Mais um cap, que acabei demorando pra postar, mas foi!!
Beijos
Viv
CAPÍTULO 4 – A Chama Verde
Theo preparava a aula para próxima semana naquela tarde, quando alguém bateu na porta. Era Harry Potter. Estranhou.
-A Senhora disse que poderia me ajudar. Com as maldições.
-Claro, entre Harry. Estava justamente preparando nossa próxima aula.
-Se a Sra preferir, se estiver ocupada... – o jovem parecia constrangido.
-Não! Não se preocupe. – puxou duas cadeiras e colocou uma diante da outra.
Ele se sentou.
"Agora, quero que você respire fundo. - obedeceu. – Isso. Outra vez! Muito bem. Olhe para mim Harry. Nos meus olhos. – ele olhou. - Relaxe. Sinta. Você pode! Relaxe! Veja! Olhe para onde está. Vê o escuro? Ouve esse som? São as batidas de um coração. Pode ouvir as batidas Harry? Nesse lugar você está seguro."
Mas quando o garoto ia ficando mais relaxado. Pôde ouvir um grito de mulher.
"Não! O Harry não! Por favor!"
'E se iniciaram imagens de uma chama verde em direção à mulher.'
'O fogo na floresta ardendo.'
'Theo lutando com o fogo.'
'Uma criatura saindo de dentro de um caldeirão e uma risada sinistra.'
Eles se afastaram ofegantes. Não se sabia o que dizer. Nunca tinha acontecido isso antes. Entendeu que era Voldemort.
-O que aconteceu? – o menino estava pálido.
-Eu... Harry. Não sei direito. Nunca tinha acontecido antes.
-No começo achei que estivesse num lugar escuro e confortável. Não estou certo, mas talvez fosse o útero de minha mãe. Mas depois vi quando ela morreu, quando Voldemort voltou. Só que não entendi uma coisa... era a senhora... e ele...
-Harry. – tentou ordenar os pensamentos. – Eu... acho que Voldemort acabou unindo dois inimigos comuns. Uma vez lutei contra ele. – disse apenas o que sabia. – Assim como você lutou outras. E não acredito em coincidências. Não estamos aqui. Juntos por acaso.
-Acho que devemos nos esforçar para conseguir vencê-lo. O lugar seguro que escolheu é mesmo o útero de sua mãe. E é lá que poderá ir quando se sentir perdido ou achar que a dor já é bastante. Mas Harry, o lugar seguro não é resposta para todos os problemas. Eles devem ser enfrentados e superados.
Ele abaixou os olhos. A tristeza e a raiva voltaram com força total.
-Harry, olhe pra mim. Há muito mais que a raiva e a dor! Acredite em mim. Confie em mim.
O adolescente lutava bravamente contra as lágrimas. A cicatriz ardendo como poucas vezes.
"Se Sírius estivesse aqui?"
-Harry. A vida nos guarda muitas surpresas! Mas pra recebê-las temos que estar lá! Vivendo-a. Compreende?
E seguiu seu impulso, abraçou o jovem com todo carinho que uma mãe abraçaria um filho. Buscou todo amor que aquela mãe da visão teria para dar sua vida pelo seu filho e brilhou.
Harry chorou tudo o que não tinha chorado antes. Pelos pais, pelo medo, por seu padrinho, pelos amigos, por ele mesmo. Chorou abertamente enquanto sentia o calor o envolver.
Quando não tinha mais lágrimas, a dor tinha ido embora. Abriu os olhos se viu em chamas. Mas não se assustou. Olhou para a professora. E percebeu que ela estava coberta pela luz. Agora via que era luz, e não fogo. Apenas os olhos eram chamas.
-Você está fazendo isso? – com uma calma que não lembrava ter.
-Nós dois Harry. – com carinho.
E ele se virou com os olhos verdes em chamas.
-O que está acontecendo Profa. Theo?
-Acho que estamos nos descobrindo Harry. Esse é dom raro. Dá possibilidade de sentirmos e entendermos melhor outras pessoas. Algumas mais que outras. E ainda há aqueles que não conseguimos atingir por mais que tentemos. Não sei muito sobre o seu dom. Mas talvez tenha que descobrir aos poucos.
E o brilho dos dois diminuía gradativamente à medida que falavam.
-E como posso fazer isso outra vez? – interessado.
