LEMBRETE: OS PERSONAGENS PERTENCEM A JK ROWLING... QUEM DERA EU FOSSE ELA!!! A FIC TEM VIOLÊNCIA, SEXO E COISAS DO GÊNERO, SIM! SLASH TAMBÉM!!! É MERA FICÇÃO PRA QUEM CURTE E SE VOCÊ QUER COISAS BUNITINHAS E AGUADAS... NÃO CONTINUE A LER. AVISO DADO. (Prometo não fazer nada de bom!... Mal feito feito!!!)
CRUEL – CAP03... Um Largo de sentimentos infelizes.
Seus olhos lacrimejavam, tão alto que estava que não havia proteção contra o sol, voando tão rápido que o calor abafado era apenas algo que entrava pelo nariz ameaçando sufocá-lo.
Finalmente algo chamou sua atenção... um pouco abaixo, tentando seguí-lo duas pessoas em vassouras, mas ele não conseguia saber quem eram, amigos ou inimigos... diminuiu a velocidade cautelosamente, pois queria saber quem o seguia, então uma das vassouras embicou para cima, Harry segurou com força a varinha, apontou.
-Calma!- berrou a pessoa se aproximando.- E aí Harry! Finalmente!
-Thonks?!- ele olhou a bruxa.
A segunda pessoa chegava a seu lado com um sorriso conhecido.
-Abaixe isso Harry, vamos...
Harry não abaixou a varinha, deu distância, não, já tinha sido enganado antes e sim, não tinha mais certeza de nada.
-Como vou saber?
O sorriso dos dois bruxos sumiu.
-Harry, somos nós.- disse Lupin.
Mas ele precisava de uma confirmação, rosnou:
-Que forma toma um bicho-papão na minha frente Lupin?
-De Dementador.- disse o outro abrindo um sorriso.- Satisfeito Harry? Se acalme.
-Desculpe...- disse sem graça.- Mas eu precisava ter certeza...
-Bem, perguntas feitas, acho que você estava tentando chegar ao Largo não?- Sorriu bondosamente Thonks.
-É, me ocorreu que eu devia ir pra lá, mas acho que me perdi.
-Você está mais perto do que pensa...- disse Lupin.- Nos siga!
Dobraram um pouco para leste e subiram mais, estava com uma grande dificuldade de se manter atento, não estava em plena forma e sua cabeça latejava dolorosamente.
-Ficamos muito preocupados quando Quim nos informou que você estava sendo julgado em sigilo.
-Porque isso está acontecendo?- perguntou desanimado.- O que eu fiz agora?
Lupin pareceu perceber a ansiedade dele e o olhou:
-Asneiras de Fudge, querendo contornar a besteira que fez... está lhe jogando um pouco da culpa, tentando culpá-lo pela invasão no ministério... não se preocupe, Quando a suprema corte dos bruxos ficou sabendo houve um rebuliço, eles não lhe julgaram, usaram a lei de restrição...- disse Lupin.- Mas podemos explicar isso mais tarde.
Lupin o olhava gravemente, e Harry percebeu que tinha fechado os olhos, estava cansado e sem forças, Thonks e Lupin se aproximaram ainda mais e por melhor que fosse a sensação de segurança, Harry ficou incomodado quando percebeu que os dois o olhavam desconfiadamente, se forçou a abrir bem os olhos, dentro dele começou a surgir um sentimento de medo e vergonha que não conseguia explicar...
Desceram no Largo e a casa foi surgindo a frente deles, apressaram-se e Harry percebeu que andava com dificuldade, quando entrou no Largo teve um sentimento frio, horrível, não queria entrar ali, não sabendo que Sirius não estava mais presente, mas que o lugar estava repleto de lembranças.
-A casa está vazia?- perguntou ao sentir o silêncio lúgubre.
-Não.- sorriu Thonks.- mas todo mundo deve estar dormindo, são só oito horas da manhã... ficamos acordados até de madrugada esperando para termos notícias...
-Porque você não sobe?- disse Lupin.- Você sabe onde é o quarto, acorde o pessoal e vamos comer algo, você parece que não come direito a dias.
