LEMBRETE: OS PERSONAGENS PERTENCEM A JK ROWLING... QUEM DERA EU FOSSE ELA!!! A FIC TEM VIOLÊNCIA, SEXO E COISAS DO GÊNERO, SIM! SLASH TAMBÉM!!! É MERA FICÇÃO PRA QUEM CURTE E SE VOCÊ QUER COISAS BUNITINHAS E AGUADAS... NÃO CONTINUE A LER. AVISO DADO. (Prometo não fazer nada de bom!... Mal feito feito!!!)
vocês também são cruéis ... cadê os reviews?!!! Vou parar de escrever!!!
CRUEL – CAP06... Beijo Cego.
-Olha...olha...-começou Hermione.
Harry se pôs de pé, era a terceira vez que acontecia, e havia uma grande desvantagem, Rony era quase duas vezes mais alto, a segunda ele conseguiu pegar, a terceira desviara, e agora vinha mais uma.
-Não se atreva Rony!- disse irritado.- E não machuca a coruja pelamordeDEUS!
-Eu vou pegar! Eu vou pegar!-dizia o ruivo animado, se preparando para catar a coruja que trouxesse um certo tipo de pergaminho ao amigo.
Rony queria só zoar, pelo menos com isso o amigo sorria, constrangido, mas sorria, por que na maior parte do tempo ele ficava isolado com a mão na cicatriz, ou olhando as estrelas com saudades de Sirius, ou fugindo de Chang que o seguia até dentro das salas, além de um ou outro aluno que encarnava, geralmente sonserinos, além de ter percebido que ele estava se afastando deles, provavelmente para dar chance para os amigos namorarem.
Coruja cativa que bicou irritada o ruivo pelo roubo de seu fardo, ela ficou empoleirada no topo da cabeça do ruivo o bicando até ele desistir e passar o pergaminho até Harry, que tentava em vão alcançar a carta suspensa a uma altura inatingível para alguém tão baixo.
-Parece que essa foi treinada Rony.- riu Hermione.
-É um milagre que alguém insista em me mandar algo depois de tanta palhaçada.- emendou nervoso enfiando pergaminho no bolso das vestes.
-Não vai ler? Hein? Hein?- começou Gina.
E puxou um corinho de meninas que o espantaram pela terceira vez da mesa, meio roxo de vergonha por tanta atenção, desse jeito ia ter que comer com a capa de seu pai, subiu correndo as escadas uma única torrada na boca, teria poucos segundos de paz, então ao dobrar em direção ao lado da torre deu uma trombada forte com alguém, caiu esparramado no chão, se aprumou tentando pegar os óculos e desengasgar, assoprou o resto da torrada pra longe e sentiu, tinha cortado o lábio, o sangue verteu, apertou-o por causa da ardência. Segurou a mão estendida e procurando os óculos olhou a pessoa a sua frente.
-Ah, obrigado e descul...- puxou a mão na mesma hora.- Se manca Malfoy!
-Modos Potter, estou num bom dia e estava sendo educado, mas estou vendo que educação não é seu forte, deve ser essas suas companhias.
-Cuide de sua vida.- disse pegando os óculos do chão e saindo apressado.
Nem viu Malfoy sorrir.
Sorria porque a mão do outro era macia apesar de tudo, pequena e macia, e aquele lábio vermelho, sangue, como um rapaz podia ter uma boca tão bonita... aquele vermelho sobre o branco, contrastava com o verde dos olhos, boca de vampiro numa cara inocente, "se controle Draco, sua hora está chegando, pela pressa ele vai correr ler a carta, hoje ele vai começar a entender..." e continuou seu caminho lamentando não ter nenhuma aula com o moreno.
A boca ardia, constatou lambendo o corte como um gato, que droga. Tudo por causa dessa mania de alardear as cartas, e se a garota tivesse piedade mandaria as cartas da manhã em outro horário... atinou que podia estar sendo observado, sentiu um arrepio na nuca, ficaria tão óbvia a expectativa que tinha por aquelas palavras doces? Mel que escorria para adoçar a vida... tinha que admitir em dias difíceis era maravilhoso ler aquilo, só por serem palavras bonitas.
