LEMBRETE: OS PERSONAGENS PERTENCEM A JK ROWLING... QUEM DERA EU FOSSE ELA!!! A FIC TEM VIOLÊNCIA, SEXO E COISAS DO GÊNERO, SIM! SLASH TAMBÉM!!! É MERA FICÇÃO PRA QUEM CURTE E SE VOCÊ QUER COISAS BUNITINHAS E AGUADAS... NÃO CONTINUE A LER. AVISO DADO.

(Prometo não fazer nada de bom!... Mal feito feito!!!) Reviews óh eterna falta de Reviews... pra quem não se tocou eu vou judiar muito do Harry e ensandecer o Draco(romântico? nem um pouco!)... é só para avisar...

CRUEL – CAP08... coração estilhaçado e serpentes negras...

Entrou na sala comunal de cabeça baixa pingando por tudo... o silêncio imperou, não havia nada contra ele, mas em solidariedade se sentou ao lado do amigo.

-Não dá pra fazer milagre num time que não sabe fazer pontos!- disse olhando o amigo que era consolado pela namorada.

Fora uma vergonha, seria um empate, ele se esforçara, mas agora que o calor passara, aquela chuva miserável que inundava tudo e umedecia as coisas impedira de fazer sua parte... podia ter salvo o time do vexame...

160 Lufalufa x 150 Grifinória.

Agora sabia como se sentira o Krum... apanhara o pomo, mas a Lufalufa vencera... Rony ainda olhava o chão, mas tinham que admitir sem os gêmeos e com aquele imbecil do Conery no ataque não tinha como ganharem... Gina e Cátia até tentaram, mas o outro só faltou fazer contra... Rony ainda olhava para o chão.

Gina se jogou ao seu lado olhando torto para Dino, que a olhava de braços cruzados, ela ainda apoiando-se torta pelos balaços consecutivos que levara, felizmente Pomfrey a liberara.

-É, pelo menos você salvou a gente de um vexame maior.-disse e deu um gemido se ajeitando melhor.

-Eu não vi o último ponto, achei que seria um empate, se tivesse visto tinha dado tempo para vocês...-disse empurrando o cabelo ensopado da cara.

-Nunca íamos fazer um... que é aquele cara novo do gol deles, um gênio!!!-disse Cátia olhando desconsolada para a lareira esticando os pés encharcados para secarem.

Rony soltou um suspiro, Hermione passou a mão pelos seus cabelos vermelhos.

Foi um fim de mês horrível, começo de mês horrendo, se não fosse a festa de dia das bruxas que viria, da qual Harry nem queria ouvir falar... eram um monte de garotas risonhas para cá, para lá e comentários bobos, fofocas e não estava com cabeça para isso, Chang o perseguia o tempo todo, até no salão, precisava da guarda dos amigos para comer... o que piorava a situação, ainda enfiado num ciúme doentio de Hermione e Rony, tendo encontros furtivos com um rapaz sem face... incapaz de deixar de partilhar aqueles momentos breves e quentes, apenas alguns beijos, sempre rápidos, sempre cegos, porque agora era quase impossível arranjar um lugar seguro, desde que um casal de alunos foi pego por Filch no flagrante na noite em que ele ficara na enfermaria, quase foram expulsos os dois... seu amante sempre o surpreendendo pelos cantos e o deixando só instantes depois...difícil. Recebendo pelo correio sempre os mesmos poeminhas sujos.. Sem vergonha... repetia para si mesmo, o Sirius em seus sonhos concordando... sem vergonha, viciado naquela droga, que lhe arrancava de seu mundinho miserável para voar alto e voltar a se espatifar no chão de novo depois.

-Você vai acompanhado á festa?- perguntou ao seu amante.

Na escuridão em que se encontrava não podia saber de nada, além da boca em seu pescoço, as mãos que seguravam as suas.

-SSSHHHHT.- Draco tapou a boca dele.

Não queria responder, como dizer que adoraria leva-lo? Mas que não, aceitara o convite de Pansy... de novo, escutou o rapaz suspirar, era sempre assim, sabia que estava no limite, seis encontros cegos e não tinha mais argumentos, apenas mantinha o outro quieto com beijos e carícias, estava errado, sabia, sussurrou.

