" A amizade é o amor sem asas"
"Cheiro bom. Hum, cheiro de shampu? Sim! Shampu da Gina... Mas..."
Draco abriu os olhos, incrédulo. Ele estava realmente dormindo abraçado com a Gina? É, ele lembraria desse cheiro pra sempre. Mas, eles estavam com um cobertor.... Ele não lembrava de estarem com um cobertor na noite passada... Isso que dizer...
"Ela acordou! Ela veio dormir comigo!"
Acariciou os cabelos delas delicadamente, sentindo os fios vermelhos e macios. Sentiu ela se mecher e fechou os olhos, fingindo estar dormindo. Funcionou!
- Draco? - a ruiva esfregava os olhos - Draco, você tá acordado?
- Nham? - o loiro fingiu uma cara de sono - Ah, nós pegamos no sono aqui, foi?
- Sim, pegamos... - ela sorriu levemente - Nós podemos nos vestir e sair para comer alguma coisa? Meu estômago está roncando de fome...
- Claro que sim!! Tudo pelo bebê!
- É! - agora ela sorria abertamente
Andando pela rua até um café charmoso que ficava perto do prédio onde Gina morava, Draco sentia o vento frio cortar-lhe o rosto. E as suas mãos estavam geladas. Mas tudo bem, porque ele estava com Gina. "Céus..." pensava.
Entraram no café, ouvindo o sininho que tocava quando a porta era aberta. Escolheram uma mesa ao fundo e sentaram-se. Um rapaz simpático de seus vinte anos veio trazer-lhes o cardápio.
- Então... O que vai querer comer?
- Não sei, quem sabe bolinhos de baunilha... É, vamos pedir isso?
- Você, quer dizer, vocês que mandam.
Pediram a comida, e enquanto esperavam engataram uma conversa animada.
- Mas você ainda não pode ver o sexo do bebê?
- Não Draco, só aí pelo 5º mês...
- Mas você ainda está no terceiro!
- Bolinhos! - o garçom sorridente chegou - E os cafés. Algo mais?
- Não, obrigada. - o jovem se afastou - Eu sei que estou no terceiro Draco, eu ando contando. Mas ele ainda é muito pequeno!
- Ele, ele... Eu quero uma menina! Linda, ruiva e sonserina.
- Pois eu prefiro um menino, lindo, loiro e grifinório.
- Ah, fala sério...
- Hahahahahahah, você é muito engraçado as vezes Draco... Você vai ver. Nós ainda vamos ter que arrumar o quartinho, comprar roupinhas. Estes dois meses passarão muito rápido.
- Espero que você esteja certa... Com quem a Sophie vai morar?
- Eu espero que o Andrew more comigo...
- Ei! Isso é injusto!
- Mas o que você quer fazer? Quer que a gente vá viver juntos?
- Hum, pensando bem... Não seria uma má idéia... - disse casualmente, mordendo um bolinho
- É... - a ruiva tomou um gole de café
Os dois meses que se seguiram foram muito rápidos. Sim, eles foram morar juntos! Montaram um apartamente bem grande, de 4 quartos, no centro de Londres. A barriga de Gina cada vez ficava mais visível. E Draco cada vez se mostrava um pai mais coruja. Beijava a barriga de Gina no mínimo 7 vezes ao dia, fora nos finais de semana, quando eles se divertiam escolhendo coisas para o bebê.
Quando Gina marcou uma consulta para tentarem descobrir o sexo do bebê, Draco fez questão de ir junto. Ele parecia mais nervoso que ela, que deixou bem claro que preferia até não saber. Mas ele a persuadiu, dizendo que eles não saberiam de que cor pintar o quarto.
Entraram na sala em que a ecografia seria realizada e Gina tinha um sorriso tranquilo no rosto, já Draco estava cada vez mais nervoso. O médico também não ajudava, na tentativa de fazer piadinhas para descontrair o ambiente, acabava se demorando ainda mais, fazendo Draco quase perder a cabeça.
- Bom senhorita Weasley, acho que você esta pronta para colocar a tão esperada camisola!
- Ah, que história é essa?
- Calma Draco... É a camisola para fazer o exame. Doutor, não repare. Ele anda muito ansioso nesses últimos dias...
- Já saberemos se essa ansiedade é menina ou menino... - o médico riu da própria piada, e o casal soltou um sorrisinho amarelo - Bom, você pode seguir a enfermeira por aquela porta, nós dois vamos aguardá-la na sala ao lado.
Draco olhou para Gina "indo embora", e se viu sozinho com um médico com quem ele nem bem tinha conversado... Sua sorte foi que o doutor logo dirigiu-se para a salinha aonde se encontravam os aparelhos necessários para a ecografia.
- Ela é uma mulher muito bonita...
- Ahn? - Draco estava longe, e foi trazido de volta pela voz grave do médico
- A senhorita Weasley. É uma mulher muito bonita...
- Ah, sim. É sim.
- Vocês dois namoram a quanto tempo?
- Nós não temos compromisso. Digamos que esta gravidez foi "um acidente" - disse, fazendo sinal de aspas com as mãos - Foi uma noite só, ficamos separados depois... Bom, é uma história longa demais... Mas nós somos só... Amigos.
- Hum... - murmurou o médico pensativo - Bom, só posso dizer-lhe uma coisa, bom jovem. Eu percebi a maneira como o senhor olha para ela. Eu sou o ginecologista da senhorita Wealey desde que ela começou a precisar de um. Posso confirmar que ela é uma jovem encantadora. Só lhe digo que se a quer, é melhor não enrolar. Quando você se der conta, pode já ser tarde demais.
