LEMBRETE: OS PERSONAGENS PERTENCEM A JK ROWLING... QUEM DERA EU FOSSE ELA!!! A FIC TEM VIOLÊNCIA, SEXO E COISAS DO GÊNERO, SIM! SLASH TAMBÉM!!! É MERA FICÇÃO PRA QUEM CURTE E SE VOCÊ QUER COISAS BUNITINHAS E AGUADAS... NÃO CONTINUE A LER. AVISO DADO.
(Prometo não fazer nada de bom!... Mal feito feito!!!) Chang... teu futuro é negro.
CRUEL – CAP11... A marca da insanidade...
Cruzou o jardim branco e estéril sob a neve que caía, com as vestes enfunadas ao vento, calças se umedecendo na barra e cabelo se eriçando, como odiava quando isso acontecia... lambeu o lábio que estava ardido, por causa do frio, claro que saíra imediatamente, teria que evitar os amigos ou Hermione lhe arrastaria para a aula á força, pergaminho amarrotado na mão olhou em volta esperando a desgraçada... A amara um dia? Que desperdício de vida... pensou com amargura nos sonhos inocentes que tivera... desperdício de seus sonhos... desperdício.
Sentou-se num banco sem se importar com a umidade que ficaria em seu casaco sobre a veste, apenas olhando o céu azul acinzentado quase... igual aos olhos de Malfoy.
Porquê isso agora? Nos pensamentos também? Pensou irritado cravando as unhas na palma da mão e no pergaminho que segurava com ódio. Levantou e deu mais uns passos por causa do frio.
-Você sempre se adianta...
Se virou furioso.
-Está certo Cho! Comece a falar sobre o que quer com essa chantagem nojenta!- esticou o pergaminho com raiva na cara da garota.
Ela o olhou e abriu um sorriso colocou um dedo no queixo e disse smplesmente:
-Eu pensei em mandar para sua amiga... sabe, talvez ela admitisse que gosta de você... pelo menos todo mundo acha... até seu amigo pelo jeito que olha... podia ser com um bilhete assim... "Finalmente hein?"- ela sorriu ainda mais ao ver a reação dele.
Harry tinha baixado o pergaminho controlando a raiva.
-Ou podia mandar para seu amigo mesmo... ele ainda odeia torcedores dos Tornados? Podia ser assim... "A Granger e o Potter... o que você acha? Até a Skeeter já tinha sacado... corno!"- disse mais maliciosa ainda.
-Você sabe que...
Ela ergueu a mão imperativamente para que ele se calasse, observou a fúria nos olhos verdes.
-Ou eu posso distribuir via coruja, sabe, uma chuva delas no salão que tal? Ampliadas, com os dizeres "Novo casal da Grifinória". Ah... seria meigo Harry!
-Ora sua!
-O que foi Harry? A verdade dói?
-Pare de brincadeira! Você sabe muito bem que eu não tenho nada com a Mione! Sabe disso! Sabe que ela e o Rony são namorados! Vai estragar isso por capricho?
-Eu sei, Você sabe, ela deve saber, seu amigo não, não é? A escola toda se lembra dos artigos de Skeeter, todo mundo lembra do que eu disse ano passado.- ela falou séria.- Quer arriscar?
-Você vai se encrencar, sabe que o que está fazendo é besteira... pára com essa brincadeira.
-Posso me encrencar... mas daí? O estrago seria feito do mesmo jeito.- ela olhou em volta animada.- Então Harry? Seus amigos não valem o esforço?
Ele a olhava, sabia que era aquilo, porque estava chocado? Porque tinha desejado que ela não fosse assim tão baixa? Desejara, desejara que fosse mais simples... o vento mudou de direção jogando os flocos de neve no rosto de Harry, assim como a realidade fria era esfregada na sua cara.
-O que você quer?- perguntou rouco.
-Ah.- ela sorriu novamente e se aproximou mais.- Adoro isso, quando você assume a responsabilidade... primeiro, namoramos, a partir de agora,- tocou o rosto dele observando-o recuar com divertimento- segundo, vou ser a mais feliz garota da festa de dia das bruxas.- piscou e esticou os braços rapidamente o abraçando.- E por enquanto, você me beija agora.
Beijou-o, sem resposta, afastou-se com um olhar irritado sem soltar os braços.
-Prefere que o Weasley receba a foto ainda hoje? Seria um belo escândalo... ou que tal no meio de uma aula da McGonagall? Ou no meio de uma aula de poções?
