LEMBRETE: OS PERSONAGENS PERTENCEM A JK ROWLING... QUEM DERA EU FOSSE ELA!!! A FIC TEM VIOLÊNCIA, SEXO E COISAS DO GÊNERO, SIM! SLASH TAMBÉM!!! É MERA FICÇÃO PRA QUEM CURTE E SE VOCÊ QUER COISAS BUNITINHAS E AGUADAS... NÃO CONTINUE A LER. AVISO DADO.
(Prometo não fazer nada de bom!... Mal feito feito!!!) Harry... teimoso!!!!... Draco...só mais um pouquinho... Snape...tome providências!
Os: Para aqueles que esqueceram o nome da fic é CRUEL... de agora em diante as coisas ficam só mais angst... vai demorar para ter um happy end...
CRUEL – CAP14... lembranças, desejos e resistência obstinada.
Harry olhava a lareira e o elfo a sua frente, Dobby o olhava beirando a veneração, conseguira esquecer as coisas ruins por alguns instantes... era tão bom quando isso acontecia, quando podia esquecer suas preocupações, falando com Dobby sobre meias e Winky... além de que Dobby agora era um especialista em bebedeira, e lhe ajudou com um chá especial e alguns doces... o elfo balançava os pés meio constrangido por estar sentado em uma das poltronas como um igual... a pedido de Harry.
Fora o elfo que o encontrara de joelhos num dos corredores... Harry teve a péssima impressão que o pequeno o vigiava, mas não se importou.
Harry estava no entanto se contorcendo a meia hora para fazer uma pergunta que escapou baixa numa hora distraída.
-Dobby... o que você lembra...
-Sim, Harry Potter meu senhor?
-Não esquece... besteira...- se arrependeu sentindo corar..."oh, droga."
Dobby o olhou com os imensos olhos e perguntou.
-Dobby pode ajudar? Pode ajudar Harry Potter?
-O que você lembra... do seu antigo amo... o Malfoy?
Dobby fez uma careta mas tentou disfarçar, Harry imediatamente foi assaltado pelas más lembranças de Dobby se ferindo e tentou evitar que Dobby fizesse algo do gênero.
-Não... esquece Dobby, não quero que fique pensando nessas coisas ruins.
Dobby voltou a olhá-lo.
-Mas... Dobby quer ajudar... Harry...
O retrato se abriu pela quinta vez desde que sentara ali com Dobby, o elfo novamente se jogou da poltrona, desta vez quem entrava eram Rony e Hermione, rindo se apoiando um no outro, o olharam e voltaram a rir.
-Dobby pode providenciar mais duas xícaras desse chá?
-Sim!- O elfo concordou entusiasmado.- Agora mesmo meu senhor!
E sumiu.
Hermione olhou onde estivera o elfo e olhou para Harry, antes que ela começasse a falar mal dele por estar dando trabalho ao elfo tão tarde sorriu:
-Até que enfim, o casal parece feliz... o que andaram aprontando?
Sabia muito bem o que era...
Os dois coraram e disseram um nada, nada convincente, se jogando no sofá, agarrados e rindo, o exemplo da felicidade.
-Festa boa!- disse Rony se esticando no colo da namorada.
-Ah... poderia ser melhor sem aqueles imbecis...
-A Mi... nem liga para aqueles trasgos... falando em trasgo... e a Chang Harry?
-Rony!- gemeu Hermione olhando para Harry constrangida.
Harry desviou o olhar para a lareira.
-Pois realmente não conheço trasgo maior Rony.
-Avisei Harry, você tinha que bancar o idiota na frente da escola pra se tocar que ela não presta?
Hermione deu um tabefe na testa de Rony que a olhou, "Quê?", "Rony seu insensível!", Harry fechou os olhos e tomou outro gole, é tinha esquecido que era o novo corno da escola...
-Ah...- começou Hermione.- Você está bem Harry? Sabe... foi muito chato, mas...
