Capítulo 3 - Desaparecido



Dumbledore estava na janela de seu escritório, olhando a paisagem sem vê-la; sabia que algo estava errado, pois sentia uma dor no peito e apesar de ser velho o suficiente para isso, sabia que não era seu coração que falhava.

"Aconteceu alguma coisa! E pelo que sentia no peito, ele não gostaria nem um pouco quando descobrisse o que fora" - Ele pensou.

Naquele momento ele viu: uma coruja vinha na direção da janela e à medida que ela se aproximava, ele a reconheceu como uma coruja-expressa, meio esverdeada e com uma marca vermelha no peito, somente usada em situações muito graves. Ele se afastou da janela para deixar a coruja entrar. Quando ela entrou, pousou no encosto da cadeira mais próxima e piou ruidosamente para o homem apreensivo em pé ao lado da jenela. Ele correu para pegar o envelope amarrado a pata da coruja, quando ele retirou o envelope a coruja levantou vôo e sumiu na noite que se aproximava.
O velho olhou pro envelope e leu:

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Para:
Alvo Dumbledore
Diretor
Escola de Magia e Bruxaria de Hoggarts

De:
Joseph Flig
Depto. de Segurança para Ordem Pública
Ministério da Magia
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Quando ele leu aquilo, ele gelou. - "Harry!" - E sentando com um baque na cadeira onde a coruja tinha estado empoleirada, rasgou o envelope e puxando a carta de dentro, começou a ler:

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Prezado Sr. Dumbledore,

A pedido do meu superior, Sr. Eugênio Livinstone, lamento vir a informar que ouve um acidente com um de seus alunos.

Tenho absoluta certeza que o Sr. gostaria de ser informado disso, pois esse aluno não é qualquer um, se trata de Harry Potter e devido às circunstâncias do acidente, acho que o Sr. deveria comparecer imediatamente ao ministério para se inteirar dos acontecimentos. Não se angustie tanto, pois, o rapaz está, aparentemente, bem...o mesmo não se pode dizer daqueles que o atacaram....

Atenciosamente,

Joseph Flig
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O velho continuou a olhar para o papel em suas mãos por um minuto e então rapidamente chamou: - Fawkes!"- A Fênix que estava no poleiro ao lado voou e ao ter sua calda segura, com um crack desapareceu levando o diretor com ela".


Após ficar sabendo do acontecido, o velho diretor parecia mais velho e triste do que nunca.

"Cinco comensais da morte mortos... Harry desaparecido... Como eu não previ que ele tentaria algo assim". O homem parecia não acreditar, como se fosse culpa dele, o fato de não ter prevido os acontecimentos daquela tarde.

Naquele momento, ele estava de volta no seu escritório, após ter estado no ministério da magia e na casa dos Durleys, que pareciam ter se acalmado o suficiente para contar o que aconteceu (pelo menos, como eles achavam que tinha acontecido). Pelo jeito, os comensais estavam vigiando na estação quando o trem chegou e esperaram até que não houvesse ninguém que pudesse atrapalhá-los e então seguiram o carro dos Dursleys.

"Agora... Onde você está Harry?" - Ele perguntou para s mesmo - "Como você desaparatou? Você ainda não sabe fazer isso... Ou sabe?".

Tomando uma decisão, pegou uma carta no bolso, que tinha o desenho de uma Fênix e chamou: - Alastor!

-Dumbledore - Uma voz, rouca e arrastada falou, de lugar nenhum.

-Alastor, onde você está? - O velho perguntou, com uma voz aflita.

-Na ordem, o que aconteceu? - A voz agora estava tensa, devido ao tom da voz do velho.

-O Harry foi atacado...- O velho murmurou, com tristeza na voz.

-QUÊ? COMO? ONDE? - A voz gritou, como se não acreditasse no que ouviu.

-Agora a pouco, pouco depois de sair da estação.

-Já vou pra Aí! - A voz disse apressada. Não passou um minuto e um homem, cheio de cicatrizes e com um estranho olho, saiu da lareira no escritório de Dumbledore e falou:

-Como ele está? Onde... - Ele começou a perguntar, mas parou ao ver a expressão do amigo.

-Não sei...Tudo que sabemos é que ele matou cinco comensais e fugiu quando os bruxos do ministério tentaram levá-lo ao ministério... Ele sumiu...

-Sumiu? Como assim? - O homem perguntou rapidamente.

-Parece que ele desaparatou. - O velho falou com tristeza evidente na voz.

-Desaparatou? Ele sabe aparatar/desaparatar? - O homem perguntou com uma expressão de surpresa no olhar.

-Não...

-Mas então... Como?

-Não tenho certeza, mas talvez... Ele tenha aprendido - O velho agora, parecia dar um meio sorriso.

-Aprendeu? - O homem falou, mais como uma expressão do que como uma pergunta - Ninguém jamais aprendeu a aparatar e desaparatar sozinho!

-É... Mas o Harry não é como todo mundo, como você bem sabe...

