LEMBRETE: OS PERSONAGENS PERTENCEM A JK ROWLING... QUEM DERA EU FOSSE ELA!!! A FIC TEM VIOLÊNCIA, SEXO E COISAS DO GÊNERO, SIM! SLASH TAMBÉM!!! É MERA FICÇÃO PRA QUEM CURTE E SE VOCÊ QUER COISAS BUNITINHAS E AGUADAS... NÃO CONTINUE A LER. AVISO DADO.

(Prometo não fazer nada de bom!... Mal feito feito!!!) Os caminhos se separam, por pouco tempo não? Hora de pensar menos, sentir mais... o fim está próximo.

CRUEL – CAP19... Os planos...

A enfermaria já estava praticamente vazia quando Pomfrey sorriu para o diretor, aliviados todos, por terem sido apenas ferimentos leves, os mais graves eram dois colapsos nervosos causados por dementadores, as pernas do rapaz Malfoy e da jovem Granger, e o mais grave de todos a menina Weasley, mas agora só os dois Weasleys e a amiga estavam ali, Dumbledore acabara de comentar que gostaria de ver Potter, já que os três garotos confirmaram não o terem visto desde que chegaram quando as portas da enfermaria foram escancaradas e o jovem Malfoy entrou, carregando nos braços o próprio Potter desacordado, ainda vestindo o mesmo casaco de pele branco agora manchado de sangue.

-Me ajudem aqui!!!- ele entrou sério, um pouco ofegante e depositou o outro na primeira cama que encontrou.

-O QUE VOCÊ FEZ...- Rony se levantou como um tigre, mas parou ao ser segurado pela veste por Hermione.

-Não fiz nada.- Draco respondeu seco, não era burro de começar uma discussão com o ruivo ali na frente do diretor, que o olhava sério.

-Onde o encontrou sr Malfoy?

-No corujal... diretor.

Foram apenas alguns segundos, mas Draco sentiu como se estivesse sendo preso naqueles olhos azuis... sim, algo que não conseguia explicar, como se estivesse exposto, então o diretor olhou a bruxa.

-Por favor Papoula, veja como ele está...- pedido praticamente inútil já que ela já estava debruçada sobre o rapaz inconsciente.- Volte a sua casa sr Malfoy...

-MAS...

Rony se calou ao receber um olhar sério de Dumbledore, que então acompanhou o rapaz loiro sair da enfermaria, deixando apenas uma rápida olhada para trás, tão rápida que nem parecia ter acontecido, Dumbledore se virou e olhou o jovem na cama, sem entender o que havia acontecido, apesar de o conhecer muito bem, não conseguia conjecturar todos os motivos para o que estava acontecendo, preocupado, se voltou para a bruxa.

-Como ele está Papoula?

-Muito fraco.- ela sussurrou preocupada, ainda debruçada sobre ele.

Draco andou devagar, retirando o casaco sujo de sangue, nó na garganta, tentando entender o que Potter lhe dissera, que maldição... limpou nervoso as mãos sujas... o sangue de Potter...

"Odeio quando você me chama pelo sobrenome..."

Parou no meio do corredor, não entendia... tudo andara muito rápido,chegou a olhar para trás, mas não ajudaria em nada se enfiar na enfermaria... além de arranjar encrenca com o Weasley, Pomfrey o enxotaria, além de não saber se suportaria o estranho olhar do diretor, suspirou e voltou a andar.

Em algum lugar a mente de Harry havia desligado, não havia sentimento algum para afligí-lo, e ao mesmo tempo podia sentir toda dor do mundo, e se lhe fosse dada a escolha de acordar, não acordaria mais.

Estava cansado.

Quando Draco chegou na sala comunal, houve silêncio seguido de um ruído de mil bocas cochichando, andou sem se importar com o burburinho, havia saído desmantelado aquela manhã, e retornava, a imagem da estranheza...

-Você recebeu uma carta.- disse Goyle apontando o pergaminho sobre sua cama.

