The ancient lake

- Venha !

- Estou estudando.

- Vedare! Reducio!

- O tinteiro , vai estragar minha redação de DCAT, seu grosso !

- Seja mais observadora, Nadinne, eu o vedei antes de reduzir tudo. Vamos, menina! Pegue suas coisas.

- Severus, eu tenho muita lição, o que é tão importante? Vamos para onde ?

xoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxox

- Belo dia de sol, não ?

- Sim,mas você ainda não me disse porque me arrancou dos estudos para vir ao lago !

O olhar quase divertido de Snape, o olhar cada vez mais rancoroso de Nadinne... era muito engraçado ver aquele casal "namorando". E mais de uma mente já tinha se perguntado o que aqueles dois faziam juntos.

Para as Black, era um segredo de polichinelo o que tinha acontecido na nobre Mansão Vancour no Natal : Gerard era bastante conhecido por seu gênio explosivo, e as reiteradas vezes que pediu a Nadinne um noivo digno - sem sucesso, sempre - era o fato que a tinha trazido a Hogwarts, e tinha gerado aquela "pequena" visita de 3 dias à enfermaria logo após o Natal. Devidamente escoltada por Snape, dali em diante.

Nadinne continuava com seu narizinho empinado, mas toda Sonserina sabia o motivo daquele "namoro" inusitado com o Snape. Mas como isso era muito comum ali, as pessoas estavam na realidade querendo ver quem cederia primeiro, apenas. E com olhos divertidos e malignos observavam aqueles dois, que decidiram manter as aparências. Como bons sonserinos. Com bons sangue-puros que eram.

- Apenas apreciar a paisagem, minha querida noiva... você vive reclusa no Salão Comunal, e o sol fará bem à sua pele.

- Sol nunca me fez bem, Snape, eu fico com sardas... vamos,pode soltar.

- Ah, Nadinne... você precisa se socializar mais.

- Olhe quem fala !

- Alguém desse casal tem que socializar,querida. E como você sempre teve mais jeito para isso, então eu a escolhi para fazê-lo. Satisfeita ?

- Nem um pouco, estou com tarefa de Herbologia atrasada, e preciso terminar a redação de DCAT. Como adoram nos dar calos nos dedos nessa escola !

- É, querida, aqui é uma escola de aprendizado, não de encontros amorosos...

- Há, não me faça rir, Severus ! O que mais vejo aqui são conchavos e negociatas visando a acordos do futuro dos nobres nomes da Magia. Não que eu esteja descontente com a nossa.

- Não ?

- Não.

- Então empenhe-se mais em demonstrar que está feliz com ela. Me abrace.

- Suspiro... fazer o que, né ? Depois me deixa fazer minha tarefa ?

- Depois te ajudo a fazer a tarefa, sua preguiçosa.

- Trato feito !

Um pálido ar de sorriso iluminava o rosto de Severus, uma braveza divertida o de Nadinne : ficarem se espicaçando o tempo todo parecia seu passatempo preferido, mas gostavam da companhia mais próxima um do outro. E fosse o belo dia de sol, a cumplicidade enfim captada e aceita livremente entre ambos, o beijo veio de forma natural, deixando mais de um sonserino que observasse dissimulado - e eram muitos - com uma indisfarçável inveja do colega narigudo. Mas ele apenas estava no lugar exato na hora certa,e de forma inteligente e sagaz tinha agido da maneira bom sonserino que era, ele ganhara por saber quando e como jogar. Só não sabia por quanto tempo Nadinne Vancour se sujeitaria àquela combinação depois de obter a maioridade. Severus não queria admitir, mas gostava de ficar perto dela : não era propriamente simpática, era bastante altiva, mas pelo menos não implicava com as particularidades dele, deixava-o estudar sem incomodar, só ficava presente. E hoje quando ELA estudava, ele havia agido daquela maneira meio imprevista...

- Sev ?

- Hum, Sev ? Estamos progredindo....

- Não seja bobo. Por quê ?

- Porquê o quê ?

- Porquê estamos aqui ?

- Mis-in-scene, mon cher... apenas teatrinho. Tem gente que estava duvidando de nosso amor repentino.

- Ah. Porisso o beijo.

