Capítulo anterior...
E então, finalmente, pode ver alguma diferença na bola. Um nevoeiro se mexendo... Se preparando para dar-lhe uma resposta que lhe leve a solução de seu enigma...
Via a neblina dentro da bola ir pouco a pouco se dissipando, se tornando uma imagem mais nítida... até se completar.
Remo Lupin torceu o rosto, inclinando, tentando entender o que estava diante de seus olhos...
Flor de Lágrimas
Capítulo 02 - Das peças, tua imagem
"Mas... o que... por que não apareceu nada?" – pergunta Lupin confuso.
A mulher observa sua bola de cristal, também tentando entender... Os olhos negros estreitos, pensativos... Mão no queixo, encarando a imagem a sua frente.
Não havia nada.
Absolutamente nada.
Nem mesmo o branco da neblina, nem mesmo a cortina de fumaça. Um vazio mortal, quase impuro, de tão deprimente.
Depois de muito pensar, ela diz – "A garota não tem mãe."
Lupin olha pra ela, pedindo por mais. – "Mesmo estando morta, você não pode me mostrar? Não é possível?"
"Ela não tem mãe, Remus. Nem viva, nem morta."
"Mas como? Isso não é possível, tem que ter alguma explicação..." – ele diz, tentando enxergar mais pela bola de cristal.
"Remus."
Ele volta a olha-la... A seriedade que encontrou em seus olhos o surpreendeu. Era algo fora do comum. Mesmo nos piores momentos, ela parecia ter algo a sorrir, desde os tempos que se seguiram de Hogwarts. Com um tom mais assustador ainda, ela volta a falar.
"Essa garota não tem passado, Remus. Nem futuro. O presente dela dura instantes, enquanto a memória agüenta guardar. Quando ela esquece, o passado morre. Pra começar daquele instante, um novo presente. A única coisa que a sustenta, é a existência de um homem na mente dela. É esse homem que a faz viver."
Sirius
"Qual... Por que a ligação entre ela, e esse homem? Qual o motivo dessa ligação?"
Os olhos dela se contraíram novamente, agora encarando fora a janela, ao lado dela. – "É melhor você voltar pra casa, Remus." – ele pensou em se recusar... pensou em dizer não, e perguntar mais sobre a ligação que Sirius tinha com a garota. Pensou em, talvez, perguntar quem era o pai... Ela não tinha mãe, mas de alguma lugar ela havia nascido. Mas desistiu de tudo isso, saindo apressado pra casa no instante em que a mulher a frente dele o encarou novamente... os olhos vagos, quase vazios, e disse, com a voz tão fria quanto os olhos... – "Agora."
Lupin logo aparatou pra casa de Sirius. Imediatamente começou a procurar a garota. Em passos apressados, pulando degraus, chegou ao quarto dela... E não a encontrou lá.
Correu pela casa, buscando, procurando...
Uma pessoa "desaparecer" em uma casa como aquela não era algo difícil... Lupin sabia disso, mas corria, tentando se concentrar nesse pensamento. Atravessou quartos e mais quartos até encontra-la...
Deitada no chão, assim como no Ministério da magia.
Mas entre essas duas situações, havia uma diferença...
Lá, ela estava dormindo... Pacificamente...
E aqui, ela estava...
Inconsciente.
Caída.
Rapidamente colocando-se ao seu lado, Lupin ergueu a cabeça dela com uma mão, e chamou por ela. Esperando por resposta, ele dava leves tapinhas no rosto dela, ainda chamando-a.
"Mmm?" – A garota diz, abrindo lentamente os olhos, até se estabilizar e postar-se mais alerta – "O que aconteceu? Quem é o senhor?"
"Remus Lupin" – responde ele automaticamente – "Vem, levanta" – disse, puxando-a pelos braços, e uma vez em pé, ele segura-lhe o rosto. – "Está tudo bem? Sente alguma coisa?"
Ela fecha os olhos, se firmando, e responde quando os abre – "Tonta..."
"Deve ser fome." – Remus diz prontamente. – "Vamos comer alguma coisa." – E a encaminha até a cozinha.
"Estrelas?"
"Exatamente. São milhares delas, e estão todas aqui. – disse Sirius, apontando um mapa na mesa."
Ela olha maravilhada para os milhares de pontinhos brilhantes no enorme pergaminho.
"Quase toda a minha família tem nome de estrelas." – ele volta a falar, recuperando imediatamente a atenção dela. – "Essa é a estrela Sirius" – e ela prontamente acompanha o sorriso dele – "Aqui está Regulus, meu irmão mais novo" – disse, agora com um ar de desprezo. – "Andrômeda, minha prima bacana."
Os olhos da garota se detiveram em um nome, cujo ela logo pronuncia em voz alta.
"Bellatrix..."
"Humph. Outra prima. Uma o qual eu não sinto a menor falta." – disse sem erguer os olhos.
Se o tivesse feito, teria visto a garota fechar os olhos e contorcer o corpo em um arrepio lhe atravessando.
"E qual você gosta?" – disse ela, numa voz levemente esganiçada.
Sirius abre um enorme sorriso.
"Eu gosto dessa aqui." – diz apontando outro pontinho.
Ela inclina o corpo, olhando a estrela com um sorriso, e um meigo brilho nos olhos.
Remus a observava comer estupefado. Ela devorava pratos e mais pratos, como se tamanha quantidade de comida fosse o natural para um ser humano.