Ambos os gorilas o olhando quando abriu o pergaminho, deu um suspiro contrariado ao reconhecer a letra do pai, não podia crer no quanto fora imbecil, meteu a mão sob o colchão, onde guardava tudo que não queria e pegou o envelope fechado que recebera três dias antes.

-Ah... MERDE¹!- amassou ambas as cartas.

-Que foi?- a voz de Goyle o chamou a realidade.

-AAH!- jogou as duas cartas em cima da cama e foi sair, precisava de um banho...-Não toquem nesses pergaminhos!!! Ninguém toca neles!

Os dois imbecis ficaram lá sentados olhando os pedaços de papel, sem sequer perguntar o motivo da ordem, aquilo apenas o irritou mais...

Draco afundou na água absurdamente infeliz, iria pagar por aquele deslize... muito caro...abriu os olhos dentro da água morna... estivera tão ocupado com sua obcessão em possuir Potter que nem lera as correspôndencias, tudo poderia ter sido evitado... Potter nem precisava ter-se ferido, deslize estúpido... erro idiota, pensou olhando a mão ainda com vestígios de sangue... sua culpa... poderia ter evitado tudo se... talvez fosse inevitável afinal, fechou os olhos de novo.

-Burro, Draco, você é burro.- disse ao sair da água.

Agora seu pai iria puní-lo, como se não fosse suficiente deixá-lo para morrer em Hogsmeade, sentiu um leve tremor ao pensar no que poderia acontecer quando retornasse para casa, mas não poderia deixar de ir... seria pior.

Quando voltou Crabbe e Goyle ainda olhavam os papéis amassados, os olhou entediado e falou venenosamente.

-Vão dormir os dois! Vamos pegar o trem logo cedo!

Os dois deram de ombros e resmungaram algo sobre se despedir dos elfos na cozinha, com olhares maldosos, Draco apenas balançou a cabeça e puxou a cortina da sua cama relendo ambas as cartas.

-Merde... merde...- repetia baixinho ao pensar na punição que receberia.

E apesar daquilo lhe causar arrepios, ainda havia outra preocupação rondando seu coração e mente.

-Potter...- virou-se na cama e fechou os olhos...- Porquê?

"Você me odeia? Me odeia mesmo?"

-Não entendo...- esfregou o rosto no travesseiro fofo.- não entendo você... não entendo seu medo... não entendo seus sentimentos...

Os olhos verdes escorrendo lágrimas doloridas... se revirou e voltou a se olhar no espelho... maldição, eu não sei o que está acontecendo... mas sei que tem algo ruim a nossa volta... sei disso... é isso que você está sentindo?

Não obteve resposta... o que lhe custou a noite toda, dormiu pouco ao se olhar no espelho quando despertou pode vislumbrar belas olheiras, vestiu-se, não precisava de mala, não levaria nada para casa, se é que podia chamar aquele lugar de casa, pensou olhando a cama que era muito mais sua do que o lugar que ia, ainda incomodado com tudo, sentindo náuseas de medo, é tinha que admitir, era medo... medo, pensou que era imune a sensação desde que deixara Potter para trás naquela floresta aos onze anos, sorriu torto.

-Você está em todas meu anjo... todas elas.

Todas as lembranças.

O expresso de Hogsmeade partiu os levando de volta para o feriado, nada de notícias, havia um silêncio mordaz no trem... resquício do incidente, Crabbe e Goyle estavam trocando, ou tentando trocar figurinhas de sapos de chocolate, felizmente deixando-o sozinho, já não suportava tanta falação por causa de umas figurinhas... estava com uma maldita dor de cabeça, sem notícias do outro, temeroso em chegar em casa.

"Se eu ficar de frente a ele vou morrer... ele vai ler minha mente e eu vou morrer... pensou tenso... se for para me colocar a marca... apertou o braço... ele vai ver... vai saber e eu vou morrer... acima de tudo... ele vai saber dele... de Potter..."

