Capítulo 2 - Surpresas

-NOVAMENTE! - Voldemort gritou, furioso.

-Aquele maldito moleque fez de novo... Ele me atrapalhou... E com sua ajuda, Bella!

-Mestre, eu não tive culpa...

-Não teve culpa?... Foi você que o provocou pra começar! - Ele gritou novamente - Acha que eu não sei!

-Mestre...

-CRUCIO! - Ele gritou antes que ela pudesse completar a frase.

-ARGHHH! - Ela, que estava ajoelhada, caiu e começou a se debater violentantente no chão.

-Mestre... - Outra voz se fez ouvir, uma voz baixa e guinchada.

Ele levantou a varinha enquanto se virava para encarar quem ousou o interromper, apontando a varinha para a outra pessoa. Um homem baixo, de olhos lacrimejantes e abatidos.

-Rabicho...

Tremendo ao encontrar os olhos furiosos a encará-lo, com a varinha em sua direção, Rabicho continuou...

-... Mestre, porque não aproveitar e acabar com ele de uma vez por todas, enquanto ele está longe de Dumbledore? - o homem com olhos vermelhos parecia não acreditar no que estava ouvindo...

-Rabicho, você sabe muito bem que não se pode atacá-lo naquela maldita casa!

-Mestre... Porquê... Não atacá-lo... Antes que ele chegue lá? - Rabicho continuou indeciso.

Voldermort parecia pensar sobre isso. A mulher deitada no chão, ainda arfando, se levantou curiosa.

-Atacá-lo... Antes... Sim... Ele está longe da casa há algum tempo... E ainda não encontrou a mulher... Sem Dumbledore... Sem proteção... - Ele continuou analizando a situação.

-Certo! - Bella, pegue mais quatro... Os mais fortes e mate o maldito garoto! E Bella... Não falhe novamente!

-Assim será, mestre - A mulher se retirou, o olhar de felicidade pura, por ter sido salva e ter uma chance de fazer o garoto pagar.

Ele se virou para o homenzinho e disse: - Rabicho, pelo menos uma vez você usou seu cérebro! Se o pano funcionar, você será recompensado. - E virou-se, fazendo com que a capa fluísse com se estivesse ventando e saiu pela porta próxima.

O homenzinho ficou maravilhado ao ouvir isso e até começou a esboçar um sorriso que desapareceu rapidamente do rosto, por medo que o mestre percebesse.


-NÃO! - Ele acordou gritando. Três pares de olhos se viraram pra ele.

-Não bastasse ele dormir, agora grita também! Moleque atrevido! - A tia falou, ficando vermelha de raiva. O tio apenas o encarava como se quisesse jogá-lo pela janela.

Ele ignorou o comentário, pois o que vira era por demais assustador e sua cicatriz estava latejando: "Ele tivera uma visão!" - ele pensou.

-Nós temos que voltar! - Ele falou com uma voz tremula e assustada.

-Voltar? Você ficou louco, moleque? - O tio gritou - Não vamos encontrar... Aquela coisa...

-Coisa? Olho-Tonto? - Ele falou, um tanto inseguro.

-Aquela coisa com aquele olho! - O Tio gritou, ficando púrpura.

-Tio Válter... - Ele falou, tentando se acalmar.

-Eles estão aqui! - Ele tremia agora - Os comensais...

-Comensais? - Agora era o primo gordo, Duda quem perguntou.

-OS COMENSAIS DA MORTE ESTÃO AQUI E VÃO NOS ATACAR! - o garoto, agora desesperado, gritou. Os tios pularam nos bancos do carro, fazendo com que o carro dançasse perigosamente pela pista, quase batendo num carro que vinha na direção contrária, que buzinou violentamente.

-Nos atacar? - Tia Petúnia perguntou com uma voz trêmula, enquanto o tio diminuía a velocidade.

Um carro de vidros escuros emparelhou do lado direito deles. O vidro do banco de trás foi baixado, revelando um braço coberto por uma veste preta que apontou uma varinha, também preta na direção do pneu traseiro do carro e um raio vermelho saiu da varinha, atingindo o pneu traseiro, que estourou. Custando a controlar o carro, o tio conseguir parar no acostamento, o rosto muito vermelho e os punhos fechados ao redor do volante, pareciam que iam quebrar o mesmo.

