O Anel de Safira

Capítulo 7

– Sou eu cunhadinha! – Ao ouvir a voz asquerosa de Robert, Marguerite quase deu um grito, sentiu um arrepio estranho subir-lhe pela espinha, estava com medo, e pensou em John, e o quanto gostaria que ele estivesse por perto para ajudá-la. Nada havia acontecido ainda, porém Marguerite sabia o que estava por vir, e sabia também que não ia ser nada agradável, então decidiu desde já usar todas as armas para deixar aquele ser repugnante o mais longe dela possível.

– O que você quer? – disse ela fria e rapidamente, cobrindo a parte da frente do seu corpo, que era protegido apenas por uma fina camisola que Kathy emprestara, com o cobertor.

– Vim dar boa noite, afinal de contas somos da mesma família e seria falta de educação não vir até aqui para dar um beijo de boa noite na minha cunhadinha querida. – Marguerite não podia ver o rosto de Robert por causa do breu da noite, mas percebia pelo tom de sua voz, que estava sorrindo maldosamente. Marguerite não permitiria que aquela criatura se aproximasse dela.

– Boa noite Robert. Não será necessário o beijo. Agora se não se importa, eu quero dormir, estou muito cansada.

Falando isso Marguerite deitou na cama virando-se de costas para Robert e se cobrindo até os ombros.

– Me importo sim! – disse Robert voando em direção a Marguerite e arrancando-lhe o cobertor do corpo. – E o beijo é necessário!

Marguerite que se sentou na cama de um pulo ao ser-lhe arrancado tão violentamente o cobertor das mãos, foi empurrada pelos ombros, e forçada a se deitar novamente. Robert saltou para cima dela e tentou rasgar-lhe a camisola, Marguerite se debatia como um animal que foi pego em uma armadilha feita por caçadores. Por um pequeno vacilo de Robert, que diminuiu a força que fazia para despir a herdeira, ela se sentou, mas com aquele corpo sobre as suas pernas, não conseguiu se levantar. Robert percebendo que se desse mais uma pequena brecha a Marguerite , ela se livraria totalmente de suas garras, ergueu a mão e bateu com toda a sua força na face da herdeira, que deu um grito e caiu de novo na cama com as duas mãos sobre o rosto ferido.

Marguerite sentiu o sangue escorrer-lhe pela boca e cair sobre a fronha do travesseiro, enquanto isso Robert terminava de rasgar sua camisola e beijava famintamente seus seios.

Marguerite sentia as lágrimas se misturarem ao sangue, e sentia a face e todo seu corpo queimar de humilhação, nunca passara por nada mais animalesco e selvagem, estava se sentindo fraca e não sabia por que não estava conseguindo se defender daquele animal que a abraçava e beijava incessantemente, sentia nojo, muito nojo e vontade de vomitar, quando ouviu a porta do quarto ser aberta violentamente e a voz de uma mulher dizendo:

– Saia de cima da minha filha, seu verme nojento! – Robert no mesmo instante em que a porta abriu, levantou o rosto que estava sobre o corpo de Marguerite e olhou para a figura que entrara e apontava uma espingarda em sua direção.

– Some daqui velha! Não quero você por perto, pois suas filhas são bem melhores.

– Se não você não sumir daqui neste instante, juro que vou atirar! – Marguerite sentiu pela voz da mãe, que ela estava realmente dizendo a verdade.

– Não vou sair, saia você! Não vê que está sobrando? – Robert já ia voltar do ponto onde parou com Marguerite quando ouviu a arma disparar e uma bala atingir-lhe o ombro direito. – Ahhhh! – berrou Robert, como um animal rugindo de dor – Sua velha maldita! – colocou a mão sobre o ferimento da bala e saiu correndo do quarto.

Marguerite que durante toda a breve cena havia parado de chorar, agora soluçava, com inúmeras lágrimas escorrendo pelo rosto. Sua mãe largou a espingarda no chão e foi ao seu encontro, sentou-se na cama de frente para a filha, a olhou com tristeza e a abraçou, um abraço forte e demorado, Marguerite retribuiu o abraço e depois deitou no colo da mãe, e chorou, como uma criança, algo que ela nunca fizera em toda a sua vida.

As duas ficaram ali durante um bom tempo, a senhora sentada na cama, passando a mão nos cabelos da filha, que deitada em seu colo ainda chorava, agora mais calmamente.

– Eu nem sei seu nome. Não sei como minha própria mãe se chama. – murmurou Marguerite.

– Mesmo? – Marguerite afirmou com a cabeça. – Constance, esse é meu nome, mas pode me chamar simplesmente de mãe, o que acha?

– Lindo, perfeito! – Marguerite quase não agüentava tanta felicidade depois de tanto desespero. Hesitou por um instante e resolveu perguntar algo que a perturbava desde aquele primeiro encontro das duas. – Por que não me quer por perto? Por que minha presença a perturba tanto?

– Acho que quando soube que você estava aqui, fiquei muito confusa e chocada, tudo estava indo perfeitamente bem na minha vida, nossa família estava feliz, estávamos todos vivendo relativamente bem e não queria que nada, nem ninguém estragasse essa harmonia que conquistamos com tanto esforço.

– Nem mesmo sua própria filha, a qual não via desde criança?

– Acho que nem mesmo isso. E também já havia perdido as esperanças de encontrá-la, e achava que você estava morta.

– A senhora me procurou?? – perguntou Marguerite surpresa.

– Sim, por muito tempo. – disse Constance pensativa, ainda acariciando os cabelos negros da filha.

– E por que me abandonou?

– É uma longa história, prometo que lhe contarei, mas não agora, por favor, não quero relembrar o passado, quero apenas viver o presente aqui com as pessoas que mais amo no mundo.

– Está bem. – Marguerite se aconchegou mais ao colo de sua mãe e depois de um tempo acabou adormecendo.

CONTINUA....