Nunca sentira tanto medo na vida... medo da punição que receberia do pai por seu erro, medo de ser apresentado ao Lorde e perder a vida, acima de tudo pensou olhando a paisagem, medo de não poder mais ver Potter, deixa-lo com aquela sensação fria depois de ter recebido aquele abraço...

"Você me odeia? Me odeia mesmo?"

Encostou a testa no vidro. Não queria que fosse assim, não queria ir sem saber o que acontecera, soltou um pequeno riso, se fosse como sempre, Potter já estava de pé, como se nada tivesse acontecido. Provavelmente muito feliz de ter se livrado dele...

Harry abriu os olhos devagar sentindo o suor gelado escorrer de sua testa... sentia-se doente, mas muito lúcido, lúcido? Era verdade ou tinha alucinado para variar?

-Que bom que acordou.- ela disse baixo ao seu lado.

Se virou para gemer de dor, toda sua cabeça doía, bom sinal... ainda tinha uma cabeça... a questão era... funcionava ainda?

-Não faça esforço, dessa vez você arriscou demais... porque não disse que o salgueiro tinha te ferido? Porque não disse que tinha sido azarado? Harry você não é imortal!!!

-Eu... não percebi... é... não percebi... como está Gina?

Não era de Gina que queria saber... e sim como tinha parado na enfermaria, o que tinha acontecido a Draco... aquele palhaço irritante... tinha sonhado com ele? Alucinado aquele abraço? Era possível.

-A Gina está ótima, não se preocupe, saiu a pouco com Ron e devem voltar até a hora do jantar...

-Jantar?

-Você está dormindo a horas por causa das poções, perdeu muito sangue... tinha uma lasca do salgueiro enfiada nas costas Harry, como você não sentiu?

Apenas gemeu ao tentar se sentar... impossível, os braços não tinham forças...

-Harry!- Hermione se levantou e segurou seu rosto.- Você não pode levantar! Certo?

-Tá...

-Ficamos preocupados, precisava ver a cara do Rony quando Malfoy apareceu te carregando nos braços... ele não sabe conjurar uma maca pelo jeito... e a cara de Dumbledore...

-Malfoy?- perguntou, sorria? talvez sim, fosse um sorriso o que sentia se espalhar no rosto, talvez...

Hermione fez uma cara estranha e sentou-se, disse calma.

-É, Malfoy... ele disse que te achou no corujal, não disse o que foi fazer lá, nem se já tinha te achado desmaiado mesmo... Harry... posso fazer uma pergunta?

-Hum?

Os olhos de Hermione tinha um estranho brilho conhecido, por um segundo teve medo da pergunta, mas ela não pode perguntar, Madame Pomfrey chegou e a espantou dali dizendo que havia uma série de poções a serem tomadas...

A noite já caia quando o expresso chegou, enfiou-se em seu pesado casaco de inverno e saiu ladeado por seus dois colegas, deu um aceno mecânico a Pansy que seguiu Emília e então parou em frente dele, acenando com a cabeça em despedida dos outros dois que seguiam os pais, se olharam, azul prateado no azul gelo.

-Vamos.- Lúcio disse seco.

Não respondeu, nunca respondia, seria um desperdício de palavras, afinal tudo o que precisava ser feito era esticar os dedos em direção á bengala de seu pai e pronto, Mansão Malfoy, sala de chá.

-Sala de chá?- perguntou surpreso.

-Sim, temos visitas na biblioteca, quero que vá até seu quarto e desça vestido quando eu o chamar.- Lúcio disse frio já saindo.

Draco retirou as luvas e o casaco, rapidamente sentiu-os sendo puxados e viu os dois elfos levando sua roupa em direção a escadaria, perfeito.... temos visitas, pensou sentindo um frio nauseante no estomago.

Seguiu as criaturas pelo corredor, iam silenciosas, sem se virar, na verdade apenas parecia que seu casaco flutuava, tal escuridão no corredor, uma e outra pintura velha soltando gemidos sonolentos, no caminho ela apareceu dobrando o corredor que vinha da ala oeste.