Apenas suspirou, os amigos se olharam, é claro, podiam muito bem ficarem na ilusão que ele só estava de coração partido... Harry, daria um braço para ter sido só aquilo... estava ali acordado na espera... esperava o dia amanhecer, estava esperando a vingança de Cho, e depois do que fizera, do jeito que fizera, e abandonando-a lá naquele lugar sozinha... talvez merecesse e de certo modo só se preocupava em como preservar os amigos...
Mas como?
-Você está legal não está?- perguntou Rony.- Poxa cara ela é a maior vadia mesmo. Não vale a preocupação.
Hermione revirou os olhos bufando, Harry não conteve um riso da cara da amiga.
-Ah, passa, tudo passa.- disse, "assim espero..."
-O chá, Meu senhor! - Dobby reapareceu.
-Dobby! Você é maravilhoso!- disse Rony se endireitando ao ver a bandeja com doces.-Ele trouxe doces!
-O senhor é muito bondoso, senhor Wheezy...
-Weasley, Dobby.- Harry corrigiu ao ver a cara de Rony.- Weasley.
-Weezly. - Dobby repetiu constrangido.
-Pode chamar de Rony mesmo.- disse o ruivo pegando mais um doce.
-Como está a Winky, Dooby?
Harry estava encolhido na poltrona olhando Hermione perguntar sobre Winky e os outros elfos para um Dobby maravilhado por tanta atenção numa única noite, Rony estava com os cantos da boca lambuzados de chocolate deitado no colo dela, quase dormindo, parecendo uma criança enorme, e por alguns segundos sua mente devaneou que era feliz... apenas ausente de si mesmo, escutando a amiga e o elfo, agora vendo-a ali, se pegou pensando, antes apenas feliz em escutar agora realmente pensando que não era amor o que sentia por ela... ou aquilo também era um efeito... não queria lembrar dele, e se fosse, não, talvez... a xícara caiu de sua mão, felizmente vazia e se quebrou, despertando a amiga e o elfo, os olhou constrangido pelos pensamentos tortos que o assaltavam sem controle.
-Acho que estou dormindo sentado, acho que é hora de ir deitar...- tirou a varinha do bolso e murmurou- Reparo.
-Tem razão.- ela sorriu.
Estranha paz que sentia... e agora parecia tão distante, guardou os pensamentos sombrios e subiu sem esperar que ela acordasse Rony.
Nem viu que Hermione o olhava intrigada.
Eram cinco quarenta e três da manhã de sábado.
O castelo não despertaria tão cedo.
Um dedo desceu devagar pela linha do queixo ,pescoço, pomo de adão, no meio daquela depressão que havia por causa dos ossos do ombro, dentro de uma camisa negra... outra mão enroscou-se por dentro da veste, na cintura, se enfiando por dentro do tecido grosso, forçando o aperto do cinto, a boca que tocava a boca, a lingua que visitava a outra... o calor... o incêndio que o tomava.
Então os olhos subiam para encontrar aqueles olhos, mas não havia mais
docilidade, passividade neles, e sim uma fúria fria, uma força misteriosa, sentiu-se caído no chão, pernas afastadas com brutalidade, preso por mãos ágeis, olhar de pantera... Draco despertou arrepiado, nunca tinha sonhado assim, nunca desse modo, tocou-se, ah... sonhos que nunca viravam realidade... a criatura escorregadia que era Potter, o fascinava, e naquela noite vira algo novo, apesar do outro ter saído daquele modo, ele deixara um novo sabor na sua boca... aquela pequena criatura também era perigosa, sim um grande gato, com garras... Draco enfiou o rosto no travesseiro abafando os próprios gemidos, ah, daria tudo para parar de sonhar e finalmente possuir, não aquilo era novo, excitante mas ainda preferia possuir o outro, o relato de Chang sobre Potter e sua alegada virgindade ainda estavam frescos em sua memória... um, um único beijo, e todos os outros eram seus... os verdadeiros, os íntimos, os devoradores, os sujos, os raivosos, todos seus, Draco sentiu seu corpo contrair-se, pensando no Grifinório, não, tinha que ser o primeiro, agora com certeza, agora, com mais vontade... acima de tudo.
