LEMBRETE: OS PERSONAGENS PERTENCEM A JK ROWLING... QUEM DERA EU FOSSE ELA!!! A FIC TEM VIOLÊNCIA, SEXO E COISAS DO GÊNERO, SIM! SLASH TAMBÉM!!! É MERA FICÇÃO PRA QUEM CURTE E SE VOCÊ QUER COISAS BUNITINHAS E AGUADAS... NÃO CONTINUE A LER. AVISO DADO.
(Prometo não fazer nada de bom!... Mal feito feito!!!) Harry está confuso? Draco está desesperado (os trechos dele são os que mais gostei!)... Odeio a CHO!!!! Desculpem... ficou meio descritivo... estava inspirada.
CRUEL – CAP10... A foto e a poção...
Os flocos de neve caiam lá fora, frios como o vento que penetrava pelas frestas das janelas sacudidas... Harry corria desabaladamente, já sem fôlego, trôpego...
Os passos ressoaram no chão de pedra do castelo... corria, corria porque tudo dependia disso, empurrando as portas com as mãos escutando-as baterem ao passar, então chegou, só para ver a luz.
O feitiço a atingiu... o sangue jorrou do ferimento empapando a camisa branca, ela caia para trás, adiantou-se e a segurou:
-Não, por Deus não!- gemeu a segurando.
Ela apenas o olhou antes de desfalecer, a cabeça pendeu deixando que a cortina de cabelos encaracolados tocasse o chão sob o olhar chocado do rapaz.
-Mione!-a chacoalhou.- Não! Mione!
Escuridão, como se todas as velas do corredor perdessem a intensidade.
Novos passos vieram da escuridão, olhou para o corredor.
-Socorro! Socorro!- implorou segurando o corpo da amiga.
Rony entrou devagar e os olhou, ferido também, olhar de dor e indignaçào nos olhos tristes.
-Porquê?- ele perguntou.- Porquê Harry?- Disse erguendo a voz.- Você me traiu!- o rapaz se encostou em uma parede, varinha apertada na mão.
-Não.- tentou protestar vendo o sangue da amiga escorrendo para o chão.
-Você... ela morreu por sua culpa! Você... é sua culpa!- gritou enfiando as mãos no rosto depois de olhar o sangue.
-Não... eu não fiz isso.- disse a olhando.
-Sua culpa! Você me traiu! Como pôde!- olhar cansado e acusador.
-NÃO! Eu...
-Você não fez nada.- disse uma voz conhecida enquanto alguém o abraçava por trás acalmando-o.
-Mentira!- Gritou Rony caindo de joelhos, segurando um ferimento no peito que sangrava também.- Me traiu! Era meu amigo!
-Eu não quis.- disse muito baixo.
-Não é sua culpa e se for quem se importa?- disse o rapaz que o abraçava.
Mas não podia levar em conta o que o Sonserino soprava em seu ouvido, por mais lânguido e bom que fosse.
A assassina de Hermione ria do escuro, vestes sopradas pelo vento frio que entrava com alguns flocos de neve pela janela aberta, Chang só ria, cabelos sobre o rosto.
-Eu disse que ia tornar sua vida um inferno! Parabéns!-ria com lábios vermelhos ressaltados pelos cabelos negros grudados neles.
-Desgraçada! Foi ela!-disse olhando do amigo a garota que ria.
-Não, ela fez isso por sua culpa.- disse alguém das sombras o olhando.
-Sirius...- balbuciou sem forças.
O bruxo apareceu, tão magro e abatido quando o viu pela primeira vez.
-Você...- ele disse muito baixo.
-Não.- gemeu.
-Você é o culpado.- riu Chang.
-Você me traiu... Mione está morta!- disse Rony com o peito sangrando.
-Você não tem que saber...- sussurrou o loiro em seu ouvido.
-É sua vida... sua culpa.- disse Sirius na penumbra.- Por eles... por mim.