Se olharam até estarem um do lado do outro, não falaram, não pararam de andar, ela se curvou e lhe deu um beijo na testa, em silêncio... continuou a andar como se nada houvesse acontecido, ela também... não olharam para trás.

E era como se tivesse sido abraçado, se permitiu a fraqueza de colocar a mão na testa.

-Mãe...

E continuou seu caminho.

Harry encarava o céu na janela do outro lado da ala, sozinho, pensando, e no meio das vozes insistentes, já podia fingir que não as ouvia... e das sombras inimigas, elas não chegavam muito perto apesar de assustadoras, tinha um fiozinho luminoso de esperança em seu coração...

"quando Malfoy apareceu te carregando nos braços... ele não sabe conjurar uma maca pelo jeito..."

-Nos braços...- pensou olhando a janela.- Você sente algo por mim mesmo? Não é só... desejo? Não é só maldade?

Tinha medo, medo de que Draco fosse como Chang, ou Duda... e que só visse nele uma coisa, um brinquedo... mas depois de tudo, não podia deixar de aceitar que lá em algum lugar eram aqueles olhos azuis que faziam seu coração bater... engraçado pensar que era assim, mas analisando bem, gostava de Draco... se sentia vivo perto dele.

"fraco!"

enfiou as mãos na cabeça.

-Cale a boca... Sirius... me deixa em paz... por favor...

"Não é hora de pensar nisso, pense no que fazer sobre a profecia... seu destino"

Se virou na cama, mesmo com o corpo protestando e as costas dando agulhadas.

-Me deixe em paz... por favor...

Repetiu olhando as sombras negras de olhos vermelhos.

Draco suspirou e sentou-se em sua cama de dossel, seu quarto era escuro, paredes pintadas de um verde quase negro, móveis de madeira clara e veludo verde... nunca gostara daquele lugar... um museu, um mausoléu, nem parecia habitado por seres humanos... deixou sua roupa pela cama e foi até o banheiro onde a banheira estava pronta, afundou-se nela, impassível, tinha que ser frio, racional, nada de devaneios ou seria pior, nada de por-se a perder, ainda amava muito seu próprio couro.

-Suas roupas estão prontas mestre.

Sem agradecimento, sem olhar... não era necessário, o elfo já tinha ido, nunca sentira um vazio tão grande, pensou enxugando irritadamente o cabelo.

-Pronto?- Lúcio perguntou sentado na cama quando o rapaz entrou.

-Para quê? – o olhou.-Se tiver a gentileza de me explicar.

-Para dar boas vindas a sua tia, irá passar o natal conosco.- um meneio de varinha e as roupas voaram para Draco.

-Tia Bela? Que bom!- disse cinicamente.- Será um natal interessante. Disse deixando o roupão na cadeira e enxugando-se.

-Sim será.- Lúcio disse o olhando.- Vamos ter a honra de ter convidados importantes... se comporte.

-Me comportarei, quando não me comportei?

-CRUCIO!

Não berrou... enfiou as mãos na cadeira e soltou gemidos estrangulados, depois de tantos, nem doía mais...

-Não se comportou! Avisei para não ir a Hogsmeade!!! Avisei! Não o poupei lá, não o poupei aqui! Ordens são feitas para serem seguidas! Podíamos precisar de você lá! CRUCIO!!! Entendeu? Responda!

Difícil responder sob a maldição renovada, não ia pedir para parar... respondeu entre os dentes cerrados.

-Sim... entendi... entendi.

-Parvo!- terminou a maldição o olhando friamente.- Se não fosse filho único já o tinha deserdado Draco! Ou coisa que o valha!

-Eu sei.- gemeu sem erguer-se, sentado no chão, nu, apoiado na cadeira, olhou seu pai, de pé o encarando, fúria no olhar frio.

-Teremos algo importante acontecendo... siga uma vez na vida, o roteiro.- se virou.- Para seu próprio bem.

