Olá! Ainda se lembram de mim? n.nU Sei que tenho sido um bocado lenta... Sorry! Para compensar, este capítulo está mais longo e mais emocionante! A aventura a sério vai começar... será que os Escolhidos estão à altura? Boa leitura!

Capítulo III

Uma luz forte, uma dor aguda na nuca e Joe abriu os olhos.

Tacteou em volta, procurando os óculos, pois sem eles não conseguia distinguir os vultos que falavam em voz baixa perto dele. Na posição em que estava não conseguia perceber o que diziam. Finalmente encontrou-os e colocou-os, enquanto se sentava.

- Ah! Acordaste – exclamou Taichi, interrompendo a conversa que estava a ter com Yamato. – Estás bem?

Joe acenou afirmativamente, ainda um pouco tonto.

- Onde estamos?

Os dois amigos encolheram os ombros. Ele olhou em redor, tentando perceber onde se encontravam. Era uma divisão de pedra fria, cuja única iluminação provinha de uma pequena janela. Os Eleitos amontoavam-se no chão, adormecidos, sendo apenas distinguíveis, no meio da obscuridade, pela cor do cabelo ou por objectos que traziam.

Ele aproximou-se dos outros dois com todo o cuidado, para não perturbar ninguém.

- Há quanto tempo estão despertos? – Quis saber.

- Não faço ideia – respondeu Yamato. – Os relógios não funcionam.

Joe sentiu um aperto no estômago.

- Eu sabia que isto não era boa ideia – resmungou.

- Não sejas ridículo – replicou Taichi. – Tínhamos de fazer qualquer coisa.

Joe compôs os óculos e não respondeu. Sentiu alguém mexer-se atrás de si.

- Que sítio é este? – Inquiriu Sora, bocejando. – Como é que...

- Não sabemos – responderam os rapazes em coro.

Ela deslizou para junto de Yamato e pousou a cabeça no seu ombro.

- Era só o que nos faltava – murmurou.

Nesse preciso momento, uma porta abriu-se e projectou a luz de uma tocha acesa no compartimento. Os Eleitos semicerraram os olhos, cegados pela luz intensa, e os outros acordaram repentinamente.

A porta fechou-se e um vulto entrou, segurando firmemente a tocha.

- Gabumon! – Exclamou Yamato, ao reconhecer o parceiro.

- Shiu! – Ordenou este em voz baixa. – Estou disfarçado. Se eles me descobrem...

- Eles quem? – Quis saber imediatamente Koushiro, esfregando os olhos.

Gabumon, baixou o olhar, sombrio.

- O inimigo.

- Como?

- Foi há três dias atrás – explicou. – Começámos a sentir uma energia negativa vinda da Ilha do Ficheiro. O Gennai foi averiguar e... quase não regressava...

- Ele voltou, não foi, Gabumon? – Interrompeu-o Hikari baixinho. – O Imperador Digimon.

Todos se calaram e olharam ansiosos para o digimon. Gabumon suspirou e acenou afirmativamente.

- Oh, não – exclamou Mimi.

Daisuke e Miyako empalideceram.

- Infelizmente, é verdade – lamentou-se Gabumon. - O Imperador voltou e muito mais poderoso. As Torres Negras foram substituídas por uns geradores subterrâneos, que têm o mesmo fito – impedir-nos de digievoluir. São muito difíceis de detectar e destruir, e abrangem áreas muito maiores do que as Torres, para além de controlarem os Digimons que vivem nessas áreas.

- Mas se os Digimons são controlados, o que fazes tu aqui? – Inquiriu Koushiro, ainda confuso.

- O Gennai, eu e os outros conseguimos fugir para as Montanhas do Norte antes de o Imperador nos alcançar. Existe um refúgio escondido no topo das montanhas, mas o caminho é longo e difícil e é uma loucura tentar lá ir sem conhecer bem a região. É uma zona muito perigosa e nem sequer o Imperador se atreve a desafiar as forças da Natureza. Por isso, os seus seguidores perderam-nos o rasto.

- Então, se estão livres, porque não nos avisaram? – Inquiriu Daisuke. – Se soubéssemos que o Imperador tinha voltado, talvez não tivéssemos sido apanhados!

- Apesar de termos forma de vos avisar, não podemos comunicar com o exterior. Seríamos logo descobertos. E mesmo que pudéssemos fazê-lo, nunca vos pediríamos para vir nesta altura. Não estariam em segurança e o Imperador capturar-vos-ia. Aliás, foi o que aconteceu. O Imperador sabia que vocês não seriam capazes de ficar quietos.

- Claro que não – interrompeu Taichi.

- Ele estava a contar com isso e a postos para vos apanhar. Detectou imediatamente a vossa chegada e mandou o exército dele capturar-vos.

- Então estamos prisioneiros do Imperador – concluiu Sora.

