Capítulo 07 - A faxina
A sala estava uma completa bagunça. Havia água empoçada por todos os lados, a pintura das paredes parecia desbotar rapidamente e um enjoado cheiro de mofo preenchia todos os aposentos. Mas essa não era a pior parte, pelo menos não sob o ponto de vista de Tiago Potter.
Lílian andava de um lado para o outro como uma fera enjaulada, os cabelos ainda pingando. Remo, Pedro e Amélia tinham deixado a cabo da ruiva o papel de cuidar daqueles dois bagunceiros e tinham subido para os quartos a fim de tentarem se arrumar.
- Muito bem... O que eu devia fazer com vocês?
- Lílian, eu... - Tiago tentou começar a se defender.
- É só a gente virar as costas por alguns instantes e vocês já aprontam! Assim não é possível!
- Mas, Lily, nós... - tentou de novo o rapaz.
- Isso é um absurdo. Completamente absurdo. Vocês têm idéia da confusão que já criaram?
Sirius ria em silêncio das tentativas desesperadas de Tiago tentar se explicar. Raffles entrou nesse momento na sala e começou a assistir a discussão.
- Primeiro compram a casa sem sequer dar uma olhada nela.
- Lily, isso foi...
- Depois usam magia à torto e à direito, chamando a atenção da senhrora Figg.
- Lily, escute...
Ela ia ficando cada vez mais vermelha a cada tentativa de Tiago de se explicar.
- E AGORA INUNDAM A CASA E QUASE NOS MATAM AFOGADOS!!!!
Lílian parou para respirar e essa foi a deixa que Tiago encontrou para tentar se explicar.
- Eu admito que tenha culpa em ter comprado essa casa sem prestar atenção no que estava fazendo, até tenho parte na culpa da história da magia, mas dessa vez, eu estou inocente! Foi o Sirius que tentou explodir o registro de água. Eu não pude fazer nada, quando eu vi, já era tarde demais. O Raffles pode confirmar o que estou dizendo, não é verdade, Raffles?
O fantasma assentiu com a cabeça.
- O senhor Black fez tudo sozinho. O que ele disse é verdade.
Aos poucos a ruiva foi se acalmando. Tiago aproximou-se dela, mas Lílian deu um passo para trás.
- Você pode até não ter culpa dessa vez, senhor Potter. Mas podia ter feito alguma coisa para impedir o Sirius.
Sirius cruzou os braços, sorrindo.
- Vocês agora vão começar a falar de mim como se eu não estivesse aqui ou vão começar a discutir a relação?
O casal estreitou os olhos na direção do amigo e Sirius percebeu que aquela era a deixa para ele sair de mansinho, seguido de Raffles. Tiago novamente voltou a se aproximar de Lílian, que dessa vez não recuou.
- O que você tem, Lily? Tudo bem que você sempre foi nervosinha, mas assim também já é demais! Tem alguma coisa estranha acontecendo.
Ela deu um meio sorriso.
- Bem, Tiago, não é muito fácil conviver com os marotos sob o mesmo teto. Eu tenho a impressão de que voltei a Hogwarts... Só falta agora o Snape aparecer e vocês começarem a azarar o coitado.
Tiago fechou a cara.
- Lily, só você para se lembrar do Seboso e ainda dizer que ele é um coitado. E eu só azarava aquele idiota porque ele não perdia a chance de fazer o mesmo comigo.
Ela respirou fundo.
- Não vamos começar a discutir tudo isso de novo, não é? Eu disse que tinha a impressão de ter voltado a Hogwarts. Não que eu não gostasse de voltar... Mas eu certamente teria um infarte se tivesse que passar por tudo aquilo com vocês de novo.
Tiago riu.
- Eu sei que você sempre foi perdidamente apaixonada por mim, Lily. Só que, infelizmente, demorou um pouco para admitir. Você é, certamente, um exemplo de teimosia.
- Isso está começando a ficar repetitivo... - ela suspirou (n/a: e está mesmo. Porque a Lily tem que ser sempre tão teimosa?) - Bem, você pode até não ter culpa no cartório, mas...
- ... vai ter que ajudar a rearrumar a casa. - Amélia completou, descendo as escadas - Precisamos de uma faxina completa nesse lugar.
O rapaz suspirou enquanto os outros ocupantes da casa também reapareciam.
- Isso é realmente necessário?