"Pegue-me
Eu estou me oferecendo
me derretendo
me doando
eu comecei o jogo
Eu quero continuar
Não posso ficar assim
as coisas seguem esse rumo
o que será de mim
o que será de nós
quando você souber de mim?
Eu estarei esperando por você...
Estou me oferecendo.
Eu estou querendo você.
Me procure.
Pegue-me.
Parou meio atordoado, tá tinha chego a um acordo com sua cabeça, não era uma menininha, devido alguns elogios lascivos a sua pessoa, principalmente aos olhos, que clichê tinha pensado, até a sua boca, foi quando tinha ficado roxo de vergonha porque os amigos tinham lido... agora ela estava se oferecendo, um encontro? Onde? Quando? Estava morrendo de curiosidade pra saber quem era.
-Tem que ser tão subjetiva?!- disse olhando a carta, largou-a na cama irritado enquanto na frente do espelho tentava consertar o rasgo na sua boca, então o amigo irrompeu porta a dentro e o olhou.
-Apanhou de quem?- Rony riu.
-Da torrada.- gemeu.
Mas o olhar do ruivo recaiu no pergaminho em cima da cama.
-Rony não se atreva!
Tarde de mais, o amigo pulara como um lince enfiando as garras no pergaminho Harry atrás.
-Porra Rony larga isso!
-Porquê? Ela tá elogiando o que agora? Seu traseiro?
-Sai Ronald Weasley!!! Ou azaro você!!!
-Tá parecendo minha mãe...- ele riu abrindo o pergaminho.
Harry apertou a varinha, titubeou um pouco para aponta-la para o amigo.
Tarde demais de novo, Rony abaixou as mãos, mas Simas que seguia a bagunça tomou dele.
-Anda logo, vamos ver se ela tá elogiando o traseiro do Harry agora!!!
-Parem com essa história de traseiro!- rugiu com a varinha em punho.- EqusFormat!
Simas ganhou duas orelhas de burro.
-Eu avisei! Largue isso.-disse quando o outro o olhou surpreso.
-Não!- riu Dino catando o pergaminho.
-Eu vou azarar todos vocês!- disse pulando pela cama pra alcançar Dino, mas Rony passou por trás e tentou puxar o pergaminho, o que se seguiu foi o som do rasgo, cada um se esquivara da azaração que lançara, mas tentara levar o pergaminho, os dois pararam boquiabertos, se olharam e olharam Harry que parou com a varinha em punho olhando de um pedaço a outro.
-Poxa Harry, foi mal- começou Rony.
-Seus... anim...
Não terminou a frase, dos dois pedaços de papel surgiu um som de chorinho longe e o papel virou cinzas, Harry olhou embasbacado, Simas gemeu.
-Ah, não... a dura resposta, ela vai pensar que o Harry rasgou a carta.
Sentiu um frio... agora ela ia pensar que era um covarde. Talvez nunca mais escrevesse.
-Poxa... foi mal.
Ficou tão fulo que enfiou a mochila no ombro e saiu do quarto para não enfiar uma Cruciatus neles.
-Vão se foder vocês três!-disse da porta.
Aula de história, impossível não remoer as desgraças... evitou furiosamente as desculpas do amigo, mas não pode conter uma risadinha quando ele confessou o crime para Hermione que enfiou o fichário com toda força na cabeça do namorado e ainda o xingava quando a aula acabou.
-Poxa seus idiotas!- ela bufou.-O que ela vai pensar?
-Justo agora.- gemeu.
Hermione o olhou.
-Porquê, o que tinha na carta?
-Parecia ser um convite para um encontro.- disse desanimado.
-Parecia? Harry! Você nem tinha terminado de ler?- ela enfiou mais uma fichariada na cabeça do namorado.- Viu? seu legume insensível!