Harry sentiu um espasmo só de pensar na alegria de Snape com a briga.
-Seja direta Cho, o que quer para me dar o negativo?
Ela riu.
-Não é tão simples assim!- ela riu o apertando, vendo divertida todo o autocontrole dele para não esbofeteá-la.
-Como assim? Cho, seja direta!- disse entre os dentes.
-Ah... assim perde a graça! Vamos com calma... você sempre foi tão calmo...
-Calmo nada.- disse segurando os braços dela com força fazendo-a larga-lo.- Eu quero a droga do negativo!!! Entendeu?- chacoalhou-a.- Onde está?
-Está me machucando.
-Eu posso muito bem te machucar mesmo.- disse furioso.
-Seria pior, eu jogaria uma tonelada de fotos por toda Hoqwarts e algumas amigas confirmariam de pés juntos que vocês dois chifram o Weasley a um tempão, tenta me azarar Harry! Tenta!- desafiou.
-Eu posso fazer pior, eu posso fazer você esquecer metade de sua vida!- puxou a varinha.
-Garotas tem diários sabia? Eu fui prevenida, Marieta vai ler meu diário se algo acontecer comigo... ela não resistiria, e sabe, ela odeia você e a Granger mais do que eu.
-Você contou isso pra mais alguém?- falou baixo a soltando.
-Por enquanto não.- ela o abraçou de novo, uma das mãos subiu até a nuca.- Posso começar se você não cooperar... Vamos fazer o seguinte, me beija e te deixo em paz até o baile, melhor ser criativo na hora de me convidar.
O olhou nos olhos e se aproximou os fechando, Harry afastou o rosto.
-Porquê?
-O quê?- ela perguntou abrindo os olhos irritada.
-Porquê?- disse amargo.- Porque isso Chang? Porque esse ódio? Porque desse jeito?
-Cala boca.- ela disse baixo.- Não te interessa.
-Interessa, eu mereço saber, porquê? Eu gostei de você... eu não te fiz nada.
-Nada... nada mesmo? Talvez esse tenha sido o problema... mas se for enrolar Harry, eu estou indo, tem boas corujas doidas para fazer entregas.- soltou-o.
-Tá certo... tá certo. Mas e o negativo?
-Você é teimoso.- ela voltou e colocou a mão no rosto dele e tirou o óculos.- Eu digo como conseguir o negativo depois da festa... juro.
Harry concordou com a cabeça, não tinha argumentos, estava odiando tudo, ela, ele, Hogwarts, os amigos... o mundo.
-Vou esperar o convite...- ela disse segurando os óculos e encostando-se nele.- Agora... você me deve um beijo.
"Eu mereço todos os castigos." Pensou antes de deixa-la colar os lábios nos seus e deixar os lábios entreabertos para que a garota fizesse o que queria, sentiu ela lhe dar o óculos, a outra mão segurando tão forte seu cabelo que doía. Não mais que sua cicatriz, mas doía.
Nunca sentiu tanto nojo... de si mesmo.
Chang se separou dele, sorriu:
-Gostei... pode melhorar, mas gostei. Espero seu convite!- e saiu deixando-o parado.
Harry olhou os óculos em sua mão e fechou os olhos... pensou nos amigos, valiam o esforço? Valiam... cortaria os pulsos por eles se alguém pedisse... agora alguém veio pedir... e tinha que fazer... olhou a garota se afastando, puxou a varinha com raiva e apontou, acertaria dali, com certeza... podia mata-la depois daquilo, abaixou a varinha resignado, não ia impedir que a história se espalhasse... Marieta seria mais fria.
Acima de tudo, não queria brigar com Rony, o amigo não sabia, mas considerava o ruivo como um irmão... não suportaria magoá-lo, não suportaria olhar para os dois se tudo aquilo acontecesse por sua culpa.
Sua vida... sua culpa... sua obrigação.
Sina... a cicatriz deu uma fisgada dolorida.
Malfoy ainda sentia a neve umedecer seus cabelos, não entendera nada, por que o vento estava para o outro lado, levando a voz dos dois embora... no início achou estranho o modo como Potter saíra sem os amigos, faltando aula... pelo que soubesse o rapaz nunca faltara aula.
