Capítulo 02 - Fantasma camarada
Tiago segurou a chave entre os dedos, embora não precisasse dela, e penetrou pelo portão. Lílian entrou logo em seguida, e depois vieram os dois marotos. Pedro ainda não chegara.
- Acho que com um pouco de tinta aqui e ali, talvez ela se torne habitável.
- Tiago, acho que você vai precisar mais que uma mão de tinta para tornar essa casa habitável. - Remo observou, churtando pedaços de um velho banco.
- Talvez o Rabicho goste. Essa coisa deve ser ainda mais aconchegante que uma toca de rato, não? - Sirius riu divertido.
- Falando no diabo... - Lílian cruzou os braços, observando um rapaz baixinho correr pela rua na direção deles.
Tiago não deu atenção aos amigos, passando pela porta quebrada para entrar na sala, coberta de hera.
- Ora, ora, ora... Parece que meu descendente conseguiu engabelar mais algum trouxa para visitar a MINHA casa. - uma voz forte soou acima da cabeça de Tiago.
- Tiago? Você falou alguma coisa? - Lílian perguntou, parando ao lado dele.
Uma lufada de ar soprou sobre o casal e um homem levemente transparente surgiu diante deles.
- Que encantadora senhorita! - ele segurou a mão dela com prazer e Lílian sentiu um arrepio gélido, enquanto o fantasma beijava seus dedos - Gostaria de fazer companhia através dos séculos a um velho e infeliz cavalheiro?
- Na verdade, ela já tem a quem fazer companhia. - Tiago respondeu ríspido - E quem é você?
- Eu sou o grande Raffles, o maior e mais refinado ladrão de todos os tempos. Minhas aventuras sempre se passaram na Londres elegante dos clubes só para cavalheiros, das grandes recepções de gala...
- Ou seja, já sabemos de onde o senhor Raffle Jr. puxou... - Lílian comentou, passando direto pelo fantasma, que pareceu obviamente despaontado com a falta de atenção dela.
- Senhorita...
- Um fantasma! Ei, Pontas, você não tinha dito que essaera uma casa bruxa. - Sirius entrou, parando diante de Raffles - Sirius Black, muito prazer, parceiro.
- Um Black? - o fantasma estreitou os olhos prateados - Vocês são bruxos?
- Tecnicamente sim. - Remo respondeu.
Pedro apareceu logo em seguida.
- Eu acho que essa escada não está muito segura. - Lílian observou com cuidado, botando o pé no primeiro degrau, que rangiu alto.
- Eu morri ao cair dessa escada. A senhorita não gostaria de rolar por ela? Eu poderia empurrá-la com muito gosto. - o fantasma disse, esperançoso.
- Não, obrigada, pretendo viver muito ainda. - a ruiva respondeu, desaparecendo por outra porta.
- Então, quem é você? - Remo perguntou curioso, olhando para o fantasma.
- Sou Raffles, um...
- Eu já ouvi falar de você! - Sirius exclamou - Você roubou umas jóias da família Black debaixo do nariz do patriarca numa festa, em 1899. E depois mandou um bilhete para eles irem buscar as coisas deles em um clube social que eu esqueci agora o nome e...
- É, bem, eu realmente não...
- Cara, eu sou seu fã! Você fez aqueles velhos babões de besta! - Sirius sorriu alegremente.
Remo meneou a cabeça enquanto Pedro apenas assistia a conversa e Tiago desaparecia pela mesma porta por onde Lílian entrara.
- Então você foi um descumpridor das leis. - Remo observou.
- Respeito a lei, já que a driblo. - o fantasma respondeu com deferência.
- Esse é dos nossos. - Sirius abriu ainda mais o sorriso - Infelizmente eu não posso te dar um abraço, mas quero convidá-lo a se tornar um membro honorário dos marotos. Ainda por cima que vai morar com a gente se realmente ficarmos com a casa.
- Vocês terão que ficar com a casa de um jeito ou de outro. - Lílian disse, entrando na sala de novo - Tiago assinou todos os documentos sem sequer lê-los.