E o mais assustador era que não parecia que ela comia por fome. Mas simplesmente por ser bom. Por gula. Ele já observara que algumas vezes ela passava 1 ou 2 dias sem comer absolutamente nada. E em outras, comia bem, e assaltava a geladeira pela noite.
Com um pesar no peito, ele não pode deixa de notar em como essa característica lembrava o pequeno Pedro Pettigrew. E pensar em Pedro Pettigrew olhando para a garota, o levava inevitavelmente a pensar em Sirius. E pensar em Sirius doía.
Ah, como doía...
Se fingir de forte na frente de Harry para protege-lo é bom, pois um pouco dessa barreira o protegia também. Ter de sustentar os outros, o evitava de lembrar que ele próprio precisava de sustento.
Mas assim, agora... Sozinho, apenas observando-a...
Isso o colocava frente a realidade que ele tanto queria apagar. Estava sendo exposto pela segunda vez ás cinzas do inferno nessa sua vida amaldiçoada pelo brilho da lua.
Distraidamente, Remus pegou um porta-retrato, cujo mostrava Almofadinhas e Pontas sorrindo alegremente. Foto que ele próprio, Remus, tirara; mostrando aos dois sangue-puro como se funcionava uma maquina fotográfica trouxa.
Sirius não se conformara com sua imagem tão 'paradona'.
Remus não reparara que a garota havia terminado de comer e debruçado sobre a mesa para também observar a foto. E ela continuaria despercebida se não houvesse se pronunciado. Continuaria sem importância se não tivesse dito tais palavras.
"Eles eram demais, não eram?"
Remus não pode conter seus olhos de se arregalarem totalmente.
"Você não acha que já esta na hora de tirar essa garota daqui?"
"Ela nunca fez nada, não há neces..."
"Como você pode saber, Lupin?? Ninguém sabe quem ela é, de onde veio... Você e Black sequer sabiam o nome dela!"
Remus corre os dedos pelo cabelo, suspirando frustrado.
"Que mal ela poderia fazer, Moddy? É só uma criança..."
"Só uma criança... Só uma criança... Quando eu tinha onze anos, que deve ser aproximadamente a idade dela, já que nem isso vocês sabem, eu já sabia muito bem receber e cumprir ordens! E sabe-se lá de quem ela está recebendo as dela!"
"Moddy, eu duvido mui..."
"Seria melhor você tirar logo ela daqui, Lupin... Antes que seja tarde demais..."
"Quem é ele?" – ela pergunta, encolhida em um canto. Sirius não desvia seus olhos de Bicuço, continuando a afagar sua cabeça.
"Meu afilhado, filho de meu melhor amigo."
"Do Tiago?"
Sirius apenas assente, sem se dar conta de que a garota conseguira memorizar mais um nome.
Um longo silencio se seguiu, em que Sirius continuava a cuidar do hipogrifo, e ela apenas o observava. Depois de vários minutos, a garota finalmente quebra o silencio.
"Vocês brigaram?"
Os olhos de Sirius se desfocam, distantes... amargurados.
"Não... Mas ele já vai ter que ir embora de novo."
Ela centra os olhos pensativos.
"Então você devia estar lá com ele enquanto pode, não é?"
"É..." – e ele finalmente vira seus olhos para ela – "Mas eu me sinto como se fosse perder o meu amigo, meu irmão mais uma vez."
Ela sustenta o olhar cheio de dor dele, antes de não mais poder agüentar e se levantar, se apoiando na grade da janela e observar o mundo a fora.
"Grades, garota... Grades. Esse era o meu quarto. Meu quarto com grades. E eu preso nesse lugar, sem poder sair sequer pra tomar sol. Me sinto de volta a Azkaban."
Ela tece os dedos pelas barras de aço, seus olhos cinzentos se desfocando levemente...
"Cheiro de dor... de desespero... Essência do medo, alma de culpa... Loucura solidificada nas paredes desse lugar..."
Sirius observava a garota, seus olhos estreitos, confusos e intrigados...
"É... essa é Azkaban."
Continua...
- Bicuço ficava no quarto da mãe do Sirius... Mas eu tive que trocá-lo de lugar, heheh! . Acho que não faz muita diferença, né?
Ahh.. Okay, okay. Eu sinto muito muito mesmo pela demora .
Mas a história não queria sair!
E eu também sei que esse capítulo foi um tanto quanto decepcionante, mas ele deixou várias questões soltas no ar... Como a maioria das minhas histórias ; )
Ameria A Black – Err.. Que bom que você lembrou . Espero que não tenha se esquecido do cap passado tb XD
Jéssy – Heheheh, esse cap num acabou em suspense. Obrigada pela review!
Natália – Mil perdões! .' Eu infelizmente não pude te mandar um e-mail, por que ele está dando problema... Mas eu te respondi no meu blog, acho que você não viu... Eu disse mais ou menos que espero que você esteja viva e bem, senão eu entro em depressão por remorso e não consigo mais escrever XD Mas me desculpa mesmo, eu prometo que o próximo capítulo vem mais rápido... Isso se você ainda quiser acompanhar essa fic, né? .'
Muito obrigada mesmo pelas reviews, eu fiquei muito, muito feliz! . Tava achando que ninguém gostava desse fic! Continuem a me mandar mensagens, heheh! Elas são a minha inspiração!
Mas então... Até o próximo capítulo!