-Eu terminei de ler, acho que ela vai mandar... ou ia, mandar outra confirmando, agora...- deu de ombros.- Fazer o quê?
-Ah, ela pode insistir um pouquinho.- disse Hermione pesarosa.
-Duvido.- disse Lilá trazendo Simas pela orelha de burro.
-Você ainda está assim?- Harry perguntou desanimado.
-A Lilá disse, que eu mereço, não me deixou ir até a Pomfrey.-Simas gemeu.
-Lilá você subiu no meu conceito!- disse sério e se virou.
-Eu tive uma idéia...- a garota falou. Deu uma cotucada em Parvati.- Vamos acionar o sistema de fofocas da escola, viu como ele é útil? Mas cedo ou mais tarde ela vai ficar sabendo que foi um acidente. Certo Parvati?
-Certo, claro.- disse a outra desanimada.
Hermione deu de ombros, obviamente não gostava do sistema de fofocas, mas dessa vez teve que aceitar que era a única chance.
Chang estava bufando, vira a palhaçada na mesa da Grifinória aquela manhã, estava seriamente pensando em azarar aquelas cartas, dar um jeito de sumir com elas, estava entrando no salão na hora do almoço ainda com uma cara de poucos amigos quando escutou Marieta rindo.
-BEM FEITO!!!! BEM feito!!! Tomara que essa trouxa pare de escrever.
Ela e outras duas colegas do último ano estavam rindo, Marieta a puxou.
-Cho, ai Cho escuta essa do Potter... você vai gostar.
Naquela manhã tinha ido do céu ao inferno, sem entender o motivo, o que tinha feito de errado? Estava empolgado com a alegria de Potter em abrir sua carta e alguns minutos depois escuta "a dura resposta", até tinha esquecido que havia azarado o bloco inteiro para saber se as cartas eram destruídas ou não... porquê motivo tinha acontecido aquilo? ele desconfiara? Ou não gostara? Besteira, Potter tinha dezesseis anos, não ia resistir a um convite para conhecer a pessoa que o enviava aquelas cartas, era óbvio que ele gostava do que recebia, sabia pelo sorriso sutil que se abria toda vez que ele via o pergaminho, mas ele rasgara a carta... porquê? porquê? Justo agora que alimentava esperanças de finalmente possuí-lo, fazê-lo se apaixonar, o plano empata, Draco sentou-se na mesa do almoço sem fome, o problema é que ao contrário de todas as outras conquistas não podia usar sua linguagem corporal... não era uma questão de olhar, de tocar, de seduzir... era diferente e bem agora que ia partir para a ação surgira um imprevisto total... quanto tempo demorara para seduzir uma pessoa, dois? três dias? Não Quatro, foi o tempo que demorou para enfiar Digory na cama... para ouvir da boca dele que tirara Chang de Potter por...ciúmes do menino perfeito.
Aquilo lhe abriu os olhos, o desejo do outro era real, lembrava de quase ter rido porque o outro era realmente apaixonado pelo símbolo que Potter era, o outro tinha se apaixonado pela criança que caíra por causa dos dementadores, pelo menino que o alertara do Dragão... ironia... Digory abrira mão de vencer porque o amava, se Potter aceitasse vencer sozinho Digory teria se remoído de culpa, se não estivesse apaixonado, Potter nunca teria ido até Voldmort, se não fosse o amor Digory estaria vivo... o amor mata.
Mas Draco não amava, desejava, desejava porque via outro, não via o herói, havia uma criatura embaixo do mito que ele adorava observar, a criatura que queria possuir, era um rapaz de dezesseis anos, estranho demais, exótico demais, agora, algo tinha dado errado o que ia atrasar tudo, queria Potter e ia conseguir! Mas porquê maldição ele rasgara a carta? Porquê?
-Sem fome de novo Draco?- perguntou Pansy que era só sorriso.
-Nem tanto.- respondeu aborrecido.- E você? O que ocorre para tanta felicidade no mar das trevas que é teu coração?
