Flor de Lágrimas

Homens são só homens...
Sejam bruxos ou trouxas, são só homens...
E homens vivem pra aprender, e assim será por toda a eternidade.
Não importa quantos mistérios e segredos sejam revelados, mais e mais
sempre aparecerão.
E eles sempre estarão aprendendo...
Aprendendo que o mundo não pertence a eles, e sim, que eles pertencem ao
mundo. Que pessoas possuem seus próprios ciclos de vida, seus próprios destinos, e
que nada mudará isso.
Que alguns seres não nascem simplesmente pra viver...
E talvez, um dia também aprenderão que algumas pessoas não vivem por
nascerem como fruto de duas pessoas que se amam... Há mistérios por trás de algumas pessoas, que vão muito além da realidade
humana. Um dia, alguém será capaz de entender isso... E aceitar, por mais difícil
que pareça ser...


Tentando ser o mais discreto possível, ele caminhava tranqüilamente.

O Ministério da magia não estava tão cheio aquele dia, mas ainda assim, haviam pessoas suficientes para pegá-lo.

Sabia que teria sérios problemas se o encontrassem onde pretendia ir... Mas esse pensamento não o impedia de ir busca-la.

Já havia se passado uma semana, e ela ainda estava lá. Era preocupante, considerando o quão dependente ela sempre fora. Provavelmente não havia comido nem bebido nada, todo esse tempo. E francamente, pensava ele, ás vezes parece que ela não precisa dessas necessidades básicas pra sobreviver.

Quando finalmente chegou numa das áreas mais desertas do Ministério, sem ser visto, implorava ele, apertou o passo. Não que pensasse que ela pudesse estar correndo risco de vida... Afinal de contas, se ela tivesse ficado quietinha, nada poderia ter acontecido.

Ele temia que ela tivesse ido atrás dele... Sentia que não, mas ainda assim temia. Enquanto andava, podia sentir no ar as vibrações, a tensão que aquele lugar havia atravessado há sete dias. Pode sentir o cheiro do desespero... Cheiro do medo...

E se apressou mais, agora temendo que ela pudesse ter sentido toda essa energia negativa também.

Soltou um suspiro aliviado quando a viu deitada no chão...

Viva, ele tinha certeza.

Chegando até lá e abaixando-se ao lado dela, tirou mechas de cabelo de seus olhos. Dormia tão profundamente, que parecia não ter feito nada alem de descansar naquele lugar. Sacudindo-a levemente pelos ombros, chamou-a, tentando acorda-la.

"Garota? Você já dormiu bastante, está na hora de acordar... " - disse suavemente. E com a mesma suavidade, ela começou a se remexer... e lentamente abriu os olhos. Piscou algumas vezes, olhando o homem perto dela. Esfregou os olhos enquanto se sentava, um pouco desconfortável.

"Quem é o senhor?" - Ele sorri, olhando o rosto inchando de tanto sono dela.

"Remus Lupin." - e acrescentou, antes que ela perguntasse - "Amigo do Sr. Black."

"Ahh... Olá..." - diz, esfregando os olhos. Tenta sorrir, querendo parecer amigável ao senhor que acabara de conhecer. - "Eu sou... er... bem, eu não sei quem eu sou..."

Ele dá uma leve risada, e diz, ajudando-a a se levantar. - "Tudo bem, não tem importância... "- e então acrescenta - "Não é melhor voltarmos pra casa? Você deve estar com fome."

Sem pensar muito, ela o acompanha... Até se lembrar do por que dela estar naquele lugar.

"Espera, Sr. Lupin... e o Sr. Black? Eu estava esperando por ele... Ele já foi pra casa enquanto eu estava dormindo?"

"Não... ainda não..." - antes que ele pudesse acrescentar qualquer coisa mais, ela o interrompeu.

"Então devemos esperar, não é? Acho que ele não demora..." - Com a intenção de voltar pra frente da cortina dançante, ela se vira... Mas Lupin a impede, segurando seu braço, forçando-a a se virar de volta a ele.

Olhando-a nos olhos, diz. - "Ele não voltará tão cedo..."

O rosto dela se entristece... Visivelmente. Então ele diz. ... - "mas ele se preocupa com você. E preferiria que você o esperasse na casa dele."

"Ele disse isso pra você?"

Se cuida...

Hesitante, diz... - "Disse."

Ela sorri abertamente - "então vamos!"

Saindo do Ministério da Magia, ele pode notar que, enquanto andavam, as pessoas pareciam não notar a presença da garota ao lado dele. E os poucos que a viam, olhavam-na com estranhas expressões. Estes eram sempre poderosos bruxos. A maioria aurores. Enquanto ela, a garota, parecia não se importar... Via nos olhos dela que a única coisa que tinha em mente era a de fazer o que o "Sr. Black" pedira.

Lupin voltara a pensar sobre esse estranho respeito que a garota tinha por Sirius... Coisa que até mesmo Sirius havia se perguntado o que significava. E ao mesmo tempo, pensava no por que dele ter levado a garota pra casa. Não havia por quês... Ele pegara a garota dormindo na calçada, e levado pra casa, pra cuida-la. Sem razão alguma pra isso.

Simplesmente assim.

"Tem algo de estranho nessa garota..." - disse Sirius a Lupin logo no primeiro dia.

Eles já haviam se apresentado, e ela, voltado a dormir.

"Acha que ela quer alguma coisa com a Ordem? Talvez esteja mentindo? "

"Não, não... "- diz ele, balançando levemente a cabeça - "ela é inofensiva. Não vai fazer nada contra nós. Disso eu tenho certeza. "

"Como? Como você pode ter tanta certeza? "

"Eu não sei... Só sinto. E honestamente, essa certeza me assusta. Eu não consigo entender como ela consegue me convencer tanto, sem mesmo notar... Sem mesmo estar acordada pra dizer uma palavra a seu próprio favor..." - disse vagamente, tecendo os dedos pelos negros fios de cabelo dela.

