Notas do Autor:

Antes de mais nada, devo dizer que foi díficil decidir como escrever essa parte, pois eu li os dois primeiros livros em português e os outros três em inglês... E como todos sabem (ou pelo menos deveriam), há algumas divergências entre estas versões (principalmente no que se refere à nomes), portanto decidi usar os nomes originais quando o personagem não importar (tanto) na história. Isto é para melhor ajuste à história (dos livros).

Este capítulo é a chave da estória (com É mesmo), e portanto, o maior até aqui. E não pensem que eu mudei muito a idéia original (eu nem comecei a contar a minha idéia ainda), estou apenas montando o 'cenário' da estória.

E obrigado pela resenhas! (Lamento ter apagado as primeiras).


Capítulo 4 – A Verdade

PLAFT!

Ele acordou assustado e olhou ao redor, mas tudo que pôde ver foi um quarto fora de foco; ele estava sentado numa cama espaçosa, com lençol branco de algodão e coberto por uma colcha verde musgo, igual àquelas no dormitório da Grifinória, em Hogwarts, só que aquelas, na cor vinho. Ele se inclinou para o criado mudo a esquerda dele e tateou até achar os óculos; o quarto entrou em foco assim que o colocou nos olhos. Ele olhou pra frente e viu: um elfo-doméstico, velho e raquítico, preocupado por ter acordado o rapaz tão abruptamente.

-Desculpe, mestre! Eu não queria acordar o jovem mestre desse jeito. Jinx é velho e se atrapalha com as coisas – Ele olhava pro rapaz, com uma expressão de medo e felicidade ao mesmo tempo.

-Quem é você? Como eu cheguei aqui? Onde estou? – Ele perguntou em rápida sucessão, com uma expressão assustada.

-Eu... Sou Jinx, o elfo-doméstico da casa, mestre. Eu trouxe o senhor, lá de baixo.

-Onde estou?

-Na...- O elfo-doméstico começou, mas foi interrompido.

-Na minha casa! – Uma voz rouca e forte, falou do quadro em frente a ele. Harry e Jinx olharam assustados pro quadro; onde, um velho de longas barbas brancas e olhos verdes, sorriu pra eles e completou: -Jinx, ele deve estar faminto. Providencie algo pra ele comer... O que você gostaria de comer, Harry?

-Hã... Sei lá... Umas torradas? – Ele falou, com receio.

-Torradas? Isso não é coisa pra se comer quando se está faminto! Jinx Arrume um lanche com suco de abóbora, frutas, geléia de morango, leite, pão, e... Deixe me ver... Torradas é claro! Leve pra biblioteca. Eu tenho que conversar com o Harry. – com isso, o elfo se despediu e com um 'POP', desapareceu.

-Eu conheço você! – Harry disse. O velho sorriu.

–Eu vi você num quadro no ministério, no ano passado! – Ele completou.

-Só lá? Eu estou em muitos quadros, não só no ministério... – O velho comentou – Mas não vamos conversar aqui agora, primeiro você têm que se lavar e vestir. Então a gente conversa na biblioteca, enquanto você come. Nós temos muito o que conversar. A propósito: Eu contei pro Alvo, onde você está.

-Eu não quero vê-lo! – o garoto gritou.

-Não se preocupe, ele não virá aqui... Como eu dizia, eu conversei com ele, contei que você está bem e seguro...

-Como assim, conversou com ele? – Harry perguntou curioso.

-Como eu disse antes: Lavar, vestir e comer primeiro, conversa depois! – E com isso, saiu da moldura, deixando o garoto espumando de raiva.

-Eu odeio isto! Quando as pessoas me escondem as coisas! – Ele gritou, puxando as pernas para o lado e descendo da cama; Assustou-se ao ver que estava só de sunga, ele não tinha percebido.

"Agora, onde está o banheiro?" – Ele pensou, enquanto olhava a sua volta procurando suas roupas e a porta que levava ao banheiro. Assim que ele pensou, uma porta à direita dele se abriu, revelando um banheiro, uma banheira cheia de água, um jogo de toalhas, um roupão azul marinho e um par de pantufas de coelho branco. Ele foi ao banheiro, tirou o resto da roupa e entrou na banheira, que estava quente e exalava um cheiro adocicado e confortante.