Ela riu, era assim, uma vez começaram a falar como diziam que os sonserinos falavam, até aquilo se tornar um dialeto entre eles, fina flor da Sonserina, frases bem clichês, toda vez que tinham coisas novas, lá vinha ela com uma ponta de veneno que escorria, gostava disso na safada, puro fel, a ponto de ser óbvio, gente simples de ambição simples, era a pessoa certa para confiar.
-Fofocas meu querido, e lá teu gélido coração se importa com os amores alheios?-ela disse pestanejando.
-Isso depende...-rolou um sorriso maldoso.- Embora não me dê o trabalho de encontrar um motivo pois tenho certeza que tua funesta vontade vai me encantar com uma nova fofoca sórdida.
-Nem tanto, creio que vou te deliciar com uma comédia bufa... sobre certa criatura que tanto te aborrece...
Nem precisou mais charme ou veneno, doce alegria de perguntar:
-O que houve agora no reino de São Potter?- tentou parecer desinteressado.
Foi brindado com a resposta que tanto queria, com informações adicionais.
-E ele está desconsolado!- ela se largou na cadeira, lencinho na mão.- " mundo cruel!
Draco riu, puxou o coro de risos entre ele e mais duas garotas que acompanhavam o relato ferino de Pansy, mas ao contrário do trio feminino, ele ria de puro deleite, de felicidade, tudo correndo melhor e mais rápido do que previra, o primeiro encontro seria naquela noite mesmo.
Tinha se jogado no quarto, não ia ficar segurando vela para os casais da Grifinória! ficou ali jogado, cicatriz latejando, e parava? Nunca, sentindo-se meio enjoado desde a manhã, o pior tinha acontecido, se pegara olhando a amiga, que confusão estava fazendo? Uma hora era Chang, tinha se pego pensando nela, principalmente no porque de não sentir exatamente o que sentia antes, na verdade, porque estava começando a sentir pânico perto da garota, agora tinha a misteriosa das cartas, essa então era uma incógnita em sua vida... nem conhecia a garota, nem sabia se queria, só gostava de ler aquelas palavras, mas palavras podem ser copiadas, emprestadas, roubadas... e tinha Hermione, esse era o problema, desde quando havia chego ao Largo Grimauld que se tocara... Hermione, e isso tinha que parar, ela era namorada do seu amigo, esses acessos de ângustia quando se beijavam tinham que parar, tinha também que parar de pensar em desgraça, mas estava cansado demais para lutar, noites em claro por causa dos pesadelos e as aulas de oclumência, Snape não dava folga, parecia ter o dobro da gana do ano anterior, odiava, mas não ia reclamar, fora sua falha, sua fraqueza que matara Sirius... Snape gostava de lembrar.
Sirius, isso nunca ia passar, era uma dor constante, como se tivesse uma cicatriz latejando também no coração. Era só impressão ou estava particularmente triste? Catou a capa de seu pai, mas parou no meio do caminho sentado na cama, ir pra onde? Havia fuga para aqueles sentimentos que não fosse lutar e vencer? Mesmo estando cansado demais de lutar... e as más lembranças e a falta de notícias... tudo isso o deixava deprimido.
Mentir para os amigos sobre a profecia era difícil, porque queria contar para alguém... e não havia ninguém para contar...
Uma coruja entrou pela janela aberta por causa do calor do verão, mal Harry ergueu os olhos ela soltou o pergaminho ao seu lado e partiu, seu coração deu um salto, um novo sorriso apareceu porque reconheceu imediatamente o pergaminho marfin.
Draco tivera o cuidado de não usar nada que lhe revelasse, não, não se revelaria tão cedo, primeiro, desde quando se importara tanto com sua presa? Desde quando seu coração acelerava num jogo de sedução, sorria, por tudo que era mais sagrado estava sorrindo! A quanto tempo um doce inocente não lhe dava essa sensação? Era destino, e queria aproveitar cada segundo dessa paixão que chegava a ser indecente até para seus padrões... percorria os corredores sob um feitiço de desilusão, como sempre fazia.