E faltava tão pouco... Draco suspirou cansado amolecido em sua cama, sentindo a testa úmida de suor, corpo relaxando.
Tão pouco.
Harry piscou algumas vezes e ficou na cama, não entendia exatamente o porque mas estava arrebentado, exaurido, não descansado, tivera pesadelos a noite inteira, com seus pais, sentiu os olhos arderem, tinha sido tão ruim... tão contrangedor, estava sonhando com quadribol, estava bom até aparecer o outro... sentiu o coração disparar e o corpo amolecer só de lembrar no que mais sonhara... maldito uniforme de Quadribol, maldito sonserino... ah e que lugar era aquele que sonhara... um quarto... um quarto comum, até seus pais entrarem... que vergonha... nem nos sonhos tinha paz? e aquelas cobras pelos cantos... chiando o tempo todo.
Tentou se virar, mas a imagem de Malfoy teimava em voltar... é só efeito dessa coisa... tenho certeza... seria mesmo? Não seria só uma desculpa? Aqueles olhos azul-acinzentado, aquele cabelo de seda... aquele perfume, Draco tinha cheiro de madeira e erva... mistura embriagante, lembrava daquele perfume desde o primeiro dia, era o pelo cheiro que o via... quando não podia ver... afundou o rosto no travesseiro com amargura, enganado desde o início... como saber se não era apenas mais uma enganação, errara tão feio com Chang... levantou-se rapidamente, tinha que mandar um bilhete para a garota, dar um jeito de poupar os amigos, mas deu dois passos para fora da cama e sentiu, desabou tomado por uma dor lacinante na fronte, na cicatriz, enfiou os punhos no chão com força e não soltou um gemido... ao longe alguém era torturado, podia escutar os gritos, a satisfação do outro bruxo, os uivos torturados.
Uivos?
Se forçou a ir até a cama de Rony cambaleando, abriu a cortina, e chacoalhou o ruivo estendido na cama ainda com a roupa da festa, chamou-o, chacoalhou-o até desistir e esmurrá-lo mesmo, sentindo que não suportaria muito tempo.
Os uivos de dor persistiam, Harry conhecia aqueles uivos.
O ruivo abriu os olhos, fez manha até perceber que o amigo estava realmente muito mal, o segurou pelos ombros, mas Harry agora não conseguia articular as palavras... apenas enfiou os punhos no chão, sentindo a dor instalada de outra pessoa, a satisfação de Voldmort, Rony o chamava assustado, Pelo Menos Neville levantara, escutou os passos irem até a porta, gemeu enfiando os punhos com mais força no chão.
-O Lupin não... não.
-Harry o que foi?- o Ruivo se aproximou.
Sabia que sua voz não saia, e quando o amigo se aproximou mal teve tempo de dizer um pouco mais alto.
-Lupin... pegaram Lupin...- olhou o amigo.
Rony mal teve tempo de entender o que fora dito e as mãos de Harry se postaram na testa sob um olhar arregalado, unhas se enfiando na carne e os dentes se cravaram tão fortemente no lábio que o sangue brotou, assustado Rony primeiro recuou, depois sem saber o que podia fazer, ficou ao lado do amigo até a professora Minerva aparecer.
"O que podemos fazer?"
"Nada... ele tem que sair disso sozinho..."
Rony e Hermione ainda estavam montando guarda ao lado da cama do amigo, ele não acordava, era tarde de domingo e todos estavam aproveitando o clima frio para repor conteúdos antes de se entregarem ao clima de natal... mas os dois só podiam olhar o amigo adormecido, Dumbledore viera e fora, preocupado, olhando para Harry por muito tempo antes de manda-los descansarem também.Nenhum dos dois se moveu, tiveram que ser expulsos da enfermaria na hora do jantar.
Potter ainda dormia.
A frase era o resumo da insatisfação de Draco, vendo os dois monitores passsarem... gostaria de ter uma capa de invisibilidade como a do grifinório agora, pelo menos poderia ir vê-lo...
