Disclaimer: Estes personagens pertencem a William Golding, unicamente.

Notas da autora: Decidi escrever uma fiction de "Senhor das Moscas" pois o livro me tocou como poucos, me despertou a vontade de escrever novamente, escrever sobre estes personagens intrigantes, interessantes, reais. Escrever YAOI, pois pra mim, o livro deu indícios sim! Quem não gostar da idéia de ler sobre Jack e Ralph juntos, some! Espero que ao menos uma ou duas almas bondosas leiam minha história, já que só vi fics deste livro em inglês!

Capítulo I - prólogo

Olhavam-no como se fosse doido.

Ralph estendera a mão. Horas de fuga, nenhum músculo em todo o seu corpo estava relaxado. Contraíam-se em agonia. Não estava mais sendo caçado, não. Já fora alcançado. Era apenas uma questão de minutos até que se esgotasse por completo. Rendera-se fisicamente.

À sua frente, avistara o oficial da Marinha. Então, reunira o pouco que lhe restava de forças. E estendera o braço para ele...

...e tudo o que sua mão pôde tocar foi o ar abafado e úmido do meio dia.

Olhavam-no como se fosse doido...e ainda, Ralph continuava vendo. Via e ouvia, mas não sentia. Seus caçadores haviam parado e aglomeravam-se ao seu redor para contemplar o espetáculo. A hilária cena.

O Sol, exatamente acima deles, brilhou com a intensidade incômoda do horário. Incentivada pela claridade excessiva, a miragem de Ralph tornava-se mais nítida. Ainda via. E estava ouvindo. Estava sendo convidado a entrar no navio. Ele e os outros meninos. Porque não escutavam? Porque ignoravam o adulto? Recusar-se iam a deixar a ilha?

Um desagradável ruído sobrepôs-se violentamente à voz do oficial.

Risadas.

Estava sendo ridicularizado.

Virou-se para encarar seus perseguidores. Sua vista feriu-se momentaneamente com a claridade quente do incêndio. Todo o caminho que Ralph percorrera em sua fuga estava em chamas. E estava cercado por lanças, afiadas em ambas as pontas. Não o surpreendeu.

Atrás dele, o mar gelado era calmo, sem ondas. Como se aguardasse pacientemente sua decisão.

Não houve decisão. Não da mente – quem se manifestou foi o corpo. Num desespero autônomo. Os joelhos cederam. A exaustão ultrapassou seu limite e superou a vontade do garoto.

Não houve mais miragem – desvanecera-se. Restava apenas o óbvio. Dor, cansaço... Culpa de uma morte. Choque por outra, mais recente. E medo da sua própria, que seria agora. A qualquer momento. Fechou os olhos. Uma escolha ao menos lhe restava. Sua última visão. Não seria a maldita ilha ou aquelas crianças assassinas. Buscou em sua mente esgotada a imagem de seus pais. E esperou.

Porque não atacavam logo? O que esperavam, afinal? O que faltava? Ele já deixara claro que não resistiria. Orgulho besta agora lhe poderia custar caro.

Mas faltava o comando.

Faltava Jack.

Fim de prólogo, em breve posto o primeiro capítulo de verdade!