Cho queria e teria, era agora, observara Potter nos últimos dias, sempre correndo para a torre, com ou sem capa, sim ele tinha uma capa de invisibilidade descobrira isso, ele andava mais desligado que o normal apesar das cartas, teve um súbito ataque de raiva olhando sua varinha, azarar as cartas, a maldita das cartas, os amigos idiotas que ele tinha, usar uma azaração que ele mesmo tinha ensinado... contra ele se insistisse em dar as costas... desgraçado. Ia ver quem estava aceitando o quê!
Não sabia porque afinal estava andando... pela carta? Ou pelo hábito de procurar certa estrela, ou como dizia para os amigos, atrás da brisa? E alguém se deixava levar pela mentira? Pensava solitário, mão remexendo na capa que levava na mochila... malditos pensamentos, estava tão confuso, feliz pela carta... interessante, embora continuasse vaga...
"Num céu sem estrelas me deito
esperando você...
Num céu de estrelas apagadas você se deita
Esperando por quem?
Hoje me deitarei ao seu lado
Só para ver as estrelas ressurgirem."
Muita gente desconfiava que ele ia até a torre... não era segredo, não fazia segredo, fazia segredo de suas fugas até a orla da floresta, essas fugas eram secretas... essas eram solitárias, mas até a torre não, ia lá para pensar sob a noite. Tanto que nessa noite nem usava a capa, ainda ali na mochila... sem pensar se desse em detenção, na verdade se desse melhor, não tinha nada melhor para fazer...
Ia contornar uma escada que sempre levava ao andar errado quando foi puxado para um beco mais escuro, os olhos rasgados de Chang o perfuraram.
-Agora podemos conversar sem interferências...- ela o abraçou com força.- Harry eu te quero muito, fica comigo!
Ele a empurrou e encarou irritado.
-Qual é o seu problema? Você estava muito a fim de me esquecer no ano passado! Eu disse não!
-Besteira, eu só queria provocar você.- a mão dela se enfiou por dentro da veste dele.-Harry sei que você me...
Ele segurou a mão e a jogou para fora.
-Escute bem Chang, acabou! Era coisa de criança, morreu! Você pode superar! Tem muitos caras a fim de você!
Ela estreitou os olhos.
-Você não entendeu Harry, eu não vou perder você! Não estou lhe dando escolha... você é meu!
-Eu não sou uma coisa para você colocar...
-Impedimenta!
Sentiu-se preso incapaz de se mover, apenas sentiu a garota se aproximar e colar a boca em seu pescoço, ouriçar seu cabelo, foi sendo tomado por um ódio enorme, tão grande que transbordou e o livrou da azaração, Chang foi empurrada e caiu alguns metros a frente.
-COMO VOCÊ PÔDE!- gritou furioso. – Como pode fazer isso?! O que você tem na cabeça?!
-Harry, você é tão teimoso.- ela disse tentando ficar de pé.-Você não entende? Eu não vou perder você...
-Você...- a encarou tomado de ódio por ter sido usado.- Odeio isso! Odeio...
Ela acertou-lhe um tapa na cara que o fez virar o rosto.
-Você age como uma criança... vou te ensinar a gostar de mim... seremos felizes e você vai devolver o que tirou de mim!
A mão de Harry que estava no rosto caiu devagar.
-É isso... é por isso? Foi por punição? Aquilo tudo era punição?- Encarou a garota.- Digory morreu Chang, e eu não posso substituí-lo. Eu não posso traze-lo de volta.
O olhar da garota era de dor, a dor também aumentou no seu coração, tudo aquilo... tudo de bom do ano anterior era uma vingança? Uma punição por sobreviver?
-Eu não tenho culpa dele ter morrido Chang.
Ela colocou as duas mãos no rosto então ergueu um olhar raivoso.
-É!!!! É sua culpa!!!! Você roubou ele de mim!!!! roubou de mim!!!