-Sei... O que nós faremos agora? Como vamos achá-lo? Você tem alguma idéia pra onde ele foi? - O homem perguntou com curiosidade, enquanto se sentava numa cadeira perto da mesa.

-Aonde ele foi eu não faço idéia, mas o que eu farei e o que eu quero que você faça, sim. - O homem se levantou e se aproximando da lareira, disse: - Volte pra ordem e fale com Tonks, Mundungo e Remo, para começar a procurar nos arredores da rua dos Alfeneiros, e do número 12 de Grimmauld Place, eu falarei com Severo, Arthur e Molly. O homem ficou em pé e com um aceno da cabeça, desapareceu pela lareira.

O velho suspirou profundamente. Ele não demonstrou para o amigo, mas estava temeroso com o que podia acontecer a partir de agora. Sabia que as próximas horas seriam extremamente importantes para futuro, não só do garoto, como para o futuro de todos. Era hora de agir e sem perder tempo se inclinou na lareira e após jogar um pouco de pó-de-floo no fogo, pálido que queimava nela, chamou: - A Toca.

Alguns giros depois, ele apareceu na lareira de uma casa antiga e com móveis um tanto gastos. Ele observou que dois jovens, um rapaz de uns quinze anos de cabelos vermelhos, com uma pinta no nariz e uma menina que parecia ter uns quatorze, também com cabelo vermelho, sentados no sofá, jogando xadrez. Ele sorriu e falou:

-Rony... O Arthur está? - O rapaz e a menina pularam no sofá, e olharam pra lareira e exclamaram juntos:

-Professor Dumbledore!

-Olá - O velho cortou e antes que pudessem falar, perguntou novamente - Seu pai está?

Os dois jovens se entreolharam e disseram juntos, novamente:

-Está lá em cima.

-PAAIIII! - O rapaz gritou e emendou em alta voz - O professor Dumbledore está na lareira e quer falar com o senhor! - E virando pro professor perguntou:

-Aconteceu alguma coisa, professor? - Ele olhava como se estivesse tentando ler a expressão no rosto do homem na lareira.

Naquele momento, uma mulher, com uma expressão assustada no rosto, veio apressada da cozinha e olhando pra lareira, disse:

-Boa noite, professor. Aconteceu alguma coisa?

O velho olhou para os jovens, que o encaravam, e respondeu enquanto tornava para a mulher à esquerda da lareira:

-Eu gostaria de falar com você, Molly e o Arthur... Em particular. Quatro pares de olhos olharam pra ele com preocupação, o marido, que acabara de descer as escadas. Se virou para os filhos e disse com severidade:

-Vão lá pra cima! Os dois olharam para o rosto do pai e vendo a expressão de dureza nele, subiram as escadas, resmungando.

-Boa noite, Abus. Algo errado? - O Homem, que tinha o cabelo vermelho e usava óculos, perguntou.

O rosto na lareira, com uma expressão triste disse: - Quem me dera, que fosse uma boa noite, Arthur!

O homem e a mulher se entreolharam assustados e sentando no sofá de forma que ficassem de frente pra lareira, a mulher perguntou: - O que aconteceu, Alvo? Eu senti um aperto no peito, logo depois que chegamos da estação e fiquei preocupada!

O homem a olhou e disse: - Porquê você não falou?

-Não importa, já passou...- Ela respondeu.

-Molly, Arthur, aconteceu algo muito sério hoje, logo depois que vocês saíram da estação... - O rosto na lareira começou. A mulher levou a mão na boca para reprimir o grito que escapou dela: -Harry!

O homem ao seu lado a olhou surpreso, o rosto na lareira, sorriu.

-O que aconteceu com ele? - Ela perguntou, lutando com as lágrimas que se formavam nos olhos dela.

O rosto do homem na lareira se tornou escuro e disse:

-Ele foi atacado... Mas está bem, de acordo com os relatos das testemunhas e dos aurores que estiveram no local do ataque.

-Como assim? Ele não está aí com você? - Ela perguntou com a voz abafada pelo choro contido.

-Infelizmente não... - o velho disse, com uma voz cansada - Ele fugiu quando os aurores chegaram.

-Por Merlin! - A mulher gritou e levou a mão à boca, mas já era tarde, o grito já havia saído. Nos próximos minutos o velho diretor descreveu tudo que sabia do ataque e as medidas tomadas pra achar o Harry. Concluindo, pediu que Arthur procurasse perto no beco diagonal e Caldeirão Furado e que Molly ficasse atenta a qualquer contato que ele fizesse com os filhos dela. E com isso ele deixou a lareira.

-Arthur, Será que ele está bem mesmo? - Ela deitou no ombro do marido e chorou.

-Sim...Molly, ele é forte... Já escapou outras vezes, você sabe.

-É, mas dessa vez ele matou... Como ele deve estar se sentindo? Ele é só um garoto, Arthur. Um garoto que já sofreu demais nessa vida! Mais do que alguém pode suportar!