"Não me deixam vê-lo Malfoy...- gemera Chang.- Não me deixam nem olha-lo, os amigos dele só faltaram me jogar pela janela, não posso devolver as fotos... por favor... não é minha culpa."
Draco andava com o pequeno envelope com fotos e negativos que Chang lhe trouxera sob a maldição Imperius, agora nem fazia mais sentido olhar aquilo, parecia outra vida... Potter não acordava... ele deitara e não levantara... que porra de vida, pensou dando meia volta... andando sem rumo.
Ao longe uma certa garota de cabelos lanudos percebera a movimentação do sonserino. Hermione deu uma desculpa ao namorado e mudou de rumo.
Havia o som da chuva... por algum motivo, como se o mundo houvesse parado, trinta e poucas horas de som de chuva... claro que Harry não sabia quanto tempo havia se passado, mas estava imerso pelo som, pelo frio, pela escuridão, e era a total escuridão que acalentava sua alma, há muito o outro bruxo fora banido de sua mente num esforço desesperado... para evitar que Voldmort continuasse coletando e destruindo suas lembranças, Harry as banira... as afastara, e se perdera no processo, não sabia voltar... nunca entrara profundamente em sua própria mente... nunca imaginara que podia se perder assim, estava assustado, não via saída, não via nada... gritara no início, pedira socorro, gritara de raiva, se xingara... até desistir, exausto...
Mas havia o som de chuva... por algum motivo era como se o mundo tivesse parado, muito tempo apenas com o som da chuva, apenas o som, o frio e a escuridão, depois de estar tão cansado a primeira lembrança se retornou...
"Ensopado, observando a noite cair depressa pela escuridão trazida pela chuva gelada que açoitava o corpo sentado no chão, o lago tão cheio que estava molhando as suas pernas"
A primeira lembrança que lhe voltara era triste... culpa do outro...
-MALFOY!
Harry abriu os olhos devagar, a luz na enfermaria o atingiu.
Sentou-se, o som da bandeja que Pomfrey carregava foi o primeiro que o recebeu.
Vivo... ainda estava vivo.
Literalmente horrível era a cara de Draco Malfoy quando amanheceu a segunda feira, pela primeira vez em cinco anos de Hogwarts Draco não se apresentava impecável, não, parecia doente, Pansy agüentou umas boas patadas ao tentar sugerir que procurasse Pomfrey, então ele sentara e tentava tomar o seu chá com calma... e iria mesmo ver Pomfrey, era a idéia... não suportava mais esperar para ver Potter.
Alguém no céu o amava, e o odiava igualmente.
Potter entrou andando e foi direto até os amigos... Draco tentou não parecer idiota nem boquiaberto, mas estava...
Potter estava exatamente como naquele primeiro dia no salão...
"Uma cascata de cabelos negros arrepiados e um pescoço longo que terminava na gola da camisa e um onda de tecido negro que voava em torno dele, caindo devagar cobrindo o corpo bonito, mesmo estando tão magro... mas os pensamentos se nublavam no rosto angelical entretido entre meio sorriso e o trabalho de fechar as vestes que ainda caiam ás costas, como se fossem asas"
Asas...asas tinha sua mente a trabalhar a todo vapor... Potter estava bem, estranhamente bem... abatido sim, com as olheiras agora diferentes, marcadas, e a palidez, mas de todo, Potter entrara bem disposto, falando com os amigos que pareciam surpresos... poucas pessoas perceberam a ausência de Potter no fim de semana onde o horário das refeições era mais flexível... poucas pessoas perceberam que ele nem estivera lá, ele entrava como se nada tivesse acontecido naquele maldito fim de semana.
Como se nada tivesse acontecido. Pensou Harry novamente no que Dumbledore lhe pedira, agir com calma, agir normalmente, mesmo sabendo que Lupin tinha sido seqüestrado, mesmo sabendo que Voldmort entrara tão violentamente em sua mente que ela quase se partira, agora teria que se conformar em ter aulas de oclumência em dias alternados, inclusive nos fins de semana, Snape estava a par de seus horário e compromissos, aceitara de bom grado a restrição, merecia, e era melhor assim, aquilo seria sua força, sua concentração, porque tudo ocorrera por fraqueza, fraquejara novamente, não se concentrava, por isso acontecera, haviam coisas mais importantes, sorriu para os amigos que se solidarizavam preocupados com Lupin...