-Você está com problemas...- disse baixo.
-Não! Não estou! Eu quero você!!!! Você me deve isso!!!
-Chang... você precisa de ajuda...
-Não!- ela agarrou a veste dele com força.- Eu preciso de você!!!! Eu quero você!!!
Tirou as mãos dela de suas vestes ao mesmo tempo que ela ia escorregando, ambos tremendo.
-Você...você... você é um demônio... você vem e se mete na vida das pessoas... você é uma sombra... um anjo... você é o anjo da morte!!!
Ela começou a chorar...
-Eu quero morrer também... eu quero ficar com você e morrer!!!
Era um rio de gelo... que entrou em cada veia... em cada músculo, especialmente no coração, ele fechou os olhos, os punhos.
-Vá embora Chang... VÁ!!!!
Ela abriu os olhos, o olhou.
-VÁ!!!- ele a puxou pelo braço com força.- ANDA!!!! CORRE!!!! –a empurrou.- VAI EMBORA!!! FUI EU QUE MORRI!!!! EU NÃO EXISTO!!! VAI EMBORA!!!! – disse com raiva.- VOCÊ NÃO ME CONHECE!!!! VOCÊ NÃO ENTENDE!!! VAI EMBORA!!!
Ambos parados, um em frente ao outro, ele virou as costas, catando a mochila do chão.
-Não vire as costas pra mim Harry!!!
Ele parou.
-Não ouse me azarar Chang! Vá embora e vá pensar no que está fazendo!-disse sem se virar.
-Se você for, vai se arrepender!!! Eu vou tornar sua vida um inferno!!! Entendeu?!!!
Harry riu triste, doído, se virou:
-VOCÊ NÃO TEM A MENOR IDÉIA DO QUE É UM INFERNO CHO!!!! VÁ EMBORA! NUNCA MAIS OLHE PRA MIM , NÃO FALE COMIGO, NEM PENSE EM MIM... VÁ!
E voltou a andar tirando a capa da mochila.
-VOCÊ VAI SE ARREPENDER HARRY!!! VOLTE!!! VOLTA AQUI!!!!
Mas ele estava jogando a capa por cima de si mesmo, e desapareceu...
-Desgraçado...- ela disse com a varinha na mão.- Desgraçado... maldito!- caiu de joelhos.- Eu te odeio!!!! Te odeio!!!
No início Draco se sentiu roubado, aquela maldita garota o encontrara antes... então percebeu a tensão no ar... era diferente, algo que seus olhos sabiam detectar, não era amor que movia a garota, era algo pior... então ela o azarou... sentiu uma urgência que não conhecia, que perigo podia haver afinal? Draco se percebeu com a varinha na mão, apontada para a garota que possuia sua presa, teve uma vontade insana de azará-la, mas Potter se livrava sozinho, impressionante, ele se livrara da azaração por pura força de vontade, assim como era capaz de resistir a uma maldição Imperius... o que surpreendeu Draco foi a reação de Potter ao que ela disse, ele tinha razão, a garota precisava de ajuda, e uma internação urgente no StMungus, mas não era nela que Draco pensava quando tentou acompanhar o perfume do moreno e o som dos passos e sim a pura expressão de dor e revolta naquele rosto, nunca tinha visto o rapaz tão pálido, tão angustiado quanto nos breves segundo em que pode vislumbrar seu rosto refletido num espelho antes da capa cobri-lo.
Perdeu o rastro... deu umas voltas angustiado.
-Chang sua puta desvairada!- disse suspirando num corredor...- maldita garota!
-Quem está ai?
Fazia muito tempo que não levava um susto daqueles, calou-se enfiando-se num nicho espremendo-se entre a parede e um vaso, espiando.