-No começo comigo acontecia só em situações extremadas, de muita dor ou muita raiva ou muito amor. Quando Loy nasceu, eu perdi o controle e brilhei com ela. – sorriu lembrando como ficara assustada na ocasião, pois não sabia que significava aquilo.
-Você pode me ajudar, Profa Theo? – indeciso.
-Posso tentar. Mas agora acho que você deve ir se deitar e descansar. Semana que vem volte no mesmo horário.
-Muito obrigado. Profa. Theo.
Depois que o jovem aluno saiu Theo ficou pensando no que tinha acontecido. Parecia que tudo estava ligado a Voldemort. E houve uma batalha entre os dois. E o professor de Poções sabia. Precisava descobrir o que tinha acontecido.
Passava das nove da noite, quando se viu diante da porta dos aposentos pessoais do Prof. Snape. Bateu com força, antes que mudasse de idéia.
Snape tinha passado o dia pensando na conversa com Dumbledore. E não sabia ainda como reagir. Quando ouviu alguém bater na porta escolheu sua pior expressão de desagrado e foi atender. Mas antes que pudesse pronunciar as palavras de desaforo notou que era a dona de seus pensamentos.
-Theo?? Er... Profa. Theo? – concertou.
-Prof. Snape, posso entrar? Precisamos conversar. – pediu firme.
Ele ainda hesitou tentando assimilar o pedido. E se afastou. Ela entrou tão decidida, que se já não a tivesse conhecido, jamais suspeitaria de quão difícil estava sendo pra ela estar ali. Deixou que começasse. Estava extremamente nervosa e excitada ao mesmo tempo. Estava nos aposentos dele.
-Prof. Snape, sei que depois da conversa que tivemos, deve estar estranhando minha visita. Mas coisas aconteceram e... – olhou nos olhos dele. – Acho que só você pode me ajudar a entendê-las.
-Que coisas seriam essas? – desconfiado.
-Bem... – procurou as palavras certas. – Você se lembra de que eu disse que sofri um acidente no qual perdi minha memória?
Ele assentiu em silêncio.
-O fato é que eu nunca havia tido qualquer tipo de recordação ou coisa do gênero com o acidente. Na verdade tudo o que Calius me disse, foi que tinha acontecido uma explosão. - Mas... – ela agora andava de um lado para outro.
-Venha, sente-se aqui.
Snape a conduziu para uma pequena mesa clássica com cadeiras no mesmo estilo antigo. Sentou-se à sua frente. Queria segurar as mãos dela para dar-lhes forças, mas não se sentia no direito. Ela suspirou.
-Você disse que me conheceu antes do acidente. E que pelo que eu entendi, estava lá. Preciso saber o que houve!
-Por que agora, Profa. Theo? Há alguns dias disse isso pra você. Por que agora? – repetiu.
-Porque talvez eu esteja começando a me lembrar! – disse de uma vez encarando-o.
Percebeu quando ele estremeceu muito levemente. Se fosse outra pessoa pensaria ter imaginado. Mas sabia que não.
-De que exatamente você se lembrou? – perguntou com cuidado.
Ela Suspirou. Apoiou a cabeça entre as mãos.
-Na verdade, são flashs. Estou entendendo aos poucos. Na minha primeira noite aqui, sonhei com fogo, com uma mulher que não sei se conheço, e com... com você. – corou. – Mas não é só isso! – ela tentava controlar o rubor, enquanto ele sentia um calor morno envolvendo seu coração. – O fogo. Sei que o fogo é Voldemort.
-Não acho prudente dizer o nome dele. – não gostou de ouvir o nome.
-Então me vi lutando com ele. – ignorou a interrupção. – Sei que você estava lá!- afirmou. – Quero saber o que aconteceu de verdade!!
Snape se levantou da mesa, caminhou até a janela de seu quarto. Ficou observando uma chuva fina que caia lá fora.
"Queria tanto que ela ficasse longe de tudo aquilo!"
Após alguns minutos, Theo cansou de esperar e foi até ele. Pôde sentir a angústia, o esforço para manter o controle, o calor do corpo dele. Queria abraçá-lo e ser abraçada por aquele homem duro. Mas já não era uma pessoa sozinha. E era também professora numa escola, mãe de uma menina. Não poderia se submeter aos desejos insolentes que a atacavam. Mesmo que viesse a se lembrar de tudo. Mesmo que de fato tivessem sido amantes. Nada seria igual.