Meia hora depois, quando ele saiu do banheiro usando o roupão, reparou que seu malão e a gaiola da Edwirges estavam no quarto; ele foi até o malão e retirou um jeans surrado, uma camisa, que parecia ser pelo menos quatro números maior do que o manequim dele e uma sunga limpa.

-Você não precisa vestir essas roupas... Eu mandei o Jinx arrumar as roupas do seu pai pra você! – Ele ouviu a voz do bruxo velho atrás dele.

-QUÊ? – Ele se virou assustado – Não por ter sido pego de surpresa, mas sim, pela segunda parte da frase.

-Ora garoto! Você vai ou não se arrumar? Nós teremos uma longa conversa e quanto mais cedo começarmos, melhor! As roupas estão no armário, ali! – Ele disse com severidade, apontando na direção atrás de Harry – Vista uma daquelas roupas. Eu mandarei o Jinx queimar essas roupas velhas que você vestia!

-Hã... Tá bem – ele respondeu assustado, enquanto abria o armário e escolhia uma das roupas ali – Impressionado com a variedade de modelos e cores.

"Nossa! Isso era do meu pai?" – Ele Pensou e pegou uma camisa de malha branca e uma calça jeans (que pareciam não terem sido usadas), do cabide; uma cueca azul da primeira gaveta e um par de meias brancas da segunda gaveta.

"Espera aí... Se essas roupas eram do meu pai... Então... Essa era a casa dele! Ou seria... Deles? Ele teria morado ali?" – Ele parecia chocado e não reparou no sorriso que se mostrou no rosto do bruxo do quadro.

"Pode ser! Isto explica o ele sentiu quando entrou na casa...". Foi ao banheiro e se trocou; quando voltou, vestiu o casaco verde que a Sra. Weasley havia tricotado para ele (não queria ele queimado). Depois que ele se trocou e tentou pentear o cabelo no banheiro, o velho disse:

-Muito melhor! Agora desça as escadas e vá pra biblioteca, seu lanche está esperando. Depois que você comer, nós teremos a conversa que deveria ter acontecido a muitos anos...

-Como eu chego lá? – Ele perguntou.

-Desça as escadas para o hall de entrada e entre na porta à esquerda da entrada, lá é onde a biblioteca fica.

Antes de sair do quarto, Harry foi até a janela e olhou pra fora, o que viu deixou-o assustado: À frente da casa, o jardim (que agora estava bem cuidado, como se o que viu antes, nunca tivesse sido), havia uma fonte onde, dois unicórnios de pedra saltavam dela – "Impressionante" – Foi tudo que ele pode pensar. Um limpar de garganta o trouxe ele de volta a realidade e ele saiu correndo do quarto na direção que ele achava que estavam as escadas.

O caminho foi tranqüilo e todos os quadros (e eram muitos), o cumprimentaram: bruxos e bruxas, velhos, jovens e crianças. Quando ele chegou ao hall, Jinx estava ali, com uma bandeja nas mãos e um sorriso no rosto.

-Bom dia, mestre! Por aqui – Ele disse, enquanto andava na direção da porta à esquerda de Harry.

Ele ia seguir o elfo quando um bater de várias asas, o avisou que várias corujas haviam acabado de entrar pelas janelas abertas atrás dele. Ele olhou na direção do barulho e pôde ver que três corujas entraram, ele reconheceu duas delas: Edwirges, que pertencia a ele e Pitichinho, do amigo Rony; a terceira ele não conhecia, mas parecia ser uma coruja oficial, marrom escura e com um envelope grande amarado na perna. Ele foi até elas e primeiro desamarrou o envelope da coruja marrom escura, que voou imediatamente pela janela; em seguida, Pichi, que assoviava alegre e voou depois de um pio agudo; e finalmente Edwirges, que ficou no umbral da janela. Ele ia abrir os envelopes quando Jinx falou:

-Ele está esperando, mestre!

-Certo. Ele deixou os envelopes numa mesa perto da janela e seguiu Jinx através da porta.