Faria tudo para não falhar, tudo, isso significava dedicação total...
Só ao estudo, aa aulas, e não haveria espaço pra mais nada.
Não poderia haver.
Nunca deveria ter havido.
Para isso teria que resolver seu problema com Chang.
Seria o mais rápido possível.
E assim as semanas se encarregaram de conturbar tudo, Chang fugia de Harry, não que ele a culpasse, pelo contrário, tinha receio de te-la machucado, inocentemente se culpava por um acordo feito por ela com Malfoy... Hermione o acompanhava a maior parte do tempo com Rony, sua vida se resumia aos estudos pondo em ordem as matérias negligenciadas, os encontros com Snape se mostraram cada vez mais cansativos, e havia um problema em particular...
Draco Malfoy...
Cada vez maior, mais presente em sua mente, nos segundos em que se permitia devanear, lá estavam os olhos azuis... na sua mente e na realidade.
Harry estava voltando de mais uma aula especialmente cansativa e humilhante de Oclumência, tivera péssimas lembranças remexidas... andava cansado só pensando em tomar um banho e dormir quando pressentiu, ergueu o rosto e viu o vulto mais a frente no corredor.
O sonserino o olhava, um sorriso discreto nos lábios.
O suficiente para cada parte de seu corpo despertar, cada parte.
-Potter...
Harry desviou para um corredor lateral, passos lentos como se suas pernas pesassem o mundo... uma mão caiu em seu ombro.
-Você vai fugir para sempre?
Harry parou, aquela sensação de cair muito rápido lhe turvando o pensamento, mesclado ao medo de não ter controle sobre suas próprias ações e um desejo incontrolável... o desejo que o fez se virar.
Um erro.
A mão de Malfoy tocou a face pálida, os olhos o devorando, Harry sentiu-se preso, perdido, sentiu-se amolecer.
-Eu senti falta disso Potter...
A mão do sonserino desceu um pouco parando bem no nó da gravata, Harry sentiu-se corar... amaldiçoou-se ferinamente, sentiu o sonserino se aproximar, desejando, temendo e odiando os lábios finos que tanto o fizeram devanear antes, conseguiu dar um passo para trás.
O rosto de Malfoy se contraiu em fúria, antes que explodisse Harry já corria.
-AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH!!!!!!!!!- Draco berrou de frustração sem se importar.
Olhou o corredor vazio... não conseguia entender, não queria entender, estava enlouquecendo... nunca passara por aquilo, nunca! Não fazia sentido algum aquela recusa quando o desejo do outro era evidente, e era assim a mais de um mês! Logo seria natal e não suportaria sair de Hogwarts assim... Draco enfiou um chute num vaso e escutou o infeliz trincar.
-Draco Malfoy!
Ergueu os olhos para ver o diretor de sua casa, seu padrinho, o olhando torto, aquele filho de uma morcega, professor charlatão que não sabia nem fazer uma merda de poção do amor decente.
-Draco, por favor... me acompanhe até minha sala.- disse Snape com um ar de censura.
O sonserino apenas suspirou empurrando os fios finos de cabelo do rosto.
Foi ao lembrar de tudo que dera o primeiro passo, ao lembrar da chuva... não, tinha que ser forte, nada de jogos, nada de intervenções, nada de cair no erro... então o olhar do outro se transformou num mar gelado e furioso, quebrando o encanto, permitindo que corresse...
Parou se apoiando numa parede, pernas bambas e um desejo insano de correr de volta...
