Pego pela Palavra

xoxoxoxoxoxoxoxo

Este capítulo contém lemon, ou seja relação sexual ou claro indicativo desta entre homens. Se isso ofende você, não leia.

xoxoxoxoxoxoxox

- Pare de rir, Remus !

- Não consigo, Sev !

- Pelo menos tente !

- Você é um ciumento cretino, Snape !

- E você é um paquerador safado, Lupin !

- Não sou paquerador, ela nem faz meu tipo : falta carne nos lugares certos, e sobra em outros não tão interessantes.

- E eu que sou o cretino, é ?

- Não, você é um SAFADO cretino.

A voz... o tom, a aproximação viperina e o golpe de misericórdia : o beijo rápido, apenas os lábios roçando no rosto e dirigindo-se à orelha - ponto fraco do seu lobinho, ele bem sabia - e a frase sussurrada diretamente na base do ouvido :

- Eu falei primeiro que o safado era você, lobinho.

- Hummmmm... eu ?

- Ah-hã ! Você.

- Com esse beijo e o safado sou eu, é ? Você vai ver então quem é o safado, Sev !

E antes que Severus pudesse responder, agilmente Remus empurrou-o de encontro à parede da cozinha , prensando-o ao mesmo tempo que murmurou um feitiço e prendeu-o firmemente nesta. A visão do austero Mestre das Poções - aquele homem cuja simples menção do nome já causava tremor em muitos - ali, parado, poder observar seu olhar -, para outros fúria negra, para si límpida luxúria -, que tentava adivinhar o que o aguardava... ah, isso valia uma vida.

Seus olhos - mais lupinos do que nunca -eram promessas indevassáveis, e enquanto elegante e graciosamente (lobo em pele de cordeiro que era)moveu-se, dirigindo-se até o fogão e pegou algo que estava aparentemente cozinhando, deixando-o sobre a bancada ao lado de ambos.

- Lobo...

- Vai gostar disso, Sev... vai gostar.

- Não estou com vontade de brincar hoje, Lobo.

- Não ? Mas EU estou.

E sem mais palavras, Remus passou a beijar seu amante quase como se fosse um ato de devoção : suavemente beijou-lhe a face, como um beijo amigo, quase de colegial, percebendo o sorriso do amante, e sua discreta alteração no respirar : ambos bem sabiam que, se o toque era suave, a noite prometia ser selvagem. Com os lábios entreabertos, resvalou em uma boca ávida - que continuou assim - e se abriu num meio sorriso, ao dizer em voz quase inaudível:

- Sou safado, esqueceu ?

Prosseguiu em seu trajeto de reconhecimento por aquele terreno que ele já conhecia tão bem, quando tocou suavemente com os lábios as pálpebras de seu amante - que já tinham se fechado, antegozando o que estava por vir - e depositou um beijo reverente em cada uma delas. Com a ponta da língua brincou um pouco ali, enquanto esticava a mão e pegava da gaveta um pano... e vendava seu companheiro.

- Lobo... não.

- Shhhhh...

Apenas com seus lábios, ele tocava seu companheiro : roçou levemente os dentes em sua orelha, mordiscou o lóbulo - para ouvir uma respiração mais profunda, como queria - e afastou-se, para olhar seu amante. SEU amante, que já mostrava em seu corpo os sinais da excitação começando a se formar e exigir atenção... ah, como amava aquele homem inatingível !

Seus movimentos eram seus, mas também do seu lobo, seu eterno algoz : aproximou-se do pescoço e cheirou - como quem reconhece a presa e sua preciosidade, aspirando profundamente o cheiro de ervas e especiarias entranhado na pele (na alma?) de seu amante . Afagando primeiro com o nariz o ponto em que o pescoço quase tocava a nuca, seguido de uma língua ágil e ávida, para perceber deliciado o mover-se quase incômodo deste aproximando-se mais. Sua urgência começava a se manifestar, mas ambos sabiam acertar seus ritmos há muito tempo... mesmo que o corpo de um começasse a pedir alívio urgente, ambos sabiam que era muito melhor esperar. E o outro sabia o que fazer para prolongar e fazer valer essa espera.

Mordiscou levemente seu pescoço, quase displicente, quase se afastando : Severus percebeu então pela primeira vez o toque das mãos em seu peito, apenas mãos espalmadas, rígidas e quietas sobre seu peito arfante, mãos em movimento quase nervoso começaram a abrir os botões da camisa, para diminuírem seu ritmo logo em seguida.

Ser lento é ser preciso.

À medida que os botões iam sendo liberados de suas casas, uma língua irriquieta mas segura ia abrindo outro caminho, rastro de fogo líquido pelo corpo de seu amante : Lupin sabia como fascinar seu parceiro, e fazia uso de toda sua sensualidade animal naquele momento. Severus sabia que era seu jeito de pedir desculpas pelos ciúmes que tinha provocado com a sua estudante, e desejou interiormente que ela continuasse a cortejá-lo. Internamente lastimava-se do que tinha dito a ela à tarde, para afastar-la de seu namorado : se ele ficava assim para pedir desculpas...era melhor deixá-la sempre por perto. Não muito perto, apenas o suficiente. De forma ríspida, seus pensamentos foram bruscamente direcionados novamente para aquela boca enlouquecedora, que mordiscou de forma não tão suave seu mamilo já ereto, demorando-se num carinho quase bruto.