-Droga, tarde demais! - Ele gritou, puxando a varinha do bolso.

Os tios olharam assustados para os cinco indivíduos que se aproximavam, vestidos com longas vestes pretas e com o capuz levantado, apontando as varinhas para eles. Antes que os homens tivessem saído do carro, Harry já estava com a dele na mão, pronta pra agir.

-POTTER, saia do carro! É hora de morrer! - Uma voz feminina, muito rouca, que parecia vir do comensal a frete do grupo gritou. Vários carros que estavam passando, pararam para observar a estranha cena.

"Bellatrix!" - Harry identificou a voz imediatamente, enquanto observava os outros quatro circularem o carro, com as varinhas apontadas.

"Cinco contra um" - Ele pensou - "Estou perdido, não há como fugir!".

-Potter, você têm cinco segundos pra sair ou nós destruiremos o carro com vocês dentro! - Ela continuou. Ouve uma risada assustadora dos outros comensais.

-Fiquem aqui dentro! Não saiam, não importa o que aconteça! - Ele falou em tom imperativo, enquanto olhava pro tio, que tremia, mais branco do que leite. E abrindo a porta à esquerda dele, saiu com a varinha em punho.

-Até que enfim... Moleque - Outra voz, esta masculina e forte, do comensal atrás dele murmurou e continuou: - Pronto pra morrer, Potter?

"Eu conheço essa voz... Lucio Malfoi? Não... Lestrage, o marido de Bellatrix".

-Não! - Harry respondeu, sem titubear.

-Não importa! Chega de conversa! - Essa voz, que era rouca e desconhecida, vinha de um comensal muito alto, postado a lado de Bellatix.

Neste momento, Harry parou de ouvir, sua cabeça rodava e ele não conseguia mais ver onde estava. Ele estava apavorado. A varinha dele, agora apontada para baixo.

"Em alguns minutos eu estarei com meus pais". - Ele conseguiu pensar. Sentia um frio na espinha e em seu estômago parecia que havia uma dúzia serpentes, que lutavam para sair. Repentinamente uma imagem se formou na sua mente, ele a conhecia, era uma memória antiga e ele sabia que era sua. Nela, ele era um bebê e sua mãe o segurava no colo, ela parecia apavorada.

-Não vou deixar ele te pegar, querido! Isso nunca! Jamais! - Ela murmurou, agora com uma voz decidida. Ele concentrou na voz dela e sorriu. Ela retribuiu o sorriso e com uma feição resoluta disse:

-É... Vou protegê-lo, nem que eu tenha que morrer! - falou com fúria nos olhos, verdes esmeralda como os dele. - Só há um jeito... - E com isso ela o colocou na cama e ajoelhando no chão fechou os olhos, pronunciando um encantamento, numa linguagem que ele desconhecia.

Ela terminou o encantamento e um brilho avermelhado apareceu ao redor dela e avançou para ele, ela tombou na cama, exausta. Ele sentiu um calou preencher seu peito e espalhar pelo seu corpo, primeiro sua cabeça e depois os braços e pernas, como se ela estivesse com ele nos braços. Ela levantou-se com dificuldade e o pegou, inclinou a cabeça pra ele e sorrindo disse:

-Nuca desista, Harry. Eu estarei sempre com você!

Naquele momento a porta se abriu violentamente...

-Avada... - Ele foi arrancado de seu devaneio ao ouvir aquela horrível palavra. Seu corpo queimava. Que calor é este? Não, não é calor..."- Ele abriu os olhos em tempo de perceber as cinco varinhas apontadas pra ele; A dele próprio caída no chão a seus pés. O calor continuava a percorrer seu corpo e ele sabia o que iria acontecer quando os feitiços o tocassem...

-...Kedrava! - Cinco vozes gritaram ao mesmo tempo. Ele não estava com medo, sabia que sua mãe estava com ele.