Harry se afastou desanimado em subir as escadas, mas forçou-se a subir quando percebeu que os dois bruxos ainda o olhavam, não queria chamar atenção demais, só estar com eles devia ser conforto suficiente, além do mais seria muito vergonhoso admitir que andara apanhando do primo tarado nas férias... sentiu um frio na barriga só de pensar no assunto, quando chegou na porta pensou em como acordar Rony, mas escutou algo que o fez pensar que talvez ele estivesse acordado, foi abrindo a porta devagar, se tinha pensado em fazer uma surpresa agradável...
Foi surpreendido.
Mas aquilo foi de certa forma desagradável e ele não entendeu o porque... mas entendeu o motivo dela ter escrito...
"...mas isso a gente conversa quando você chegar, eu e o Rony estamos juntos... queremos muito falar com você..."
Não conseguia atentar para o que doía no seu coração... apenas atentou que o sorriso fraco que engrenara tinha morrido em seus lábios, devia estar esperando por aquilo, eles se amavam a tanto tempo, e finamente tinham se entendido, até combinava, pensou vendo os dois amigos se beijando, eles formavam um bonito casal... se censurou, ciúmes dos amigos, que bobagem infantil, mas mesmo assim não teve coragem de entrar, foi fechando a porta devagarinho, convencido que se sentia mal por estar cansado e que ia rir muito dos amigos quando eles descessem, mas ainda assim doía um pouquinho no peito ver os dois tão juntinhos, se censurou novamente e deixando as coisas na porta se virou para descer as escadas,
estava quase na escada quando passos discretos chamaram sua atenção e uma mão caiu em seu ombro.
-Harry, que bom...
As palavras de Gina morreram nos lábios quando ele se virou, ele engrenou um novo sorriso.
-Oi Gina...
Ela o olhou de cima abaixo e disse ainda baixo.
-Porque não entrou?
-Ora Gina, não vou atrapalhar o casal...- sorriu francamente.- Mais cedo ou mais tarde eles vão descer...
Ela olhou para porta do quarto e para ele.
-Você está bem? Parece doente...
-Ah... férias... eu me recupero.- disse dando de ombros.
Desceram para a cozinha onde Thonks e Lupin tentavam, sem muito sucesso fazer o café, Harry arregaçou, na verdade não arregaçou as mangas, pois assim que o fez notou algumas marcas, e para não dar satisfações resolveu deixar a manga como estava, ajudou com a comida apesar de Lupin repetir várias vezes para ele sentar e descansar, mas fazer aquilo, ali, lhe dava sensação de vida, de utilidade, apesar de estar ficando incomodado com os olhares de análise dirigidos a ele, sentou-se, ao olhar a comida sentiu um repuxo no estômago, por mais faminto que estivesse não se sentia disposto a comer, beliscou o uma torrada e bebericou o chá e rapidamente se sentiu estufado demais.
-Harry coma direito.- disse Lupin gravemente.
-Estou comendo.- desconversou olhando em volta.- Onde está Monstro?
-Não te contaram?- disse Gina.
Thonks e Lupin ainda olharam a garota nervosamente, mas ela continuou, talvez inocentemente, ou talvez não pois pareceu tomar coragem quando olhou os dois.
-Depois que Sirius morreu ele se mandou, escapuliu, bem com o dono morto ele foi servir o membro mais próximo da família...
Na mente de Harry ecoou, "Sirius morreu... dono morto", apenas olhou o chá.
-Melhor assim.- disse distante.- Não gostaria de vê-lo de novo.
Ficaram em silêncio e Remo lhe empurrou um pedaço de torta.
-Não, já estou satisfeito.
Gina levantou com a xícara na mão.
-Acho que vou acordar a mamãe.- e saiu rápida.
Thonks e Remo se olharam estranhamente e Thonks seguiu a garota.
-o que está havendo?- Harry perguntou sem entender o que estava acontecendo.
-Não desconverse, coma.- disse Lupin.
-Já disse que estou satisfeito.
-De meia torrada?
-Pare com isso.- disse zangado.- Não tenho quatro anos de idade.
-Então faça um favor a você e coma.
