AUTODIDATAS E ESTUDANTES

FASE UM – Autodidatas: O Princípio de Tudo

Autor: Ricky Crouch

Sinopse

Numa época em que ainda não existia Hogwarts, as pessoas estudavam por sua própria conta. Denominavam-se bruxas através de sua própria razão. Muitos caminhos eram difíceis e diversas portas permaneciam trancadas. Entretanto, quatro grandes bruxos se uniram para mudar essa história e fundaram a primeira e a maior escola de todos os tempos. Conheça a história deste grande acontecimento.

CAPÍTULO DOIS

O CAMINHO NA FLORESTA

Quando Godric terminou de contar tudo o que devia, os pais se entreolharam. Era precisamente o que Godric temia o que acontecesse. O próximo ato com certeza seria encaminhá-lo para o Tribunal do Santo Ofício, aonde ele será condenado por seus atos que eram considerados heresias.

Mas ao invés disso, o Sr. Gryffindor dá um leve suspiro e diz:

- Eu já esperava que esse dia fosse chegar.

- Era de se esperar mesmo, inevitável. – comentou a Sra. Gryffindor, levando Godric para um mar de dúvidas. – Acho melhor contarmos tudo.

- Você conta.

- Está bem. – disse a Sra. Gryffindor, que em seguida virou-se para Godric. O que lhe esperava? O que aconteceria? Qual afinal a chave de todo esse suspense?

- Godric, isso tudo que aconteceu a você nesses últimos tempos, é perfeitamente normal. É normal porque você é um bruxo; logo, espera-se que você não tenha as mesmas reações de uma pessoa que não é bruxa. – e foi dita a pior palavra que Godric poderia ouvir naquele momento: bruxo. Isso significava apenas uma coisa: ele seria levado para o Tribunal da Santa Inquisição. Antes, que a mãe de Godric pudesse continuar, o garoto a interrompeu, implorando.

- Não! Por favor, não me encaminhe para o Tribunal do Santo Ofício! Eu não quero morrer! Não faça isso, por favor. E, além disso, não pode ter certeza de que sou um bruxo. Eu nem ao menos sei fazer magias, nem tenho uma vassoura alada, ou um caldeirão. Por favor, não me leve para aquele Tribunal.

- Acalme-se. – disse pacientemente a Sra. Gryffindor. – O senhor é sim um bruxo, disso temos certeza. Eu e seu pai somos bruxos também. Logo, não há como evitar que você seja um bruxo, a não ser em casos muito raros, mas isso é outra história. De qualquer forma, sabendo agora que você é um bruxo, poderemos mudar as regras desta casa.

- Mudar as regras? Espere! Está indo rápido demais! Como vou saber de que não estão me enganando? De que na verdade, o que querem é levar-me para o Tribunal do Santo Ofício?

Como resposta, os pais de Godric retiraram de seus bolsos as suas respectivas varinhas de condão. A mãe murmurou algumas palavras e a vela que estava sobre a mesa começou a flutuar. Após o pai também ter murmurado algumas palavras, um livro veio em direção à sua mão. Godric ficou impressionado. Então era mesmo verdade, a existência de bruxos.

Entretanto, não seria tudo apenas um mero truque? Antes que Godric pudesse exclamar alguma coisa, os pais dele o levaram para o seu quarto.

- Temos muito a fazer amanhã. – disse a Sra. Gryffindor.

- Realmente. Amanhã acordaremos mais cedo do que de costume. Iremos ao Olivaras e ao Gringotes, no Beco Diagonal. – disse o Sr. Gryffindor.

- Que lugar é esse? – perguntou Godric.

- Fica em Londres, não muito longe daqui. Você conhecerá tudo amanhã, não há porque se preocupar. Agora descanse bem, amanhã acordará bem cedo. – respondeu o Sr. Gryffindor.

- Mas ainda são onze horas... da manhã! – retrucou Godric.

- Está certo, está certo. Pode ir brincar aonde você quiser, mas volte cedo. – disse o Sr. Gryffindor.