Estava sendo difícil, especialmente agora, que aquilo o devorava, atrapalhando toda sua concentração... distraçãozinha difícil de contornar, onde quer que olhasse o desgraçado o cercava... estava cansado, não sabia até onde ia levar tudo aquilo, tinha certeza que Hermione andava reparando em suas reações...recentemente numa aula de Trato, sob o olhar de Hagrid o sonserino se aproximara... e foi só sentir o perfume de Malfoy para começar a tremer... além de que não podia faltar a mais nenhuma aula de conjuração... e tinha medo de entrar naquela sala, dividir a mesa com Malfoy, lembrava da última aula com ele, quando o sonserino lhe entregara os negativos... felizmente se livrara deles, um mundo inteiro saindo das costas... embora Draco afirmasse ter ficado com uma cópia, aquele sorriso apenas o angustiando mais... a mão que deslizou sobre a sua até os dedos se entrelaçarem sobre o banco.
Harry olhou para a própria mão... como podia gostar disso? Como? Que espécie de droga era aquela, vicio, coisas nojenta de pessoa fraca...
Foi andando rápido em direção ao seu santuário maculado, onde podia gemer o nome do sonserino em paz apenas ameaçado por seus fantasmas e conciência, para novamente se levantar de madrugada e se amaldiçoar por ser fraco... apenas para acordar com medo de fraquejar, encarando os olhos azuis dia após dia, como um alcoólatra encarando um litro de bebida.
Um cálice de absinto era o que servia Malfoy naqueles lábios... um cálice de veneno, que insistentemente tentava domina-lo... desvia-lo de sua obrigação... sua obrigação era ser forte, era ser controlado, ter controle de suas ações, era sua obrigação resistir, se não resistisse a Malfoy, como poderia ter uma chance de um dia ter capacidade de enfrentar um desafio muitas vezes maior?
Não, não ia ser manipulado por Malfoy, doesse o quanto doesse, angustiasse ou não, era sua obrigação ser forte.
Assim como fora ao dominar a magia do fogo antes de todos na aula de defesa... pelo menos isso... pelo menos isso.
Era questão de honra.
Por pior que fosse a sua.
Draco ainda olhava o chão depois do padrinho lhe enfiar uma xícara a frente.
-Beba.
-Não obrigado.
-Não disse que era uma escolha... é um calmante.Beba.
Podia muito bem ser veritasserum... ou veneno, se fosse veneno tudo se acabaria.Seria uma benção...
-Problemas com certa poção?- perguntou Snape puxando um pergaminho da gaveta.
-SUA POÇÃO NÃO FUNCIONA!!!- Disse enfiando o punho na mesa.
Snape olhou o afilhado, finalmente vendo Draco Malfoy bufar como um dragão furioso... finalmente uma reação humana, olhou satisfeito, finalmente uma falha na face impecável... assim como Potter, finalmente um grau adequado de superação, de autocrítica, de autocontrole... sim muito bom...
Conforme os planos.
Sorriu para o afiliado.
-Já lhe ocorreu, que o que falta é... oportunidade?- disse como se fosse um comentário banal.
O rapaz o olhou, Snape continuou a rabiscar o pergaminho, desviou o olhar.
-Você tem pouco tempo até o natal huh? Será um desastre se isso durar além do natal.
-Porquê?
-Porque a poção fará seu efeito total, incontrolável, em qualquer lugar...
-Qualquer lugar?
-Sim, mesmo em um lugar público, creio que você não quer ser visto praticando... intimidades com alguém em público? Quer?
Draco bebeu para não responder.
-Não faltou oportunidade...- disse baixo.- Simplesmente não funcionou...
-Draco, - riu Snape.- Essa poção é infalível, só porque achou alguém com certa dose de força de vontade... vai desistir? Que decepção.
-Como assim? Faz quase um mês e nada! Que bosta de poção é essa afinal?
Não devia ter falado aquilo, Snape alteou o olhar e disse frio.
-Tem certeza? Tem certeza Draco que não é uma questão de não dar outra escolha a essa pessoa? Pense nisso... aproveite as oportunidades que surgirão... pode ir, vá dormir, essa noite você vai conseguir.
Draco se levantou contrariado com a resposta, mas sabia que não ia adiantar perguntar mais nada.
Snape sorriu ao escutar a porta bater.