Harry enfiou a cara para fora da sala onde se enfiara, coração tão disparado que doía, por segundo achou que tinha ouvido algo, algo como Chang... pensou que a garota pudesse tê-lo seguido... mas não provavelmente algum eco... estava confuso, nervoso, voltou a entrar... desanimadamente se enfiou numa mesa que ficava na altura das janelas... sentado na mesa, batendo a cabeça contra a parede de pedra, dor na cicatriz só aumentando... "Advinha quem está pensando em fazer uma visita?", confusão do acontecimento impossibilitando o esvaziamento da mente... angústia da demora, "quando esse desgraçado vai parar de brincar, me atacar ou ir embora de vez?" pensou suspirando, coração pequeno por tudo que ouvira... a culpa que tentava evitar... morreram por minha culpa... todos eles... e a dor só aumentando, latejando, esfregando a testa na parede de pedra... tentando combater dor com dor... tão cansado... merda de vida...
Malfoy o encontrara, mas agora receava ir... porquê? Timidez? Não tinha, era a expressão cansada do rapaz que o travara, não sabia agir com alguém que não estava enredado, arrebatado no clima... que droga, o que ele estava fazendo? Escondido naquela sala vazia? Não era a torre... Draco deu uns passos em direção a porta entreaberta, espiou, o rapaz nem se mexeu, sentado na mesa próxima a janela, ocupado demais macetando a própria cabeça contra a parede que nem viu quando Draco surpreso entrou devagar, instigado a acabar com aquela autoflagelação.
Então aconteceu.
Harry agarrou a própria cabeça com um grito estrangulado... era mais um ataque afinal, doloroso, nada de imagens, apenas dor, riso do bruxo ecoando por sua reação torturada... Harry apenas teve o instinto de se encolher e travar o maxilar, impedir os gritos de desespero que se formavam na garganta... evitar reaçães físicas, lutar com a mente, mas tão cansado, tão infeliz, tantas dores... difícil.
Voldmort era forte.
Draco sentiu um gelo como nunca sentira antes, a ponto de sentir as pernas amolecerem quando de repente o rapaz encolheu-se sufocando um grito, mãos agarando a cabeça, os gritos de dor eram tão raivosamente estrangulados que viravam gemidos de um animal ferido, apenas alí, caído, agonizando, Draco sabia o que estava vendo... um ataque a mente dele, sabia disso porque seu adorado pai contara, assim que saíra de Azkaban, que Voldmort podia entrar na mente do rapaz... torturá-lo, lembrava do ataque no meio dos Nom's no ano enterior, não tinha comparação, antes era óbvio que Potter estava "vendo" alguma coisa, agora não... era óbvio que o rapaz estava sendo torturado, mal percebeu que tinha corrido e abraçado o outro, tentando evitar que os espasmos o fizessem debater-se e ferir-se, Potter tinha uma expressão tão dolorosa que teve medo, teve medo que morresse, os gemidos deixaram de ser incoerentes, deixaram de ser grunhidos para ser murmúrios cansados... Potter estava acordando... então algo passou pela sua mente, não podia ser visto ali... haveria confusão se Potter associasse sua figura ao ataque... não queria isso mas não queria abandoná-lo também... fez o que pareceu mais sensato, ergueu a varinha.
-Obscuraen.- sussurrou.
Afastar Voldmort era uma tarefa dura, dolorosa e cansativa, mas estava tendo resultado, algo o confortara, o aquecera dando forças para lutar, afastando a mente do outro, empurrando-a para fora da sua...
-Saia...- gemeu baixo.- saia... saia da minha cabeça... saia.
estava conciente que seu corpo estava exaurido, sua mente estava exausta, mas que estava protegido, amparado por alguém... um calor e um cheiro reconfortantes... afastou as mãos do rosto para mirar quem o acalentava mas não viu nada.
Só escuridão...
O rapaz afastara as mãos, tão cansado, pálido, exausto e abriu os magníficos olhos verdes bem em sua diração como o visse, Draco sentiu o sangue parar por um segundo então sentiu pena, porque a expressão do rapaz foi de medo.
-Não consigo ver...- disse nervoso.- Algo está errado, estou cego.