- É verdade. Mas felizmente, Gennai previu isso a tempo. Há três dias, quando soubemos do sucedido, eu viajei até aqui, fiz-me passar por guarda e consegui convencer um Bakemon dar-me a chave da vossa cela. Tivemos muita sorte, mas temos de partir imediatamente.

- Partir para onde? – Perguntaram os 12 em uníssono.

- Para o nosso esconderijo, é claro. Temos de garantir a vossa segurança. Agora, peguem nas vossas coisas e vamos. Rápido, sem fazer barulho!

Os Eleitos obedeceram sem reclamar. Pegaram nas mochilas, escapuliram-se pelos corredores de pedra (onde vários Bakemons jaziam inanimados) e percorreram um túnel húmido e escuro que desembocava no topo de uma colina. Os primeiros raios de sol começavam a nascer no horizonte, iluminando um enorme castelo que se erguia atrás deles.

- É o Palácio Negro – informou Gabumon. – A sede do Poder do Imperador. É um lugar medonho, não é? Venham.

E os Eleitos começaram a caminhar para Norte. Miyako ficou uns segundos parada, com os olhos rasos de lágrimas, mas depois seguiu os companheiros. Sem olhar para trás.

***

Tinham caminhado toda a manhã e o cansaço começava a acusar-se. Era impossível manterem todos o ritmo cronometrado de Gabumon.

- Para mim, chega – concluiu Mimi, sentando-se numa pedra. – Não consigo dar nem mais um passo.

- Vá lá, Mimi – pediu Gabumon. – Já se vêm as montanhas lá ao fundo. E não podemos perder tempo, a esta hora já devem ter dado pela vossa falta.

Aquela revelação gelou-os a todos.

- Achas que nos conseguem apanhar, Gabumon? – Perguntou Yamato, um pouco preocupado.

- Se nos despacharmos, não. O Gennai instalou programas de despiste à volta de todo o Palácio Negro, mas eles têm um limite de tempo.

Mimi não se conteve e começou a chorar, desesperada.

- Odeio isto! Quero ir para casa!

- Então, Mimi, faz um esforço – pediu Takeru. – Estamos todos cansados, mas não podemos desistir agora.

- Mas eu não sou capaz – soluçou ela. – Eu não sou forte como vocês! Eu não gosto de guerras nem de lutas estúpidas. Eu só quero estar sossegada em minha casa. É pedir muito?!

Os outros entreolharam-se, desanimados. A jovem chorava bastante alto e Hikari tentava confortá-la, sem sucesso. Sora olhou para Gabumon, que parecia inquieto. Ela compreendeu do que se tratava e decidiu que tinha de tomar uma atitude. Aproximou-se da amiga.

- Mimi, ouve – começou. – Temos pena mas não há nada que possas fazer por agora. Por vezes é mesmo preciso lutar. Não penses que nós gostamos, mas temos simplesmente de o fazer. É a nossa missão, não é, somos os Escolhidos. Se nós não lutarmos pelo Mundo Digital, ninguém lutará.

- Eu sei – fungou a outra. – Mas não quero. O Imperador é muito poderoso, nós... não vamos conseguir vencê-lo, porque os digimons não podem digievoluir e... – não continuou a frase porque o choro a superou – é inútil.

- Não digas isso. Temos de tentar. Se estivermos juntos, vamos conseguir. Sempre conseguimos! Tens de ter confiança – atalhou a Escolhida do Amor.

Todos os outros a olharam com admiração. Mimi parou de chorar e olhou para Sora. Por fim, secou as lágrimas e levantou-se.

- Tens razão. Desculpem.

- Não faz mal – responderam, sorrindo.

Gabumon fitou as montanhas.

- Vamos prosseguir.

Ao fim de algumas horas, os caminhos de terra batida tornaram-se rochas escarpadas, e a neve começava, aos poucos, a aparecer, cobrindo tudo em redor.

Gabumon tirou uma corda comprida e espessa da sua bolsa e mandou os Eleitos atá-la à volta da cintura, para que ninguém se perdesse. Depois de o terem feito, Gabumon atou a extremidade da corda a si próprio e começou a caminhar através das rochas.

Um vento gélido e forte fustigava-lhes o rosto, as mãos tomavam uma cor púrpura, os dentes batiam. Gabumon continuava a avançar, imperturbável, e ligeiramente apressado.

- Vá lá – gritava, de vez em quando – não percam tempo!

Mas as palavras perdiam-se no vento, e os Eleitos estavam cada vez mais gelados e enfraquecidos.

- Tens a certeza do que estás a fazer, Gabumon? – perguntou-lhe Yamato, constatando que o precipício por baixo deles ia aumentando e a visibilidade diminuindo.