Ao atravessar a porta, ele se viu numa sala retangular, cujo comprimento era duas vezes sua largura. Na parede oposta a entrada, havia uma lareira e acima desta, um quadro onde se podia ver um escritório igual ao que ele estava. Sentado na escrivaninha do quadro, estava o mesmo bruxo com longas barbas brancas e olhos penetrantes, que falara com ele no quarto. Olhando em volta, ele viu que para a direita, havia duas enormes janelas que iam até o teto; em frente a uma delas, a meio caminho entre a lareira e a porta, a escrivaninha original. À esquerda dele, cobrindo toda a parede, centenas de livros (alguns pareiam muito antigos) numa estante de madeira polida, no chão um tapete nas cores da Grifinória, com o desenho de um leão. Jinx caminhou em direção a lareira e colocou a bandeja numa mesinha, que ficava entre duas poltronas de veludo vermelho próximas à lareira. Harry caminhou até a poltrona da direita e se sentou. O velho olhou pra ele e fez sinal pra ele se servir. Ele olhou para a bandeja onde havia três tipos de pão, um bolo (que parecia ser de chocolate), duas vasilhas de suco (um de abóbora e o outro desconhecido), duas maçãs, uma pêra e um pote de geléia de morango (que ele detestava).

-Não têm torrada? – Ele perguntou em tom de brincadeira.

O elfo assustou-se e falou:

-Vou fazer agora mesmo, mestre! - E já ia saindo correndo, quando Harry falou:

-Estou brincando, Jinx! Não precisa das torradas. Eu não vou comer nem metade disso! – Ele falou, apontando pra bandeja na mesa. O elfo olhou meio desconcertado.

-E mais uma coisa, Jinx: Não quero que você me chame de mestre novamente! Meu nome é Harry e é assim que eu quero ser tratado, Ok?

O elfo incrédulo respondeu: - Sim, Mes... Harry! – E sorriu quando viu a expressão de satisfação no rosto do garoto.

-Muito bem! Eu queria que o Dobby agisse assim... Mas ele tema em me chamar de senhor! – O garoto completou com uma careta. O elfo sorriu, satisfeito de deixar o garoto contente.

-Muito bem... Jinx, você poderia nos deixar a sós? – O velho falou. O elfo olhou pro quadro e com um aceno da cabeça, saiu pela porta, fechando-a.

Enquanto Harry se servia de suco de abóbora e um pedaço de pão doce, o velho se levantou e caminhou pra frente da escrivaninha, onde ficou observando o garoto com atenção.

-Harry, você deve ter muitas perguntas, não é mesmo? – Ele perguntou.

Com um aceno de cabeça Harry assentiu. Ele continuou:

-Eu responderei a todas elas... Depois. Por hora, nós temos coisas mais importantes para tratar...- O garoto olhou pra ele curioso e ele continuou: - Você precisa saber dois fatos, antes de qualquer coisa: Eu sou seu avô... Bem... Com alguns descontos de gerações... E esta casa é sua... Como você já deve estar desconfiado!

O garoto confirmou com a cabeça e perguntou: - E seu nome é...

-Ora bolas garoto! Você não leu 'Hogwarts: Uma História'? – O velho perguntou com raiva.

-N...Não. – Harry falou engasgando.

-Godric Griffindor! – O velho falou com uma expressão descontente e completou: – Eu achava eu você fosse mais curioso!

Com os olhos arregalados, Harry gaguejou: – Eu... Sou... Seu... Descen... Descendente?

-É. – O velho falou, agora mais calmo e completou: -Garoto, aquele Tom... Tentou te matar seis vezes e você não teve a curiosidade de saber o motivo? Eu teria virado meio mundo pra saber o motivo!

-Eu fiquei sim! – O garoto retrucou – Eu perguntei pro Dumbledore! Mas ele sempre dava um jeito de mudar de assunto... E depois, eu estava tão contente de ser bruxo e havia tanto pra apreender, já que eu não sabia nada sobre o mundo mágico! – Ele estava vermelho agora e apertava um pedaço de bolo na mão.

O velho suspirou e com um olhar triste disse: -Foi necessário... Deixar você longe de tudo. Só assim você estaria seguro. Mas agora... As coisas mudaram... Você deve saber tudo de uma vez por todas!

-E o quê mais vocês esconderam de mim? – Ele agora estava em pé e parecia furioso.

-Vamos por partes... Primeiro: pegue o livro com capa de couro de dragão. Ele é o segundo livro, à esquerda da terceira prateleira da estante à sua frente.