E saiu imperioso, Draco soltou a mão que estava branca agarrada na madeira da cadeira, meio trêmulo se levantou, passou a toalha no corpo e sentou na cama ainda nu olhando a lareira.

-Algo importante...- segurou o braço.- Ah... que não seja o que estou pensando... Morgana da noite me proteja...

Se vestiu nervoso, siga o roteiro... repetia, siga o roteiro.

Ajeitou os cabelos finos, a veste deixou o quarto ainda apreensivo.

Os risos histéricos de Belatriz Lestrange rasgavam a impertubalidade da mansão, indecentes até porque vinham da normalmente tumular biblioteca... uma coisa Belatriz nunca fora, discreta.

Draco desceu na sua veste azul escura, cabelos domados como os do pai, andando ereto, empertigado, como exigia o roteiro, sua mãe e tia sentadas no sofá em frente a lareira do enorme aposento escutando a música encantada de um piano.

-Ah, Draco!- sorriu a tia quando ele apareceu á porta.- Pensei que não teria o prazer de vê-lo... venha cá...- ela acenou.- Venha...

Desde que saíra de Azkaban sua tia tinha melhorado e muito a aparência cadavérica que tinha conseguido, mesmo assim aqueles olhos insanos e mortiços o arrepiavam, mas seguindo o roteiro inclinou-se para beijar e abraçar a tia, que novamente o apertou contra o corpo com menos pudor que o conveniente.

-Ah, jovem Draco... cada dia ultrapassas a beleza da família,- segurou-o pelo queixo maliciosamente.- Não me olhes assim Narcisa, sabes muito bem o que teu filho desperta a primeira, e segunda... e terceira vistas...- riu.- Então meu sobrinho, quantas só nesse ano?

Sua mãe revirou os olhos, não que ele mesmo não tivesse vergonha... entre alguns mais íntimos, felizmente poucos, esses comentários maliciosos sobre sua beleza eram comuns... Belatriz soltou seu queixo:

-Ah... Narcisa não me venhas com puritanismo, ou ainda acha que o rapaz é virgem?- o olhou firme nos olhos.- Interessante seria saber com quantos também...- riu e olhou sua mãe.

-Tolice Belatriz! Não repita isso!

Comentário que não deixou de afligi-lo.

-Andes Draco, faça o que mais gosto que faças... esse piano me dá nos nervos... toque... essas mãos tem mais utilidades do que pensam.- disse Narcisa séria olhando para Belatriz.

seguiu em direção ao instrumento obedientemente.

Paz... assim que tocou as teclas de marfim e ébano do piano, mal acariciou o instrumento e ele se silenciou, aprendera ainda criança, melodias complexas, até trouxas em segredo, seu pai lhe cortaria os dedos se imaginasse que um dia Draco adorara Mozart e Bethoven... por vezes Bach... mas tocou Aruard, bruxo... música triste.

-Não... Draco!!! Basta de Aruard!!! Não... toque Ametist... ela era passional... toque... combina contigo, encante-nos.- disse Belatriz se levantando e indo até seu lado, mão em seu ombro.

Parou a melodia... vaca... pensou sem se virar, relembrando a música preferida da tia, devia encanta-la mesmo... deixou os dedos percorrerem as teclas, sem se aperceber o que tocava... mente longe... em Hogwarts...

Os amigos retornaram pouco depois do jantar... ficaram com ele... se sentiu melhor ao ver Gina restabelecida, mas o frio que lhe percorria o corpo não cedera, ainda fraco, Pomfrey impassível afirmando que era normal, mas não o enganava, não era. Já devia estar de pé mas nem se esforçando conseguia... mal conseguia suportar ficar sentado, mas lhe foi permitido ficar na companhia dos amigos até tarde.

-Estranho.- fechou os olhos.- Impressão minha ou estão tocando música em algum lugar?

Hermione e Rony trocaram olhares.

-Impressão sua Harry, acho que você está cochilando...