"De certa forma," - acrescentou ele, um tempo depois - "ela me assusta. "

Logo que chegaram na casa, ela baixou a cabeça, pedindo licença, e foi para o seu quarto.

Aquele mesmo quarto em que Sirius a colocara ao tira-la da rua. Ela sabia que a partir daquele momento, o quarto se tornara dela. Seu amigo também sabia que, uma vez que a colocara dentro de sua casa, ela não sairia mais. E surpreendentemente, esse pensamento parecia conforta-lo.

Sentando-se numa poltrona, Lupin esfregou a testa, tentando concentrar pensamentos. Pretendia desvendar mais mistérios que o seu cérebro parecia ser capaz de agüentar.

Primeira pergunta.

Quem era ela?

Parecia fácil... Mas sabia que talvez esse fosse o mais complicado e misterioso segredo que esse mundo guardava. Mas não importava quão difícil fosse, ele iria descobrir...

Em nome de Almofadinhas.

Almofadinhas...

Dois dos marotos estavam mortos.

Pontas e Almofadinhas.

A dupla mais problemática que Hogwarts já enfrentara, anos passados.

Mortos.

Lupin ficara com a obrigação de cumprir o desejo maior deles dois.

O primeiro, Tiago havia pedido a Sirius... E agora, com a morte deste, o dever passara a Lupin. Junto com mais um pedido de Sirius.

Certificar-se que Harry Potter, o único descendente dos marotos, estivesse sempre bem. Por mais que o desejo fosse difícil, Lupin, assim como Sirius, não mediriam esforços pra cumpri-lo.

E o pedido de Sirius... Era cuidar e descobrir quem era a jovem garota.

Complicado...

Mas ele sabia o que fazer.


"O que exatamente você quer saber?"

Lupin fora a procura de uma velha amiga. Ela tinha fama de ser excelente em um dos maiores poderes que os bruxos possuíam. Ele, como muitos bruxos, não acreditava muito nessa arte... Até conhece-la.

"Há uma garota na casa onde eu moro nesse exato momento... Eu gostaria de saber quem é ela. Pode ver isso pra mim?"

A mulher passa a usar a bola de cristal, fazendo movimentos com as mãos. Lupin nada vê.

"Amnésia?" - ela diz, levantando levemente os olhos pro senhor a sua frente. Um pouco espantado com a rapidez, ele assente lentamente com a cabeça. - "A cabeça dela é muito vaga." - diz, respondendo a pergunta não-feita de Lupin.

"Mas então..." - diz ele, um pouco atordoado - "Você poderia me dizer, por exemplo... o nome dela?"

Ela volta a olhar na bola de cristal. Lupin continua sem nada ver. Ele nota certa dificuldade nas ações dela, parecendo tentar e tentar descobrir repetidas vezes. Após um tempo, olhando nos olhos dele, ela lhe explica - "Remus... Eu enxergo o passado das pessoas através dos olhos delas. Vejo no interior da cabeça. Procuro lá dentro, as respostas pras perguntas necessárias. Essa pergunta... o nome dela, está adormecido. Protegido por alguma coisa, que me impede de alcançar. Desculpe, eu não posso te dar essa resposta."

Ele baixa a cabeça, desanimado... Se ela não podia entrar na cabeça da garota, quem poderia? Se até mesmo o nome estava tão... tão... "adormecido", que dirá de todo o seu passado? Como ele poderia descobrir mais sobre ela? Foi então que notou que a mulher voltara a falar. ... - "e como eu estava dizendo, sou eu quem vê através do que as pessoas já sabem. Mesmo que inconscientemente."

"Isso quer dizer que... há outras formas de se descobrir?"

Ela assente, e volta a falar - "Minha bola de cristal vê pela aura, tudo o que uma pessoa já viveu. Ou quase... Ela poderá te mostrar o que é necessário. Ou o que não fará mal algum."

"Então... tente ver quem é... a... mãe dela!" - ele diz, voltando a se animar.

"Pergunte a ela. A bola de cristal, pergunte a ela." - agora com os dedos apontando na bola reluzente a sua frente.

"Ahh... perguntar?" - remexendo-se na cadeira, Lupin cora, embaraçado. Olhando pra bola de cristal ele diz, sem notar a mulher a sua frente, com a mão na boca, abafando o riso. - "Eu gostaria que você... ah... me dissesse... me mostrasse a mãe da garota que se encontra na minha casa. - termina um pouco mais confiante.

E então, finalmente, pode ver alguma diferença na bola. Um nevoeiro se mexendo... Se preparando para dar-lhe uma resposta que lhe leve a solução de seu enigma...

Via a neblina dentro da bola ir pouco a pouco se dissipando, se tornando uma imagem mais nítida... até se completar.

Remo Lupin torceu o rosto, inclinando, tentando entender o que estava diante de seus olhos...

Continua...


Finalmente o sequel de Neblina de Memórias . Esse capítulo já estava pronto há um bom tempo, e eu tinha a intenção de postá-lo só quando o fic inteiro já estivesse pronto... Mas resolvi colocar já. Vai ser curto, e espero que não fique muito complicado de se entender .

Eu queria agradecer aos reviews que me escreveram pelo Neblina, eu fiquei muito, muito feliz! :) . E também queria pedir desculpas por conta de um pedido que me fizeram com relação a essa história... Uma coisa que eu não vou poder realizar, por ir contra a minha idéia original. Mais tarde vocês vão entender, mas eu queria deixar já as desculpas aqui. .'

Bjs e obrigada!