-Vá com quem quiser... não se preocupe.

As mãos dele entraram de leve por dentro da veste puxando o Grifinório mais para perto, apenas para ser empurrado.

-Chega.- disse amargo.- Chega.

-Porquê?- Draco sussurrou bem baixo na orelha dele.

Um suspiro doído do rapaz e Draco vislumbrou um olhar triste.

-Porque não posso continuar com sua bricadeira... entendeu? Você dorme bem? Eu não durmo... Você sorri quando sai desses encontros? Eu não.

Se não terminasse agora seria aquela prostituta pra sempre...engoliu seco porque nem saber a expressão do outro não podia.

Draco soltou o rapaz, surpreso.

-Você me tem... eu não tenho nada, você me vê... eu não... você me toca... e não me deixa tocá-lo... você me usa.

-Não!-Draco sibilou.

-Você raramente fala... eu fico perguntando em vão... você escreve mas eu não posso responder... você deve ser alguém com namorada e eu sou a puta que você pega pelos becos.

Draco fechou a boca do rapaz novamente, surpreso com a dor demonstrada naquelas palavras duras.

-Não...- abaixou a voz.- Não é isso.

Tirou as mãos do outro da sua boca, com raiva.

-Você não me dá nada em troca... além do medo de ficar sozinho, tão confiável que me azara... você quer o quê? Ter a satisfação de deitar pensando que amassou o Potter? É isso? Me responde.. ah.. é... você não fala, porque não quer que eu reconheça sua voz...

O que dizer que não pareça canalhice? Pensou Draco vendo a amargura no rosto do outro, os olhos verdes inúteis em seus encontros, o outro apenas abaixou a cabeça e soltou uma risada doída.

-É verdade não é? Agora você fica mudo.

-Você não tem que saber.- Acabou falando sem querer.

Harry levantou a cabeça rápido, arrepiado, meteu a mão no bolso, usou a única contra azaração que conhecia capaz de tirá-lo daquela azaração consentida, porque reconhecera, implorando que fosse mentira.

-Purificate!

Draco tentou dar um passo para trás, mas era tarde, os olhos do Grifinório se arregalaram e ele abaixou a varinha devagar, Draco gelou, sentiu seu coração parar porque não deveria ter sido assim.

-Ah...- Harry sentiu o mundo fugir.

Tão confuso e doloroso que não podia olhar para o Sonserino a sua frente.

-Potter...- Draco esticou a mão para a veste enfunada mas era tarde, o rapaz já tinha ido.

Draco se encostou na parede e enfiou uma cotovelada nela, apenas para sentir dor... porque o outro doía na sua mente, o olhar de pura decepção... devia ter dito... devia ter sido corajoso, deveria ter arriscado.

Era sim! Era uma brincadeira... um jogo... porque não percebera?! Idiota... não... merecia! Merecia!!!! Mereceria mesmo se o sonserino se mostrassse quando fossem até o fim... mereceria mesmo... pela puta que era!!! Como não reconhecer aquele jeito arrastado de falar? O cheiro dele nas aulas!!! IDIOTA!!! Merecera todas as azarações, podia ouvir o sonserino rindo de noite... na cama, passou a mão pela boca, com nojo de si mesmo, apenas doído demais para parar de correr, ainda sentindo a dor de escutar o coração estilhaçando, porque queria ter acreditado que alguém o protegeria, era óbvio que ele estaria lá!!! IMBECIL!!!! Era óbvio que ele saberia a hora de se aproximar... perfeito! Aparecer quando estivesse confuso.

-Desgraçado...- gemeu ao se enfiar chuva abaixo no lado de fora do castelo, sentindo a água fria escorrer pelas lágrimas que não tinha para chorar... apenas se encostando contra uma das árvores perto do lago que ameaçava transbordar ainda mais...

Rony e Hermione estavam trabalhando na sala comunal, tinham acabado de ter uma reunião de monitores, sem perceber que Harry saíra logo depois do almoço e não voltara para jantar...

-Vocês viram o Harry?- perguntou Cátia.- Quero devolver um livro pra ele mas não o acho.

Os dois se olharam.

