Capítulo 08 - Goteiras em fim de noite
- Certo. Obrigada, senhor Cavendish. Até. - Lílian desligou o telefone e virou-se para Tiago, que a observava com atenção - Eles acabaram de detetizar a casa. Eu e a Amélia já podemos voltar.
Tiago fez cara de quem não tinha gostado nem um pouco da notícia enquanto voltava a se deitar com o braço sob a cabeça.
- Então você vai embora?
Lílian levantou-se, depositando o telefone sobre a mesinha de cabeceira e andando pelo quarto. O aposento real era realmente muito grande, o maior de todos os quartos da casa, e também o mais suntuoso. A ruiva se sentou junto à penteadeira, observando o céu escuro. Nuvens começavam a esconder as estrelas.
- A Amélia viajou com os irmãos. Estranho, não? Ainda acho que o Sirius aprontou alguma coisa com ela ontem no porão.
- Você está fugindo do assunto, Lily.
Ela respirou fundo.
- Não sei se é uma boa idéia continuar aqui. Não com o humor que eu ando nesses últimos dias. Mas eu não estou com muita vontade de ficar sozinha naquele apartamento.
- Ah, Lily, não se preocupe. Todos nós nos acostumamos com as suas mudanças de humor. Nos conhecemos desde os onze anos, lembra? - Tiago sorriu, levantando-se e segurando a namorada no colo - Fica aqui?
Foi a vez de Lílian rir.
- Não é muito justo você ficar fazendo biquinho para mim. Assim eu não consigo resistir, ora bolas!
- E quem disse que é para você resistir?
Tiago se inclinou, tentando roubar um beijo da ruiva, mas nesse exato momento, uma explosão foi ouvida e as luzes da casa se apagaram. O rapaz sentiu Lílian se mexer dentro do seu abraço até se soltar.
- Lumus! - ela apareceu sob a luz fraca da varinha - O que foi que aqueles malucos aprontaram agora?
- Nem olhe para mim. Eu estava com você. Dessa vez a culpa não foi minha!
- Vamos olhar.
Eles saíram do quarto pé ante pé, descendo as escadas que levavam ao hall do casarão. Lílian tropeçou em alguma coisa e foi ao chão.
- Quem está aí?
Alguém se levantou e iluminou o rosto da ruiva.
- Sou eu, Lily, Sirius.
Tiago aproximou-se.
- O que aconteceu?
- Eu ouvi o barulho de explosão e vim ver. Vocês estavam juntos? - Sirius perguntou com um sorriso malicioso.
Tiago se lembrou que saíra do porão para ver se Lílian estava bem e acabara passando tempo demais lá em cima.
- Sirius, você já os encontrou? - a voz de Remo veio da cozinha.
- Eles estão aqui, Remo. Desceram quando eu estava me preparando para subir.
Pedro e Remo apareceram.
- Vocês ouviram a explosão? - Pedro perguntou, tremendo.
Nesse momento, a campainha tocou. Os cinco se entreolharam e Lílian puxou o robe para mais junto do corpo enquanto seguia para a porta, abrindo-a. A senhora Figg olhou para ela espantada.
- Querida, você também está aqui? Pensei que só viesse na hora das refeições.
- Ocorreu um acidente no meu apartamento e eu vim passar a semana aqui. Mas vá entrando, Sra. Figg, parece que vai cair um toró.
A velha assentiu e entrou na sala. Só nesse instante é que Lílian percebeu a burrada que tinha feito. Não, não era porque os rapazes estavam com varinhas para iluminar a sala, afinal, Arabella Figg sabia sobre magia. O grande problema é que todos tinham acabado de se levantar de suas camas. Pedro era o que tinha o pijama mais composto. Mas Remo e Sirius estavam sem camisa e Tiago estava com uma de suas cuecas samba-canção de abóboras risonhas. Ou seja, quando a sra. Figg botou os olhos nos três, quase teve um infarto. Muito distante, um trovão soou.
- Eu... errr... - a boa velhinha começou a gaguejar, enquanto Remo e Tiago sumiam na direção do porão para se trocarem. Sirius apenas cruzou os braços, achando graça na situação.
- A senhora está se sentindo bem? Quer que eu vá buscar um copo d'água? - ele perguntou com falsa solicitude.
- Não, na verdade eu só vim avisar... Um raio caiu no gerador, no começo da rua. Está faltando luz em todo o bairro. Eu pensei que, por serem bruxos, talvez não estivessem acostumados com isso, por isso vim aqui.
Lílian assentiu com a cabeça.
- Bem, sra. Figg, a sra. já avisou. Muito obrigada. Mas, a sra. sabe quando vão consertar o gerador?
- Se realmente começar a chover, só depois que a água parar. Pode levar dias. - a velha senhora respondeu, dirigindo-se para a porta - Errr... Boa noite. Divirtam-se queridos.
E com esse último desejo, ela sumiu porta afora. Sirius virou-se para a ruiva, divertido.
- O que ela quis dizer com esse "divirtam-se"?
Lílian suspirou enquanto mais um trovão se fazia ouvir nas vizinhanças.
- Provavelmente ela acha que vamos fazer algum tipo de orgia... Isso é o que dá conviver com vocês.
- Ora, Lily, nós sabemos que você ama a todos nós igualmente.
- Almofadinhas, pode começar a afastar as patas da MINHA namorada. - Tiago reapareceu na sala com Raffles.
Lílian apenas meneou a cabeça e seguiu para a cozinha.
- Eu vou fazer alguns sanduíches.