Deu um suspiro de desagrado mas começou a comer a torta, o gosto doce apenas fez seu estômago se contrair dolorosamente. Lá em cima ouve passos conversas, Harry começou a ficar ansioso, sem saber o motivo, mas quando a viu entrar sorriu, e não houve retorno.
-Bom dia.- disse Molly secamente.
Nunca a Sra Weasley o tratara desse jeito frio... mas ele achou então que devia ser cansaço e respondeu educadamente, logo foi envolvido por um abraço acolhedor e uma manta de fios lanudos.
-Ah Harry! Você está aqui! Está aqui!
Sorriu e abraçou Hermione, falando algo como que sentia saudades também, mas lá no fundo do peito se sentiu triste e quando sorriu para Rony apenas viu que o amigo olhava de Hermione para ele estranhamente, mas abriu um sorriso.
-Cara! Você demorou!
-Eu não sabia que estava sendo esperado... se bem que acho que vocês dois não sentiram tanto assim a minha falta.- disse maldosamente.
Os dois sorriram corados e deram as mãos, do outro lado da mesa a Sra Weasley deu uma fungada sob o olhar desaprovador de Remo, novamente Harry não entendeu e viu que Hermione parecia desaprovar também, e que Rony olhava para a mãe.
-Acho que você precisa saber das novidades, mas a gente conversa depois do café! Estou com fome!- disse Rony.
Mas na verdade, apesar de ter bebido meia xícara de chá e comido um pouco de uma torrada e algumas garfadas de torta, Harry estava se sentindo enjoado, apenas brincou com a comida, evitou olhar Lupin e desejou ardentemente ir para cama, dormir como a muito tempo não dormia.
-Experimente isso!- disse Rony praticamente enfiando um pote sob seu nariz.- Pate de sardinha e bacon! Mamãe que fez, é muito bom!
Foi a gota dágua, Harry pulou para trás e saiu correndo mão na boca.
Chegar ao banheiro foi um milagre porque pôs tudo pra fora... até o que não havia comido em dias, quase desmaiou do esforço de vomitar.
Estava de joelhos no banheiro, limpando a boca na mão quando ele falou:
-Você realmente parece doente Harry.
-Estou bem, só estava enjoado...-disse tremendo muito ao tentar se levantar.
-Você está magro demais... e obviamente fraco. -disse Lupin esticando a mão para ajudá-lo.
Harry se pôs de pé num pulo, não sabia porque, mas não queria ser tocado, puxou a descarga nervosamente e foi até a pia lavar a mão.
-Harry, acho que você tem...
-Só estou cansado... só isso.
Lupin deu um suspiro contrariado.
-Está bem, vai dormir, de tarde a gente te acorda...
Saiu rapidamente e se enfiou no quarto, mas ao ver as coisas de Rony ali perdeu a vontade de dormir, a alguns instante, Rony e Hermione estavam se agarrando naquele quarto, pensou selvagemente... não queria ficar ali, saiu de volta para o corredor e entrou na sala de visitas e se aninhou num sofá, ali ficou muito tempo olhando a genealogia dos Black... mas não conseguiu adormecer, o maldito fluxo de pensamentos o manteve acordado, somado com uma vertigem horrível, dor de cabeça e dor de estômago, não entendia o porque de se sentir mal num lugar que devia fazer com que se sentisse bem, escutou passos conversas exclamações lá em baixo, chegou a cochilar...
-HARRY!
Ele acordou sobressaltado, olhou em volta.
Os três amigos o olhavam estranhamente da porta, ele arrumou os óculos.
-Quê?
-Você não devia estar dormindo na cama?- perguntou Mione.
-Ah... é.- disse vagamente.- Mas não estava conseguindo então acabei vindo pra cá...
-Melhor vir almoçar.- disse Gina.
-Ei.- disse Rony.- desculpe o mal jeito aquela hora.
-Que nada.- sorriu e se pôs de pé, um pouco zonzo.- Eu já não estava bem antes, não esquenta não.
Estava de melhor humor quando se dirigiram a cozinha, mas antes de entrar escutaram.
-Acalme-se Molly, calma!- dizia Thonks.
-CALMA! CALMA!- Sra Weasley repetia em arquejos.
Rony e Hermione se adiantaram, ele seguiu Gina, mas escutou assim que o casal entrou.
