AIORIA VÊ O ROSTO DE SUA AMADA


Marin voltava para sua cabana. Sentia uma dor terrível em seu peito. Lembrava das palavras que dissera para Aioria e a forma como as dissera. Como pôde feri-lo daquela forma? Seu melhor amigo? O homem que amava? Andava rapidamente pelo caminho ladeado por grandes e frondosas árvores pensando em todas as emoções e frustrações pelo qual passara naquele dia.

Parou de súbito, com a nítida impressão de estar sendo observada. Olhou ao redor durante alguns segundos. Não sentia a presença de ninguém, mas aquela sensação continuava forte. Mesmo apreensiva, ela retomou seu caminho. Andou alguns passos e ouviu o som de alguém pisando em galhos secos. Parou novamente.

– Quem está aí? – perguntou irritada. Um vulto saltou de entre as árvores e pousou graciosamente a sua frente. Marin a encarou e ficou em posição defensiva. Sentia que o cosmo emanado pela mulher a sua frente não era nada amigável.

– Olá, Amazona de Águia. – disse a estranha, um meio sorriso curvando-lhe os lábios, encarando Marin com desprezo. Sua armadura era dourada e nenhuma máscara lhe ocultava o rosto. Os cabelos negros esvoaçavam e os olhos cor de mel a fitavam desafiadoramente. – Meu nome é Pentessiléia. – disse, assumindo uma posição de ataque. – Ártemis me mandou aqui para dar-lhe um recado... Honre sua condição como Amazona e afaste-se do Cavaleiro de Leão! – As palavras dela fizeram com que, inconscientemente, Marin baixasse a guarda. Os olhos da Amazona brilharam ante a oportunidade perfeita de ataque e Pentessiléia resolveu dar uma amostra de seu poder: - EM NOME DE ÁRTEMIS!!!! – gritou, atacando a Amazona de Águia.

Marin acompanhou o movimento da Amazona que saltou sobre ela. Mas esta desapareceu ao passar frente ao sol. A Amazona de Prata não conseguia vê-la e, pega de surpresa, foi atingida com um forte chute, que a jogou contra uma das árvores. O baque fez com que a máscara de Marin caísse e se partisse. Sentindo fortes dores no abdômen, nas costas e na cabeça, viu Pentessiléia desaparecer antes de mergulhar na escuridão.

Aioria havia seguido a Amazona de Águia. Tinha que esclarecer o que estava acontecendo. Tinha certeza de que Marin não estava agindo normalmente e tinha que saber o que estava incomodando a amiga. Caminhava rapidamente quando escutou o som de vozes alteradas. Ouviu quando a voz de uma mulher gritou o nome Ártemis e se apavorou.

– Marin... - pensou, um mau pressentimento apossando-se de seu coração. Marin estava em perigo! Correu, seguindo o som de luta. O que estava acontecendo?

As vozes cessaram e os sons também. Aioria correu rapidamente por entre as árvores, até que a avistou:

– Marin! – apressou-se até ela. A Amazona estava caída de bruços. – Marin... – Aioria tomou-a em seus braços e virou-a para si. Seu coração disparou. Era a primeira vez que via seu rosto.

Já se pegara pensando em como seriam seus olhos, sua boca, o nariz, o formato de seu rosto, mas nunca esperava tamanha beleza. Restava-lhe apenas saber qual seria a cor de seus olhos. Apoiou a cabeça dela em seu braço esquerdo e afastou os fios sedosos e acobreados do rosto delicado.

Aioria sabia o que aquele momento significava. Talvez Marin jamais o perdoasse por tamanha ousadia, mesmo que não tivesse sido "intencional".

Seus olhos percorreram todo local e pousaram sobre a máscara de Marin. Voltou a olhá-la e assustou-se ao ver o filete de sangue que escorria de seus lábios. Havia arranhões e alguns hematomas em suas costas, braços e pescoço.

– Marin... – carregando-a no colo, Aioria levou-a de volta para o Santuário.


Aioria entrou na Casa de Leão e caminhou até seu quarto. Entrou e, aproximando-se da cama, deitou-a suavemente. Ajoelhou-se ao lado da cama e acariciou o rosto de Marin suavemente. Levantou-se e foi até a pequena cozinha.

Tratou de ferver água e conseguir alguns panos limpos. Voltou para o quarto e, mergulhando o pano na água quente, e começou a limpar os ferimentos dela. Fazia-o delicadamente vendo que, ao ser tocado, o rosto de Marin se contorcia levemente de dor. Em seguida, cobriu-a.

Puxou uma cadeira para perto da cama e ficou a velar o sono da Amazona.

Acordou com o movimento. Marin estava agitada. Parecia delirante. Aproximou-se da Amazona e tocou-lhe o rosto suavemente. Ela estava ardendo em febre.

Imediatamente, levantou e foi até a cozinha. Pegou uma tina, encheu-a com água fria, voltando para o quarto em seguida. Ajoelhando-se ao lado da cama, ele pegou alguns panos limpos e mergulhou-os na água fria, colocando sobre a testa dela, buscando baixar a febre. Trocando as compressas de tempos em tempos. Levou quase uma hora, mas finalmente a febre cedeu.

