UFA! Até que em fim! Cá está o segundo capítulo. Não é grande coisa, mas as primeiras partes são sempre muito chatas de escrever... no próximo é que vai começar a acção! Prometo ser mais breve para a próxima. E já agora: como já percebi que aqui há muitos brasileiros, e como o português dou outro lado do oceano é um pouco diferente, se algum de vocês não entender uma palavra, uma frase ou uma expressão, por favor entre em contacto comigo, pois terei todo o gosto em ajudá-lo! Boa leitura!

II

Poucas horas depois, os onze Eleitos estavam reunidos em casa dos irmãos Yagami.

Todos estavam sérios e preocupados com o desaparecimento de Ken. Miyako estava extremamente infeliz e zangada consigo própria. Apesar de os outros tentarem convencê-la do contrário, estava plenamente convicta de que uma parte da culpa lhe pertencia, por não ter impedido Ken de desaparecer.

Todos pensavam qual seria a razão mais lógica por aquilo ter acontecido. Várias sugestões foram discutidas: rapto, vontade de estar sozinho, fuga de alguma situação má... mas lá no fundo quase toda a gente calculava qual seria a verdade. O problema era que nenhum deles se atrevia a mencioná-la.

Acabou por ser Koushiro a dar o primeiro passo. Ele, melhor do que ninguém, compreendia e conhecia vastamente o Mundo Digital. Passava horas agarrado ao computador a estudá-lo, a decifrar os seus mistérios, e mais do que qualquer um dos companheiros estava sempre informado do que lá sucedia, graças aos preciosos e regulares e-mails de Gennai e aos completíssimos relatórios de Tentomon.

Isso permitia-lhe estar a par de todas as situações e condicionar os seus esforços de pesquisa num objectivo bem definido. O que não impedia de ter algumas surpresas de vez em quando. E uma dessas surpresas foi ele ter detectado um desequilíbrio entre os dois Mundos, que tinha vindo a crescer nos últimos tempos. Falara nisso a Gennai, e este prometera-lhe averiguar... coisa que não chegara a fazer, pelo menos até à véspera, quando recebera a última mensagem.

Por isso, tinha a certeza que estava tudo relacionado entre si. O Mundo Digital podia estar novamente em perigo e eles tinham provavelmente de ir lá.

Koushiro pigarreou, tentando atrair a atenção. Foi bem sucedido. Apesar de ser um rapaz relativamente baixo e franzino, todos o tinham em enorme consideração, não duvidando jamais das suas palavras e acatando as suas sugestões como ordens.

Assim que uma dezena de olhares se fixaram nele, o rapaz (que não tinha muito jeito para as palavras), começou a falar, engasgando-se um pouco.

- Acho que o melhor seria irmos todos ao Mundo Digital.

Os amigos olharam-no, e pela primeira vez pôde notar desacordo nas expressões de alguns deles. Daisuke levantou-se de rompante:

- Não! Nem penses nisso! O Ken é bom, ele nunca voltaria para o lado da Escuridão!

Subitamente, percebeu que tinha falado de mais e calou-se.

- Daisuke... – Murmurou calmamente Koushiro. – Eu não disse isso. Não acho que o Ken fosse capaz de se passar novamente para o lado do Mal. Mas tens que admitir as circunstâncias que são muito peculiares. Não é normal uma pessoa desaparecer do nada, assim... 

Hikari sentiu-se triste. Ela recusara-se terminantemente a acreditar que Ken pudesse voltar a ser um inimigo, mas sentia que qualquer coisa de muito grave se passava. Era uma sensação verdadeiramente inexplicável, mas que ela sobejamente conhecia. Sentia que Ken estava a sofrer, e uma necessidade enorme de ajudá-lo.

- O Koushiro está certo – declarou, para grande espanto de todos os outros, principalmente dos mais velhos. A maioria deles ainda tendia a considerar Hikari a menininha frágil que os acompanhara nas aventuras de há 4 anos atrás. – E temos de ir ao Mundo Digital com urgência.

- Hikari... – murmurou Taichi, confuso. – Como é que tu sabes isso?

A irmã não lhe respondeu, porque ela própria não sabia como responder.

- Não é uma questão de saber, é uma questão de dever – alvitrou Iori. seguro de si.