Então ela apareceu, Malfoy reconhecia uma briga, Potter com raiva? O que Chang tinha para obriga-lo a aceitar a presença dela? Pensou irritado ao ver o rapaz a olhar com raiva apesar dela parecer feliz, então ela se aproximou, a coisa estava errada, muito errada, aquele abraço, simulacro de beijo, o olhar dela, aquilo estava errado e o incomodava, desde quando o jogo entre duas pessoas o incomodava? Mas incomodava, ciúme ao ver ela retirar os óculos do rapaz e dar um beijo insinuante nele agarrada no cabelo negro, um agarrão dominador, achava que só ele tinha feito aquilo com ele, então se separaram, Draco estava furioso e desejou que ele a tivesse azarado quando o viu erguer a varinha, mas não, São Potter não azara ninguém... viu ele baixar a varinha com um olhar perdido. Mas Chang que não andasse pelos corredores sozinha... o perigo ia acompanha-la agora... sim, Draco era ciumento também... e não gostara nada da cena.
Nada mesmo.
-Cincoenta!!!!! Cinqüenta!!!!!! 50!!!!!!!!!!!!!!- berrou Hermione em seu ouvido no corredor.
-Escandalo no corredor.- disse Rony irritado ao ver ela prestar mais atenção na cara de Harry que nele.- Provavelmente perderemos mais cincoenta!!!! Cinqüenta!!!! 50!!!!!!!
Balançou os discretos braços de moinho, fazendo Harry rir como não ria a um tempo.
-Valeu a pena para ver vocês dois dando vexame.- fez um gesto com cabeça e os dois se tocaram que alguns alunos pararam para olhar.
-Você é um cretino Harry!- Hermione sibilou.- O que te deu na cabeça?
-Cabeça? Ele tem uma?- disse Rony andando ao lado dela.
-Da próxima vez vou faltar uma aula de transfiguração.- disse olhando os dois amigos, uma ilha de felicidade na angústia da dor que começava sentir na testa.
-Você não faria isso faria?- Hermione perguntou séria.
-Essa eu quero ver, a McGonagall não vai tirar só pontos, ela ia te dar detenção pelo resto da vida!- disse Rony olhando em volta e chegando mais perto da namorada.
Harry se concentrou em não sentir mais nada, em não pensar em nada, apenas na mentira que saíra para pensar, como se fosse uma molecagem... uma brincadeira de criança, não no encontro com uma garota suja e traiçoeira, por que eles não mereciam, eles estariam bem até o almoço, e isso o faria bem também, por mais que doesse. O amor dos amigos era uma jóia... valiosa, um broche particularmente especial, preso a carne. Um dia ia sangrar, mas agora não, agora Harry se permitia ser tão nojento e cínico quanto Chang e mentir, mentir que estava bem.
Estavam jantando quando uma sombra pairou por tudo, levantou e foi saindo zonzo um olhar e professora Minerva se aproximou deles.
-Por favor me acompanhem, A senhorita Weasley também.
Andaram nervosamente pelo corredor... rápidos, Harry foi acompanhando até não poder mais, não gritou, apenas caiu.
Então viu os flashes, dor e mais dor, gritos, mas agora não gritos confusos, tinha que bloquear, não devia ver, se retorceu, algo frio escorrendo da testa, os gritos era conhecidos, berros e risadas.
E tudo ficou negro e haviam luzes de feitiços e era uma luta Harry pode ver o lugar, conhecido, o Beco Diagonal. Dois jovens eram arrastados por encapuzados.
-FRED!!!! JORGE!!!- gritou.
Se houve realmente uma comoção em torno dele não saberia dizer, só saberia afirmar que esse grito custara caro, Voldmort agora tinha certeza de sua presença e não pretendia deixar barato.
Os olhos vermelhos de serpente tomaram toda a sua frente, se gritou ou se debateu não sabia, só sabia que a pressão estava se tornando insuportável.
-Potter...
Concentração acima de tudo, lutando contra a dor, a pressão as vozes em sua mente confusa, Voldmort remexendo em suas memórias, precisava lutar, reagir.
Parecia estar no espaço, apenas escuridão e os olhos vermelhos a alguma distância, ao longe varias estrelas, mas não eram estrelas porque queimavam intensamente, eram memórias, o bruxo estava tentando achar uma em particular e por isso puxava várias... destruindo algumas no processo.
-Pare!!!- berrou com raiva e desespero.- Pare com isso!
-Posso parar Potter, podemos negociar.- sibilou o outro a distância.
-Não, você vai sair!!! SAIA!!!