Apenas o apertou mais e sussurrou, nunca em sua vida disse algo com mais sentimento, sentiu sua voz mudar, mais doce.
-Não se preocupe... calma.- passou a mão de leve no rosto do rapaz.
Se não se sentisse tão calmo, tão em paz pelas palavras ditas por aquela voz... estranhamente conhecida... estaria desesperado, porque não via. Nada. Tentou se mover, mas os braços o seguraram.
-Espere.
De onde conhecia aquela voz? Aquele cheiro... tão bom, a mão que acariciava sua face, o corpo que o aquecia, retirando a lembrança da dor... sentiu o contato dos lábios em sua testa, não sabia o que estava fazendo, soltou um suspiro, então sentiu os lábios, pressionados contra os seus, em nenhum segundo pensou em protestar, tão bom, tão reconfortante, deixou aquela boca possuir a sua, o que estava fazendo afinal? Ou deixando de fazer, se deixando levar... se deixando abraçar, acariciar? Nunca sentira aquilo antes porque parecia tão natural... então se assustou, porque estava sendo acalentado, beijado, tocado por um rapaz, sentiu quando o corpo maior se encostou no seu, um milhão de dúvidas, incertezas e lembranças ruins se apossaram dele que tentou se afastar, rompeu o beijo.
-Quem é você?- perguntou.
Draco sentiu-se tão... completo, quando finalmente o beijou, o rapaz não oferecera nenhuma resistência, estava tão entregue... se deixou levar, nunca se sentira assim aquecido por dentro, feliz, protetor, aquele corpo tão pequeno ali... então quando o tomou nos braços com um pouco mais de desejo o rapaz protestara, afastara os lábios, uma surpresa incomoda nos olhos inúteis, Draco não podia responder... ficou mudo, a expressão do Grifinório era quase de desapontamento.
-Porque não me responde? Quem é você?
Sentiu algo estranho... Medo.
Fugiu.
Deixando o rapaz cego para trás... sozinho.
Harry sentiu um frio imenso, um desalento, um abandono... usado? Estava perdido, cego, sozinho... porque era sempre assim que acabava? Coisas boas em coisas ruins? Tinha sido bom... não fizera nenhuma censura, tivera medo... medo de ser machucado de novo, mas não devia ter tido, o outro não parecia querer machucá-lo... mas o abandonara... era tão divertido assim deixá-lo sofrer? pensou amargo tentando encontrar sua mochila tateando na escuridão, e agora? o que poderia fazer assim cego? Estava confuso... exausto... sozinho, se encolheu, de certo modo estava sempre sozinho, voltou a tatear inconformado com seu destino.
Draco parou no meio do corredor, como pudera? Meu Deus o que tinha acontecido afinal? O deixara lá abandonado... não podia fazer isso... se virou para a porta ainda aberta, nem um som... então a batida, o lamento, Draco correu de volta, o rapaz estava no chão, perto da mesa, mão na cabeça, poderia um dia se perdoar por fazer tamanha burrice? pensou ao ver a cabeça virar em direção a porta.
-Tem alguém ai?- Harry perguntou confuso,pensou ter ouvido passos, estava zonzo por ter enfiado a cabeça na mesa.- Você ainda está ai?
Havia mágoa naquela pergunta, Draco pode sentir... apertou a varinha, nunca se sentira tão idiota... tão imbecil.
-Desculpe.- sentiu a voz tremer.- Me... me desculpe! Iluminate!
E saiu correndo, porque não sabia o que estava acontecendo consigo mesmo.
E tudo que Harry viu foi um vulto, então os olhos foram clareando... se levantou olhando em volta... passou a mão onde batera a cabeça, cambaleou, dores demais... acabaria ficando ainda mais burro que já era se continuasse batendo a cabeça nesse ritmo... não conseguia se mover... porque não conseguia assimilar tudo que tinha acontecido.
Porque tudo que vivia tinha que ser em exagero? Pensou se embrulhando na capa e tomando o rumo da torre da Grifinória.