-Não...- disse Hermione e olhou em volta.

-Não... desde o almoço...- começou Rony.

-Ah... devolve pra mim Mione.- disse ela passando o livro.- Eu tenho que terminar umas pesquisas e já perdi um tempão.

Mione segurou o livro que era parte da coleção que ele ganhara no natal do ano passado e olhou o namorado.

-Você percebeu que ele some um tempo de vez em quando?-disse preocupada.

-Acho que é a garota das cartas.- sorriu Rony.

-Não sei, ele sempre volta com uma cara... e se enfia no dormitório.-disse olhando o livro pensativa.

-Então deve ser a Chang... você acha que ela aprontou de novo?

Definitivo,sumiu! Pensou ao entrar na sala sonserina, procurara Potter a tarde inteira e nada, ele devia ter voltado para a sala comunal... que droga, pensou se sentando em frente a lareira... tinha feito tudo errado, como se livrar daquelas palavras...

"Você sorri quando sai desses encontros? Eu não."

"você me toca... e não me deixa tocá-lo... você me usa."

Não era isso, suspirou contrariado o suficiente para Crabbe e Goyle o olharem e encolherem os ombros. Olhou a lareira, pusera tudo a perder por mera comodidade, estava acomodado, o outro fora tão... submisso... tão quieto, em nenhum momento pensou que tomaria aquela atitude, claro, que não, quantas vezes ele perguntara...

" Você raramente fala... eu fico perguntando em vão..."

"Quem é você?"

"Porque não posso te ver?"

Burrinho... que droga... ele não podia se conformar com os beijos? Estava tão bom assim...

"Você não me dá nada em troca... além do medo de ficar sozinho, tão confiável que me azara..."

Droga... mas era necessário afinal, não,Draco olhou para o teto enfurecido consigo mesmo, tinha feito daquilo um hábito, sabia, era a sensação de poder que dava... gostava dela. Gostava de tê-lo ali, disponível e indefeso...

"você quer o quê? Ter a satisfação de deitar pensando que amassou o Potter? É isso?"

Também Potter... também... porque você é único... entenda... como queria fazê-lo entender...

"Me responde.. ah.. é... você não fala, porque não quer que eu reconheça sua voz..."

Será que ele nunca ia perceber, era óbvio que mais cedo ou mais tarde... ele o reconhecera, pensou Draco, só pela voz...

Ensopado, observando a noite cair depressa pela escuridão trazida pela chuva gelada que açoitava o corpo sentado no chão, o lago tão cheio que estava molhando as suas pernas, mas não queria se mover, talvez não se levantasse, podia ficar ali pra sempre, apenas vegetando, medo até de pensar, para não cair na roda exaustiva de pensamentos negros que tivera até então, ergueu os olhos para o céu no terceiro clarão de um relâmpago... serpente maldita.

-Eu devia ter percebido... como sou idiota!!!- disse enfiando os punhos com força contra o rosto e encolhendo-se.- Ele apareceu naquele dia... bem depois... e na enfermaria, ele estava na sala, sabia que eu estava mal... a azaração... eu devia saber... aquela voz... BURRO!!! COMO EU SOU BURRO!!!!!

Podia gritar que ninguém o escutaria contra o vento e sob os trovões.

Gelado, gelado por dentro também, merecera não? Afinal devia saber que era, agindo daquele jeito, igual a uma vadia, só faltava ter pedido para o outro ter-lhe posto uma coleira... se o... admita, era o Malfoy...

-MALFOY!!!!

Ah, como doía imaginar que aquilo tudo que gostara era vindo dele, que se tinha deixado levar, e até certo ponto queria ter feito mais... lembrar do que pensara, do que chegara a desejar... sentiu um arrepio.

-DESGRAÇADO!!! Brincou comigo! Eu teria ido pra cama com ele! Que coisa nojenta eu sou!-Falou olhando o lago agitado pelo vento.

Silenciou quando a escuridão era completa, com certeza estaria encrencado... entraria pela ala dos vestiários, talvez tivesse maiores chances de não se complicar, seria hilário tentar arranjar uma desculpa para tudo, não tinha respostas nem para si mesmo, se levantou e tirou a veste, toda enlameada... se pôs no rumo andando devagar sentindo o pé escorregar no sapato encharcado e afundar no solo lamacento, mal enchergando porque a chuva embaçava os óculos.