-Não agora... é melhor não virem...- começou Lupin.
Quando Harry entrou na cozinha havia algo de tenso no ar, Rony e Hermione estavam parados no meio do caminho e olharam de Molly para ele muito pálidos, Gina até tentou ir em direção a mãe, mas ela, com um pergaminho na mão olhou com olhos cheios de lágrimas para ele, se ergueu da cadeira que Lupin puxara e ignorou o copo de água que havia na mão de Thonks e que caiu no chão quando ela avançou para ele com ares da tigre assassino.
-VOCÊ! É VOCÊ O CULPADO!!! SUA CULPA!!! O RONY, A GINA, O PERCY E AGORA OS GÊMEOS!!!
Ela chegou na frente dele tão rápido e gritou tudo tão alto e rápido que não houve tempo de reação para ninguém, muito menos Harry, o pior é que o fim da frase foi pontuado por um tapa tão forte que ele teve que se apoiar na estante para não cair, ergueu os olhos completamente abobalhado, mas ela continuou apesar de Lupin tentar chamá-la.
-VOCÊ... POR SUA CULPA! VOCÊ ESTÁ DESTRUINDO MINHA FAMÍLIA!!! FAMÍLIA POTTER!!! SE BEM QUE VOCÊ NÃO CONHECE O SENTIDO DA PALAVRA!!! VOCÊ TINHA QUE SE METER!!!
-MOLLY POR DEUS SE CONTROLE!!!- Lupin a chacoalhou.
A Sra Weasley trocou um olhar com Harry e saiu correndo da cozinha aos prantos deixando um silêncio sepulcral atrás dela e quatro pessoas atônitas, um Lupin consternado e um Harry em choque.
-Harry...- chamou Lupin.
Mas ele ainda olhava o vazio, com olhos fixos, sua cabeça repetindo as frase e o rosto ardendo...
-Harry!
Lupin segurou-o pelos braços e chacoalhou.
-Ai!- Harry puxou o braço.
Os dois se encararam, Harry segurava o braço, Lupin tinha apertado o lugar onde Duda o acertara com a faca, por um segundo se sentiu muito estranho e deu dois passos para trás.
-Harry... o que foi?- perguntou Lupin.
Mas o rapaz apenas queria sair dali, queria que parassem de olhar para ele, se virou e correu, se enfiou num quarto distante, e fechou a porta, passou a chave.
Entendera o recado, por algum motivo a Sra Weasley estava furiosa com ele, mas a acusação se encaixava, quase matara Rony, quase matara Gina, Percy tinha dado as costas para a família por sua causa e os Gêmeos abandonaram os estudos por sua causa, não precisava ser gênio para imaginar que era isso que tinha acontecido... e Lupin logo ia querer saber do seu machucado, ergueu a blusa e olhou o braço, feio... aquele corte não era fundo mas tinha infeccionado, ardia e estava inchado... ele se sentia fraco e doente e estava mortalmente triste...
FAMÍLIA POTTER!!! SE BEM QUE VOCÊ NÃO CONHECE O SENTIDO DA PALAVRA!!!
Chegar não tinha sido o alívio que pensara que seria... e sua cicatriz recomeçava a doer horrivelmente. Escutou um burburinho no corredor, mas não importava, estava mergulhado numa dor tão grande que se sentia morto... portas foram batidas, pessoas exclamaram... era sua culpa, estavam bem até ele chegar, não estavam? Molly estava certa...
FAMÍLIA POTTER!!! SE BEM QUE VOCÊ NÃO CONHECE O SENTIDO DA PALAVRA!!!
Aquilo era a coisa que mais doía para ele, era como se Molly cravasse as unhas em um ferimento mal cicatrizado, ele realmente não sabia o que era uma família, e tinha sido arrogante o suficiente para tentar se infiltrar naquela família, admitia o pecado, queria muito ser um deles... queria muito ter tido pais amorosos e muitos irmãos, mas não imaginava que podia ter feito algum mal , não era sua intenção... mas ela estava certa... e doía muito porque de certa forma, gostava de pensar nela como mãe... escutar aquilo dela... doía muito...
-Alomorra...
Harry mal olhou Lupin que tinha arrombado a porta, ele entrou e voltou a fechar, olhou o rapaz...