Ninguém respondeu a pergunta de Tiago, mesmo porque, a casa já tinha uma resposta muito óbvia. Logo o grupo se dividiu em pares tirados na sorte. Tiago e Remo ficaram com o sótão, Lílian e Pedro com o primeiro andar e Sirius e Amélia com o porão. O térreo ficou a encargo de todos quando acabassem.
O sótão não estava assim tão bagunçado, talvez por não haver tubulações que pudessem ter explodido ali. Em compensação, o nível de poeira do lugar era mais do que o recomendável para narizes sensíveis como os da - ATCHIM...- da - ATCHIM... A... - da sua autora e também dos - ATCHIM... - nossos dois queridos marotos. Considerando o fato de que eu não posso entrar no sótão por causa da minha malfadada alergia, as peripécias de Tiago e Remo no sótão não puderam ser registradas. Não que tenha acontecido alguma coisa de interessante, afinal, Remo era certinho demais para deixar Tiago usar magia e Tiago não queria fazer mais uma burrada e atrair a fúria dos olhos verdes para si.
Assim, vamos descer as escadas e entrar no primeiro andar. Os quartos que Remo e Pedro tinham reformado durante as últimas semanas não tinham sofrido muitos danos, pelo menos não para a varinha de Lily. A ruivinha estava tão estranha que bnem se importou em puxar a varinha do bolso e começar a consertar tudo com magia. Pedro apenas observava ela fazer o trabalho que ambos deveriam estar dividindo à moda trouxa, saboreando uma enorme barra de chocolate.
Desçamos mais alguns lances de escadas. No térreo, Raffles parece dançar flutuando pelos salões, enquanto o piano toca sozinho uma melodia muito antiga de valsa. Da janela do salão de baile, o fantasma observa a grande aveleira que domina o jardim, sem notar os estranhos efeitos de seu corpo translúcido na água empoçada a seus pés.
Vamos agora descer mais alguns degraus. O porão. A água ainda não escoou completamente, móveis flutuam ao sabor das pequenas ondas que o bater de pernas de duas pessoas provocam. Sirius e Amélia estão com água pela cintura e ela parece estranhamente vermelha. Motivo? Acho que não é muito difícil adivinhar. Sirius Black tirou a camisa.
Mas Sirius não tirou a camisa para ajudar no processo da faxina ou porque a água estava atrapalhando. Ele tirou a camisa com o firme propósito de provocar a colega. Coisa que, convenhamos, ele conseguiu muito bem.
- Black, será que dá para você abrir aquele maldito bueiro? Quanto mais você demorar, mais tempo vai levar para toda essa água escorrer.
- Mas o que eu posso fazer se toda vez que eu mergulho não consigo chegar ao fundo? Essas roupas estão me atrapalhando.
Amélia mordeu a língua para não mandar que ele tirasse o restante da roupa logo de uma vez. Ela já estava segurando a camisa dele e vê-lo puxando os cabelos para prender num rabo de cavalo era, definitivamente, uma provação dos infernos. Se ela conseguisse passar por aquilo sem trair o namorado, iria para o céu, com toda a certeza.
Hum... Eu acho que esqueci de dizer que Amélia Bones tinha um namorado. Melhor ainda, um quase noivo. Certamente vocês já ouviram falar no auror Gideão Prewett, esperto, inteligente, bonito e bom moço. Tirando essa última qualidade, Sirius possui todas elas em dobro. Devemos ter pena de Amélia?
- Porque você não tenta agora, Amélia?
Ela observou o rapaz, que tinha um sorriso mais do que maroto no rosto, sorriso esse que era resultante do fato de que Amélia estava com uma camisa branca, e que ela ainda não se molhara da cintura para a cima. Amélia resmungou alguma coisa como "pervertido" antes de entregar a camisa dele e prender os cabelos, mergulhando.
Amélia conseguiu retirar o bueiro que impedia a água de escoar de primeira. O que provava sua tese de que Sirius era um pervertido. Só que Amélia não contava com o poder de sucção do buraco agora aberto no chão. E teria sido espremida contra ele não fosse um par de braços fortes ter segurado sua cintura.
Voltemos a subir as escadas. Tiago e Remo estão quase acabando no sótão. Tanto que o moreno combina com o amigo uma troca de pares. Silenciosamente, ele desce para o primeiro andar, onde Pedro está, para sua conveniência, sentado ao pé da escada e Lílian, dentro de um dos quartos.