Era hora de finamente despertar um coração... por mais doloroso que fosse o processo, por mais perigoso o caminho que se abrisse.
E, principalmente, era hora de macular um coração também... por mais cruel que fosse arrancar o último esconderijo da inocência de uma alma.
E para ele isso não faria diferença nenhuma.
Pelo contrário.
Harry ergueu a mão que segurava o tinteiro olhando o imenso pergaminho, fórmula chata, pensou esticando o pergaminho com a mesma mão que segurava o tinteiro enquanto a outra tentava escrever no meio da pilha de livros... mordia o lábio concentrado em copiar a fórmula mágica tentando ignorar a presença do parceiro que fazia os cálculos das tabelas de horas mágicas para a conjuração... Lavele lá na frente repetindo que não se podiam cometer erros ou era desastre na certa...
Draco transpirava, olhando o moreno morder de leve a ponta da pena... "aproveite as oportunidades..." Que droga de oportunidade afinal? Se só encontrava o outro em público... ah... Draco continuou olhando a sala, a tabela, o rapaz ao lado concentrado e sua mão deslizou devagar até o outro.
Harry parou, sentiu um arrepio que foi da coluna acima, até coluna abaixo irradiando do ponto onde fora tocado, desviou devagar o olhar para o outro, que correspondeu com um movimento lento da mão em direção ao seu corpo.Por baixo da bancada, escondido de toda a turma a mão de Malfoy subia lentamente por sua coxa...
E sua respiração parou.
Draco apenas compartilhou o momento, Potter, parou confuso, o olhou com os olhos de gato e então ficou muito vermelho...
Como adorava ver o outro corar assim, aquele rubor que se estendia leve nas maçãs do rosto até a ponta do nariz... então o moreno desviou o rosto, estando com ambas as mãos ocupadas o rapaz não podia fazer nada brusco para não chamar a atenção, a turma toda concentrada... A mão de Draco avançou... "maldita veste grossa!", os dedos de Potter apertando o tinteiro a ponto de ficarem brancos... um pouco mais, apertando de leve a coxa do outro, Draco mordeu de leve o lábio ou gemeria de prazer ao ver Potter fechar os olhos e baixar a cabeça... era tão lindo envergonhado...
A mão avançou um pouco mais, Potter tremia.
E explodiu.
Draco se assustou pelo olhar do rapaz, olhou as gotas negras, que ao caírem no pergaminho mostravam uma essência vermelha, Draco não falou nada apenas sentiu-se gelar, pelo susto. A mão de Harry escorria tinta e sangue... do tinteiro que explodira na mão do rapaz... ele apenas gemeu e abriu a mão devagar...
Draco viu os pedaços de vidro encravados na mão pequena e não conseguiu deixar de engolir seco, mal percebeu quando o grifinório pediu licença e mostrou a mão a professora sendo dispensado, ainda estava boqueaberto quando sentiu os olhares fixos nele, claro, todos tinham razão...
Tinha sido sua culpa.
Harry não foi direto a enfermaria, entrou no primeiro banheiro e sentou-se em uma privada, mão no peito... tentando se acalmar... sentia-se queimar, e não gostava disso, na verdade gostava, mas não devia, e era a primeira vez que reagia "fisicamente" a uma investida do loiro, pensou ao sentir-se tenso, felizmente as vestes de Hogwarts era largas, ou qualquer um até Malfoy teria percebido o quando tinha ficado "excitado"... aquilo era injusto... pensou olhando o sangue escorrendo da mão ferida junto com a tinta... não tinha defesa quanto aquilo... não conseguia se controlar, por mais que quisesse...
Por mais que desejasse.
Hermione olhara longamente a face do Sonserino, não do amigo, e mesmo escutando o namorado furioso fazendo mil acusações veladas contra Malfoy o que via nos olhos azuis era uma ponta da preocupação, ao fim da aula foram até a enfermaria onde Harry estava escutando um sermão de Pomfrey com a mão enfaixada... a bruxa prometia deixa-lo internado na enfermaria se não se cuidasse.