- OK. – concordou Godric

- Espere! Espere! – chamou a Sra. Gryffindor antes que Godric pudesse sair do quarto. – Terá de prometer uma coisa. Você nunca irá contar a ninguém sobre isso. Nunca. Ninguém pode saber que somos bruxos e você sabe porquê. Apesar do Tribunal da Inquisição ser inofensiva para nós, não devemos nos expor aos trouxas. Eles podem ter idéias malucas, e poderão querer nos escravizar. São como formigas. Uma formiga é insignificante, mas milhões delas causam muito alvoroço.

- Trouxas? – Godric perguntou sem entender.

- Os trouxas são pessoas que não possuem poderes mágicos. Se você não fosse um bruxo, então seria um trouxa, eu suponho.

- Ah... Entendi... – Godric disse, e depois disso partiu para a floresta.

Queria conversar com a coruja, mas não sabia se deveria fazer isso. Afinal de contas, Godric prometera não contar a ninguém que era um bruxo. Mas talvez conversar com a coruja não fizesse mal algum, pois ela já sabia de tudo e não ousaria contar a alguém.

Já na encosta da floresta, tentou procurar o lugar específico aonde a coruja o levara. Onde ficava a casa dela mesmo? No centro da floresta. Godric começou a andar na direção que deduzia ser o centro da floresta. Quando mais para dentro andava, mais o silêncio tomava conta da região. Conforme andava para a direção que escolhera, os cantos dos pássaros iam diminuindo e os animais da floresta iam desaparecendo. Até que chegou uma parte em que as próprias vidas das árvores pareciam estar diminuindo também. Talvez tudo isso pudesse fazer algum sentido, afinal a coruja simbolizava a morte naquela época. Godric continuou andando, começando a se cansar.

Tentava por tudo naquele momento não se desesperar. As árvores pareciam que estavam mortas, e não havia sinais de pássaros ou outros animais. Será que a coruja morava mesmo ali? Será que tomara o caminho errado? Desesperado por estar sozinho naquele lugar, Godric começou a correr à procura não apenas da coruja, mas de qualquer outro ser vivo. Correu mais ou menos por uns vinte minutos, até que encontrara o primeiro pássaro, que estava dormindo. Era um urubu. Pelo menos ele não estava sozinho agora. Embora soasse mal-educado, Godric tentou acordar o urubu.

- Ei! Psiu! – Godric chamou pelo urubu, que dormia profundamente. Eis então que de repente, o urubu solta um grito altíssimo.

- O que você quer, moleque? Não vê que eu estava em meu quinto sono? Eu sempre tenho nove sonos por dia, por sua culpa não conseguirei alcançar essa marca antes do Sol fazer as nossas sombras sumirem.

- Desculpe-me, eu não queria incomodá-lo. Eu acho que me perdi nessa floresta, estou à procura da casa da Coruja, sabe onde fica? – o urubu sorri e responde maliciosamente:

- É claro que eu sei. Conheço essa floresta como se fosse minha. Aliás, essa floresta é minha! De qualquer forma, a casa da Coruja fica naquela direção. – e o urubu apontou para o leste – Vê? Há dois caminhos. O caminho da direita e o caminho da esquerda. O caminho da direita é o mais longo, o da esquerda é mais curto. Sugiro que pegue o caminho da direita, é mais fácil.

E a levar pelo mau temperamento do urubu, Godric resolveu pegar o caminho da esquerda, que é mais curto.

- Não, prefiro o caminho da esquerda.

- Tem certeza? É muito difícil...

- Quanto mais difícil um trabalho é, mais gratificante será a sua conclusão. – justificou Godric.

- Nisso você tem razão. Mas se eu fosse você, pegava o caminho da direita.

- Não insista. Pegarei o caminho da esquerda. Muito obrigado pela sua ajuda. – disse Godric, e o urubu mal-humorado voltou a dormir.