-Não.- balançou a cabeça desesperadamente.
-Olhe suas mãos.- sopraram os quatro.
Olhou-as, sujas de sangue.
-Sujo! Traidor! Assassino!
-Não!- enterrou as mãos com força na cabeça.- Não!!! Eu não quero... Eu não sou... não é minha culpa!!! NÃO!!! Por favor... não...
Chacoalhado, talvez pelos soluços.
-Acorde! HARRY!- chacoalhado de novo.
Abriu olhos doloridos, a face do amigo preocupado, correu os olhos...
Um sonho... um pesadelo.
E teve vergonha de olhar o amigo.
-O que foi Rony?- disse baixo.
-Ãh? Você estava tendo um pesadelo... parecia.- disse o outro confuso.
-Desculpe se te acordei...- olhou o ruivo.-obrigado por me acordar...
-Não quer conversar...- falou o rapaz ainda de pé curvado sobre ele.
-Besteira, não se preocupe. Só um pesadelo.- fechou os ohos fingindo sono.
-Tem certeza?- o rapaz insistiu.
-Tenho, pode dormir sossegado, besteira.- se virou para não olhar o outro.
-Tá certo...ah... Harry?
-Ãh?
-Relaxa um pouco, tá tudo bem.
-Eu sei, obrigado Rony... Boa noite.
-Noite.
Enfiou o rosto no travesseiro infeliz, palavras ruins martelando na cabeça, a imagem horrivel dos amigos feridos, de Chang rindo, de Sirius... Malfoy... que diabos ele estava fazendo? Invadindo seus sonhos agora? Até em seus sonhos ele ia se enfiar assim? Não podia ter paz não? Quando poderia dormir em paz?
Talvez nunca mais.
-Ugh!- olhou o vermelho surgir e formar uma gota, sangue.
Draco soltou um suspiro e levantou para lavar a mão ferida, de novo.
"Droga, se parasse um segundo..." enfiou a mão sob a água gelada com um novo suspiro.
Roda viva, conseguira uma detenção por azarar um colega, na frente de um professor... é parabéns... seu nível de demência tinha chego ao auge, não enfiara Alana Bawkis, quartanista da Lufa-lufa numa sala vazia? Blás mereceu a azaração por espalhar a história, ela mereceu a esnobada.
Porque tinha ido se agarrar com uma das garotas mais sem graça da escola? Simples... cabelo preto curto, olhos verdes e óculos... insano... não era nem remotamente similar...e horrível, não teve a menor graça, a garota ainda espalhou para muita gente, isso porque Draco perdeu mais tempo preocupado em não falar certo nome que com outra coisa, horrível, baixo até para os padrões de Crabbe e Goyle, aquelas duas mulas, que confirmaram tudo.
Sentou-se de novo em frente aos talos de Agapanto que ia cortar para fazer as conservas... tédio, pensou pegando a pequena faca muito afiada, olhando os talos..."Cortar o talo antes da folha",pensou, seiva esverdeada escorrendo como sangue de um animal ferido recentemente, ou como seu suor exaurido todas as manhãs de sonhos com o grifinório.
"Se eu ao menos conseguisse um retorno, ele é tão... travado." pensou irritado, novo suspiro.
-Vamos fazer conservas Draco, não pasta.- disse Snape.
Ergueu os olhos, o bruxo o observava com uma das sobrancelhas erguida, certo, ele o salvara de uma detenção pior, como sempre, viu o padrinho voltar a conferir os ingredientes que recebera, algumas dúzias de caixas.
Voltou a prestar atenção no que fazia, pelo menos tentou, ou melhor, fingiu tentar, assim como tentava fingir que não estava desesperado, tentava fingir que era o mesmo, quando tudo que era lentamente ia desabando numa roda viva de pensamentos intermináveis que ele, uma pessoa controlada, não conseguia explicar.