Forçar uma mente exaurida era perigoso. Sentia como se algo arrancasse a sua alma do seu corpo, doloroso.
Algo estava errado, muito errado, não conseguia sair, então escancarou os olhos e viu arrepiado que Voldmort estava a sua frente, estava paralizado, percebeu que o que o segurava eram cobras negras enroladas em suas pernas, presas enterradas na carne.
-Você está resistindo Potter, parabéns... mas uma coisa, eu vou partir todas as suas memórias e mais cedo ou mais tarde encontrarei o que quero... revele a profecia, me diga o que o velho escondeu nessa sua cabeça. Por quê ele pôs aí?- esticou as mãos pálidas de dedos como aranhas e agarrou sua cabeça.
Agora Harry tinha certeza que gritava a plenos pulmões, era como receber uma maldição Cruciatus diretamente na alma... não havia o que fazer.
-Revele-me! Mostre-me! Responda-me!
-Não!!!!
Ao longe as estrelas mais fracas foram sumindo apagando como lampadas queimadas.
-SAIA!!!!- se concentrou no bruxo, não nas estrelas, esquecendo-se de tudo.
Olhos verdes se abriram no mundo real fitando duas figuras conhecidas...
-Ele acordou...
-Finalmente interrompeu esse suplício.- outra voz disse ao longe.
-Harry, você está acordado?
Não conseguiu articular palavra alguma, exaurido até o fim, sem forças até para pensar, fechou os olhos devagar, sem forças.
-Deixem-me cuidar dele.
Algo forte como uma bebida quente lhe desceu garganta abaixo, se engasgou, sentiu-se aquecido, abriu os olhos com urgência e falou sentindo a garganta ardendo e a voz rouca.
-Os Weasleys!- olhou os três bruxos a sua frente.- os irmãos...- tentou sentar e os dois o seguraram na cama.
-Calma, tudo está resolvido...- disse Dumbledore calmamente.- Você dormiu várias horas Harry, tudo acabou.
Olhou em volta, sim era madrugada alta, estava num canto distante da enfermaria.
Pomfrey e Snape o olhavam, ambos tinham expressões bem diferentes no rosto, Pomfrey parecia sinceramente preocupada, Snape parecia sinceramente contrariado.
Havia falhado de novo, pensou fechando os olhos, desta vez Voldmort entrara violentamente em sua mente, tinha conciência de que de alguma forma algumas coisas tinham sido esquecidas, pra sempre.
-O que houve?- perguntou baixo.
-Gostaríamos que você nos contasse Harry.- disse Dumbledore.
Mas ficou em silêncio , de alguma forma seu corpo exigia descanso, tamanha exaustão lhe tomou.
-Melhor deixá-lo descansar.- disse Pomfrey.
-Precisamos de respostas.- sibilou Snape.
-Por favor Papoula, mais uma dose e deixaremos ele em paz, mas é realmente necessário.
-Não precisa.- disse baixo.- Estou só pensando.
Não sabia precisar o motivo, mas não queria mais beber aquilo que lhe tinha sido dado.
-Certo.- disse Dumbledore baixo.- Poderiam nos deixar a sós alguns minutos?
Escutou Pomfrey ir-se e Snape chiar desagradavelmente.
-Harry, pode por favor abrir os olhos?
Não queria, não imaginava porque não queria olhar Dumbledore nos olhos.
-Ele entrou... eu não pude evitar... Voldmort entrou e começou a remexer em minhas lembranças...
-Harry, abra os olhos.
Abriu de má vontade, encarando a imagem borrada de Dumbledore.
O bruxo lhe deu um sorriso, de certa forma reconfortante.
-Os gêmeos Weasley foram hospitalizados, mas estão fora de perigo...
O coração de Harry perdeu todo o calor, afogado num desespero doloroso.
-Verdade? - disse num fiapo de voz.
-Sim, pode ficar calmo, Ronald e Virgínia foram visitá-los no StMungus junto com Hermione.
-Estão bem? Todos eles?
-Assustados, é só, pela manhã teremos notícias. Mas agora Harry, porque você estava com suas barreiras baixas? Como Voldmort entrou em sua mente?
-Não sei.- disse baixinho.- Foi muito rápido.
-O que ele fez Harry, isso é importante.
-Estava remexendo em minhas memórias... destruindo algumas... queria a profecia.- falou sentindo a voz sumindo.