Era preocupante... Harry estava magro demais e evidentemente doente, Lupin já esperava que ele estivesse abatido, ele não os tinha deixado bem, mas não esperava o que havia encontrado no céu aquela manhã... os olhos do rapaz eram outros, ele tinha conhecido um menino cheio de vida e viu ele se transformar naquilo a sua frente, a aura de dor era tão real que chegava a ser palpável.
-Harry, ela só estava nervosa... não leve a sério.- disse calmamente, tentando confortar o garoto.
-Há um enorme fundo de verdade no que ela falou, não há?- ele disse ainda sem olhá-lo.
-Não. Ela realmente só estava nervosa Harry, acabou descontando em você...-disse sentando no chão perto dele.
-Ela está certa, eu os pus em perigo eles não tinham nada a ver com tudo isso...- falou ainda olhando o vazio.
-Harry não é bem assim, ela disse a primeira coisa que veio a cabeça.. olha pra mim... você não tem culpa de nada...
Harry olhou Remo.
-Quem dera fosse verdade... mas ela tem razão... se eles não tivessem me conhecido estariam bem...
-Harry você não fez nada... - ele disse olhando a expressão distante dele, mudou de assunto- O que houve com seu braço?
Harry ficou muito constrangido, murmurou um:
-Nada.
-Nada não ia fazer você gemer de dor.- disse ele gravemente.
Mas Harry desviou o olhar com a mão no braço e ficou em silêncio, o que fez Lupin se aproximar e dizer.
-Deixa eu dar uma olhada nisso.
Mas Harry deu um pulo, não queria ser tocado, não que desconfiasse de Lupin, mas era um sentimento maior que ele, o outro se irritou.
-Pare de besteira Harry, deixe eu ver isso.
-Não me toca!- disse quando o outro o segurou.
-Harry!- disse Lupin surpreso.- Que foi?
Harry desviou o olhar... falou muito baixo.
-Se eu mostrar você não vai ficar falando?
-Como assim?
-Se eu mostrar, você não vai ficar falando?
-Do que você está falando?
Harry puxou devagar o blusão, por baixo tirou as duas camisetas de manga comprida, olhou para Lupin.
-Meu Deus Harry... o que fizeram com você?
Lupin estranhou o que ele tinha dito estranhou ainda mais ao perceber quanta roupa o rapaz estava usando em pleno verão, mas quando o viu... sentiu um enorme aperto no coração, mais do que magro, e ele estava mais magro que parecia por causa da roupa extra, ele tinha o corpo coberto de hematomas dos mais diferentes graus, dos amarelados aos completamente negros, e um corte feio no braço, infeccionado e inchado... o rapaz olhava para o chão constrangido... Lupin repetiu.
-Harry... como... quem?
-Passatempo de férias do meu primo...- falou desanimado.- Esse ano ele estava mais inspirado.
-Como assim?- perguntou Lupin.- Peraí... foi seu primo? Harry não me diga que isso acontece sempre.
-Sempre.- não era mentira, sempre que pudera Duda lhe enfiara socos e pontapés, desde criança.
-Mas... e seus tios?
-Não ligam... nunca ligam... a menos que eu acerte o Duda... aí eles ligam, e muito.
Lupin o olhou chocado... voltou a sentar, sempre soubera que Harry não era bem tratado pelos Dursleys, o garoto sempre deixara bem claro que não gostava deles, mas como alguns ás vezes ele imaginava que era implicância ou um pouco de carência, mas agora, via com os próprios olhos que Harry tinha motivos para não querer voltar, ficou pensando em quantas vezes o rapaz suportou quieto, lembrou da expressão de alívio dele no ano anterior, e se sentiu subitamente infeliz, agora entendia porque Harry tinha se agarrado com todas as forças a figura de Sirius... e de certo modo porque ele se agarrara aos Weasleys, teve certeza naquele momento que ele não merecera realmente ouvir o que acabara de ouvir de Molly e desejou muito poder enfiar aqueles ferimentos no nariz dela, mas não ia fazer isso porque o rapaz não ia perdoá-lo... não ainda.
-Deixa eu ver esse corte... como isso foi feito?