-Profa. Theo, - ele iniciou após algum tempo. – gostaria de poder ajudar.
E se virou. Com uma nova máscara, que não estava lá. Indiferença. Doeu.
-Mas acho que tudo isso que está dizendo é bobagem! – impiedoso. – Sonhos não são lembranças. E acho que como professora de DCAT deveria saber, que os que entraram no caminho do Lord das Trevas, estão mortos! Então sugiro que vá descansar e que não se preocupe com essas coisas. Agora, - disse indo de volta para a porta. – gostaria de descansar. Está tarde. Tenha uma boa noite!
Ela estava atônita.
"Ele está me mandando embora??? Desse jeito??? Era mesmo um cretino!"
Empertigou-se. Sentiu um rancor tão profundo que sentiu tontura.
-Me desculpe, Prof. Snape. Por fazê-lo perder seu tempo! – olhos injetados. – Isso não acontecerá mais! Pode estar certo disso!!!
Deu meia volta e saiu das masmorras batendo forte a porta. Ainda se sentia espumando quando chegou em seu quarto.
-Cretino! Idiota! Arrogante! Quem ele pensa que é? Como... como... – suspirou.
Percebeu que estava começando a brilhar. Não ia perder o controle. Se ele não queria ajudá-la, então era muito bem feito pra ela! Não deveria ter significado nada além de... Não queria nem pensar mais sobre aquele homem. Seu problema agora estava resumido em descobrir a ligação que havia entre ela, Harry e Voldemort. Severus não tinha nada a ver com aquilo!
"Severus??? Professor Snape!! Lembre-se! Professor Snape!"
Snape se sentia mais vazio que nunca. Sabia que rejeitando Theo, estaria se condenando ao afastamento permanente dela. Sabia que não seria perdoado facilmente por sua insensibilidade.
Como queria segurar as mãos dela! Como quis abraçá-la, e fazer amor com loucura como faziam! Mas sabia que assim, como fizera, talvez conseguisse afastá-la do Lord. Ou pelo menos adiar esse confronto. Suportaria a distancia, o desprezo, mas não permitiria que morresse. Não mais uma vez! Agora havia uma menina muito especial para cuidar. Ele faria o que fosse preciso para protegê-las.
Passaram-se alguns dias, como se fossem meses. Há espera de um chamado do Lord. A marca ardia eventualmente, mas ainda não era o momento de se reunirem. Percebeu algumas mudanças em Potter. Ele parecia menos deprimido. Talvez o incidente com o maldito padrinho já tivesse sido superado. Ele parecia até mesmo mais atento. Errava menos nas aulas de Poções. Mesmo sendo pressionado.
"Será que finalmente o menininho estava amadurecendo e percebendo que tinha mais o que fazer, além de desrespeitar as regras? Será que tinha percebido que pra vencer o Lord teria que se superar em todas as matérias? Espero que sim!"
Quase não via Theo. Exceto durante as refeições. E ainda assim, percebeu que ela andava faltando o jantar. E naquele dia, notou algo que o intrigou. Potter também não estava lá. Não gostou nada da conclusão que se precipitou. Terminou o jantar como um autômato. Rapidamente, foi em direção aos aposentos da Professora de DCAT.
"Ele não poderia a estar importunando! Não permitirei!"
Bateu com força a porta dela. Passos. Sussurros. Não ouviu mais. Ficou ansioso. A porta se abriu. Ela estava lá. Um pouco de brilho diferente nos olhos. Como se... tivesse estado em chamas recentemente. Conhecia aquele brilho. Sentiu a fúria explodir pelo corpo todo.
-O que está acontecendo aqui? – empurrando a porta sem pedir licença.
Viu Potter sentado em um sofá, empertigado. Percebeu o mesmo brilho nos olhos dele.
-O que diabos está acontecendo aqui? – repetiu. Animal.
Theo ainda estava paralisada com a interrupção e depois a invasão. Não conseguia entender o que ele queria dizer. Quando viu a acusação no olhar do outro, teve vontade de matá-lo.
-Quem pensa que é, para invadir meu quarto, exigindo qualquer tipo de explicação, pra qualquer tipo de coisa? – a fúria dela não deixava por menos.
-Eu, sou um professor, de uma escola decente! E não sabia que professoras recebiam jovens alunos nos aposentos! – sibilou.