Harry seguiu para a prateleira e contando as estantes, pegou o livro indicado; Ele era bem grande e pesado. Ele leu o titulo do livro: 'Genealogia de Griffindor', em letras douradas e olhou pro bruxo, que confirmou com a cabeça.

-Agora... Ponha-o da escrivaninha e coloque sua mão aberta em cima dele.

Harry seguiu para a mesa e sentando na cadeira atrás dela, colocou o livro na mesa e fez como instruído. Ele sentiu uma corrente de energia percorrer sua espinha e tremeu.

-Abra o livro na página... Trezentos... Acho. Seu nome estará em baixo da página, logo abaixo do nome de seus pais.

Ele abriu o livro, que curiosamente abriu justamente na página indicada. Ele leu: 'Lílian Potter', grifado e 'Tiago Potter' ao lado; E de uma linha que ligava os dois nomes e descia, ele leu: 'Harry Tiago Potter', também grifado; Em cima de cada nome, havia uma foto da pessoa referida. Ele sorriu.

-Se você voltar uma página, verá a árvore de seus avós maternos, pais de sua mãe – O velho falou. Ele fez como dito e leu: 'Lílian Evans' ao lado de 'Petúnia Evans', ambos grifados e linha acima dos dois nomes: 'Gregory James Evans' e 'Alicia Evans', grifado.

-Os nomes grifados são os herdeiros? – Ele perguntou sem tirar os olhos das fotos.

-São. Volte mais uma página. Ele obedeceu e leu: 'Alvo Brian Dumbledore' grifado e 'Katherine Dumbledore'. Os dois rostos sorriram pra ele e ele sorriu de volta.

-Dumbledore é meu Bisavô? – Ele perguntou com uma expressão assustada.

-Certamente. E, diga-se de passagem: Foi muito duro pra ele não te contar isso, Harry. Ele esteve muitas vezes, perto de contar... E acho que quando vocês se encontrarem, você deveria dar um grande abraço nele. Por tudo que ele têm sofrido sem poder te tratar como neto – O retrato falou com um brilho no olhar – Agora chega! Vamos... Há mais pra você saber e pouco tempo pra apreender! – Harry guardou o livro no local dele, fazendo uma anotação mental para ler o livro mais tarde.

-Eu quero fazer uma pergunta – Ele falou, resolutamente – Na verdade, mais de uma. O velho olhou pra ele, aguardando.

-Tia Petúnia é uma Griffindor, mas não têm poder...

-Mas ela têm sim, Harry. Infelizmente ela nega o poder que ela têm... E assim a magia nela irá morrer. E então você será o último Griffindor...

-E o Duda? – Ele insistiu.

-Ele é trouxa, como o pai – O velho declarou como se encerrando o assunto.

-Mais uma coisa...

-Sim?

-Meus pais viveram nesta casa?

-Sim, por três anos, dois antes de você nascer... Por isso as roupas de seu pai ainda estão aqui. Mas eles deixaram a casa para se esconderem, quando ficaram sabendo que o Tom queria você morto, por causa daquela profecia... Mas chega desse assunto! Nós temos coisas mais importantes pra tratar...

-Então eles foram mortos aqui?

-Não. Godric's Hollow é o nome de uma cabana no meio de um bosque ao sul daqui, foi lá que aconteceu...

-Que coisas mais importantes? – Ele perguntou curioso.

-Passar para você a minha herança: Meu anel, assim você receberá todos os poderes que eu coloquei nele... E tudo que pertence à família...

-QUÊ? – Harry gritou.

-Coma mais um pouco, você quase não comeu...

-Não estou com fome.

-Você precisará estar bem alimentado, pois você terá que treinar muito pra apreender se você quiser derrotar o Tom...

-Certo – o garoto respondeu enquanto pegava a pêra e dava uma mordida nela.

-Mais uma coisa. Harry falou olhando no quadro e perguntou em seguida:- Como você, sendo um quadro, sabe tanto?

-Eu não sou como os outros quadros. Meu eu verdadeiro, fez um feitiço pra colocar uma parte das memórias dele em mim, assim eu poderia ficar vigiando e ajudando os herdeiros, como você. Você sabe que essa guerra é antiga, não?

-Sei. Uns dois mil anos, não é?

-Sim, mas vamos... Já é hora. Coloque sua mão na boca o leão da lareira e pegue o anel.