-Não sei... estávamos brigando... só senti depois...- a última coisa que queria era explicar como ficara daquele jeito...
-Isso está infeccionado, algumas poções para limpar e acho que nem fica cicatriz... agora, -Lupin segurou o braço dele, e em seguida enfiou a mão na testa de Harry.- Mas... você está queimando de febre! Harry, você nem devia estar de pé! Você devia dormir! repousar e comer algo... está em jejum..
Harry deu um risinho triste.
-Não se preocupe com isso, isso passa.
-Você precisa urgente de descanso, vamos, eu vou fazer um curativo nisso.
Lupin o deixou no quarto que fora de Sirius, mas Harry estava tão cansado que nem percebeu, afundou num sono dolorido, cheio de recordações, ainda se sentindo doente, depois que Lupin limpou o corte, e o fez com um olhar atento, mandou que ficasse deitado até o chamarem para o jantar, porque obviamente ele não comeria nada nervoso daquele jeito, ele quase vomitara novamente quando bebera água... adormeceu ainda preocupado com a Sra Weasley...
Estava caminhando num lugar frio e escuro...estava sozinho, parecia uma floresta e se sentia tão inexistente quanto um fantasma, escutou gritos e mais gritos, já tinha escutado aquele tipo de gritos milhares de vezes, gritos de pessoas sendo torturadas, gritos de dor...de um modo infeliz sabia que era real, que aquilo estava acontecendo naquele instante, e parte dele, semiconsciente refutava aquilo, não podia não ser real, talvez um sonho, talvez uma ilusão...
Nem sonhar conseguia mais... não sem pensar... não sem imaginar que podia estar sendo enganado.
Despertou devagar escutando duas pessoas perto, manteve os olhos fechados.
-...desse jeito.
-Não era mesmo minha intenção Remo...-desculpou-se Molly.- eu nem pensei no que estava falando, -ela suspirou.- fiquei tão furiosa com os garotos que descontei nele, eu sei bem que ele não queria o prêmio, que ele queria ajudar... ele tinha só catorze anos... ele nem imaginava que isso ia acontecer...
-Estamos todos nervosos Molly, só que temos que poupar o Harry... ele passou por coisas horríveis, e nem sabe de tudo que aconteceu depois de sair de férias, além do mais, a morte... a morte de Sirius o afetou bastante...
-Você sabe porque ele voltou assim? Tão abatido?
-Não... mas acho que Harry tem mais dores escondidas do que pode suportar... ainda tem essa história de ser fugitivo...
-Isso é horrível, mas Dumbledore vai dar um jeito não vai?
-Isso que ele nem sabe da nova acusação de ter feito magia, das novas matérias sobre ele no jornal, nem das cartas para o colégio pedindo o afastamento dele... eu nem imagino como ele vai reagir a tudo isso... quer dizer, lá vai ele de novo ser olhado torto por meio colégio...
Molly deu um soluço rouco.
-Espero que ele me perdoe... você vai acordá-lo para o jantar?
-Não... chequei a temperatura e a febre não cedeu... vou dar mais uma hora, ver se a poção faz efeito, com uma febre dessas acho difícil que ele coma, vamos ter que forçá-lo a beber bastante...
-Os outros queriam muito vê-lo... Hermione queria falar com ele e Gina está muito chateada...
-Seja lá o que eles querem contar para ele sobre o namoro deles pode esperar, na verdade, acho que Harry nem vai ligar para isso, Duvido também que ele queira falar dos Nom's, já que nem conseguiu fazer as provas direito...
-Acho que era isso que elas queriam saber... mas bem, venha jantar Remo, ele está dormindo, se precisar vai chamar.
Escutou os dois saírem do quarto, agora mais desperto que nunca... então continuavam falando mal dele nos jornais? Com certeza não a Skeeter, pois Hermione não deixaria.
-Se bem que agora ela está devidamente ocupada.- murmurou.