Os outros acenaram afirmativamente. Koushiro voltou à carga:

- Então está decidido. Vão as vossas casas e preparem uma mochila com a bagagem do costume. Partimos esta noite.

***

  Um bip metálico marcou a chegada da meia-noite. Daisuke apressou-se a desligar o relógio de pulso e arfou de impaciência.

    - Mas porque será que estão a demorar tanto?!

    - Tem calma, Dai – pediu Sora.

 - Mas estão a demorar demais – atalhou então Joe. – E nós aqui à quase 20 minutos, sujeitos a apanhar uma pneumonia... mas Koushiro, não podíamos simplesmente viajar a partir de tua casa ou de outro sítio que não fosse o meio do parque?!

    - Não, Joe – respondeu o amigo. – Aqui entrámos da outra vez, aqui entraremos agora. Hikarigaoka tem um nível de proximidade com o Mundo Digital que é muito grande, percebes? Aqui é mais fácil abri-la.

- Estou cheia de frio – queixou-se Mimi.

- Telefonaste ao teu irmão, Yama? – Perguntou Taichi.

- Sim – respondeu Yamato. – E combinámos à meia-noite, em Hikarigaoka. Não percebo porque estão tão atrasados...

- Achas que foram apanhados pelos pais? – Inquiriu Hikari, preocupada.

- Espero que não – replicou o rapaz dos olhos azuis com um suspiro.

Os oito amigos ficaram a olhar para a escuridão do parque, esperando qualquer sinal de que Takeru, Miyako e Iori se estivessem a aproximar. Todos vestidos de escuro, enroscados em casacos e cachecóis e carregados com mochilas pesadíssimas, compunham um quadro pitoresco. Estavam quase a desesperar quando, por fim, os três vizinhos apareceram.

- Até que enfim – ralharam os outros quase em uníssono.

- Perdão pelo atraso – pediu Iori. – Mas a Miyako quis encher a mochila e...

- Não me deites as culpas para cima – ripostou a rapariga, cujos óculos redondos reflectiam a luz do luar. – Mas pensei que devíamos levar alguma comida...

- E se não fôssemos nós, trazias o supermercado inteiro! – Refilou Takeru.

- Acabou a conversa – interrompeu Koushiro. – Está tudo preparado. Vamos lá.

Virou o computador portátil para os amigos e os onze Eleitos posicionaram-se em frente a eles, com os digivices em riste.

- Porta digital aberta! – Proclamou Miyako, como habitualmente. - Crianças Escolhidas, vamos entrar!

E, numa fracção de segundo, os jovens foram sugados para dentro do computador, num turbilhão de luz e cor, até que aterraram, todos uns em cima dos outros, no Mundo Digital. Takeru, que tinha sido dos últimos, levantou-se, sacudiu a roupa e exclamou:

- Chegámos!

Um por um, os restantes seguiram-lhe o exemplo.

- Au!

- Ui!

- Cuidado com o meu estômago, Mimi!

- Ah! Tira o cotovelo das minhas costas, Taichi!

E assim, depois de muitas peripécias, eles levantaram-se e observaram o local.

Era uma clareira no meio de um bosque, rodeada de árvores frondosas. A lua e as estrelas brilhavam no céu, e tudo aparentava paz e tranquilidade.

- Parece estar tudo normal – comentou Koushiro, ligando o computador. – Estamos no hemisfério norte, a cerca de 300km do mar. O equilíbrio parece estar bem... continuou a teclar furiosamente e os outros não lhe prestaram atenção.

- Se calhar devíamos montar aqui a nossa «base» - sugeriu Taichi. – Podíamos descansar e comer qualquer coisa...

Os outros concordaram. Estenderam os sacos-cama, acenderam uma fogueira e sentaram-se numa roda a comer e a conversar. Foi então que...

Ahahahahahahahahah!!!

- Ouviram isto?

Hikari estacou e todos olharam para ela.

- O quê, Kari? – Quis saber Daisuke, que sempre a tratava pelo diminutivo.

- O barulho!

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!

Desta vez, todos deram um salto. Todos, incluindo Koushiro, olharam para o céu e viram uma sombra negra que tapava a lua. Horrorizados, desataram a correr, enquanto «A Coisa» se aproximava cada vez mais...

TO BE CONTINUED...