O rapaz entrou na sala nesse instante, e em seu rosto, uma marca vermelha mostrava com perfeição todos os dedos de Lílian.
- O que foi isso? - Pedro perguntou com a voz esganiçada.
- Eu tentei fazer uma brincadeira com ela e...
- Ele tentou me agarrar e eu, no susto, acabei batendo nele. - a ruiva o interrompeu.
- Quer dizer que se não fosse no susto você tinha deixado ele te agarrar? - Sirius perguntou com curiosidade.
- Eu não vou responder essa questão absurda. - Lílian respondeu vermelha.
- Ela ia deixar. - Remo meneou a cabeça enquanto os outros riam silenciosamnete.
Lílian quase explodiu de tão vermelha.
- Devia se acalmar, senhorita, se não quer realmente me fazer companhia. Pode ter um derrame com tanto sangue concentrado na cabeça. - Raffles observou com um meio sorriso.
- Isso definitivamente não é da sua conta. - ela olhou para o relógio - Eu tenho que ir, estou atrasada para o trabalho.
Ela caminhou rápida até a porta, sem olhar para nenhum dos homens presentes no recinto.
- Lily, você não vai me dar nem um beijo de despedida? - Tiago perguntou com biquinho.
- Você está merecendo mais que eu lhe quebre o nariz. - ela respondeu sem olhar para trás e aparatou.
Todos caíram na risada, menos o pobre atingido. Raffles flutuou até perto do moreno.
- Nesse ritmo sua senhorita vai acabar se tornando minha companheira. Ela vai morrer de infarto.
- Ah, cala a boca. - Tiago respondeu simplesmente e voltou a penetrar nas ruínas do casarão.
Nina, eu adorei sua frase... "Não somos loucos. Apenas vivemos em um mundo que não vale a pena ser normal." Acho que vou colocar essa frase na boca de um dos personagens.
Deby, obrigada por "adorar" mionhas fics. Eu também adoro receber seus comentários.
Flávia, eu não prometo ser melhor que EF ou MW porque, como eu disse, foi um surto. E não se preocupe, eu não irei descuidar de Hades!
B.P. Aqui está a resposta a sua pergunta. Segundo capítulo. E então, está gostando?
Isabelle Potter Demonangels, não sei se ela vai ser mais que demais, mas estamos tentando. Beijos para você e para a Babbi
Sandrinha, sua espera terminou. Agora é esperar pelo próximo capítulo...
Paulinha Granger, obcecada? Putz, desculpe, por favor, não me processe por estar viciando você que eu prometo continuar postando!
Lele, desligado é pouco. Você não tem idéia do que esses quatro vão aprontar nesse casarão.
Dynha, também gosto muito de fazer terapia com vocês. Desculpe não ter postado ainda sua carta, está me faltando TEMPO...
Isabelle Potter Demonangels, parece que você estava adivinhando... Raffles vai dar muito trabalho para esses marotos.
A propósito, Raffles é um personagem do inglês E. W. Hornung, que o criou em 1899. Ele era um daqueles ladrões de casaca, que muitas vezes aplicava seus golpes pelo simples prazer de executar uma ação perfeita e difícil. Sou fã desses heróis-vilões e um dos meus projetos de fic para o futuro é fazer uma adaptação das proezas de Rocambole, o anti-herói diversas vezes ressucitado por Poson du Terrail, em seus folhetins (descobri sobre esse galante trapaceiro por causa de um seminário da faculdade. Tá vendo como isso ajuda?)
Beijos a todos,
Silverghost.
P.S.: como estou atualmente bem mais envolvida com Hades e, como eu já disse, essa fic é uma espécie de surto, não prometo atualizações frequentes. Eu estou deixando, pela primeira vez, a história simplesmente se deixar levar. Vamos ver no que dá esse monstro sem roteiro nem planejamento. A propósito, algumas das citações do último capítulo de Marauder's week podem aparecer por aqui, não que essa fic seja uma continuação daquela (embora essas frases possam autorizar tal interpretação), mas porque tem algumas coisas que eu realmente queria fazer esses marotos dizerem e essas fics de humor são perfeitas para isso.