-Hum...- ficou de olhos fechados.- É acho que estou meio que sonhando.- bocejou.- É bonita.

E adormeceu, mal percebendo o quanto os amigos se olhavam preocupados, Hermione chegou a se levantar e olhá-lo de perto.

-Dormiu?- perguntou Rony tenso.

-Sim... parece feliz... está sorrindo.

Podia ver um pálido sorriso esquivo emquanto os dedos deslizavam pelas teclas monocromáticas, podia ver o branco da pele e o negro dos cabelos, podia ver os olhos verdes, sentir a pele, o cheiro e gosto, as lágrimas e o sangue, era isso que tocava mordendo de leve o lábio, qualquer um diria que era de concentração, não era... estava segurando lágrimas... de saudade.

Duas palmas cínicas fizeram Draco abrir os olhos e parar a melodia, seu pai o olhava, antes que uma palavra fosse dita Belatriz ergueu a voz.

-Um bárbaro, é o que és, interrompendo a música...

-Sim, uma bela peça, de quem é jovem Malfoy?- perguntou Bryan um velho amigo de seu pai e um dos comensais que participara da festinha na copa de quadribol...

-É minha...- disse puxando o feltro para cima das teclas.- Uma coisa antiga.

-Perfeita!- exclamou Belatriz.- Tinha razão, além de exímio pianista, um compositor...

Seu pai soltou um bufo irritado, tinha uma idéia muito rígida entre o que era conveniente saber e o que era um exagero , compor com certeza estava na segunda categoria, mas Belatriz não se importou e perguntou.

-Qual o nome da peça?

-Não tem nome...

-Ah, não meu jovem, tal coisa merece um nome.- interviu Bryan cujo o gosto pela música superava com certeza o do seu pai.

-O que sugerem?- perguntou olhando a tia.

-Toque de novo.- ela sorriu.- Seu pai deve concordar que temos tempo até o outros chegarem.

-Sim, sim.- Bryan sentou-se em uma poltrona ao lado do piano.- Toque de novo, gostaria de escutá-la desde o início.

Seu pai sentou-se mais distante junto com outro comensal que Draco não sabia o nome mas já vira algumas vezes, novamente não haviam sido apresentados. Não pensaria nisso, havia paz no piano, tocaria enquanto lhe fosse permitido tal luxo.

Tocava como um pássaro preso canta.

Sim, leve e forte, sensual e fria, dor e amor... podia escutar mas não podia ver... ao longe havia uma floresta, andava rápido porque havia uma matilha de lobos em seu encalço, mas não escutava os lobos... escutava a música... escutava os chios, escutava o ventos, doce e salgado, via o mar... confuso e bom... ilusório... mãos de outro, olhos de céu e cabelo de seda...

-Ah... não fuja de mim...- disse baixinho ao despertar.

-Não fugirei...

-Como Draco?- perguntou Belatriz.

-Acho que não deve ter nome.- disse encerrando a música, sentindo o arrepio, fora muito real... melhor se manter alerta antes que falasse coisa pior.

-Sim, paremos de tolices que nossos convidados estão famintos e a ceia está pronta.- disse Lúcio.

-Sim, nos trate como cães!- disse Belatriz.- Típico de você... alimente a alma antes do corpo Lúcio...

Mas os outros dois bruxos que haviam chego, um deles Not, seguiram seu pai com pressa de chegar na sala de jantar, Bryan estendeu o braço a Belatriz que sorriu, Draco acompanhou a mãe.

-Fique em silêncio no jantar...- ela disse muito baixo e se apressou.

-Ficarei.- disse mais baixo ainda.

E o jantar foi nauseante, até porque comeu pouco em silêncio, apenas escutando planos do Lorde e do grupo de seu pai, muito feliz em ter um plano específico para agradar Milord... nojento, até começar a perceber a excitação do grupo entre a sobremesa e cálices de licor.

-Nessa hora amanhã.- disse Lúcio satisfeito.- Teremos a honra de hospedá-lo... a honra de fazermos parte do golpe final aos nosso inimigos.Sim, um Brinde.