- Não te preocupes, Yama – garantiu este. – As Montanhas do Norte são assim mesmo... vazias e traiçoeiras... mas o Gelo é o meu elemento, e eu sei muito bem como sobreviver aqui.

- Se tu o dizes... – suspirou o rapaz, pouco convencido.

- São só mais alguns minutos para chegarmos à entrada do esconderijo.

Mais tranquilo, ele virou-se para trás, para comunicar a notícia aos amigos, mas...

- O que é aquilo?! – exclamou.

Os outros viraram-se para trás e viram um enorme digimon negro que pairava sobre eles. Os oito Eleitos mais velhos reconheceram-no imediatamente.

- É o Devimon! – exclamou Joe, aterrorizado.

Takeru ficou completamente petrificado.

- Não pode ser – murmurou.

Todas as memórias começavam subitamente a assaltá-lo, a batalha... o medo... a morte de Angemon...

- Olá, miúdos – soou a voz maléfica do inimigo. – Tiveram saudades?

E lançou o seu ataque.

- CORRAM! – ordenou Gabumon.

Mas Takeru simplesmente não se mexia.

... e afinal ele continuava vivo e forte, pronto a fazê-los sofrer de novo...

- Takeru, anda!!! – gritou Miyako, puxando-o.

... teria tudo sido em vão? Teriam os seus mais negros pesadelos tomado forma e voltado para o assombrar?

- Takeru, o que estás a fazer? – Hikari empurrava-o igualmente.

E foi então que ouviu um ruído e despertou.

O ataque de Devimon tinha atingido a montanha em cheio.

Olhou para as meninas, e os três viram o chão desmoronar-se por baixo dos seus pés.

A corda que prendia Miyako a Mimi, rompeu-se... e eles caíram na escuridão.

***

Os restantes Eleitos não se aperceberam do que se tinha passado e em vez disso correram mais depressa do que alguma vez tinham corrido.

Só pararam quando Devimon parecia bem longínquo e Gabumon chegou a uma pequena gruta abrigada de possíveis perigos.

- Estão todos bem? – quis saber Iori, enquanto recuperava o fôlego.

- Acho que me magoei – queixou-se Mimi, massajando o tornozelo dorido.

- Não deve ser nada – assegurou Joe, observando atentamente a ferida. – Miyako, trouxeste alguma ligadura?

Como resposta, apenas o vento a soprar lá fora.

- Miyako? – repetiu Sora.

Olharam em volta.

- Onde estão a Miyako, o Takeru e a Hikari? – gaguejou Daisuke.

Todos olharam para Mimi. Esta pegou na corda que a prendia e viu um pedaço cortado.

Fez-se silêncio.

- Ficaram para trás – sussurrou Yamato.

Taichi levantou-se e correu para a entrada da gruta. Koushiro impediu-o.

- Pára.

- Porquê?! Temos de os ir procurar!!!

- Não vale a pena.

- Como assim não vale a pena??? – gritou igualmente Yamato.

Koushiro suspirou, tristemente.

- Não podemos fazer nada. Não podemos combater a Natureza.

Mas nem Taichi nem Yamato davam sinais de medo em relação à neve.

- Eu... vou procurar... a minha irmã... – declarou o primeiro, tão nervoso que gaguejava.

- A tempestade é demasiado forte – informou Gabumon. – O próprio Devimon teve de recuar.

- Gabumon... tu – Yamato sacudiu a cabeça, sem saber o que dizer.

- Desculpa, Yama – implorou Gabumon. – Desculpa, a sério.

Os Eleitos olharam os dois rapazes, que estavam completamente brancos. Nenhum se atrevia a dizer palavra. Koushiro continuava a segurar firmemente o amigo, embora este estivesse paralisado. Yamato fitava o chão e parecia que ia explodir a qualquer momento.

Gabumon estava furioso consigo próprio. Em poucas horas, ele tinha conseguido arruinar a missão. Três dos Eleitos perdidos no meio da Montanha. O que iria Gennai dizer? E os outros digimons? Tinha de pensar numa solução. Se ao menos pudesse digievoluir para Garurumon... olhou para Yamato. Sora abraçava-o, mas ele simplesmente não reagia. Não, ele não parecia capaz de ajudá-lo a atingir o nível Campeão. Provavelmente odiava-o. Constrangido, Gabumon afastou-se para um dos cantos da gruta.

Daisuke estava tão abatido quanto eles, mas tentava manter-se calmo e parecer maduro. Mimi e Joe trocaram um olhar preocupado.

- O que havemos de fazer? – lamentou-se ela, e depois rectificou: – Não podemos fazer nada, não é...

- Mimi... – pediu Joe.

- Eu sei – fungou ela. – Não te preocupes, eu não vou chorar... não devo piorar a situação...