-A profecia?- Dumbledore falou preocupado.- Então ele já descobriu que você a conhece.
-Acho que sim...
-Certo, descanse... veremos o que fazer depois.-o bruxo voltou a sorrir.
-Certo.
Escutou os passos de Dumbledore se afastarem, sentiu Pomfrey ajeitá-lo, deixou-se ficar de olhos fechados, dolorido e exausto, coração se remoendo de culpa...
"O que você fez Harry... - sussurrou Sirius em seu ouvido.- Se não tivesse interferido... se metido na vida dos dois..."
Ele tinha razão, assim como a Sra Weasley tinha dito no Largo... se não tivesse se metido, talvez o gêmeos estivessem seguros na Toca, ou no Largo... não numa loja no meio do Beco Diagonal. Se tivesse ficado quieto... se aprendesse a ficar quieto.
"Se aprendesse oclumência direito.- soprou a voz do padrinho novamente.- Você tem que fazer isso melhor..."
Enfiou a mão com força no próprio rosto, era incompetente, e burro, passara tanto tempo se lamentando por causa de Chang que se descuidara, idiota, orgulhoso, tinha que engolir o orgulho ficar quieto, havia coisas mais imortantes em jogo. Coisas para se dedicar de verdade.
Se é que era capaz.
Foi uma manhã de quarta inicialmente solitária ao perceber que seus amigos não haviam voltado...
"Isso me deixem sozinho... eu mereço..."
Reprimiu a reclamação infantil e ficou olhando o teto, impossível não remoer os erros, não dera atenção a dor que estava sentindo, por causa de sua irritação... queria tanto notícias dos amigos... odiava ficar sozinho, mas ao escutar uma voz por trás do biombo preferiu não ter pensado nisso...
-Creio que está dormindo menina Chang...
-Só um pouquinho madame Pomfrey... pra ele não ficar sozinho.
-Está certo... mas só um pouquinho, ele está doente.
-Eu cuido dele, não se preocupe.
"Preferia que fosse o Malfoy a você sua víbora..." pensou fechando os olhos, escutou a porta da salinha de Pomfrey se fechar, talvez se parecesse dormir ela se chateasse e fosse embora. Chang era a última coisa que merecia por companhia, até Snape seria mais bem vindo.
Sentiu o cheiro do perfume floral da garota, sentiu ela se aproximar, tentou controlar a respiração, tentou parecer adormecido.
-Dormindo Harry?- ela perguntou.
Não fez nada, escutou ela arrastar o banquinho para perto..."não... não, some Cho... vai embora, não... que droga!" sentiu o cotovelo dela apoiado no seu colchão, a respiração perto do seu rosto, tinha que se controlar... estava dormindo... você está dormindo! DORMINDO! sentiu o dedo da garota traçar uma linha da testa passando pelo nariz, boca até o queixo.
-Que bonitinho...
Bonitinho é a senhora sua mãe... pensou irritado. SOME!!! Por favor...
-Quero você acordado tá?- ela falou de modo doce.
Sentiu o beliscão no braço e levou a mão ao local da dor inconcientemente, teve que abrir os olhos, mas a exclamação de dor foi contida pela mão da garota que se forçou contra sua boca tão forte quanto um tapa.
-Bom dia querido!- ela sorriu enquanto a mão da sua boca foi parar ao lado do seu rosto.
-Bom dia pra você.- falou irritado.- Que não acorda levando beliscões e tapas...
-Ah... não fique mau humorado tão cedo...
-Pensei que ia me deixar em paz até a festa.- atalhou seco.
-Ora... não seja grosso.
Se olharam e ela abriu um sorriso.
-Eu só queria lhe fazer companhia... sabe, fiquei tão preocupada... seria tão ruim se você não for a festa...
-É a madame Pomfrey que decide...
-Soube que foi horrível o que aconteceu com os irmãos do Weasley, seria tão complicado se ele soubesse justo agora que a namorada e o melhor amigo...
-Você não se atreva!- tentou sentar-se.
A boca e os dentes se chocaram dolorosamente Harry voltou a deitar com a mão na boca e ela também colocou a mão na boca e soltou uma risada.
-Ah... você devia ficar deitado, se quiser melhorar.
Harry tocou o próprio lábio ferido olhando-a puxar um espelho e se olhar, disse resignado.
-A festa é sexta... hoje é quarta, com certeza serei liberado antes da festa... feliz?
Ela o olhou, sorriso sumindo do rosto.