- Ai ! Isso é covardia.

- Não, é safadeza. Quieto !

Afastando lentamente as vestes de Severo, Lupin olhava mais uma vez inebriado o corpo rijo de seu amante : mesmo que o tempo tivesse passado e deixado suas marcas, sua paixão ainda era arrebatadora por esse corpo perfeito a seu modo único. Então iniciou uma carícia direta, bastante diferente de sua lenta forma habitual de agir :, com as duas mãos tocou por sobre a calça ainda vestida o membro já bastante enrijecido de Severus, e passou a manipulá-lo com velocidade, como a um adolescente teimoso. O protesto deste não demorou a vir :

- Me venda pra isso ?

Quase um muxoxo de insatisfação, quase dez anos a menos naquela face amada... quase mudança de planos.

Quase.

Um aperto com mais força, o gemido quase de dor, e a resposta rápida e viril manifestada : o que Severus tinha de imprevisível, seu corpo tinha de pujança exigente.

Com um movimento beirando a inconsequência, Remus abriu as calças de Severus, para libertar seu membro.De imediato, Remus afastou-se, deixando um Severus expectante e ansioso, apenas pele e ouvidos : ansiava por alívio, mesmo que apenas pelas mãos ágeis de seu amante. Se era isso que ele pretendia, Severus iria jogar aquele jogo. A privação da visão não o agradava, nunca gostara disso e Remus bem o sabia... mas achou melhor relaxar e esperar um pouco mais. Sabia com quem estava, apenas com um lobisomem muito excitado, ele o sentia pela respiração alterada que ouvia. Mas seu olfato demonstrou algo que quase o fez perder a ereção :

- Remus, você vai comer agora ?

- Vou.

E um calor súbito envolveu seu membro juntamente com o chocolate que foi derramado quase quente, quase morno, liberando um gemido que nem Severus sabia ter guardado. Gemido de tesão e susto, expectativa pelo que intuía e sabia : seu lobinho adorava chocolate... e seu membro enrijeceu-se apenas com a idéia do que estava por vir, suas costas arquearam-se sozinhas projetando seu quadril para a frente... para ouvir a voz rouca e levemente mordaz de Remus :

- Nossa, Sev, eu não sabia que você também gostava tanto de chocolate...

- Eu adoro chocolate... vem...

Sem esperar outro convite, Remus ajoelhou-se em frente a Severus e começou a lamber, bem devagar, mal tocando com a ponta da língua o chocolate que tinha espalhado apenas na ponta do membro deste : a cada movimento lânguido de sua língua um suspiro mais fundo era ouvido, o toque sutil de seus lábios aspirando o chocolate causavam frêmitos pela coluna de Severus... doce tortura, agradável delícia.

- Me deixa ver, Remus - um gemido , quase uma súplica, quase uma ordem.

- Não. Eu sou safado.

Mais chocolate, besuntando agora até o baixo ventre de Severus, movimento seguido por uma língua quase cúpida e inebriante em toda a extensão do membro : se Remus adorava chocolate, adorava mais ainda ouvir seu amante gemer como se não soubesse mais respirar de outra forma. E sua boca adorava percorrer aquele caminho tão conhecido, mas explorado de forma tão diferenciada nesse dia, enquanto suas mãos também ávidas acariciavam suas coxas e suas nádegas, alternadamente. Gostava de vê-lo assim, em pé, gostava de senti-lo à sua mercê completamente, o lobo dentro de si sentia o prazer da posse de seu companheiro naquela forma : sentir tão intensamente Severus quase frágil era algo que deixava o lobo praticamente insano, e o homem que mal o controlava também.

- Tire a venda, Rem.

- Não.

- TIRE !

- NÃO !

E ato contíguo, um aprofundar da boca ávida do loiro buscando terminar de outra forma uma batalha de fortes egos : mas ele era dois, enquanto Severus era apenas um : forte, sim, mas um apenas. E por nada iria libertá-lo antes de fazê-lo obter seu prazer.

- Eu preciso ver isso, Rem... Preciso.

E o sussurro de Severus conseguiu o que o grito do Mestre das Poções jamais obteria.

- AD NUTUM ! (1), e a venda - inquieta e graciosa borboleta - caiu ao chão, solitária testemunha de um prazer substituído.

Outro gemido, agora provocado apenas pela visão do amante acariciando-o, com chocolate pelo rosto todo, sua boca ágil e delicada buscando fazer com que Severus alcançasse seu prazer pela primeira de muitas vezes naquela noite, a rígida concentração apenas no ato de olhar, e ser servido : ver lábios e dentes acariciando-o de forma ora carinhosa, ora dura, o membro pulsante que buscava sua libertação, carinho e pressão acompanhando o ritmo dos gemidos mais e mais constantes, até que finalmente o lobo permitiu que sua presa se libertasse por segundos, para imediatamente em seguida abocanhá-la com força e deixá-la morrer entre espasmos em sua boca túrgida.

Pois todo ato de amor é um pouco liberdade, um pouco morte.

xoxoxoxoxoxoxo

(1) AD NUTUM - à vontade. Feitiço magnificamente inventado pela Lilibeth para uma rápida retirada de peças inconvenientes....hehehe