-O anel está na boca do leão?

-Não. Isso é só pra abrir a passagem pra sala onde ele está.

Harry fez como o velho disse e com um puxão conhecido no umbigo. Ele se viu numa sala pequena e escura; não havia porta nem janela na sala, só havia uma arca no meio, em cima de um pilar. A arca estava iluminada por um brilho prateado (a única luz da sala). Ele sentiu que estava sendo atraído para a arca e em poucos segundos estava em frente a ela, não havia fechadura ou sinal de como abrí-la. Quando ele tocou a tampa, ela tremeu, zuniu e se abriu, revelando uma almofada em veludo vermelho onde estava um anel de ouro, com uma pequena esmeralda quadrada em cima. Ele pegou o anel e viu que tinha gravado na pedra um 'G', mas ele imaginava o poderia ter feita tal gravação no interior da pedra. Ele o colocou no dedo mínimo da mão direita (ele não soube o que o fez agir assim) e o anel se encolheu pra ajustar no dedo magro dele. Um brilho forte o envolveu e ele estava de volta à biblioteca, de frente pra lareira.

-Parabéns, Harry! – Ele ouviu uma voz conhecida, que não pertencia ao quadro. Ele se virou e com surpresa, viu a quem pertencia à voz.

-Dumbledore! – Ele exclamou e sem se conter, correu e abraçou o velho diretor, mestre e agora... Avô.

-Olá, Harry! – O velho, com lágrimas nos olhos, retribuiu o abraço com o afeto que foi impedido de manifestar durante anos. Os dois permaneceram abraçados por longos cinco minutos, até que um limpar de garganta, os despertou do afetuoso, abraço.

-Oi, Alvo. Ele é muito esperto mesmo! Você estar orgulhoso dele!

-Eu sempre estive, Godric! – O diretor falou.

-Bom, acho que chegou a hora dele assumir sua posição na família, não é? – O quadro, agora sério, anunciou.

-Receio que sim, Godric – O diretor falou também sério.

-Agora Harry... – O diretor falou enquanto conduzia o garoto de volta à poltrona onde ele estivera sentado, e sentando-se na outra, com uma expressão séria – Conte o que aconteceu com você. Como foi que você fez aquilo?

-Eu não fiz nada... Foi o encantamento que minha mãe pôs em mim! – Ele falou sério.

-Conte o que aconteceu, do início – O diretor insistiu.

-Bem... Eu tinha deixado a estação com meus tios... – Ele falou olhando pra cima, tentando se lembrar dos detalhes - E então eu dormi, mas não percebi isso acontecer. E de repente eu tava lá!

-Onde? – O quadro falou.

-Onde o Voldemort estava! – Ele respondeu em voz alta.

-Chame ele de Tom Riddle! – O velho do quadro rosnou – Não sei de onde ele tirou tal nome, mas é ridículo todo mundo ter medo de o dizer o nome verdadeiro dele!

-Tá... O Tom estava lá, junto com a Bellatrix! Ele estava furioso e a culpava por não conseguido... – E com um sorriso completou: - O que ele queria.

-E... – O diretor insistiu.

-Aí o Rabicho apareceu... – ele fez uma careta ao falar o nome do traidor – Ele disse: 'Porquê não atacá-lo agora mestre, antes de ele chegar na casa?' – Agora com raiva no olhar – E então Vol... Tom mandou a Bellatrix reunir um grupo de comensais e me atacar...

-E o que aconteceu no ataque? – O quadro perguntou.

-Eles interceptaram o carro e mandaram eu descer ou eles matariam a todos... E então eu desci! – Ele falou essa última frase com firmeza na voz – Eu tava lá, pronto pra morrer, afinal eram cinco comensais furiosos contra mim... Dumbledore suspirou e mandou ele continuar.

-Eu não sei o que aconteceu, de repente eu não tava mais lá... Com um olhar de surpresa o diretor perguntou: - Como assim?

-Eu estava noutro lugar... Num quarto com minha mãe... Eu era um bebê no colo dela... – Ele falou pausando a frase, tentando segurar as lágrimas de escorriam pelo rosto dele – Então ela falou que iria me proteger e me pondo na cama começou... A invocar um encantamento... Não sei qual, eu não entendia as palavras...