-O quê?! – ela poderia matá-lo mesmo.
-Professor Snape! O senhor está enganado! – Harry tentou falar.
-Cale a boca Potter! Dumbledore vai saber o que seu queridinho anda fazendo por aí! – cuspiu as palavras.
-Prof. Severus Snape saia agora do meu quarto antes que eu vá reclamar sobre sua conduta injusta e preconceituosa! - falava entre os dentre.
-É um absurdo o que está acontecendo. Nas barbas do diretor! Ele jamais poderia imaginar...
-Prof. Snape, não é nada do que está pensando!
-Não Potter! Santo-Potter. Quem diria que o queridinho de Dumbledore seria pego nessas condições. E você, - virou para Theo. – uma professora de Hogwarts. Francamente! – desprezo.
-Snape. Saia desse quarto agora! – os olhos dela começaram a queimar em chamas azuis. – AGORA! – ameaçou.
E Harry se postou ao lado dela com os seus próprios olhos em chamas verdes. Snape hesitou ao ver a cena. Não sabia que ele podia fazer isso. Tinha visto alguém, com chamas verdes nos olhos. Mas fora há muito tempo. Quase uma vida inteira atrás. Estava boquiaberto.
-SAIA! AGORA! – repetiu.
Mesmo coberta pela raiva e pela indignação, percebeu a mudança nele. Mas não queria conversar naquele momento. Ele saiu desorientado.
"Potter. Ele tem a Chama Verde."
Depois da saída do professor, Harry estava muito constrangido.
-Profa. Theo... eu sinto muito! Sinto muito ter causado essa cena!
-Harry, meu filho. Você não fez nada. – e se adiantou a abraçou-o. – Não se preocupe! Tenho algumas contas a acertar com seu professor de Poções. Contas muito antigas, das quais eu nem me lembrava mais. Mas não se preocupe. Até porque ele não fará nada. E nós não estamos fazendo nada de errado. Você já sabe chegar a seu Lugar Seguro. Está descobrindo que pode usar o poder da Chama Verde. Mas Harry, deve se controlar. Não é algo que os outros devam saber. Poucos entendem.
E se sentou mais uma vez com ele no sofá.
-Gostaria que conversasse com Loy um pouco. Ela também tem a Chama Azul. E está mais habituada a ela que você. Às vezes penso que ela sabe mais do que eu! – sorriu. – Sempre que quiser pode me procurar. E sei que nunca poderei substituir sua mãe, Harry. Mas gostaria que me tomasse como uma grande amiga.
-Profa. Theo, não me lembro de minha mãe. Só conheço meus pais por foto. Mas acho que ela seria como você. – sorriu calmo.
Theo ficou sem graça. E abraçou o menino mais uma vez.
-Bom, agora vá. Precisamos descansar.
Despediu-se do jovem aluno.
Agora, após já estar deitada. Não pôde deixar de rir sobre o acontecido. Snape estava furioso. E achava que ela tinha um caso com Harry. Conseguiu rir com gosto.
-Acho que o homem precisa de uma lição. E se o que estou planejando der certo, terei resolvido dois problemas de uma vez só.
Dormiu com um sorriso satisfeito nos lábios.
Snape chegara ás masmorras às cegas. Sabia que Theo não estava com Potter como acusara. Mas mesmo assim o ciúme louco o fez cometer o desatino. Mas fazia tempo que não a via brilhando daquele jeito. E Potter... Potter também tinha a chama.
"Deveria ter desconfiado. Por que não teria? Se... ela tinha? Por que seu filho..."
Não pensava em Lily Evans há tanto tempo! E é claro que o Lord sabia! Sabia das chamas. Por isso escolheu Potter a Longbottom! Ele sabia sobre o poder das Chamas. E se Lily tinha, Harry Potter também teria! Mas nunca tinha se manifestado.
"Poderia ter Theo provocado essa descoberta?"
Então o Lord não os pouparia! Mas ao mesmo tempo, os dois eram muito poderosos juntos.
"E Dumbledore? Será que sabia disso? Hunf! O que Dumbledore não sabia?"
-O que faço agora? - já não agüentava mais essa pergunta. – Maldição!! Mil vezes maldição!! – gritou em seu quarto, protegido pelo Feitiço do Silêncio.
OF: continua.