"Porque afinal ele não admite que gosta!!! Que droga, eu sei que ele gosta! Porque ele não admite afinal?"
Começou a assassinar os talos com raiva novamente, queimando de desgosto, queimava pura e simplesmente porque estava privado de algo que queria... rejeitado, não estava acostumado com reijeição, e o outro ficava fugindo...
"Foge porque não quer admitir que gosta! Droga!"
Voltou a se levantar para lavar a mão, o corte mais fundo agora produzia gotas púrpuras que maculavam o cinza inanimado da pedra fria do chão. Seu sangue azul... desperdiçado.
-Estenda a mão para mim Draco.- o outro falou calmo.
Estendeu a mão mutilada, filete de sangue escorrendo de mais um corte da fileira dos vários que maculavam os dedos longos e brancos com pequenas unhas curtas agora levemente azuladas pelas vezes que lavara a mão com água fria.
-Você nunca foi disperso.- censurou.
Virou o rosto, odiava ser repreendido, sempre odiara, só porque se reprendia duramente sozinho, destestava a menor falha, o menor deslize, capaz de se devorar de raiva por cada pequeno erro, por cada detalhe, estava se odiando, não precisava ser lembrado de que últimamente não era o mesmo e que isso era uma vergonha...sentiu o outro jogar algumas gotas de poção e os cortes arderem.
-Pronto, agora por favor, não suje os talos com sangue sim? Estraga toda a conserva.- disse Snape analisando o olhar vazio do afilhado, uma leve preocupação.
-Sim, professor.- disse e voltou a sentar olhando os malditos talos.
Snape apenas balançou a cabeça ao ver o trabalho assassino do afilhado, conhecia a criatura, na verdade, conhecia-o melhor que ele mesmo.
-Gostaria de me dizer o que o está perturbando?- disse em tom casual.
-Não há nada me perturbando... professor.- respondeu sem erguer os olhos.
-Draco...- disse em tom de censura.- Não minta pra mim.
Silêncio, na verdade apenas o som dos caules sendo destruídos. Draco ergueu os olhos encontrou com os olhos negros do outro.
"Se eu apenas pudesse ir até o fim, provar o quanto é bom... isso acabaria com essa resitência, tenho certeza..." e não conseguiu formular nenhuma resposta.
Azul contra negro, duas tempestades, Snape falou calmamente ao voltar os olhos á lista de materiais.
-Algumas poções servem para isso.
Draco piscou algumas vezes surpreso, ele dissera o que ouvira?
-Algumas poções servem a esse propósito, derrubar barreiras, acabar com resistências.- Snape repetiu para confirmar olhando o afilhado.
Cúmplice.
Harry andava furioso pelo corredor sem direção ao sair da sala comunal, tinham que brigar afinal? Sua culpa! Não, culpa de sua incompetência!
-QUE DROGA!!!!!-bufou.
Maldito escudo de fogo imbecil!!! incinerara nada mais nada menos que dezoito! 18! DEZOITO!!!! Cadeiras e nada, nem uma sombra de cadeira inteira... o propósito de um escudo é proteger, não destruir...
-Magias que usam os - ele parara novamente.- elementos... é, os elementos, são complexas e se alteram de acordo com a personalidade do bruxo.- dissera bondosamente o professor Engell.
O que lhe foi um chute no orgulho já ferido... ferido porque o professor lhe dera uma aula extra... antes que matasse alguém na sala... coquetéis Molotov na mão de macacos eram mais seguros. Uma leva de comentários sobre sua falha levado a todas as bocas pelo "sistema de fofocas...", é porque quando Potter acerta é incrível mas quando erra...
Além da briga, por causa disso... Hermione se propusera a ajudá-lo... ela não fazia isso sempre? Que mal havia nisso?