Quando os raios verdes estavam a poucos centímetros dele, aconteceu... Foi tão forte, que ele quase caiu no chão... Um brilho avermelhado, como o da lembrança, só que dessa vez, havia uma sensação que ele não saberia descrever... Uma mistura de alegria, felicidade, desejo, carinho, tudo que é bom... É isso... Um sentimento tão profundo que atordoava, uma sensação que ele já havia experimentado. No milésimo de segundo seguinte, uma grande explosão de energia emanou dele, muitas vezes mais forte que os feitiços lançados contra ele. Os raios verdes foram consumidos, tornando-se vermelhos e voltando para sua origem, envolvendo as cinco figuras que olhavam para ele, apavoradas. E no segundo seguinte... Acabou. Cinco corpos caíram no chão, mortos.

O que aconteceu a seguir, foi tão confuso que ele dificilmente se lembraria. Vários "Crack's" foram ouvidos simultaneamente, quando vários bruxos aparatavam ao mesmo tempo. Ele não os conhecia, mas sabia que eram do ministério; eles olhavam para todos os lados, indecisos do que fazer primeiro: socorrer ele, os corpos no chão ou as testemunhas (todas trouxas) apavoradas com o que tinha acontecido. Ele estava exausto, apoiou um ajoelhou no chão, decidido a não desmaiar.

-Vamos! O que estão esperando? - Uma voz enérgica começou a dar ordens - Tirem os corpos daqui!

Vários bruxos começaram a colocar os corpos em macas e desaparatarem em seguida. Um bruxo jovem pouco mais velho do que ele, cabelo castanho claro e olhos também castanhos, aproximou-se e surpreso gritou:

-Ei, é o Potter! - vários rostos viraram pra ele, surpresos. - É o Harry Potter mesmo! - O rapaz completou. Harry se levantou de um pulo e olhou com raiva pro rapaz, que recuou.

Dois bruxos mais velhos se aproximaram. Um dos bruxos, que parecia bastante com a professora Hooch, só que com barba e um olhar carrancudo, perguntou: - Garoto, o que aconteceu?

-Comensais da morte...- Harry disse um pouco receoso.

-Sim, mas o que aconteceu com eles? Como você... - ele continuou.

-Não sei... - Harry respondeu, com os olhos cheios de lágrimas, uma grande confusão de sentimentos a percorrer todo o seu corpo.

-É melhor nós avisarmos o... Dumbledore... - um bruxo, um pouco mais novo do que o que falava com Harry comentou.

-É... Flig mande uma coruja pra ele... Agora! - O bruxo que estava falando com Harry ordenou.

-Sim, Senhor! - O rapaz que reconheceu Harry respondeu e desaparatou.

-É melhor você vir comigo, Potter - Ele falou com uma voz calma, mas que mostrava o nervosismo que ele estava sentindo.

-Não. - Harry disse simplesmente.

O outro o olhou com uma expressão perplexa. - O quê?

-Eu não vou com vocês. - Harry falou com voz decidida - Como estão os Durleys?

-Quem? - Os dois bruxos perguntaram juntos.

-Meus tios, eles estão no carro - E Harry apontou pro carro preto, que pertencia ao tio e do qual três pessoas, mais brancas do que jamais se havia alguma vez visto, olhavam aterrorizadas. - Eles são trouxas.

-Pode deixar, Stuart! - O bruxo mais novo chamou.

-Senhor? - Um bruxo de uns trinta anos, vestido num terno cinza se aproximou.

-Vê aquele carro? - O bruxo disse apontando pro carro que Harry tinha mostrado.

-Vejo senhor.

-Aqueles são os tios do rapaz aqui - Olhando para Harry neste momento - Eles são trouxas e devem estar apavorados. Cuide para que eles cheguem em segurança em casa.

-Sim senhor! - O homem disse e se afastou na direção do carro.

-Agora Harry, venha comigo! Tenho que te fazer algumas perguntas. - o Bruxo falou com uma voz imperiosa, enquanto tentava segurar o braço do rapaz.

Num recuo rápido, Harry se desvencilhou da mão do bruxo e com um Pop seco, desapareceu.

-QUÊ? - Os dois bruxos exclamaram juntos. - Como ele fez isso?