Eu te acompanho

Duas longas semanas de recuperação já tinham se passado, e finalmente Remus voltou para sua casa : estar em seu chalé tão querido, rodeado de suas dormideiras tão amadas era para ele o melhor dos remédios. Nessas duas semanas eu tinha sido lenta mas inexoravelmente incorporada À rotina da vida deles, pois Severus Snape tinha sabido como tornar-me quase parte física de suas vidas : ter Remus exigindo minha presença sempre por perto, fosse por que motivo fosse, não era de todo desagradável; afinal, ele estava em recuperação, mas como sempre era a pessoa mais gentil com quem eu já tinha me encontrado, e essa proximidade não era de modo algum algo ruim. Eu estava um pouco cansada, mas extremamente feliz de estar próxima de duas pessoas que se amavam tanto. E ele estava muito bem de saúde, sendo apenas exagero de Madame Pomfey segurá-lo tanto tempo na enfermaria.

Sem me preocupar com qualquer pensamento que não fosse de alegria da presença dele ali finalmente em seu lar, disposto e feliz, recostei-me na cabeceira da cama, também a seu lado,sorrindo como não sabia que conseguia sorrir. Meus dedos despenteavam um feliz Remus, desfazendo os poucos nós do cabelo loiro que o ficar deitado tanto tempo tinha criado naquele cabelo macio, tão macio... enquanto sorria e falava nada que fosse concretamente aproveitável, apenas acariciando e sentindo o prazer dele estar vivo... e bem. No mesmo clima estava Snape, deitado do outro lado da cama, silencioso mas olhando com algo que eu até chamaria de carinho e cumplicidade para nós dois e nossa conversa quase adolescente. A alegria de Remus estar bem tinha invadido a ambos como uma chuva cálida de verão invade uma terra gretada pelo sol.

Seja por isso, seja pela proximidade de todos, seja lá pelo que for, só sei que ambos acariciáva-mos o rosto de Remus, que já tinha semicerrado os olhos, recebendo todo aquele carinho com um sorriso de menino mimado, e não estranhei quando Snape abaixo-se e deu-lhe um beijo demorado no rosto e depois indo em direção à orelha e dizendo algo que não ouvi, mas que fez Remus abrir os olhos e virar-se para ele, olhando-o nos olhos com uma expressão que não consegui decifrar. Snape levantou os olhos ainda sorrindo e deu-lhe outro beijo na testa, levantando-se da cama e indo até a bancada existente no quarto, terminar de preparar uma poção. Fiz menção também de me levantar, mas Remus me segurou a mão que ainda estava na sua face e disse :

- Fica.

E puxou minha mão até seus lábios, me depositando um beijo reverente... que até teria me enganado se ele não tivesse feito a ponta da língua roçar na minha mão nesse beijo, mordiscado e não estivesse me olhando nos olhos, daquele jeito. Entendi então o que Snape tinha feito ao levantar-se, e fiquei meio confusa, ainda mais que Snape já estava voltando, trazendo a poção para que Remus a tomasse.

Sentia-me uma intrusa naquele paraíso quase familiar, e tentei de novo me levantar. Mas Remus segurava fortemente minha mão pousando-a em seu peito, enquanto recostado e aconchegado ao peito de Snape tomava devagar a poção ainda fumegante.

- Melhor eu sair.

- Todo mundo quer que você fique, Graça.

Meus olhos espantados seguiram de Remus para Snape, seus olhares me dizendo a mesma coisa : não, eu não era uma estranha, tinha conquistado meu lugar ali. E nada mais natural que permanecesse ali... realmente parecia natural, afinal todos os tres sabiam o que sentiam, não era novidade para ninguém que o que estava acontecendo naquele momento iria ser fato agora, ou dali a alguns dias. Mas isso não me impediu de sentir medo. Muito, muito medo : afinal, a intrusa era eu, e não estava nada confortável com essa invasão.

- Seus olhos são muito expressivos, sabia, Graça ? - o sorriso finalmente revelado de Snape era exatamente como ele, enigmático e austero, mas era verdadeiro e confiável. E não senti mais medo quando ele calmamente depositou o cálice da poção que Remus tinha tomado no criado-mudo atrás de mim e no caminho de volta passou devagar o braço em meu rosto - era evidente que não queria me assustar - e me puxou a cabeça em direção a Remus, ainda recostado em seu peito. Que me abraçou com a mesma ternura e calma, me aconchegando também ali.

Minha respiração estava alterada, eu ainda estava insegura, mesmo com a mão de Snape me acariciando os cabelos, e Remus suavemente me beijando a face. O tempo dos dois era o mesmo, a sincronia era perfeita, e eu fechei meus olhos, abandonando-me àquela loucura. Percebi algum movimento, sentia uma mão me acariciando a nuca, apertando ainda alguns pontos de tensão, senti um braço me puxando mais para cima na cama, ajeitando meu corpo para me deitar ali, força e delicadeza se alternando e me acalmando, enquanto lábios suaves percorriam meu rosto. Nâo ousava abrir os olhos, e me comecei a corresponder àquelas carícias doces que estava recebendo, fazendo pequenos círculos no peito de Remus, e o abraçando finalmente. Ouvi um suspiro perto do meu ouvido quando recebia novos carinhos na nuca, e a mão que me acariciava ali tinha afastado meus cabelos para desnudar meu pescoço, beijando-o com doçura. Não pude evitar o tremor quando senti que era abraçava pela cintura, e fiz um movimento involuntário quando outro par de mãos dirigiu-se aos botões da minha blusa.