Rony teve um ataque histérico de ciúmes, resultado? Brigados, bem feito, Rony devia maneirar esse estresse todo, um botão perdido foi chutado com violência e se chocou estridentemente com um vaso lá na frente no corredor... e o que tinha que se meter? Balançou a cabeça furioso com sua incapacidade para calar a boca, incapaz de não se meter... levara um cala boca bonitinho... que droga... aquilo doía! Andava bufando pelos corredores... só queria ajudar... só fez merda... devia ter se tocado, em briga de namorado....
-Que vontade de chutar a madame Norrra... cadê aquele bicho?- pensou alto.
Rony furioso por achar, na verdade tinha razão não? Que rolava alguma coisa... falou demais, típico. Hermione ficou uma fera e também com Harry que defendeu de modo errado o amigo. Cada um para um canto.
E para Harry? Fora. Ironia, acabava sempre do lado de fora... um dia ia se encrencar para valer, mesmo, devia parar com essas seções de autopunicão insone, estava acabando com sua saúde e sua sanidade... se é que ainda tinha alguma. Ia mesmo se encrencar...sabia.
Mais cedo do que esperava.
Caíra em tentação de ir até a torre de astronomia... fazia tanto tempo que não olhava o céu dali... e tinha as aparições de Sirius para pensar... achou que a torre era um bom lugar para descançar, grande erro, além de muito frio com os flocos de neve que caíam, o vento impedia que se ficasse ali, irritado se virou para entrar, ao chegar na escada a viu.
Chang lhe acenou e sorriu.
-Oi Harry... engraçado, eu pressenti que você viria aqui hoje.- disse piscando levemente.
"Maravilha... pensou contrariado. Só faltava o Voldmort aparecer também..."
-Engraçado.- disse baixo.
-Eu queria falar com você.- ela se aproximou marotamente.
-Mas acho que eu não quero... desculpe Cho, mas eu estava indo dor...
-Não!- ela interrompeu-o brusca.- Desculpe, na verdade quero mostrar uma coisa para você...- ela sacou algo das vestes.- Que tal?
Ela estendeu o retângulo de papel, com o vento que entrava da torre ele tremulicou funestamente.
Harry o apanhou olhando-a sem entender. Olhou o papel... era uma foto, levou alguns segundos para compreender... ficou sem ação, um vácuo na barriga.
Chang ficou ainda mais sorridente ao ver o rapaz empalidecer, colocou uma das mãos na nuca passando pelos cabelos negros.
-Ficou boa não? Ah, qualquer foto sua fica boa... pena a companhia.- disse como se fosse um comentário banal.
Ergueu os olhos para a garota, voltou a olhar a foto, não era tão burro assim, sabia que uma foto daquelas ia fazer um estrago entanto no namoro dos amigos, na sua amizade com eles.
Porque seu eu da foto revelava nos olhos, vendo assim, parecia outra coisa.
-Chang... o que é isso?- disse balançando a foto, irritadamente.
-Ora Harry.- ela riu para irritá-lo.- Isso é uma foto, sua e de sua amiga... bem não parece muito, mas ela é só sua amiga, não é?- concluiu com um olhar predatório.
-O que você...
-Bem...- ela o interrompeu.- Você queria ir dormir... amanhã te mando uma coruja... boa noite...ah fica com a foto, tenho um montão de cópias.-rápida lhe deu um beijo na bochecha.- Boa noite!
E saiu apressada, parecendo muito feliz.
Harry voltou a olhar a foto, que ia fazer? Primeira reação era de destruir, mas para quê? Tristeza se infiltrando da imagem que feria o coração pelos olhos. Ela tinha um monte de cópias... e era uma foto bonita final... seria tão bom se tivesse acontecido o que parecia ter acontecido... como queria ter beijado Hermione aquele dia.
Ia pagar pelo que nem fizera... ia pagar pelo seu pecado... sabia que Chang não ia deixar barato, e agora não era hora de mostrar aquilo para os dois.
Não mesmo. Pensou na briga recente olhando a foto.