Hospedar o Lorde das Trevas, Draco sentiu um arrepio incomodo que só piorou.

-Quanto ao outro convidado?- perguntou o bruxo desconhecido.

-Nosso estimado Potter receberá o convite pela manhã... bem cedo.

Draco sentiu o sangue gelar nas veias, mas não se moveu, apenas sentiu-se gelar.

-...Gostaria de estar lá para ver a cara de Dumbledore ao vê-lo sumir no meio do salão, Draco... como está nosso adorado Menino-que-sobreviveu?- perguntou Belatriz venenosamente.

Sua mãe o olhava, respondeu sinceramente.

-Mal... dizem que não regula bem... parece mesmo confuso.

-Perfeito, conforme o plano.- Disse o bruxo desconhecido.- Um milagre que não tenha se atirado de uma das torres ainda, mas é mesmo uma praga dificil de se livrar...

Draco olhou o bruxo que parecia satisfeito, Not questinou.

-Tolice, não acredito em nada que não seja direto... creio que Milord concorda, por isso não quer esperar, quer ver pelo menos o corpo.

-Ah, Milord vai ter mais que um corpo amanhã... entregaremos Potter embrulhado para presente...-disse Lúcio satisfeito, cálice numa mão bengala na outra, batendo displicentemente no sapato.

-Mas não precisa ser um embrulho bonito de se ver, não é? Afinal teremos um dia inteiro...

Se pudesse gritaria, tinha entendido? era isso? iam sequestrar Harry? era isso? Sem querer seu olhar cruzou o de Narcisa, Mãe... me ajude... vou morrer...

-Calma Belatriz... teremos um dia inteiro para ajustarmos contas com Potter pelo ministério.- Disse o outro bruxo, que até o momento se abstivera de falar.

Não... não é um cão, um elfo, um trouxa... uma coisa, é de Harry que estão falando, é Draco... vão pegá-lo.

-Draco.

Tentou parecer só sonolento, não desesperado.

-Sim?- olhou o pai.

-Creio que é hora de se recolher.

-Claro, com licença...

Foi leve até o quarto, onde parou no meio do vazio do quarto verde, as mãos cerradas em encontro ao rosto.

-Harry... não... Ah... Dama Branca sádica! Corvo miserável... o quê esperam que eu faça? Não há tempo de chegar a Hogwarts mesmo que me arriscasse a sair daqui...- andou trôpego até a cama.- O que vou fazer... não... deve ser mentira... engano...- enfiou as mãos nas orelhas.- Eu ouvi errado...

"entregaremos Potter embrulhado para presente."

-Não na minha frente... não pode ser... o que posso fazer?- olhou o céu já clareando, passado das três da manhã.- Não vão só sequestrá-lo Harry, vão machucar você... e eu não vou poder fazer nada.- olhou as paredes de seu quarto... como evitar aquilo, deitou vestido na cama, soltou a cortina... demoraria mais de cinco horas se fosse voar até Hogwarts... não podia usar nenhuma das lareiras, não sem o consentimento de seu pai, seria fatal tentar...

"Mas não precisa ser um embrulho bonito de se ver, não é?"

-Por favor... não façam isso na minha frente... não me peçam pra fazer...

Acalmou-se.

Provavelmente no outro dia morreriam os dois, era o que ia acontecer, se fosse colocado frente a frente com Potter... não seria capaz de ferí-lo...

-Tenha sonhos bonitos essa noite Harry, porque é a última vez que vamos sonhar...- enfiou-se embaixo do cobertor.- Sonhe comigo.

-Draco.- sussurrou Harry no meio do sonho... agarrando de leve o cobertor.

Na janela da enfermaria pousou uma coruja enorme.


PS: MERDE... é francês... bom é óbvio o que significa... (merda, caso alguém ainda tenha alguma dúvida.)Bom, muita coisa se explicou não? O próximo... melhor deixar o suspense.