E tinha aquela acusação injusta, não teria ânimo para ir novamente a corte dos bruxos... já tinha sido ruim da primeira vez, na verdade não queria ir ao ministério nunca mais... e agora... de certo modo Hogwarts pela primeira vez não lhe pareceu convidativa, encarar mais um ano com as pessoas o olhando torto... como se fosse um animal exótico ou potencialmente perigoso... não obrigado, talvez fosse melhor ser expulso de uma vez e viver sua vida miserável... já tinha os Nom's... não iam lhe tirar a varinha... a menos que fosse julgado culpado, aí podia parar em Azkaban... do que mesmo é que lhe estavam acusando?
Se virou na cama, ainda dolorido, mas muito melhor.
-Não cede.- disse Lupin aflito, após ele beber algumas poções.
Harry fez um muxoxo irritado.
-Não Harry, sem nenhum esforço até você estar cem por cento recuperado...
-Eu já estou bem, tenho um ódio mortal de ficar muito tempo de cama.- disse sorrindo.- anda Lupin, quero levantar e ir ver o pessoal...
-Não! Essa febre está muito alta ainda, você nem devia estar acordado.
-Ah... estou tão cansado de ficar aqui nesse quarto!- disse irritado.- Me deixa levantar pelo menos...
-Você pode almoçar com todo mundo.-o outro disse a contra gosto.- Mas nada de esforço.
-Do jeito que você fala parece que estou morrendo.
Lupin fez uma cara de "nem brinque com isso."
-Bom... descanse, então antes do almoço a gente te chama... certo?
-Certo.
Acordou com algo roçando em seu rosto, mas não era uma sensação ruim... alguém estava mexendo nos seus cabelos, estranho que ele geralmente não gostava que fizessem isso, mas agora era uma sensação boa, ainda muito sonolento com as poções que Lupin o forçara a tomar, apenas se aconchegou mais e se deixou embalar pelo carinho que recebia, até porque carinho era uma coisa muito rara em sua vida, não tinha lembranças de receber carinho assim, na verdade tinha poucas lembranças de ter recebido qualquer carinho, abriu os olhos, se sentiu aquecido, feliz, sussurrou:
-Oi.
-Então resolveu acordar?- sorriu Hermione.
-Que horas são?- perguntou forçando os olhos, para vê-la, já que estava sem óculos...
-Duas da tarde, assim que quiser a Molly vai lhe mandar um lanche, quer que eu vá...
-Não!- pediu abruptamente, segurando-a.
-Ei.- ela disse bondosamente.- Eu não vou embora, calma Harry...
Ele se sentiu corar, nem sabia porque reagira tão exageradamente.
-Não... é que...- começou sem graça.
A garota lhe estendeu os óculos que ele pegou constrangido, colocou-os, o mundo entrou em foco.
-Que tal eu pedir um lanche pra você agora?- ela sorriu.
Ele concordou com a cabeça a olhando, não teria coragem de pedir para ela ficar mais um pouco, ele queria retardar o máximo o momento em que teria que encarar o mundo...
O mundo veio abrindo a porta de supetão, assustando os dois que se endireitaram, pois estavam se encarando, Rony voltou a olha-lo de modo estranho, mas Hermione sorriu e se ergueu:
-Vou avisar sua mãe que Harry acordou, daí a gente pode conversar um pouco...- ela disse e o beijou.
Rony acompanhou-a com os olhos, mas quando se voltou para o quarto deixou cair o silêncio, foi ele que perguntou.
-E aí?- sorriu.- finalmente vocês dois se acertaram...- Harry se sentiu um pouco falso em dizer aquilo.
Mas o amigo sorriu, entrou e sentou no pé da cama.
-Pois é... eu arrisquei.- Rony ficou vermelho.- Me declarei quando ela chegou... e ela - ele deu um riso bobo.- pulou no meu pescoço e disse que gostava de mim também!
-Era óbvio não?- falou se deixando levar pela alegria do amigo.- Você dois são muito enrolados, eu sabia desde o quarto ano...
Conversaram um pouco, sobre as pistas de romance que Harry dizia ter sobre os dois, escutou um pouco do que Rony contara das alegrias de um namoro, até Gina entrar e quase partir o pescoço dele ao abraçá-lo.
Ela estava radiante, feliz e alegre... namorando também...
-Agora só falta você desencalhar...- disse ela.
-Ah...- disse sonsamente.- Não obrigado, já tive todo o romance que desejei, e não gostei da experiência...