Rony e Hermione estavam andando pelos corredores distintivos de monitores lhes dando a desculpa, seria uma encrenca danada se Harry não estivesse na sala comunal em quinze minutos... e onde poderia ter-se metido.

-Acha que devíamos avisar a professora Minerva ou alguém da Ordem?- perguntou Rony.

-Não! Imagina se ele só se enfiou na torre de novo! Vamos verificar antes!

-Ah, eu vou dar uma surra nele se ele estiver lá!- disse o ruivo.- Mania idiota!

-Rony...- ela o olhou.- Ele vai lá por causa do Sirius!

O ruivo olhou-a e balançou a cabeça.

-Harry devia parar de agir como se tivesse onze anos! Sabe ás vezes ele é muito infantil!

-Olha quem fala.- ela disse apressando o passo.

-Mi! Espera!- ele apressou o passo, também.

Draco tinha seu distintivo preso a veste, queria muito dar de cara com Potter, mas sabia que não veria o moreno tão cedo, mas faria de tudo para assustar uns alunos e descontar a raiva que estava, ainda arejando as idéias de como falar com Potter sem que ele o azarasse, ou fugisse, olhos verdes arregalados ainda martelando na cabeça, junto com o gosto daquela pele e daquela boca... malditos beijos tímidos, cheiro adocicado que não era possível de definir... Draco passou a mão pelos cabelos loiros... finos, tão diferentes do outro, aqueles cabelos grossos e macios deliciosos de agarrar, maldita febre que sentia só de pensar no Grifinório, pelo menos se controlara, porque desde aquele dia, naquela cama da enfermaria desejava o rapaz de todas as formas, totalmente, foi um exercício não forçá-lo, agora pensando seriamente, deveria ter forçado, ele cederia.

-Meu Deus se eu tivesse feito... ele faria o quê?-sussurrou imaginando o que mais desejava.

Bem no meio da confusão entre consideração á dor do moreno e ao desejo insano que sentia ele viu a figura passar no corredor á frente... congelou.

Harry passara rápido, cabisbaixo e encharcado, Draco enfiou a mão na boca...

-Lá fora?- se concentrou nos uivos do vento e o rugir dos trovões.- A tarde toda? Não...- se apressou em seguir o rapaz e constatou que ele deveria ter estado sim lá fora a tarde toda pelo rastro de água e lama que estava deixando... Filch logo o acharia.

-Potter!

Harry se virou olhou o sonserino.

-Quê?

Draco apenas o olhou, encharcado até a alma, veste escorrendo segura na altura da cintura pela mão enfiada no bolso, camisa transparente grudada no corpo esguio, cabelos arrepiados mesmo encharcados... lindo.

-Pare aí Malfoy!- veio a voz no corredor lateral.

Era Rony, ele e Hermione olharam os dois.

-Mas Harry!-ela exclamou ao vê-lo encharcado.

-Em outra hora Potter.- disse olhando os dois.- Por hora passa.

E se retirou.

Um único ato de dignidade, pensou Harry, na verdade o idiota estava apenas salvando a própria pele escamosa, pensou novamente olhando o sonserino sumir pelo corredor, apreciando os fios finos do cabelo loiro balançando com o andar... maldito, vai me assombrar pelo resto da vida também, pensou desviando o olhar para os dois amigos.

-Ele ia te encrencar um monte!- disse Rony.

-Onde você andou?- Hermione perguntou o olhando séria.

-Imagino que ele fosse arrancar meu couro e andei lá fora... se estão satisfeitos quero ir á sala comunal tomar um banho e dormir. Boa noite!

Virou as costas para sentir a mão de Rony no seu ombro.

-Ficamos preocupados um monte cara! E não seja grosso com a gente! Certo? Qual é Harry? Anda agindo feito um débil.

Hermione revirou os olhos com a falta de tato do namorado e voltou a pousá-los na figura arrasada a sua frente.

-Acontece que o débil está de mau-humor... se quiser falar comigo direito que tal me deixar ir e trocar de roupa pelo menos?