"Realmente..." - Ele pensou enquanto consolava a mulher - É melhor você se controlar, vamos falar pro Rony e a Gina, avisar se ele entrar em contato com eles. A mulher limpou os olhos com o avental que usava e suspirou.

-Rony! Gina! Ele chamou.

Os dois vieram descendo a escada, com um olhar de curiosidade mal disfarçada.

-Pai... Que que aconteceu? - Rony perguntou assim que desceu as escadas, acompanhado pela irmã, que observava a mãe, pertubada.

-Sentem-se! - Ele mandou, enquanto a mulher segurava sua mão. Os dois jovens se sentaram nas poltronas ao lado da lareira, assustados com a expressão no rosto dos pais.

- Pai...- A filha começou, mas foi interrompida pelo pai.

- Gina, Rony, se o Harry entrar em contato com vocês, quero que avisem sua mãe ou eu, imediatamente! - Ele disse em um tom imperativo, que assustou os filhos. Eles se entreolharam, como que decidindo quem falaria primeiro.

-Pai, o que aconteceu? Porque a gente têm que avisar se o Harry entrar em contato? - O garoto perguntou receoso.

-O que aconteceu com o Harry? - Gina perguntou, com os olhos cheios de lágrimas. A mãe da garota foi até o lado dela e sentou, abraçando-a com firmeza.

-Querida...- A mãe mormurou e falou: - Arthur, acho melhor contar pra eles.

-Certo - O marido respondeu e continuou:

-Bem... Ouve um ataque...

-Ataque? - O filho falou, com os olhos arregalados.

-Não o Harry... - A moça falou entre soluços. A mãe a consolava, enquanto tentava controlar o próprio choro.

-Ele não morreu, Gina. Ele está bem! - O homem falou com docilidade, tentando acalmar a filha. A moça o encarava, como pedindo uma explicação.

-Ele escapou do ataque ileso, mas fugiu e ninguém sabe aonde ele foi. É por isso que vocês devem avisar se ele entrar em contato. Então se ele entrar em contato, avise sua mãe, eu ou alguém da ordem, imediatamente. Ele suspirou e completou:

-Agora eu tenho que ir... - Ele se inclinou e deu um beijo na bochecha da mulher e desaparatou.


Um piscar de olhos foi o tempo que levou, num segundo, ele estava na rodovia perto da estação King's Cross e logo depois, em frente a um enorme portão enferrujado, que dava acesso a uma propriedade, cercada por um muro igualmente alto. O portão, de uns cinco metros de altura, era adornado com figuras que revelava que fora trabalhado com habilidade; em cada lado do portão, em cima do muro, havia um enorme leão de pedra, sentado nos quadris e observando quem se aproximava do portão. Além do portão, havia um fabuloso e jardim (um tanto mal-cuidado, a julgar pelo domínio de arbustos selvagens) que se estendia, talvez uns cem metros pra frente e uns duzentos metros para os lados; Ao largo do jardim, havia dezenas de estátuas de pedra: leões, centauros, unicórnios, duendes, elfos e dragões, mas os leões dominavam o cenário. No meio da propriedade, havia mansão enorme, tinha três andares e umas cinqüentas janelas só na parte da frente. Toda a propriedade parecia abandonada há anos.

Ele não fazia idéia de como ele chegou ali, mas sentia que conhecia àquele lugar e queria estar ali. Ele estava exausto e só queria descansar; sabia que não só os bruxos do ministério, mas também, os da ordem, estavam procurando por ele. Mas ele não ligava, não queria ver ninguém, principalmente Dumbledore.

Ao tocar o portão, ele rangeu e se abriu lentamente. Ouve um pio alto ao seu lado; assustado, ele se virou e viu que o pio viera de uma coruja branca como a neve, que estava numa gaiola em cima do seu malão - "Como?..." - Ele pensou e reparando no malão, viu que ao lado da gaiola, estava uma varinha... Sua varinha. Ele sorriu, pegou a varinha e fazendo um gesto, levitou o malão e a coruja, e seguiu pelo jardim na direção da casa; ao passar o portão, este se fechou da mesma forma que se abriu. Quando se aproximou da porta, reparou que ela era dupla, de carvalho e tinha três metros de altura. Ela se abriu assim como o portão, ele se viu num hall, que lembrava o hall de entrada de Hogwarts, só que menor; havia uma escadaria de cada lado do hall e três portas duplas em cada parede. Ele se virou para a porta à esquerda e abrindo-a com a mão, entrou numa sala de visitas enorme, ricamente decorada e como o resto da propriedade, parecia abandonada.

"Definitivamente eu conheço este lugar!" - Ele pensou. Ele depositou o malão e a gaiola no chão, foi até a lareira e reparando que havia madeira nela, com um feitiço acendeu-a.

-Assim está melhor! - Ele falou, sentando na poltrona próxima, desmaiando de cansaço assim que encostou a cabeça no recosto. Ele não reparou, mas quando ele entrou na sala, vários olhares o seguiram (principalmente um velho de barba branca com um brilho no olhar, do quadro em cima da lareira, que parecia satisfeito que ele estive ali).