-Celta... Só pode ser celta! Era adorava cultura celta. – O quadro exclamou e tanto o garoto quanto o diretor olharam pra ele – Eu sei que encantamento ela usou. Ele drena todo o poder do invocador e o transfere em forma de um escudo pro alvo! O invocador fica sem poderes e desprotegido. É celta mesmo! Continue garoto!

Assustado Harry continuou: - Então a porta se abriu... Era ele! Mas eu não vi, porque os començais lançaram a maldição Avadra... E eu voltei pra onde eu estava, só que não estava sozinho...

-Como assim? – O diretor perguntou com ansiedade.

-Havia uma coisa comigo... Um calor percorrendo todo meu corpo e eu não senti medo, porquê eu lembrei das palavras dela... E quando os feitiços estavam quase me atingindo, aconteceu... Ouve uma explosão de energia e o feitiço deles... Mudou... E voltou pra eles... E eles estavam mortos antes de caírem no chão! – Ele soluçava agora.

-Nossa! – O diretor e o quadro exclamaram ao mesmo tempo.

-O encantamento de sua mãe é muito forte! Devido ao amor que ela sentia por você... – O diretor falou com um sorriso no rosto – Acho que agora eles vão pensar duas vezes antes de te atacar outra vez!

-Acho que é o suficiente por hoje... – O quadro falou - E acho que ele deveria ler aquelas cartas...

-Cartas? – O diretor olhou pra o garoto.

-Eu tinha me esquecido... – O garoto se levantou e saiu correndo pela porta. Os dois velhos riram.


Ele chegou a mesa perto da janela onde havia deixado os envelopes, pegou-os e foi para a sala de visitas onde estivera na noite anterior. Ele podia ver através da janela, que o sol estava alto e iluminava o jardim, agora muito bem cuidado. Ele sorriu feliz e pensou: - "Agora eu estou em casa...". Ele pegou o primeiro envelope, o de aparência oficial, e leu:

Para:
Harry Potter
Godric's Manor

De: Mafalda Hopkirk Departamento de Uso Impróprio da Magia
Ministério da Magia

Ele gemeu ao ler aquilo. Da última vez que recebeu uma carta dela, ele quase fora expulso de Hogwarts... Mas daquela vez, Dumbledore o ajudara a se safar da armadilha que o ministro tinha preparado pra ele. "Se fosse outro aviso de expulsão, ela iria ver o que era bom... Dessa vez, ele mesmo cuidaria dela!".

Ele abriu o envelope e viu que embaixo à direita da assinatura, havia um selo do ministério. Ele leu:

Caro Sr. Potter,

O Depto. De Uso Indevido da Magia, registrou que o Sr. usou indevidamente, várias magias nas últimas horas; Mas devido às circunstâncias em que elas foram usadas (conforme informado pelo depto. de Segurança Mágica), o que justificou o uso de magia. Portanto, o registro foi considerado inválido. E devido a sua situação na "corrente época", e a pedido do diretor de Hogwarts, o Sr. Alvo Dumbledore; O ministério resolveu, por bem, liberá-lo desta regra, que o impede de usar magia. Desta forma, a partir desta data o Sr. poderá fazer uso de magia. No entanto, quero lembrá-lo, que as demais leis ainda se aplicam.

Atenciosamente,

Mafalda Hopkirk Departamento de Uso Impróprio da Magia
Ministério da Magia

Quando terminou de ler, pulou e dando um soco no ar, gritou: -YES!

Naquele momento, o diretor que havia deixado a biblioteca e o estava observando, falou:

-Espero que você se não abuse do privilégio, Harry.

O garoto se voltou e com um enorme sorriso, falou: - Claro! Hã... Professor!

-Bem... Nós devemos combinar algumas coisas, Harry. – O homem falou com um brilho no olhar – Você deve me chamar de professor, quando nós estivermos em público como sempre. Mas quando nós estivermos em particular, você pode me chamar de vovô... Ou Alvo, se você não estiver à vontade para me chamar vovô.

Com uma expressão encabulada, o garoto respondeu: -Não... Tudo bem... Vovô!

O velho sorriu abertamente e completou: -Têm outras coisas que nós precisamos combinar, Harry... Você tem de ir ao ministério, para reinvidicar o título de herdeiro de Griffindor.