Ela desconfiava que ele não se cuidava... verdade, não comia nem dormia direito á anos... mas não era bem esse o problema para estar tão quieto, tão distante... por fim foi liberado.
-Não foi nada... nem sei o que aconteceu... o tinteiro só explodiu...
-Nem imagino o motivo né? O fato do Malfoy estar do seu lado não deve mesmo ter nada a ver...- disse Rony.
-O Malfoy não teve nada com isso Rony!
O ruivo parou e o olhou.
-Harry... não seja estúpido! Tinteiros não explodem assim!
Hermione os olhava em silêncio.
-Tá mas acusar o Malfoy assim também não dá!
-Tá... acredita no que quiser Harry... só o que falta é você defender esse branquelo azedo...
-Não...- Harry parou antes que fizesse besteira quando Rony o olhou torto.- Você tem prova que foi ele?
-Se tivesse ele tava encrencado até a ponta do nariz arrebitado Harry, agora anda gente, o jantar!
Harry balançou a cabeça e seguiu o amigo, Hermione deu um sorriso e os seguiu, peças se encaixando num raciocínio no mínimo estranho.
Que seria comprovado na sexta feira... véspera do último fim de semana antes das férias... no meio de uma aula de poções...
Draco sentia-se mal, no sentido de mal mesmo, doente... porque não conseguia comer, nem dormir, nem mais nada, e estava tão irritado com o padrinho que nem se concentrava na poção que fazia, Pansy fazendo nervosa todo o trabalho... na manhã seguinte seria Hogsmeade e depois, casa... e aquela intimação para voltar para casa não o agradara de modo algum... pelo contrário, lhe dava calafrios, encarar Lúcio e Belatriz lhe contando as inúmeras vantagens de seguir o-você-sabe-que-criatura-feia-com-olhos-vermelhos-mestiço-incruado... isso espere ele pescar isso da sua cabeça Malfoy, espere pra ver... mestiço por mestiço pelo menos Potter era bonito... ergueu os olhos para o rapaz que não levantava a cabeça por nada... lembrou-se das palavras do padrinho... efeito total... e se Potter o agarrasse no salão no primeiro dia depois do natal, seria muito bom, para deixar de ser besta, moleque irritante, grifinório metido... garoto cicatriz que se achava o máximo... e...
Potter o olhou... olhos nos olhos enquanto o moreno enfiava algo no caldeirão.
Os mesmos olhos de gato que congelavam a alma, os segundos inteiros podiam parar, o mundo podia ruir mas aqueles olhos... encobertos pela fumaça... fumaça negra...
Hermione apenas balançava a cabeça enquanto a fumaça negra invadia toda a sala... olhava Rony que berrava furioso com Harry, e olhava Snape se aproximando Harry ainda olhava o frasco em sua mão meio abobalhado...
M....! P...-q..-o-P....!!!! Como tinha perdido a droga da medida... olhou o frasco perdido, sua culpa sua muitíssima culpa.
-Mas que M.... Harry! Tava pensando o quê! O F....-da-P.... do Snape vai nos matar...
-O que do Profesor Snape senhor Weasley?- Snape surgiu bem detrás de Rony em meio a fumaça negra que cobriu tudo.
-Ah... nada... do professor Snape, Professor... Snape.- disse idiotamente enquanto Harry ainda olhava o frasco idiotamente.
-Potter! Quantas vezes eu repeti para por duas gotas de essência de lincúrfora? Duas gotas não um frasco! Isso pode ser divertido para vocês mas não é para a turma, é detenção! Potter! Weasley!
-Mas professor...- Mione falou quase sem querer em defesa dele e enfiou a mão na boca.
Snape a olhou.
-Potter, Weasley e Granger! E menos vinte pontos para a Grifinória! Para cada um!
-Ei! Isso é um roubo!- Harry finalmente tirara os olhos do frasco aborrecido.
-Mais uma detenção para você Potter, hoje mesmo!
Draco viu o professor voltar a sua mesa, no caminho o olhou.
Significativamente.