- Rabicho, sobe para ficar com o Remo, nós já estávamos quase terminando.
- E você? - Pedro fez um olhar de sonso, embora de sonso não tivesse nada.
- Você não quer realmente que eu explique o que vou fazer com a MINHA namorada para você, não é?
Pedro riu e começou a subir as escadas. Tiago, pé ante pé, aproximou-se do quarto em que Lílian estava. Era o aposento real e, para surpresa de Tiago, o quarto estava completamente restaurado. O papel de parede parecia refulgir, a grande cama de dossel cheirava a nova, o espelho da penteadeira parecia nunca ter quebrado.
Ele entrou no quarto e encontrou a namorada parada junto à janela, girando a varinha entre os dedos, com o olhar perdido. Sem fazer barulho, resultado de anos andando sob a capa de invisibilidade em Hogwarts, ele parou bem atrás dela, abraçando-a pela cintura.
- Pensei que não podíamos usar magia, senhorita Lílian Evans.
Ela deu um meio sorriso.
- Qual seria a graça da vida se não quebrássemos algumas regras?
Tiago olhou para ela espantando antes de sorrir. Provavelmente era aquilo que mais gostava em Lílian; a eterna contradição em que a ruiva parecia sempre estar envolvida.
- Acho que eu já ouvi isso antes...
- Não duvido. Eu ouvi essa frase de um certo maroto, há muito tempo... - ela respondeu antes de abraçá-lo pelo pescoço e tirar dele o direito de resposta com um beijo.
Voltando ao porão...
- Black, será que você pode me soltar? Eu já recuperei o equilíbrio. - Amélia murmurou enquanto lutava contra as sensações de ter Sirius Black segurando sua cintura sem camisa. Pobre menina... Quando vai entender que é impossível lutar contra isso?
- Hum... Não tenho muita certeza, Amélia...
- Sirius, por favor, me coloca no chão. - ela pediu tentando manter o euilíbrio, obviamente sem sucesso.
- Eu só coloco você no chão sob uma condição.
Amélia pensou em tampar os ouvidos, tentando desesperadamente pensar em Gideão com seus cabelos negros e olhos quase dourados e um tórax... Nossa, Gideão ainda estava muito distante de ter o tórax de Sirius!
DING-DONG
Amélia suspirou de alívio e decepção quando sentiu o braço de Sirius afrouxar em sua cintura. Ele olhou para a porta pensativo e voltou-se para ela.
- Espera só um pouquinho aí que eu já volto.
Amélia viu o rapaz sair do porão e suspirou antes de segui-lo. Ela é que não ia ficar ali para ser terrivelmente tentada pelo demônio de cabelos negros e olhos azuis que era Sirius Black. Quando chegou à sala, Sirius estava tentando convencer a senhora Figg a sair da casa, mas a velhinha parecia muito disposta a entrar a todo custo e oferecer torta a todos os ocupantes da casa.
- Senhora Figg, eu realmente aprecio o seu cuidado, mas...
- Onde o menino se molhou assim? Ah, Merlin, você pode pegar um resfriado ou coisa pior. Onde tem uma toalha para que eu possa enxugá-lo?
- Senhora Figg...
Amélia a essa altura já subira as escadas e pouco depois voltava seca e segurando sua mala.
- Sirius, por favor, avise depois para a Lily que eu fui para a casa do meu irmão.
Sirius se virou no exato instante em que Amélia acendia a lareira.
- Amélia, espera aí, eu...
- Casa dos Bones!
O rapaz lançou um olhar desconsolado para a velhinha que parecia querer engoli-lo com os olhos. "timo. Aquele dia estava indo de mal a pior...
Vejamos... Beijos para a Helena Black, Isabelle Potter Demonangels, Naiara, Ana Luthor, Tainah, Lily Dragon, Je Black, Xianya, ei!, Marmaduke Scarlet, Adriana Black, Lisa Black, Marcellinha Madden, Tathi, Deby, Dynha Black, Ameria A. Black, Keshi, Juliana, Nina e MaRiA. Desculpem por não ter agradecido seus comentários no capítulo passado, mas é que eu estava na faculdade correndo porque dali a dez minutos eu ia fazer prova (que foi muito bem aliás! Obrigada a quem me desejou sorte).
Beijos,
Silverghost.