O fantasma flutuou atrás dela enquanto a chuva afinal começava a tamborilar acima do teto deles. Ou pelo menos, era isso que os quatro marotos pensavam quando voltaram a se juntar, pelo menos até um insistente pingo começar a cair sobre a cabeça de Remo.
- Pessoal... Eu acho que temos problemas. - o lobisomem se pronunciou depois de mudar pela sexta vez de lugar e continuar sentindo a perseguição do frio pingo d'água.
Foi a vez de Sirius levar a mão à cabeça e, após dar um passo, aparar mais uma gota no braço.
- Maravilha... Goteiras em fim de noite. Tudo o que eu pedi a Merlin.
A essa altura, Tiago e Pedro já tinham sido atingidos. Lílian reapareceu na porta e logo percebeu que eles estavam tendo o mesmo problema que ela encontrara na cozinha.
- Pessoal, venham pegar as panelas. Temos que colocá-las onde estiver pingando ou vamos acabar tendo um segundo dilúvio.
Os quatro marotos suspiraram mas logo começaram a obedecer a ruivinha. Enquanto isso, ela continuava fazendo sanduíches, ouvindo Raffles falar sobre sua vida passada.
- Quer dizer que você estudou em Beaubextons? - ela perguntou enquanto cortava os pães.
- Sim... E foi lá que eu conheci Madame Thorénc.
- E essa madame Thorénc era sua namorada.
- Eu não chegaria a tanto. Acho que ela nunca soube do que eu sentia por ela. Em todo caso, na nossa formatura, ela aceitou vir à festa que meus pais deram. O salão de baile foi inaugurado nesse dia. E eu o inaugurei dançando com ela.
- E como foi que você entrou para a vida de crimes?
- Meu pai perdeu toda a nossa fortuna no jogo, de modo que vivíamos de fachada. Até eu começar a aplicar meus pequenos golpes. Enriqueci tanto que comecei a roubar apenas por diversão. Para ser exato, pelo gosto da aventura.
- Ou seja, você era uma versão mais elaborada dos nossos amigos. - ela indicou os quatro rapazes que corriam pela casa depositando panelas e bacias debaixo das muitas goteiras que pareciam a cada minuto se multiplicarem.
Tiago começou a se irritar com aquilo e, decidido, pegou a caixa de ferramentas e uma capa de chuva, saindo da casa pela porta principal. Sirius e Pedro entreolharam-se enquanto Remo ia atrás do amigo.
- Pontas, onde você pensa que vai debaixo dessa chuva? - Remo perguntou com dificuldade, tentando proteger os olhos das pesadas gotas d'água e do vento forte.
- Vou acabar de uma vez por todas com essas goteiras. - o outro maroto respondeu, subindo uma longa escada que eles tinham colocado no outro dia a fim de olharem as janelas do andar de cima para consertarem-nas.
Tiago subiu vacilante no teto, abrindo os barços para conseguir se euqilibrar e logo começou a trabalhar. Existiam dezenas de pequenos e grandes buracos e, pacientemente ele começou a fechá-los sob a chuva.
Teria sido um trabalho como qualquer outro, não fossem os trovões e relâmpagos que pipocavam um pouco acima da cabeça do maroto. Mas, depois que quase uma hora sob a chuva, enquanto erguia o martelo para acabar de tampar mais um buraco, uma descarga elétrica atingiu Tiago.
Lá embaixo, Remo, Sirius e Pedro assistiram aterrorizados o relâmpago cair fulminante sobre o amigo. Tiago deixou o martelo cair e rolou pelo teto, em direção ao chão. Sirius procurou a varinha no bolso antes de se lembrar que ela estava no porão.
- Algum de vocês está com a varinha? - ele perguntou num tom aterrorizado.
Remo e Pedro menearam a cabeça e fizeram menção de correr para a casa, embora soubessem que não daria tempo. Mas não chegaram a fazê-lo, pois o corpo inerte de Tiago despencou na direção do chão. Sirius fechou os olhos para não assistir.
Antes, no entanto, que Tiago pudesse se arrebentar no chão, uma lufada de ar segurou-o e ele flutuou lentamente até a grama. Lílian passou correndo pelos amigos e ajoelhou-se ao lado do namorado. Ela suspirou aliviada ao perceber que ele estava respirando.
- Você e suas loucuras... - ela resmungou enquanto o mirava com a varinha, fazendo-o flutuar - Vamos entrar, pessoal. Nada mais de "trabalho" hoje...
Alguém se lembra da menção a coleção de cuecas do Tiago em Hades? Bem, de agora em diante, sempre que eu tiver oportunidade para isso, o nosso querido maroto vai estar desfilando uma delas. E, lembrando um velho comentário da Marmaduke Scarlet sobre essa coleção, eu dedico esse capítulo especialmente para ela.
Para variar, eu coloquei não apenas o Sirius sem camisa, como também o Remo. Babem, minhas queridas leitoras, podem babar. Eu sei que sou muito má fazendo isso com vocês, mas...
Beijos para a Dynha Black, BabI BlacK, Isabelle Potter Demonangels, Babbi, Helena Black, Juliana, Naiara, Keshi, Lily Dragon, Lisa Black, Sarita, Marcelinha Madden, Adriana Black, Rose Mia, Ellen-Potter, Jéssy, Anita McGonagall e The black angel 357. Eu sei que foi muito difícil para vocês aguentarem o Sirius sem camisa no capítulo passado. É por isso que temos mais Sirius nesse capítulo. Heheheheheheh...
Beijos,
Silverghost.