- Shhh... Calma... não quer ? Veludo sibilante em meu ouvido, promessa indevassável de um prazer profundo adivinhado, mas tão próximo.

- Quero !

- Bom. Nós também.

Finalmente senti lábios de encontro aos meus, lábios decididos mas ainda apenas explorando minha boca entreaberta para soltar um suspiro e um quase gemido quando o primeiro botão da minha blusa foi aberto; um carinho mais evidente foi feito em minha nuca, descendo pelas minhas costas, conforme abria minha roupa. Minhas mãos se crisparam na camisa de Remus, e puxaram o tecido, amarfanhado-o nas mãos.Eu queria pele, também, e não precisei falar nada para que Remus começasse a tirar sua camisa rapidamente. Eu o parei, EU queria abrir os botões, e tirá-la. Repetia quase mecanicamente os movimentos que recebia de Severus no corpo de Remus à minha frente, autônomo quase inconsciente de prazer em duplicata : tinha me aventurado de mãos nuas a uma região proibida, dela resgatado um lobo semi-morto, e agora recebia o prêmio por isso. Ao sentir as mãos firmes de Severus abrindo seu sutiã e seu nariz acariciando-me a coluna, sua língua prologando prazer ali, soube que tinha feito a coisa certa ao ficar.

Senti e dei carinho e arrepios ao tocar a pele macia do peito alvo à minha frente, enquanto era beijada e acariciada por lábios já não tão suaves, e dois pares de mãos percorriam meu tronco sob uma respiração profunda e entrecortada, mãos de gelo e aço em um corpo de lava incandescente. Com uma das mãos eu carinhava o peito de Remus, subi para seu pescoço e o empurrei para baixo, enquanto que com a outra puxava a cabeça de Severus mais para o meu rosto e voltei-o para ele : queria sentir também aqueles lábios nos meus. Remus foi descendo sua boca em direção aos meus seios, e senti como fogo seus lábios criando correntes de volúpia neles, projetando meu corpo para a frente; enquanto me beijava, Severus tinha terminado de tirar minha saia e calcinha, sem minha débil e inábil ajuda, e eu não sabia como estava ajoelhada na cama entre aqueles dois homens nús, recebendo suas carícias e respirações profundas navegando em meu corpo.

Suavemente Severus me empurrou até me deitar, aconchegando-se atrás de mim sem deixar de me beijar, descendo a mão até meu sexo intumescido, dedos em carícias profundas, apertando minhas coxas com uma mão e com a outra passando os dedos em minhas costas, enquanto Remus se ajeitava continuando a mordiscar meus seios, apertando meus mamilos e me ouvindo gemer baixinho quando o fazia. Ele tinha me abraçado, um dos braços servindo-me de travesseiro, e o outro tinha se esticado sobre o meu corpo, e acariciava no mesmo ritmo os mamilos de Severus. Num movimento quase brusco torci um pouco o corpo e abracei Severus, mas me arrependi em seguida : eu me sentia dividida, e não sabia como acariciar a ambos ao mesmo tempo, e ouvi a argêntea voz de Severus penetrar diretamente em meu cérebro :

- Hoje você só recebe , fique tranquila... teremos muito tempo para trocas. Apenas relaxe.

Seguido a esse comentário Remus subiu novamente até encaixar mais seu corpo ao meu, o braço de Severus entre ambos que estava me tocando cedeu espaço ao membro do outro, com uma carícia viril nele, mas deslizando docilmente em seguida sobre o quadril deste, fazendo pressão sobre a pele e puxando-o para mim (ou para si, comigo no meio ? não sabia dizer nesse momento : só sabia que estar entre ambos enquanto se acariciavam mutuamente era a melhor coisa que eu já tinha vivido). Minha perna enroscou-se sobre a de Remus, senti a perna de Severus avançando sobre a minha que tinha ficado embaixo, enquanto também ele se encaixava melhor de encontro às minhas nádegas, e senti Remus entreabrir as pernas para receber a de Severus entre as suas : a virilidade de ambos de encontro a meu corpo tinha me tornado apenas pele reagindo a pele, olhos fechados apenas sentindo o ar mover-se em frêmitos de prazer à minha volta, lábios e dedos e suores misturando-se indistintamente numa frenética busca de prazer total e completo. Éramos deuses sem acólitos, soberanos sem súditos além de nossos corpos exigentes.

As mãos de um encaixaram meu corpo no membro do outro, o primeiro gemido causado pela penetração do outro foi contido pelo beijo do um, seguido de igual movimento do outro; suspiros, sussuros, gemidos, gritos do prazer dividido e multiplicado encheram o ar do chalé Snape-Lupin enquanto exercitávamos nossos corpos num balé divino musicado pelos nossos gemidos de prazer. Mútuo. Consentido. Insondável. Como somente tres bruxos malditos conseguem ter.

- Severus...

- Hum ?

- O que você falou para o Remus... antes ?

Sorriso sonserino aflora em lábios inchados e satisfeitos.

- Vá em frente. Eu te acompanho.

xoxoxoxoxoxoxox

Bom, era isso. Não sei se gostaram de Venenos, eu gostei demais de escrevê-la. E para quem não gostou do final, sugiro a leitura do próximo capítulo, que é o final alternativo que eu escrevi, antes de quase ser virtualmente linchada antes a suposição da morte do Remus. Acho que vocês irão gostar, ele poderia ser tranquilamente o capítulo anterior, com pequeninas alterações no segundo parágrafo deste. Beijos, obrigada por terem lido, Lilibeth, e please, deixem suas opiniões.