Capítulo 09 - Almoço sob a aveleira


Tiago passou a semana em casa sendo cuidado por Lílian, embora nada de muito grave realmente tivesse acontecido. Na verdade, o raio caíra perto dele e não em cima dele (se não, não teríamos mais Tiago para continuar essa história... e quem seria o pai do Harry?!). Logicamente que ele omitiu esse fato para Lily, afinal, ser mimado e paparicado pela ruivinha era algo que não acontecia todos os dias.

Além de que, daquela maneira, ela também não ia embora...

Enquanto isso, Remo e Pedro acabavam de trabalhar nos quartos e Sirius trabalhava, só chegando ao casarão de noite e, muitas vezes, bem tarde da noite, cheirando a perfume e com estranhas marcas de batom no colarinho. Como ele não tem ninguém que cobrasse explicações desse fato, nunca se soube o que essas marcas significavam...

Raffles estava sempre atrás de Lílian, que, quando não estava no trabalho, estava às voltas com o jardim ou com Tiago. O fantasma parecia ter tomado gosto por contar sua vida para a ruivinha, que era, aliás, a única que o ouvia com atenção e paciência.

Finalmente, depois de quase um mês de reformas, o casarão 666 ficou pronto. Tiago, na manhã seguinte ao sábado em que Pedro consertara a última goteira do teto, acordou muito bem disposto. Tanto que quando Arabella Figg chegou naquela manhã; ela passara a ajudar Lílian com as refeições e almoçar com os marotos (e, nessas ocasiões, Sirius fazia questão de adentrar a sala vestindo preguiçosamente a camisa, torcendo para que a velha afinal caísse dura no chão vítima de um infarto), Tiago não se importou e continuou assobiando alguma antiga canção e observando as duas mulheres trabalharem.

Estava há quase meia hora nessa prazeirosa observação quando Lílian saiu da cozinha e sentou-se ao lado dele, logo seguida por Raffles, que tinha os olhos fantasmagóricos estranhamente brilhantes.

- E então, Pontas, está melhor? - ela perguntou docemente.

Tiago assentiu.

- Bem melhor.

A ruiva sorriu e virou-se para frente.

- Raffles estava conversando comigo agora a pouco... e nós decidimos fazer uma pequena comemoração pelo fim das reformas. O que você acha de almoçarmos fora hoje?

- Almoçar fora? - ele perguntou curioso, olhando para a cozinha, onde as paneklas trabalhavam a todo o vapor - E porque você estava...

- Ela está querendo dizer, almoçar no jardim. - Raffles sorriu - Há uma velha mesa do porão de colocar lá fora. É um pouco pesada, mas nada que magia não possa resolver. Vocês só tem que cavar um pouquinho perto da aveleira para assentar as bases da mesa.

- Porque debaixo da aveleira? - Tiago perguntou.

- Porque assim podemos ter sombra. - Lílian respondeu - E então, o que acha?

Tiago assentiu e levantou-se, indo procurar Sirius, que estava se instalando em um dos quartos. O amigo logo concordou e os dois seguiram para o porão. Lógico que, quando passou pela cozinha, Sirius não deixou de tirar a camisa, alegando estar muito quente (mentira cabeluda...). E lógico que a pobre Arabella foi quem começou a sentir a temperatura aumentado...

Mesa no jardim, agora só faltava cavar ao pé da árvore. Essa parte, entretanto, os dois não podiam fazer com magia. Para colocar a mesa lá fora, tinham fingido carregá-la, agora não podiam fingir cavar.

- Bem, Sirius, eu estou doente, você cava sozinho.

Sirius arqueou as sobrancelhas.

- Doente, hum?...

O moreno começou a cavar. Na cozinha, a velha Arabella colocou a cabeça para fora. E Lílian teve que segurá-la para que ela não caísse desmaiada.

- Senhora Figg? Está tudo bem com a senhora?

- Hum? - foi tudo o que a boa velhinha conseguiu dizer.

Lílian colocou a cabeça para fora, percebendo que Tiago se sentara na mesa enquanto Sirius cavava perto da árvore. Sem camisa. Músculo vai, músculo vem, logo Lílian percebeu porque Arabella tinha ficado subitamente tonta.

- Lily? Será que podemos ir lá fora? - Raffles perguntou ansioso.

A ruiva voltou-se para o fantasma, abanando-se.

- Porque você quer se arriscar lá fora?

- Existe uma coisa que eu quero mostrar.

Ela tirou a varinha do bolso e tocou o fantasma com ela. Em seguida, os dois seguiram pelo jardim. Sirius estava enxugando o suor do rosto e parecia muito curioso.

- O que houve? - perguntou Tiago, aproximando-se.

- Tem alguma coisa dura aqui.

Lílian e Raffles aproximaram-se nesse instante.

- Vocês encontraram... - a voz do fantasma veio de lugar nehum, parecendo emocionada.

Sirius e Tiago tiraram do buraco um baú antigo, que em muitos lugares parecia estar apodrecendo. Um velho cadeado o trancava. Com alguns golpes da pá, o cadeado cedeu. Lílian abaixou-se, abrindo o baú.

Eram fotos, cartas, bilhetes, brinquedos, pequenos objetos que há muito, tinham pertencido a um jovem bruxo. Raffles. Lílian virou-se para onde o fantasma deveria estar.

- Raffles?

Um vento suave soprou. O fantasma se fora. Tinha afinal se libertado do último elo que o ligava à Terra.


Beijos para Crystin Malfoy, Helena Black, BabI BlacK, Isabelle Potter, Babbi, Thaisinha, Lily Dragon, Je Black, Nina, Adriana Black, Marmaduke Scarlet, Naiara, Juliana, Ameria A. Black e para todos que leram a fic.

Alguém percebeu a homenagem que eu fiz a Oscar Wilde nesse capítulo? O Fantasma de canterville? Bem, acho que é só. Próximo capítulo é o último.

Beijos,

Silverghost.