"Estavam com os narizes quase encostados, desejo insano de beija-la... Ela ergueu o rosto, perto demais, então se levantou sorrindo".
Seus eus na foto pareciam tão em paz, tão cúmplices... o engraçado é que não tinha a paz que demonstrava na foto... o que parecia amor naquela foto era amor... mas não era o mesmo.
Rony era muito amigo... mas o mataria se visse aquela foto... mataria mesmo, e não teria coragem de mostrar para ela... e nem atinava porque... talvez vergonha. Sentimentos eram tão confusos.
Dormitório dos sextanistas da Sonserina, uma cama de dossel tem uma leve luminescência esverdeada irradiando leve como um luar...
Draco olhou o líquido totalmente transparente, levemente esverdeado. Ali estava a resposta para suas angustias, o fim de todo o desespero...
-Alguém recusando você...- Snape repetiu com sarcasmo.
Era só uma resistência boba, porque sentira em Hogsmeade, sabia que Potter o queria também, talvez tivesse receio e com razão por terem sido tão...suspirou, pelos amigos também... e é claro, seu amado pai ser um comensal... a confusão no olhar do Grifinório era isso, reflexo da culpa por anos de resistência ao próprio sentimento por parte do Sonserino. Draco se sentia culpado por ter deixado as coisas chegarem naquele ponto.
-Simples, essa poção é muito forte Draco, só uma conquista? Não se preocupe.- disse passando o recipiente delicado de vidro.
Mais que uma conquista... muito mais, mas engoliria a língua e beijaria o Weasley antes de admitir isso ao padrinho... principalmente porque imaginava que seu padrinho era capaz de lhe dar veneno se soubesse quem ficaria sob o efeito da poção... conhecia seu padrinho bem.
-Isso é uma poção rara e ilegal, conhecendo seu gosto pelo exótico.- sorriu o bruxo.- despeje todo o conteúdo.
-Você disse que é forte.- disse ainda admirando o brilho esverdeado do vidro.
-É sim.- pegou o vidro de volta e o abriu.- Cheire-o.
O rapaz o olhou desconfiado, o bruxo desarrolhou e passou levemente por baixo do nariz como um provador de vinho, entortou o canto da boca.
-Hum... não está de todo maturado... em dois dias ficará perfeito.- arrolhou e devolveu ao rapaz.
Draco desarrolhou e cheirou a poção, franziu a testa e cheirou mais profundamente.
-Cheiro bom... de que é?
-Athelas... uma erva muito rara... Beladona... e alguns ingredientes secretos – Snape entortou a cabeça num tom de confissão.- e Anis.
Draco sorriu.
-Anis.
Era o cheiro de Potter, o cheiro doce que sentia... o Grifinório tinha um cheiro leve de Anis. Aquela planta tão ordinária de delicadas flores lilases e odor característico e penetrante... tão óbvio.
Anis. Tão simples e tão diferente... como Potter.
Draco apoiou a cabeça no travesseiro, uma mão por dentro da camisa do pijama, na outra segurava o pequeno vidro mirando o tom verde da poção.
Tão iluminada quanto os olhos de Potter...
-Agora você é meu... inteiro.- chacoalhou a poção para ver as bolhas de ar no líquido iluminado.- Anima Passionata.
Suspirou feliz, pensando que a festa de dia das bruxas seria o lugar ideal...
Um olhar perdido vagava no chão de pedra do dormitório sextanista Grifinório...
Harry ainda divagava, enjoado, a cicatriz queimando com os gritos de pessoas que ouvia... ardia e queimava, doía muito, lutava contra a interferência, o problema era que ultimamente vinha falhando miseravelmente em limpar sua mente... agora saturada de coisas complexas.
Fechou olhos ardidos... deu um suspiro triste e tentou novamente dormir.