Conforme Godric prosseguia em seu caminho, as árvores iam perdendo as suas cores, parecendo completamente mortas. Afinal, o urubu tinha razão: teria sido melhor tomar o caminho da direita. Mas agora já era tarde demais para voltar, e Godric prosseguiu, tentando manter a calma. Quando o Sol atingiu o topo, escondendo as sombras e anunciando o meio-dia, Godric começou a ficar mais apavorado. Já estava se arrependendo de ter entrado na floresta. Deveria ter ficado em casa, esperando pelo almoço. O silêncio ainda tomava conta do local. Afinal, o que ele deveria fazer? Godric começou a correr novamente, perdendo o controle de seu desespero. Parecia estar fugindo de um fantasma. Permaneceu correndo por mais uns dez minutos, até encontrar outro animal. Desta vez era um urso. Estava dormindo. Será que devia acordá-lo? Se o urubu ficara tão mal-humorado, talvez fosse melhor passar despercebido, sem acordar o urso. O urso poderia tomar atitudes drásticas e partir para a violência. Não, não valia a pena fazer isso. Godric continuou em seu caminho. Pelo menos a presença do urso foi um bom sinal, talvez significasse que já estivesse chegando ao centro da floresta.

Continuou caminhando, agora começando a ficar cansado. As árvores continuavam do mesmo jeito, mortas e sem cor. Então de repente Godric se lembra das palavras da coruja:

- Há dois caminhos: o mais longo e o mais curto. O caminho mais longo é sempre o mais fácil, guarde bem isso.

Agora ele realmente ficou aterrorizado. Pegara o caminho errado! E agora? Continuava a frente? Voltava e pedia ajuda ao urso? Não adiantava, já era tarde demais. Teria que continuar andando. Godric ficou pensando nas palavras que dissera ao urubu, a fim de se acalmar.

- Quanto mais difícil um trabalho é, mais gratificante será a sua conclusão.

Continuou andando e respirou bem fundo. Um vento leve batia em seu rosto. Uma brisa muito suave. Godric fechou os olhos, e permaneceu assim durante uns segundos. Após ter aberto os olhos, encontrava-se em um lugar completamente diferente. Estava em um vale, aonde havia diversas árvores, que envolviam uma maior, como se fosse a "árvore-rainha". Nas raízes dessa árvore maior, passava um pequeno rio, cujas águas eram transparentes, de maneira que se podia avistar os peixes que ali moravam.

- Pelo visto não prestara atenção em minhas palavras. – disse a coruja branca, os olhos maiores do que nunca.

- Me desculpe, eu deveria ter ouvido o que o urubu disse. – disse Godric

- Você o subestimou. E subestimou ao urso também, poderia ter pedido ajuda. – a coruja disse

- Mais uma vez me desculpe. – Godric lamentou-se.

- Esqueça isso. Mas que sirva de lição. E não pense que conseguiu encontrar o fim daquele caminho. Você veio aqui por mágica.

- Mágica?

- Sim, eu mesma vi. Você apareceu de repente nesse mesmo lugar onde está agora parado.

E essa era mais uma prova de que Godric era mesmo um bruxo. Teria realizado uma espécie de teletransporte.

- De qualquer maneira, Sr. Gryffindor, chegou mais cedo do que eu esperava. O que lhe trouxe aqui? – a coruja perguntou

- Queria ter certeza de tudo.

- Pois bem, cá estou. É tudo verdadeiro, nada de truques. Sua dúvida foi esclarecida?

- Sim. Porém, eu gostaria de saber mais uma coisa.

- O quê gostaria de saber?

- Qual é o seu nome?

- Chame-me de Edwiges.

- Edwiges... Um belo nome que tens.

- Muito obrigada.

- Bom, e como é que volto para casa?

- Tem de ser pelo mesmo caminho que veio, é a única maneira. – a coruja disse, dando um suspiro.

- Mas eu vim parar aqui por magia! Como saberei voltar para casa se não sei o caminho?

- Apenas concentre-se. – Edwiges tentou acalmar Godric.

- Isso não é possível! – e Godric seguiu pela floresta. Estava ao mesmo tempo aflito, ao mesmo tempo nervoso.

Continuou caminhando por mais alguns minutos até que desistira. Não havia mesmo jeito, estava realmente perdido. Godric tentou seguir as palavras de Edwiges, mas de nada adiantava. Sentou-se numa pedra e ficou refletindo, quase chorando.