Coração Sangrento
Foi um Dumbledore silencioso que aparatou no laboratório, onde febrilmente fazíamos poções alteradas para tentarmos - pelo menos - melhorar e estabilizar a condição de nosso querido Remus. Ele nos olhava agir, e deixava-se ficar ali, parado, procurando as palavras a dizer, e evidentemente não encontrando, então simplesmente disse após poucos segundos:
- Severus... pare.
- Silva, prepare o cristal.
- Você ouviu, Severus ? Pare... não adianta mais.
- Mergulhe o maldito cristal, mulher, AGORA !
- Ele está consigo, professor !
Ele não ouvia, aproximou-se da mata-cão e sem se preocupar se se queimaria no caldeirão fervente juntou as duas poções e nelas mergulhou o cristal, enquanto entoava algo em uma linguagem que eu não reconhecia.
- Cale-se, Severus, nem isso ADIANTA ! Ele parou de respirar, nada o trará de volta, nem mesmo Torna Incorporatione Änima !
Severus apenas olhou para o Diretor de uma forma indecifrável : estava em outro lugar, inatingível à notícia que Dumbledore já tinha dado tres vezes, ritmicamente recitando a mesma fórmula. Então aparentemente a realidade o alcançou e ele desaparatou dali, com o cristal pingando em sua mão, como um coração sangrento de um sacrifício azteca.
Fomos para a enfermaria, e encontramos Severus debruçado sobre Remus, abraçando-o de encontro ao peito, movendo-se autisticamente numa dança sinistra e falando baixinho... o cristal pulsava ritmicamente encostado ao peito de Lupin, de um lado, e o de Severus do outro, evidente ligação externa de algo que nos parecia que nem a morte conseguiria desunir.
Quanto tempo ficamos ali ? Nâo sei... eu estava pregada no chão, olhando sem ver o quadro à nossa frente, mas sentindo a dor que emanava daqueles dois envolvidos num abraço de morte, e todos nos dirigimos à saída da enfermaria.
(bom, queridos leitores, vocês agora tem duas alternativas : prosseguir na leitura dos próximos dois capítulos, ou irem direto ao último capítulo... vocês decidirão quem viverá e quem morrerá)