Não estava de bom humor e Rony saíra sem acorda-lo... nunca reparara que usava o amigo como despertador... precisava pensar num jeito de contornar o mal estar da briga ao mesmo tempo que não podia se meter, esperando os dois se perdoarem para poder ser perdoado... sempre tão difícil.
Não teve muito tempo para pensar, agonia de chegar á mesa e esperar corujas... para alguém que raramente recebe correspondência a experiência quase nunca era boa... as poucas cartas em sua vida eram boas, agora, porém, eram também confusas... estava pensando nisso tentando não olhar para a amiga que olhava dele para Rony a duas cadeiras de distância um do outro, o amigo estava com a cara enfiada no prato, estendeu o olhar ás mesas até parar no rosto de Chang que lhe deu um sorriso cínico, desviou-se dele e caiu na mesa da Sonserina.
Encontraram-se... pela primeira vez desse jeito.
E nunca reparara o quanto o outro o olhava, quase em desafio pensara antes, agora sabia que era mais que isso, o rosto impassível do Sonserino não se alterou, mas o olhar... como o outro podia ser tão controlado, pensou ao sentir a boca seca... aqueles olhos cinzas, não, eram mais que cinzas, céu nublado... tempestuoso e frio... olhar de adaga.
E o que tinha com isso? Cortou-se secamente, beleza fere, engana, voltou a olhar Chang que confabulava com a amiga traídora Marieta.Voltou a olhar o Sonserino, agora olhando irritado para Parkinson que segurava-o pela veste e o forçava a escutar algo. "garotinha mala... pensou vendo Parkinson rir... como ele aguenta?".
As corujas interromperam o mar de pensamentos tortos para fazê-lo prender a respiração...
Draco observava o grifinório desde que entrara um pouco mais tarde aquela manhã... Draco lembrava bem da situação, apesar de na época Potter nem aparecer para o café da manhã, assim como no quarto ano, ele sabia pelas faces que o trio estava brigado... o que o Weasley aprontara agora? Os três nem se olhavam e a cara do moreno era de pura resignação ao evitar o olhar da amiga e olhar de lado para o ruivo que se entupia para variar... cara sem educação... então o olhar do rapaz vagou para a mesa da Corvinal, Draco nem se importou, o rapaz parecia irritado, devia ser Chang... então aconteceu, tão novo... inesperado.
Potter o olhava com os imensos olhos verdes, Draco sentiu-se queimar de novo, desgraçado... pensou baixinho tentando não fazer sua alma escutar o pensamento, porque nunca se sentira tão nú na vida... o olhar do outro parecia sugá-lo... analisá-lo, e então se desviou... deixando um vazio doloroso que quase fez Draco pular da cadeira e acenar "Eu estou aqui! Me olha de novo!" Coisa insana.
Precisava se analisar... se afogar no lago e deixar a lula o esganar... isso tinha passado do limite.
-Draco vem cá!- Pansy o agarrara pela veste.
Ela não tinha noção do perigo não? Quantas vezes dissera que odiava ser puxado assim? A olhou com uma cara não amistosa interrompendo o riso dela ao mesmo tempo em que as corujas tomaram conta do salão.
Uma coruja castanha-das-torres planou e parou diante de Harry, alguns curiosos até olharam, mas a história das cartas era velha então ninguém prestou atenção, Rony olhava algo que Gina lhe esticara e Hermione abria o jornal, anos de treino e tinha se retirado da mesa quase sem ser notado.
Quase.
No meio do corredor deserto abriu o pergaminho amarelado.
Então Harry? Gostou da foto? Eu gostei...
Estou em dúvida sobre o que seria mais adequado fazer com ela, quer me ajudar?
Falte a sua primeira aula e me encontre no jardim em meio ás roseiras.
Não é um pedido.
Amassou o pergaminho com raiva na mão... Cínica!!!
Soltou um suspiro irritado, antes cedo que tarde, que ela falasse logo o que queria.
Apesar de saber muito bem o que era.