-Não.- voltou a se olhar.- Não posso ir sem ser convidada, e você não vai ter a cara de pau de me convidar em cima da hora, ou vou ter que aceitar o convite de outra pessoa, sabe, pega mal...
-Dou um jeito de sair até amanhã.
Ela balançou a cabeça, guardou o espelho.
-Quero ser convidada em grande estilo até o jantar Harry, dê um jeito.
Agora... ponderou consigo mesmo, não queria admitir mas estava cansado... não pretendia deixar a cama antes do dia seguinte, agora... suspirou cansado.
-Certo, dou um jeito. Me arrasto até o salão... feliz?
Ela deu um enorme sorriso e se jogou em cima dele o abraçando, dando-lhe alguns beijos desajeitados no rosto.
-Vou ficar esperando! Tchau querido, até o jantar, não se esqueça!
E saiu como qualquer garota feliz.
Harry se virou na cama e se deixou ficar... teria que descansar se quisesse ficar de pé logo depois do almoço, sem saber se os amigos chegariam a tempo de ver a palhaçada que aquilo ia ser... fechou os olhos e tentou dormir.
Comeu pífiamente e olhou a bruxa.
-Então? Estou liberado?
-Não... talvez amanhã.
Sentiu um aperto, empurrou o cobertor e enfiou o pé no chão frio, controlando a tontura e o tremor das pernas se pôs de pé.
-Eu estou bem!
-Harry Potter!- ela disse pela primeira vez irritada.- Deite-se!
Se encararam, pelo formigamento que se estendeu pelo seu corpo sabia que deveria ficar deitado, mas tinha que dar as caras e estava preocupado com os amigos.
-Estou falando sério Madame Pomfrey... estou bem.
Ela continuou o olhando e disse bem séria.
-Termine de comer e em uma hora venho fazer um exame, se estiver mesmo bem eu vou te liberar, certo?
-Certo.- disse pegando o cobertor e voltando para a cama, puxando a bandeja de volta.
Sua vida se resumiria a isso? Pensou comendo a comida que não lhe agradava em nada, pelo contrário só se sentia mais enjoado... definitivamente era uma criatura burra, não encontrava solução para aquilo, se fosse Hermione ela acharia, mas não queria contar para ela... não mesmo, ela ia se achar culpada e chateada por causa de Rony, ia querer contar a verdade para o namorado, Rony não ia entender, na verdade ia sim, não era burro, ia compreender imediatamente o que era aquele abraço de sua parte, ao contrário do que Hermione inocentemente acreditara na sua preocupação com o namorado, não tinha sido um abraço de amigo... sentiu uma pontada de inveja, ah... mais uma coisa para anexar a sua lista de pecados... inveja.
Dos que conhecia era uma boa lista... orgulho, inveja, luxúria, se esforçando talvez atingisse os outros quatro... cobiça, gula, preguiça, vaidade...
"belo pensamento.- soprou a voz conhecida.- Seus amigos no hospital e você tendo pensamentos egoístas... você já foi uma pessoa melhor... eu já tive orgulho de você..."
Perdeu a fome, estômago queimando de remorso... suspirou e empurrou a bandeja de volta e deitou fechando os olhos, fosse o que fosse, fugiria da enfermaria se fosse necessário, encontraria Cho e faria a droga do convite... como? Tinha que pensar em como... que droga, nunca tivera capacidade de fazer aquilo direito, convida-la... lembrou de toda sua timidez em convida-la no quarto ano... tinha sido tão... esquisito, tão ruim quando fora rejeitado... por causa daquilo tinha acabado com Parvati... Assim como Rony acabara fugindo do baile, era um incompetente nessas questões, não era bom com aquilo, e agora o que ia fazer?
E será que os gêmeos estavam mesmo bem? Nem queria pensar se algo tivesse mesmo acontecido com aqueles dois, tinha estado com eles a alguns dias, em Hogsmeade... estavam felizes lhe contando sobre os planos com a loja, rindo, agradecendo a ajuda... ajuda... tinha na verdade atrapalhado a vida dos dois... se virou com outro suspiro cansado, não podia cair no sono ou Pomfrey não o acordaria.
Manteve os olhos abertos.
Mas não via nada. Nada além de sombras viperinas se enroscando pelas paredes... frias inimigas... talvez ilusão, talvez reflexo de seu medo.
Ou algo mais... pensou se virando novamente.