-Ai.- disse Rony.- Esquece aquela idiota da Chang, Harry!
-Não se preocupe...- riu Gina.- Eu vou dar um jeito, conheço um monte de garotas...
Ele sorriu constrangido, na verdade, lembrando bem, não queria passar por toda aquela expectativa novamente, felizmente Hermione apareceu com uma enorme bandeja de sanduíches e suco suficiente para um batalhão...
Foi muito bom até a Sra Weasley bater na porta constrangida.
-Ah...- ela o olhou.- Harry, o professor Snape quer falar com você.
Trocaram olhares... ele balançou a cabeça.
-Estou indo.
Ela concordou e fechou a porta.
-Começou cedo não?- disse Rony.
-Não imagino o que esse imbecil pode querer comigo.- disse raivosamente.- Além de me xingar é claro.
-Harry.- começou Hermione.
-Estou indo.- se levantou.
Andou rápido, porque desse modo a vertigem que sentiu foi melhor disfarçada, apesar de ter a certeza que saiu andando torto... e também não queria escutar Hermione defendendo Snape, nunca mais ia olhar o "ranhoso" com bons olhos. Nem Dumbledore o convenceria.
Se dirigiu mecanicamente para a cozinha.
Molly o esperava no fim da escada, sorriu constrangida, ele entendeu, passou dando-lhe um tapinha no braço e sorriu também ao murmurar:
-Não se preocupe.
E entrou na cozinha sem precisar de indicação.
Cena familiar, um déjavu falho...
Snape esperava-o sentado á mesa, olhou-o:
-Sente-se Potter.
-Estou bem de pé.- disse irritado.
Afinal, faltava Sirius naquela cozinha, não havia mais ninguém além dos dois.
-Não estou pedindo, Potter!- sibilou o outro abaixando a voz.
-Não estamos em Hogwarts... então fale o que veio falar e suma da minha frente!-disse friamente sem altear a voz.
-Modos Potter! Modos!- disse gravemente Snape.- Sente-se, foi Dumbledore que me mandou.
"Pois podia ter mandado qualquer outro." Pensou irritado, mas sentou-se ali, longe.
-Fale logo.- disse frio.
Snape apenas o olhou com severidade.
-Estou aqui apenas para confirmar as aulas de Oclumência que terá toda a semana.
-Oclumência?- balbuciou.
-"bvio, não foi capaz de aprende-la direito, irá recomeçar...
-E quem vai me ensinar?
-Não me interrompa.- disse o outro gravemente.- E o diretor me pediu que reconsiderasse, voltarei a lhe dar as aulas.
-Nunca!- disse se levantando.- Não mesmo! Esqueça!
-Sente-se!- disse Snape alto pela primeira vez.- Isso não é um pedido Potter! Dumbledore disse que é extremamente importante que você aprenda Oclumência!
-"timo!- disse saindo.- Então ele que venha aqui e me convença.
Snape se levantou tão rápido e com um olhar tão ameaçador que Harry acabou ficando paralisado.
-Você é realmente muito arrogante Potter! Como ousa falar desse jeito, um garoto mimado como você...
-Você não tem o direito de falar nada de mim, seu rancoroso, infantil,e...
-Você é um moleque tão egocêntrico que não pode resistir a ter a mente invadida... não é Potter? Parece até que você gosta...
-Você tem que ser muito imbecil para dizer isso.- Harry falou fechando os punhos e agradecendo por estar sem a varinha.- Muito imbecil.
-Você vai ter aulas de Oclumência todas as terças e quintas, para todos os efeitos você estará cumprindo uma detenção permanente, por causa de seus insistentes crimes...- Snape frisou a palavra CRIME.- E não pode faltar, porque eu tenho que enviar um relatório de frequência ao ministério, é o preço para você não perder sua varinha. Devia agradecer o esforço do diretor Potter.
Passou por ele com a veste negra enfunada ás costas sem lhe dirigir nenhuma outra palavra.
Harry queimava de raiva por dentro... sentia um ódio frio, como adoraria azarar Snape, lhe enfiar uma boa Cruciatus. Suspirou cansado, seria o inferno voltar e aturá-lo duas vezes por semana, saiu da cozinha.
