Capitulo V

Harry abriu os olhos, mas rapidamente os teve de fechar devido à claridade.

- Ele está a acordar!

- Harry, querido, estava tão preocupada!

- Ai, obrigado! Obrigado!

- Pregaste-nos um susto!

Quando os seus olhos se habituaram à luz, viu a Sra. Weasley, Ron, Ginny e Hermione rodearem a cama onde estava. No entanto, não estava em casa de Sirius. Tentou olhar em volta, mas a cabeça pesava-lhe toneladas e doía-lhe bastante.

- Onde é que eu estou?

- Estás em São Mungo. – respondeu a Sra. Weasley ternamente, acariciando-lhe o cabelo suavemente.

- O que é que aconteceu comigo?

- Não te lembras de nada? – perguntou Ron, parecendo surpreendido. – Tomaste umas coisas esquisitas e estavas caído no chão do quarto.

- Harry, porquê que fizeste uma coisa destas? Nós não te queremos perder, és muito especial para nós! Como é que pudeste ser tão egoísta? – Hermione tinha lágrimas nos olhos e a Sra. Weasley abraçou-a, também com os olhos enevoados.

- Desculpem, eu só me lembro de acordar a meio da noite, no chão da cozinha. Depois lembro-me duma dor muito forte na cicatriz e eu só queria dormir um bocadinho, só um bocadinho. – Harry tinha a garganta seca e a cabeça doía-lhe cada vez mais.

- Olha, tu nem imaginas o que nós passamos. Não sabíamos o que fazer para ficares bem. Se não fosse a Hermione e o teu primo, que sabem o que são essas pastilhas que tomaste, não sei se te conseguíamos salvar. – Ron, tinha umas olheiras enormes, como se não dormisse há bastante tempo, e as suas cicatrizes estavam mais nítidas do que antes.

- Obrigado por tudo, a sério. Mas, como é que me trataram aqui em São Mungo?

- O Dudley chamou uma carrinha cheia de curandeiros muggles com um instrumento esquisito e trataram-te no Hospital Muggle de Londres.

- Ron, a carrinha chama-se ambulância e o instrumento chama-se telemóvel. – disse Hermione, limpando as últimas lágrimas a um lenço que Ginny lhe dera.

- Mas então, como é que eu vim aqui parar? – A Sra. Weasley sorriu e respondeu divertida:

- Oh, Harry. Achas que iam deixar o Harry Potter ser tratado pelos Muggles? Mandaram logo uma ambulância falsa para te transferirem para aqui.

Harry sorriu, mas a verdade é que não tinha vontade de sorrir, só queria que não o tivessem salvado a tempo.

- Bem, nós agora temos de ir, que já é tarde, mas amanhã de manhã estaremos aqui para te levar. – A Sra. Weasley deu um terno beijo na testa de Harry. – Vê se te portas bem!

Despediram-se todos e saíram, deixando Harry sozinho nos seus pensamentos. Ele só queria dormir, entrar num coma profundo e só acordar quando tudo estivesse acabado. Mas o melhor era mesmo adormecer para sempre e, finalmente, estar com os seus pais e Sirius e ter na morte a felicidade que não tivera em vida.

No dia seguinte, regressara a Grimmauld Place e lá encontrara o seu envelope habitual de Hogwarts. Abriu-o e viu as notas dos seus NPF's. "Boa, só faltava esta agora."

Disciplina

Teoria

Prática

Final

Encantamentos

Aceitável

Excede as Expectativas

E

Transfiguração

Excede as Expectativas

Excede as Expectativas

E

Herbologia

Excede as Expectativas

Brilhante

B

Defesa Contra as Artes Negras

-

Brilhante

B

Poções

Excede as Expectativas

Aceitável

E

Cuidados com as Criaturas Mágicas

-

Brilhante

B

Astronomia

Excede as Expectativas

Fraco

A

História da Magia

Fraco

-

F

Artes Divinatórias

-

Horrível

H

"Fogo, como é que consegui notas tão boas?", pensou sorrindo para si próprio enquanto guardava as notas e verificava a lista dos livros. Ouviu Hermione e Ron discutirem as notas na cozinha e não lhe apetecia nada falar disso. Resolveu, então, passar o resto do dia com Buckbeak. Esse de certeza que compreenderia a sua dor, pois também sentia a dor da perda. Primeiro perdera Hagrid e agora Sirius.

À noite, voltou para o seu quarto. Só estava lá o seu primo a conversar com Lupin, mas pararam mal ele entrou.

- Dudley, importaste de nos deixar por uns momentos, por favor?

- Claro, claro que sim.

Dudley saiu do quarto, deixando Lupin e Harry sozinhos. Harry começou a vestir o pijama, dando a entender que não queria conversas.

- Harry, precisamos de falar sobre o que aconteceu. Acho que nos deves uma explicação. – Harry começou a ficar irritado. "Dar uma explicação. Pff... Quem é que ele pensa que é?" – Por favor, compreende que nós só te queremos ajudar, estamos muito preocupados contigo.

- Eu só queria dormir um bocado, está bem? Obrigado pela preocupação, mas não é preciso, eu estou óptimo. Agora, gostava de dormir, estou cansado.

- Não tentes fugir à questão. Eu sei muito bem que querias mais do que dormir. E também sei que esses cortes não foram feitos por uma caneca partida. Harry, o que se passa contigo?

- EU SÓ QUERO QUE ME DEIXEM EM PAZ! É ASSIM TÃO DIFICIL DE PERCEBER?! ESTOU FARTO DE SER O COITADINHO DO HARRY POTTER QUE FICOU SEM OS PAIS QUANDO ERA PEQUENINO E QUE É A ÚNICA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE! DEIXEM-ME, DEIXEM-ME! – Harry começou a gritar descontroladamente e a atirar com coisas a Lupin. Lupin saiu do quarto, mas não ficou chateado, simplesmente ficou ainda mais preocupado. Harry enfiou-se na cama e, quando Ron e Dudley entraram no quarto, fingiu que dormia para evitar perguntas.

O resto das férias passou-se o mais normalmente possível. Harry passou bastante tempo com Buckbeak, mas os seus amigos tentaram sempre diverti-lo e anima-lo, o que às vezes conseguiam. Principalmente quando foram fazer as compras a Diagon-Al e encontraram alguns colegas da escola ou quando a inocência de Sirius foi primeira página no Profeta Diário.

Na véspera da partida para Hogwarts, toda a gente andava numa grande euforia. Era sempre assim, mas este ano não era a mesma coisa. Harry não estava lá com muita vontade de voltar. Mas, depois pensou que, talvez, com as aulas e o quidditch se distraísse e sentisse melhor.

Nessa noite, Harry deitou-se e custou-lhe mais do que o habitual a adormecer. Um turbilhão de pensamentos invadia a sua mente, mas ele não estava com capacidade mental para os separar. Adormeceu, passado um pouco e mergulhou num sono reparador.