Hermione suspirou nervosa e disse.

-Tá certo vamos, mas você vai nos dar umas explicações.

-E desde quando...- parou ao ver o ar indignado dos dois.- Depois de me trocar então.

E teria que bolar uma boa história até lá.

Impossível, atordoado demais apenas conseguiu brigar com Rony, que foi um poço de delicadeza ao perguntar onde andava se enfiando... metendo o dedo na ferida sem saber...

-"timo.- retorquiu irritado.- Porque não interessa!- disse olhando a lareira, tentando aquecer-se e esquecer a fome.

-Tem certeza Harry?- perguntou Hermione.- Se a gente soubesse o que foi, ficava mais fácil de ajudar!

-Se eu quisesse ajuda.- disse sem desviar os olhos da madeira que se consumia.- Tinha pedido.

-Ah, bom humor...- disse Rony com um aceno nervoso.

-Pensei que estivesse...- ela começou.

-Mas não estou, ah Mione, eu disse deixa quieto tá certo?-disse ainda sem tirar os olhos da madeira.

Rony soltou um resmungo e a garota saiu de seu lado para voltar a sentar do lado do ruivo, Harry levantou imediatamente, solidão doendo no peito.

-Vou deitar... ver se clareio as idéias.- se retirou.

-Acho que está precisando.- Hermione disse séria.

E não pode dizer que ela não sabia do que estava falando.

Bastou se enfiar na cama para as lembranças aflorarem... boas e ruins, boas porque estavam gravadas na pele, na boca, ruins porque agora conseguia "ver" como tudo acontecera... que vergonha, se encolheu na cama, sangrando, partido entre duas coisas tão opostas que doía fisicamente, estava todo dolorido.

Na manhã de segunda feira estava desanimado, aulas e mais aulas e teria conjuração e oclumência, ambos para cravar e rodar a faca em seu peito, e começou pela manhã quando uma bela coruja vermelha lhe deixou em mãos um novo pergaminho marfin, fazendo Rony e Hermione lhe olharem com cara de "isso é um bom sinal!!!", mas não tinha ânimo de fazer nada apenas ficou um bom tempo segurando o pergaminho até enfiá-lo no bolso para evitar que alguém o pegasse, sem coragem de destruí-lo porque chamaria atenção, lembrando dos outros guardados no meio do álbum de família... seu álbum... Malfoy tinha conseguido macular sua coisa mais preciosa, tinha conseguido uma vaga naquele santuário onde estavam as únicas fotos de seus pais.

-Com licensa.- disse se levantando.

Hermione deu um sorriso e Rony levantou o polegar.

Era hábito ou dessa vez a verdade lhe tirara a fome? Pensava desanimado pergaminho queimando no bolso... encrenca desgraçada...

-Harry!

Ele sentiu a mão que o segurou com força pelo ombro se virou e a encarou.

-Cho?

Ela abriu um sorriso, que apenas o fez sentir algo ruim.

-Vai na festa comigo?- ela perguntou como se fizesse um convite maravilhoso.

-Como?- perguntou surpreso com a impossibilidade da cena.

-Vai na festa comigo? Ah, vamos juntos, Harry?- ela sorriu o segurando pelo braço.

-Você tá maluca Chang?!- disse se afastando dela.

-Ah.- ela disse séria.- Quer pensar? Você vai comigo de qualquer jeito, bem até mais!!!- se virou e saiu.- Tchau!

Ficou olhando a garota desaparecer, ainda sem entender nada, balançou a cabeça "é caso de hospício trouxa mesmo..." e seguiu para a sala comunal, mas o encontro lhe rendera um atraso que lhe obrigou a deixar o pergaminho esquecido, relegado para depois, catou seu material e foi encontrar os colegas para uma animada aula de história...

-O que pode ser pior?- disse Rony olhando a pilha de anotações de Hermione.- Me explica Mi, o que pode ser pior?

Apenas suspirou, os dois estavam novamente discutindo, meia hora falando de como a História influenciava nos NIEMS também, um tédio, pensou arrastando os pés, ainda incomodado com a cara da Chang, a aula de advinhação apenas servindo para irritá-lo ainda mais, olhando para aquela bacia cheia de água, ouvindo as predições funestas de Sibila, que não demorou a olhar a sua bacia.

