AUTODIDATAS E ESTUDANTES

FASE UM – Autodidatas: O Princípio de Tudo

Autor: Ricky Crouch

Sinopse

Numa época em que ainda não existia Hogwarts, as pessoas estudavam por sua própria conta. Denominavam-se bruxas através de sua própria razão. Muitos caminhos eram difíceis e diversas portas permaneciam trancadas. Entretanto, quatro grandes bruxos se uniram para mudar essa história e fundaram a primeira e a maior escola de todos os tempos. Conheça a história deste grande acontecimento.

CAPÍTULO CINCO

O TRIBUNAL DO SANTO OFÍCIO

A Lua iluminando o quarto, Godric dormiu profundamente, enquanto Edwiges se aprontava encima do armário. Já imaginava o que os pais diriam na manhã seguinte.

E o que Godric imaginava não se comparava com a reação da Sra. Gryffindor. Naquela manhã, quando avistara a ave, ao invés dela dar gritos e expulsar a coruja à vassouradas, a mulher pareceu maravilhada, como se o que mais desejasse fosse ter uma coruja de estimação.

- Godric, onde você arranjou essa coruja? É a coruja mais linda que já vi em minha vida.

- Está é a Edwiges, mãe. A coruja da floresta.

- Você quer dizer... Á-Á-Á-Ár-Artemis? – gaguejou a mãe de Godric.

- Sim. – respondeu Godric, não enxergando nada de mal naquilo.

Mas, ao que parecia, havia algo de ruim naquilo, sim. A Sra. Gryffindor parecer ao mesmo tempo surpresa e horrorizada, mal conseguindo falar direito.

- Algum problema, mãe?

- Não. Godric, vá chamar o seu pai. Imediatamente. – e Godric saiu de seu quarto pensando porque ela ficara daquele jeito. Será que Edwiges, ou Ártemis, representava algum perigo? Será que a coruja teria de voltar para a floresta? Não, não, Godric não queria nada disso. Se a coruja tivesse de partir, ele iria junto.

Quando o Sr. Gryffindor subiu as escadas e foi ao quarto de Godric, pareceu perceber a situação assim que vira a coruja, mesmo que de relance. As palavras mais temidas por Godric naquele momento foram ditas em uma fração de cinco segundos.

- Não podemos ficar com a coruja Godric.

- Mas por que não? – perguntou indignado – Há cinco minutos atrás, não me

parecia nada mal em ficar com a coruja!

- E não ficaria, até descobrir que esta coruja é Ártemis! – respondeu a Sra. Gryffindor rispidamente.

- Qual o problema com Edwiges?

- Você não entende, Godric? Essa coruja fala. Isso chamaria muita atenção da comunidade não-mágica! Godric, estamos muito bem sem ela. Se ela ficar, se os trouxas descobrirem, teremos de nos mudar antes que comecem a destruir a casa!

- Mas, mãe, por que vocês não usam magia para impedir isso, então?

- Se fosse assim tão fácil, você acha que eu estaria expulsando a coruja? Godric, o conhecimento que nós temos em magia não é muito aprofundado. Precisamos de mais anos e anos de estudo para conseguirmos descobrir se existe alguma maneira de lançar um feitiço que impeça os trouxas de nos perceberem. Eu acho que não tem como fazer isso. Simplesmente não tem como...

Mas antes que a Sra. Gryffindor dissesse o que era tão impossível, um estrondo saiu da porta de entrada, no térreo.

- PAM!

- O que foi isso? – perguntou o Sr. Gryffindor.

- Srs. Gryffindor! Abram a porta imediatamente! Sabemos que estão aí! –

disse uma voz que Godric reconheceu imediatamente como a do Sr. Hamilton, o vizinho mais próximo de Godric, que morava a uns dois minutos dali.

A Sra. Gryffindor foi espiar pela janela.

- São os vizinhos! Montes deles! Se eu não soubesse, diria que toda a comunidade está esperando!

- O que vocês querem? – gritou o Sr. Gryffindor da janela, assustando a alguns

moradores que estavam à porta, e outros que seguravam tochas.

- Os senhores, seu filho, e todos os criados desta casa estão sendo acusados de praticar magia e bruxaria, ofendendo a igreja e a todos os moradores desta comunidade. Pedimos que os senhores saiam para serem julgados no Tribunal da Santa Inquisição, ou seremos forçados a arrombar a porta. Por favor, não criem mais problemas. Saiam pela porta da frente imediatamente.

Godric podia ouvir gritos e protestos vindos de toda parte do lado de fora da casa. Como conseguiriam sair dali sem serem pegos? O que os aguardaria no Tribunal? Godric já ouvira muitas coisas sobre os hereges que eram condenados, inclusive de que eram torturados enquanto não admitissem que praticavam a feitiçaria.

A Sra. Gryffindor começou a descer as escadas – o pânico veio à tona em Godric. O garoto desceu atrás da mãe.

- Mãe, não!

- Rápido, Godric, arrume as sumas malas. Pegue apenas o que precisar.

- Mas... como conseguiremos fugir?

- Agora não há tempo. Rápido! Suba!

E obedecendo maquinalmente as ordens se sua mãe, Godric subiu ao seu quarto, pegou algumas roupas e a gaiola com Edwiges dentro, na esperança que os seus pais mudassem de idéia.

Ao ver a coruja, a mãe de Godric soltou um leve suspiro e disse:

- Tudo bem, tudo bem. Agora, para a cozinha.

A cozinha estava cheia. Nela estavam todos os empregados e o Sr. Gryffindor sentado a uma cadeira. Ouviam-se mais estrondos vindos da sala, ao que parecia, os vizinhos estavam forçando a porta.

- Cada um pegue uma vassoura. Todos seguiremos os nossos próprios rumos daqui a diante. – a Sra. Gryffindor disse num tom de desespero e atenção.

- Vassouras? – Godric estava realmente confuso. Como vassouras os ajudariam a escapar dessa situação? Mas a resposta veio logo em seguida, quando a jardineira montou-se na vassoura. A vassoura começou a flutuar alguns centímetros do chão, e com um leve impulso, a jardineira saiu voando pela janela da cozinha.

Feito isso, a Sra. Gryffindor agarrou duas vassouras, entregando uma para Godric, que era ligeiramente menor do que a dela. A vassoura deveria ter uns cento e cinqüenta centímetros – decidamente era maior do que Godric, mas não maior do que a mãe dele, nem a vassoura dela.

- Vamos, rápido com isso, antes que os trouxas percebam!

E, um a um, os criados foram saindo pela alta janela. Gritos vinham do lado de fora – ao que parecia, os moradores perceberam a fuga dos criados. Um leve cheiro de queimado estava penetrando em Godric, a casa com certeza deveria estar em chamas.

Godric foi o penúltimo a sair da cozinha, apressado por sua mãe. Ele sentia medo – e se não conseguisse voar? Mas quando o fogo começou a avançar pela sala, o desejo de sair dali lhe deu o impulso de montar na vassoura. Aquela sensação era muito engraçada – parecia que Godric já tinha feito aquilo antes. Porém, decidamente não era muito confortável e depois de um certo ritmo da viagem, o garoto estava começando a se sentir nauseado.

- Para onde vamos? – perguntou Godric, enquanto o vento soprava os seus cabelos para trás e a sua voz estava quase abafada pelo barulho da brisa.

- Não sei, Godric. Não sei. – a mãe de Godric respondeu, um tanto preocupada, enquanto mirava Edwiges voando sob os três.