Respirando aliviado, tornou a se sentar na cadeira ao lado da cama. Olhou para a Amazona e deu um sorriso triste. Tomou a mão de Marin e fitando seu rosto, pensando em como explicaria a ela tê-lo visto descoberto.

Seus olhos percorreram todo o rosto dela e se fixaram em seus lábios. Há quanto tempo desejava beijá-los? Sem conseguir mais resistir, inclinou-se sobre ela e beijou-a de leve. Afastou-se relutante e tornou a olhá-la:

– Até quando conseguirei esconder o que sinto por você Marin? – murmurou suavemente. Ficou ainda alguns minutos a fitá-la.

Finalmente, Aioria se levantou e foi para a sala, onde havia arrumado o sofá no qual dormiria aquela noite. Já deitado, pensava em quem poderia ter atacado Marin e por quê. O que ela descobriu no Templo de Ártemis que a deixou tão perturbada?

Com esses pensamentos, finalmente adormeceu.


Marin acordou, incomodada com a luz do sol que entrava pela janela e envolvia a cama em que se encontrava deitada. Ao tentar virar-se para evitar a luz que batia diretamente em seus olhos, sentiu uma forte dor nos ombros e nas costas que acabou por despertá-la totalmente. Sentou-se na cama e percebeu que não estava em seu quarto. Não era sua cabana. Mas algo naquele lugar lhe era familiar. O cheiro.

– Aioria... - pensou Marin, extasiada. E teve a certeza de estar no quarto dele quando viu a caixa dourada da Armadura de Ouro de Leão no canto esquerdo do quarto e na cômoda, ao lado da cama, uma foto de Aioria, ainda criança, e seu irmão Aioros.

Apesar de sentir muita dor, Marin se levantou para olhar aquela foto de perto. Olhou-a com carinho e pôde ver a admiração de Aioria por Aioros expressa na face sorridente do garoto.

Marin amava Aioria e não sabia o que fazer para evitar que algo ruim lhe acontecesse.

Ela afastou-se da cômoda e ergueu os olhos que se alargaram ao se deparar com sua imagem no espelho.

– Minha máscara! – disse, confusa. – Não pode ser... Minha máscara! Aioria... Como pôde?!! – exclamou, com a voz embargada, o pânico expresso em seu rosto. Afastou-se do espelho e sentou-se na cama, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. Agora seria ainda mais difícil proteger Aioria. O que ele estava pensando? Por que fizera aquilo com ela? Ela confiava nele... Por que traíra sua confiança daquela forma?

Ouviu um barulho na maçaneta da porta.

– Ele vai entrar - pensou ela, levantando-se e pondo-se de costas para porta. Seu coração batia forte. Sentia raiva e desespero.

Aioria entrou e encontrou Marin já de pé.

– Marin! – disse, sem perceber o corpo tenso da Amazona, os punhos dela fortemente cerrados. – Vejo que está se recuperando muito b... – foi bruscamente interrompido.

– Como pôde, Aioria?!! – disse ela, não escondendo a decepção que estava sentindo. – Achei que eu podia confiar em você! – Suas palavras feriram Aioria que a encarava confuso. – Minha máscara... – ao ouvi-la, Aioria fechou os olhos e abaixou a cabeça, entendendo o motivo da raiva da Amazona. -... ONDE ESTÁ?!! – esbravejou Marin ainda de costas, o Cavaleiro fitando-a sem parar.

– Marin... – começou ele, tentando explicar o que acontecera. – Eu... Eu não tive a intenção de ofendê-la. Ouvi gritos e vozes alteradas. Senti que você estava em perigo e fui ver o que estava acontecendo e a encontrei... – Aioria quase se perdia nas palavras – Quando a virei... Vi que estava sem sua máscara. Olhei para o lado e a vi partida... Por favor, Marin... Acredite em mim... Eu... Eu jamais a ofenderia – Marin respirou fundo. Acreditava em Aioria. Sabia que ele jamais a desrespeitaria, mas o que lhe preocupava era outra coisa: Ártemis. Se ela soubesse o que acontecera... Não o perdoaria.

– Sabe o que isso significa, não é Aioria? – disse Marin, tentando manter-se fria, não demonstrando o que estava realmente sentindo.

– Marin... – disse Aioria, aproximando-se dela, mas a amazona ao sentir a aproximação dele, aproveitou-se da janela aberta e saiu por ela – MARIN! ESPERE! – chamou Aioria apoiando-se na janela, vendo sua amada ir embora ofendida e magoada. Não agüentaria viver com isso. Não suportaria o desprezo da mulher que amava.

Continua...


Gostaram? Espero que sim. Gente, os capítulos são curtos. Minha primeira fic. Relevem, por favor e não esqueçam os comentários. Obrigada a todos. Tchau. E até o próximo capítulo.