Seria aquilo decepção ? Não, não Nadinne Vancour não poderia estar acreditando naquela história : eles ficariam juntos até sua maioridade, aquele havia sido o trato, mas até lá manteriam todas as aparências junto à comunidade. O que lembrava...

- Sev, você precisa ir à minha casa.

- Hã ? Pra que ?

- Meu pai quer falar com você.

- Provavelmente saber das minhas intenções a seu respeito.

- Não. Ele quer saber se é de verdade, ou se eu fiz um joguinho para ele parar de me... convencer fisicamente da necessidade de um bom noivo. Quer saber o quanto você tem um fraco por mim, ou se eu o estou enganando para me livrar dele.

Quer saber o quanto eu sou fraco, na verdade.Bem, Nadinne Vancour, vamos mostrar ao velho esfolador o quanto Severus Snape tem de sangue nas veias.

- Querida Nadinne, acho que é menos... passional do que isso. Ele apenas quer saber se tenho capacidade para gerir os negócios da minha - e posteriormente da sua - família, e se sou discreto o suficiente para manter você como minha esposa.

- Discreto...

- Ora, Nadinne querida, você não imagina que alguém como seu pai só tenha a sua mãe, não é ?

- Ele NUNCA teve a minha mãe, Snape ! O nome cuspido no final da frase deu-lhe a clara indicação que tinha entrado em terreno perigoso... um segredinho de família, pelo visto. Bom, afinal uma arma contra o velho. Antes que ela o empurrasse ele aconchegou-se mais nela e aproximando sua boca de seu ouvido, deu-lhe um beijo na base da nuca e disse baixinho :

- Me perdoe. Eu não sabia.

- Não era para saber, mesmo.

- Quer me contar ?

- Não.

- Acho melhor eu saber com quem estou lidando, Nadinne... se com seu pai, ou se com o marido de sua mãe.

- Com ambos. Apenas... ele nunca teve o coração da minha mãe, só seu corpo que era tomado sempre à revelia. Ela nunca gostou dele.

- Ah, querida, você precisa realmente crescer... a maioria dos casamentos é assim. Porisso que os homens conversam entre si, e combinam : seja discreto, nas aparências esteja apenas com ela, faça-lhe um filho e deixe-a viver em paz, prossiga a descendência e depois... vai me dizer que não sabia que na realidade era esse tipo de conversa que seu pai queria ter comigo ? Nadinne...

A cada palavra mais vermelha, Nadinne ouvia quase sem acreditar na tranquilidade com que Severus expunha o universo sangue-puro masculino a ela. Era muito sórdido ouvir isso, mas... se Severus não era uma beleza, pelo menos não era tão perigoso estar perto dele, pois ele jogava aberto, agora. Agora. Era um inimigo formidável, sim... coitado de quem atravessasse seu caminho. E era bastante agradável a forma como ele se aproximava,como se aconhegava a ela, e como falava de segredos como se fosse carinhos em seu ouvido. E como seu corpo era firme, ela tinha de admitir.

Era divertido explicar a Nadinne as coisas da vida : era como uma criança crescida, desvendar o universo masculino em sua real crueza era algo que o divertia, face às reações infantis dela... enquanto a abraçava e sentia seu corpo vibrante junto ao seu.

Ao longe, Bellatrix observava entre enojada e fascinada a prima e seu namorado : Severus estava lhe falando alguma coisa bem terrível, pelo jeito como a prima estava tensa. Mas também estava pegando informações dela, pelo jeito como os olhos dele brilhavam. Tão transparentes... tão frágeis.Tão... humanos. Ela não ficaria com um homem assim. Ela jamais entregaria sua alma a qualquer homem. Satisfação do corpo era uma coisa, mas sua vontade e pensamentos... era algo bem diferente. Mas,de qualquer forma,o teatrinho estava bom de se ver. Fosse lá qual fosse o objetivo - e ela suspeitava claramente qual seria - tinha sido alcançado. Seu tio iria saber que a filhinha estava aos agarras pela escola com o noivo, que não era só fachada. Mesmo que fosse. Mas Bella conhecia Snape a tempo demais para saber que ele não iria fazer um acordo que não o beneficiasse inteiramente. Coitada da priminha lindinha.... e rindo alto para quem quisesse escutar, saiu Bellatrix pensando em como era diferente para as mulheres que não tiveram a felicidade de nascer Black...