pode mais ser desfeito. Ela passaria a ser sua companheira por toda sua vida, mesmo que você venha a morrer, nenhum outro macho poderá possuí-la. Isso significa que ela permanecerá sozinha até o dia da morte dela.
Eu prometo, pensaremos no assunto, não é mesmo Kagome?
Claro meu amor, pensaremos nisso!
Depois de algum tempo saíram da cabana e foram andando até o riacho que cortava o vilarejo. Inu-Yasha se sentou sob uma árvore e estendeu a mão para que ela sentasse no seu colo. Quando ela estava aconchegada entre seus braços falou:
Kagome?
Sim Inu-Yasha?
O que você pensa a respeito do que a velhota falou?
Sobre o ritual de sangue?
E sobre o que mais seria?
Não sei, depende de você, pois eu tenho certeza que você será o único para mim!
Eu também tenho essa certeza, mas eu precisava saber se para você era assim também!
Agora você já sabe!
Então você estaria disposta a realizar esse ritual comigo?
Só se você quiser!
Eu realmente gostaria de torna-la a minha companheira, para sempre!
Eu te amo Inu-Yasha!
Eu também Kagome! Então será esta noite, tudo bem?
Tudo bem!
Ficaram ali, abraçados, esperando que o sol se dignasse a sumir para enfim pertencerem um ao outro por toda a vida.