Olhou para Taichi que soluçava, desesperado. Koushiro e Sora tentavam acalmá-lo. Yamato continuava estático, como se nada daquilo pudesse estar a acontecer-lhe.

Iori olhou para fora da gruta... ele não ia dizer nada... sabia por experiência própria o que era perder alguém que se ama.

Mas seria possível? Ele tinha a sensação de que os amigos continuavam vivos...

***

Hikari sentiu que flutuava no ar. Estava tudo muito escuro e não sabia onde estava.

– Está aí alguém?! – gritou.

Alguém... alguém... soou o eco.

«Hikari...» chamou uma voz.

Kari... kari...

- Quem é? – respondeu ela. – Quem está a falar?

(N/A: nesta parte, como é óbvio, o eco vai repetindo o fim de cada frase... mas é um bocado chato estar a fazer isso, portanto, daqui em diante eu não vou escrevê-lo... mas está lá, ok? Desculpem a interrupção... ;)

«Sou eu... não me reconheces?»

- Quem és tu? – repetiu ela. – Diz-me o teu nome!

«O meu nome não interessa... sou um amigo... estou a falar contigo...»

- Nem toda a gente que me fala é meu amigo – replicou a jovem, na defensiva.

«Não confias em mim, Hikari? Já nos encontrámos antes... E tu conheces-me tão bem...»

- Quem... – Hikari não terminou a frase.

«Já falámos tantas vezes... não te lembras?»

Ela estava completamente gelada de terror.

«Somos almas gémeas... consigo ver o teu interior... e tu o meu... devíamos estar juntos, não te parece? Anda... vem ter comigo...»

- Vai-te embora. Deixa-me em paz.

«Anda, Hikari, vou mostrar-te o caminho...»

- Não. NÃO!!!

Ela sentou-se, a ofegar e a transpirar, sentindo o coração a querer saltar-lhe do peito. Quando a vista se focou, ela apenas viu os rostos surpreendidos de Miyako e Takeru.

- Hikari, estás bem?

- Tiveste um pesadelo?

- Oni-chan? – balbuciou ela.

Takeru suspirou e sacudiu a cabeça friamente. Miyako encheu-se de paciência.

- Não. Miyako, Takeru. O Taichi não está aqui.

- Onde está ele?

Os outros dois trocaram um olhar breve.

- Separámo-nos do grupo, Hikari – explicou Takeru. – Estamos... na Cidade do Princípio.

Hikari olhou em volta. Os cubos, os digiovos... aparentemente, tudo parecia normal, tão tranquilo e agradável como sempre. Aquilo acalmou-a.

- Mas... como viemos aqui parar?

- A corda partiu-se e nós caímos – prosseguiu Miyako. – Quando acordámos, estávamos aqui.

- E os outros? Eles devem estar muito preocupados connosco...

- Sim...

- Temos de contactar com eles, de alguma forma – objectou ela. – Trouxeram os vossos D-Terminais?

Takeru apenas apontou para detrás dela.

- O Palácio Negro – murmurou ela.

- Não podemos usar os D-Terminais – admoestou Miyako. – Num segundo teríamos os lacaios do Mal atrás de nós. Bem viram isso, quando chegámos... o Koushiro ligou o computador e...

- Então e o Devimon? – Takeru fez uma breve pausa. – Acho que não usámos nenhum dos itens, pois não?

- Não sei... – suspirou Miyako. – É tudo tão confuso...

- Nunca vou entender este Mundo – desabafou Takeru, com um ligeiro sorriso. – Está sempre a pregar-nos partidas.

As jovens concordaram com um aceno e contemplaram novamente a sede do Mal.

- Vocês acham – hesitou Hikari. – Pode parecer parvo, mas... será que fomos separados do resto do grupo por algum motivo?

- Não há coincidências por aqui – afirmou Miyako. – Pode ser isso.

Takeru respirou fundo.

- Estão a dizer que devíamos ir até l?

As duas olharam-se.

- Sim – disseram em uníssono.

Ele olhou-as, admirado.

- Mas isso é suicídio!!! – exclamou. – Enlouqueceram?

Hikari levantou-se e colocou as mãos nos ombros dele. Fixou-o, determinada, e ele corou.

- Takeru... temos de fazer alguma coisa, não achas?

- Sim, mas...

- E temos de salvar o Ken. Ele, de certa forma, está prisioneiro da escuridão. E eu acredito que, se viemos para aqui... isso tem uma razão. Não sei qual é, mas sinto-o. No meu coração, eu sinto que o Ken está próximo. E nós podemos salvá-lo.

Hikari colocou-se ao lado de Miyako e elas esperaram que ele decidisse.

- Pronto, está bem – concordou ele. – Eu vou. Eu também acredito que vamos conseguir resgatá-lo.

Sorriram uns para os outros e começaram a caminhada em direcção ao Palácio Negro....

To Be Continued...