-Eu preciso mesmo? – Ele perguntou, um pouco preocupado – Já não basta todo mundo me tratar como 'O Garoto que Sobreviveu'? Agora vou ter de agüentar também a marca 'Herdeiro de Griffindor'?

-Infelizmente, vai! – Uma voz falou, vinda de trás dele. O harry se virou e p velho se aproximou dele, para ver quem falara; O quadro tinha uma expressão séria no rosto e completou: - Eu sei como isso é chato às vezes, Harry. Mas TODOS precisam saber quem você é... Principalmente, Tom Riddle!

-Isso mesmo, Harry. Ele precisa saber que você não é qualquer um; que você é mais forte do que ele pensa e que ele não terá trégua, até desistir ou ser derrotado! – O diretor completou. Com um suspiro, o garoto se sentou na poltrona perto da mesa e continuou a ler suas cartas.

-Harry... - O diretor continuou inseguro de como o jovem reagiria a seguir – Têm mais uma coisa: Você terá que treinar, suas novas habilidades...

-Godric me falou... – O rapaz falou, enquanto abria a carta do amigo.

-Certo – O diretor continuou – Jinx e o Godric o ajudarão no início e eu, quando você estiver acostumado com os poderes que recebeu. E você ficará aqui, de agora em diante, até o início das aulas. Por favor, não deixe a casa...

-Eu não pretendo fazer isso. Eu quero saber tudo que eu puder arrancar do velho e do Jinx, antes das aulas começarem...- O quadro fez careta para 'o velho', mas sorriu pelo fato do garoto querer saber tudo sobre a família.

-Então... Eu já vou... – o velho diretor disse e com um sorriso no rosto completou: – Se comporte... Netinho! – E sem esperar resposta, desaparatou.

O garoto sorriu e começou a ler a carta que estava na mão dele, ela era enorme e tinha três folhas de pergaminho. Era com certeza de Rony (A julgar pela letra tremida). Ele leu:

Harry,

Que susto você deu na gente, cara! Minha mãe quase morreu de susto! Eu não vi, ou você acha, que o Dumbledore contaria na minha frente ou da Gina? Não, com certeza não.

Mas pela cara dela, quando ela e papai contaram... Eu posso afirmar que passou bem perto disso!

A Gina... Eu nunca pensei que ela fosse sofrer tanto... A mamãe teve trabalho pra fazer ela parar de chorar... Ela chorou por quase duas horas direto, até que finalmente dormiu (depois que o chá calmante, fez efeito). Eu já tava ficando louco! Ninguém entendia o porquê dela ficar tão perturbada, eu é claro, sabia... Ela ainda é louca por você! Embora não admita isso.

Ele suspirou neste ponto, vendo o rosto envergonhado da garota - "Ele não sabia o que ela viu nele... Ele não era bonito (e tinha aquela cicatriz...), ela ao que parecia, não tava nem aí pra isso, gostou dele desde o segundo ano dele... Ele achava que era porque ele a salvou da Câmara Secreta".

-"Não!" – Ele repreendeu a si mesmo. – "Ela já gostava de mim antes disso...". – Ele se lembrou do dia em que fora passar o último dia das férias dele no segundo ano, na casa do amigo. "Ela já ficava vermelha na presença dele. Talvez ele possa... Afinal eles mal conversaram desde então". – Ele parou de pensar nisso e continuou a ler:

Eu também fiquei preocupado, cara. Depois do que você falou no trem... Eu fiquei realmente preocupado! Mas tão logo Dumbledore se foi, papai e mamãe contaram pra gente. Ele voltou meia hora depois e disse pra gente não se preocupar, que já tinha notícias... Que você estava bem e num lugar seguro. Mesmo assim... Eu queria confirmar, mandando uma coruja pra você, mas mamãe não deixou. Mandou a gente ir dormir.

Dormir! Têm base? Como a gente ia dormir, sabendo que você tinha sido atacado? Como eu disse antes: a Gina custou a dormir. Eu fiquei acordado até tarde e assim que eu acordei, fui falar com ela... Ela deixou eu escrever pra você, mas queria mandar uma carta dela junto. E então a Gina disse que também queria e os Gêmeos... (sabia que eles vão voltar pra Hogwarts mo próximo ano?) Mamãe não deixou eles saírem, antes de se formarem... Você devia ver a cara deles... Era impagável! Bem, é melhor eu parar por aqui, ou o Pichi não vai dar conta da carta!