-Começou querido,-ela disse baixinho o olhando.- Começou.

Rony franziu a testa ao perceber a súbita mudança de tom da professora.

-Começou o quê?

-A perder a graça.- disse sério.

Sibila o olhou, aproximou os olhos da bacia novamente.

-Seu coração já se estilhaçou... e sua alma começou a sangrar... vejo uma sombra lhe perseguindo... ah- ela suspirou e saiu balançando a cabeça.

-Seria mil vezes mais útil se ela viesse com um dicionário básico.- disse Rony rodando o dedo ao lado da cabeça.

Mas Harry voltara a olhar para a água, não num esforço pela matéria, mas para pensar em algo diferente. apesar de não adiantar...

Até ver um grupo de serpentes negras enosadas na sua bacia, erguendo as caras e escancarando as presas, bateu na bacia assustado.

A bacia caiu ressoando no chão de pedra.

O som do metal e da água chamaram a atenção da turma, a água escorreu pelo chão, só água, nenhuma serpente.

Ergueu os olhos e viu que Rony o olhava muito pálido, a turma olhava, então a professora se aproximou.

-O que foi Potter, viu alguma coisa?- ela olhou-o nos olhos.

-Bem... não... bati na bacia sem querer...- disse um pouco alto demais para ser verdade.

Rony o olhava intrigado, a aula prosseguiu tensa até serem liberados, saiu mudo, com a sensação que toda turma o olhava... até Rony.

-Que foi?- perguntou Hermione no almoço, reparando em uma e outra cara interessada no almoço deles.

-Que foi o quê?- perguntou Rony num raro momento de boca vazia.

-Vocês dois estão quietos demais...

Harry desviou os olhos, alguns dos colegas ainda olhavam... obviamente o comentário fora espalhado, sentiu-se tão idiota, estúpido... dormindo acordado, só podia ser...

-O Harry...- gemeu Rony baixo.- Deu...

Harry o olhou friamente, "deu o quê?, um ataque?"

Bem que podia ser...

-Posso explicar depois?- disse muito baixo a amiga.

Ela acenou em concordância, Harry deu meio sorriso apenas remexendo a comida... se fingisse que estava passando mal? Poderia faltar á aula de conjuração... não queria ir a aula de oclumência...

"Adiar seria pior..."

Mas não podia fingir que não era uma agonia terrível aquela espectativa.

Se enfiou na sala de conjuração por último, animado por nem ter visto rastro de Malfoy, mas sentiu uma sensação horrível, como se caísse muito rápido, ao cruzar o olhar com ele, que já estava sentado... quantas aulas estiveram assim tão próximos, a sensação de ser muito burro apenas aumentou, tão perto dele e não percebera.

Agora tão óbvio que chegava a doer.

Sentou-se o mais longe que o banco permitiu, colocou a mochila no meio, queria distância, terrível admitir, mas precisava de distância...

Estava com medo de cair em tentação.

A reação não era de todo surpresa para Draco, o olhar beirando a indiferença, a distância, soubera que ele agira estranho na aula de advinhação... nem imaginava porque ele fazia aquela matéria idiota...

o olhar desviado, concentrado demais na matéria para ser plausível...

Não resistiu, passou um pedaço de pergaminho para ele.

"Pelo menos leu a mensagem da manhã?"

Harry estava com o pensamento desligado, meio concentrado no que a professora repetia, meio concentrado no perfume que vinha do lado, muito nas malditas cobras que não saíam de sua memória, então a mão do sonserino esbarrou na sua, despertando-o para o pedaço de pergaminho a sua frente, olhou para a professora, para os colegas, todos concentrados na complexa fórmula de conjuração, então tirou o pergaminho do bolso e olhou o sonserino, que sorriu.

"Maldito."

Torceu o pergaminho com força e jogou como se fosse lixo no colo do loiro, sempre odiara aquele sorriso cínico, por mais belo que fosse... enfiou o cotovelo na mesa e apoiou a mão virando o rosto.

Não viu o sorriso morrer nos lábios pálidos do rapaz, não viu uma mão trêmula recolher o pergaminho amassado.