Um abraço do amigo,
Rony

Ele riu e pegou a próxima carta: A letra era perfeitamente redonda e agradável de se ler, pertencia a Gina:

Querido Harry,

Não sei o que o Rony disse pra você na carta dele... Mas eu fiquei preocupada. Primeiro por casa do que você falou no trem. Achei que o ataque fosse por causa disso, que ele tivesse descoberto que você sabia a respeito da... Bem, você poderia me escrever, contando o que aconteceu? Talvez você não queira falar disso, mas eu queria saber!

Espero que você esteja legal, eu sofri pelo que aconteceu com você e se você quiser conversar... Nós não temos conversado muito, não é mesmo? Eu quero lhe agradecer propriamente, por ter me salvo no meu primeiro ano em Hogwarts (um pouco atrasado, é verdade, mas antes tarde do que nunca!).

Um beijo,
Gina

Ele ficou olhando a carta por um minuto e pensando. –"O quê que ela quis dizer com: 'apropriadamente'?" – Ele achou aquilo muito estranho, ele não a conhecia direito para tirar uma conclusão daquilo que leu. Ele depositou a carta junto com as outras que já havia lido e pegou a próxima: Essa era da Sra. Weasley, a letra era firme e redonda, como a da filha.

Querido Harry,

O Dumbledore disse que você estava bem e seguro, eu confio nele como diretor de Hogwarts e como líder da Ordem, mas não em se tratando de cuidar de você. Eu sempre fui contra a idéia dele de mandar você pros tios (O Arthur me falou como eles são e o Rony fez questão de frisar, como eles o tratavam). Eu adoraria 'ter uma conversa de mulher pra mulher' com aquelazinha da sua tia... No entanto, Dumbledore disse que era preciso ser assim, para sua segurança. Do que adiantou? Eles o pegaram do mesmo jeito!

Eu falei com ele de novo e pedi que ele deixasse você ficar aqui no verão... Mas ele é tão teimoso, quanto você!

Ele riu dessa parte e pensou: - "Eu tive a quem puxar: Meu avô, meu pai e minha mãe, uma bela família de teimosos!". Então continuou:

Espero que você esteja bem mesmo! Ou ele vai se ver comigo!

Bom querido, um beijo e um abraço de alguém que realmente se importa com você,

Molly Weasley

Ele sorriu e colocou a carta de lado. Ele olhou e viu que ainda havia mais uma. Aquela que a Edwirges havia trazido.

-Onde você foi buscar essa carta, Edwirges? – A coruja piou alto, em sinal de reprovação do tom do mestre. Ele pegou a carta e leu:

Meu Deus Harry, o que aconteceu?

Ele riu ao ler este trecho: Ele já sabia a quem pertencia a carta, só pelo tom da introdução.

Como você está? O Rony me mandou uma carta ontem e eu fiquei desesperada com o que ele contou nela. Você foi realmente atacado? Mande-me uma coruja falando como e onde você está! Eu não vou descansar até receber uma coruja sua!

Sua amiga,
Mione

Ele suspirou. "Ela não vai mudar nunca! É melhor eu escrever pra ela". Ele olhou pros lados e chamou: -Jinx!

O elfo que parecia mais novo aparatou em frente a ele e perguntou: - Sim, Harry? O que você deseja?

-Eu preciso de uma pena, pergaminho e tinta pra escrever umas cartas.

-Certamente, senhor! – E com um estalar de dedos, um tinteiro, uma pena nova em folha e um rolo de pergaminhos apareceram em cima da mesa, em frete a ele.

-Obrigado! – Ele agradeceu com um sorriso.

-O Harry gostaria de conhecer a casa, quando terminar a correspondência? – O elfo perguntou com expectativa.

-Hum... Gostaria sim, Jinx.

Com um sorriso o elfo desaparatou.

"Verdade, eu só conheço o hall de entrada, esta sala, a biblioteca e o quarto onde eu fiquei". E então se pôs a responder as cartas dos amigos. Ele não tencionava dizer nada do que aconteceu e muito menos, onde estava. Ele faria como o diretor-avô lhe dissera: Sem Detalhes!