- Eu ouvi alguém dizer meu nome?
- Sim, eu estava mesmo perguntando para Draco se a gravidez estava sendo mesmo tranquila ou você estava escondendo algo de mim...
- Ora! O senhor sabe que eu não escondo nada!
- Assim veremos, assim veremos... - falou o doutor entre risos, enquanto olhava de soslaio para Draco
Que experiência maravilhosa era essa! Tentar imaginar como se pareceria o seu bebê, era uma coisa extremamente reconfortante para Draco. Mas ver o pequeno ser na tela de uma televisão especial, era uma coisa diferente, era como se pudesse sentir as pequenas mãozinhas...
O que o doutor havia falado ainda martelava em sua cabeça. Mas fazer o que, se Gina não queria nada mais do que uma amizade? Com certeza ele não iria declarar-se, não era de seu feitio... Na verdade, era a coisa que ele mais queria, pois aquele sentimento guardado parecia sufocá-lo. Mas a eminência de que Gina pudesse não corresponder a todo este amor o fazia sentir fraco e impotente.
O médico soltou uma exclamação:
- Parece que achamos o coração! Deixe-me aumentar o volume, para os papais escutarem...
- Ah Draco... - gemeu Gina, chorando de felicidade - É o coração do nosso bebê!
- É, é mesmo! - disse o loiro, segurando o choro
- E parece que achamos outra coisa também... Querem chutar o sexo do bebê?
- Menino! - disse Gina
- Menina! - torceu Draco
- E parece que desta vez o papai ganhou. Vai ser uma linda menininha, se me permitem arriscar...
Uma menina! De repente, tudo parecia mais claro. Ele conseguia visualizar livremente uma menininha com os cabelos compridos e loiros correndo até ele, com os grandes olhos marrons muito abertos e felizes. De longe podia ouvir Gina tagarelando:
-... e eu mal posso esperar para começar a comprar roupinhas! - dizia, já sentada na cadeira em frente a mesa do doutor - Agora nós sabenos que podemos pintar o quarto de rosa, não é Draco?
- É sim! Vamos sair agora para comprar tudo! Há, eu te disse que eu ia acabar tendo uma princesinha...
- Mas - disse o doutor, sorridente - Quem sabe depois vocês não fazem um principezinho, ahn? Daqui a algum tempo...
- Ahn... - Gina pigarreou - Pois é, doutor. Nós dois temos muito o que fazer agora! Foi um prazer!
O sexto mês da gravidez de Gina foi lotado de comprar, tintas rosas e papéis de paredes fofos. Draco estava levando a sério a história de princesinha, e tudo o que eles comprava, era caro e lindo. E Gina, com toda a mania de econômia que as vezes à acometia, tinha que segurá-lo.
Foi um mês feliz e de realizações. Cada vez amando mais um ao outro, e sem saber demonstrar, os dois iam ficando cada vez mais próximos. Draco passava muito tempo só olhando para Gina enquanto ela dormia, e imaginando como seria a sua vida se a tivesse ao seu lado como mulher. Não só como amiga, e mãe da sua filha, mas também como mãe. E também imaginava como seria bom poder estar planejando ter outros filhos, dali a dois ou três anos. Um dia, porém, ele decidiu que não queria mais só imaginar.
- Gina?
- Sim Draco?
A ruiva estava na escrivaninha de seu escritório, escrevendo, como sempre. O loiro foi se esgueirando, um pouco acanhado, e ficou em pé ao lado dela.
- O que houve Draco? Acoteceu alguma coisa? Os pintores melaram com tudo?
- Não, não se preocupe com isso, eles são ótimos. Bom, o negócio é o seguinte... Eu sei que vocês está no fim do sétimo mês de gravidez, e que já está ficando difícil até de caminhar, os pés estão inxados, e tudo mais... Mas antes de vender a velha Mansão Malfoy, eu queria dar um jantar para nós dois lá...
- Para nós dois Draco? O que houve? Alguma coisa em especial?
- Pois é, é que eu queria te dizer umas coisas... Mas eu queria que fosse em um lugar mais especial... E lá tem aquela sala de jantar, que, embora meio macabra, ainda é bonita... E aí? Topa?
- Claro, já estou até curiosa... Quando?
- Amanhã, as... Digamos... Às vinte horas?
- Pra mim tá ótimo! Ah, deixa que eu égo um táxi, ok? Não precisa vir me buscar.
- Tem certeza, porque não ia ser encomodo nenhum para mim...
- Não, não. Tudo bem, eu pego um táxi.
- OK...
- Pra onde, moça?
- Ah, eu não sei o endereço "decor"... Mas ele está aqui neste papel...
- Sei, sei aonde é.
- Obrigada.
O que será que Draco queria falar? Por mais que não quisesse se enganar, Gina sentia dentro de si que era o que ela tinha esperado ouvir durante estes últimos dois anos... Só esperava não estar enganada novamente, como estivera tantas vezes antes...
A barriga estava realmente começando a atrapalhar. Com certeza Sophie seria uma menina alta, pois Gina seguia a dieta dada pelo médico, e mesmo assim ela tinha a maior barriga de 7 meses que o próprio doutor já tinha visto. E muitas vezes nestes últimos dias, só a menção da palavra comida já era suficiente para fazer Gina vomitar tudo o que tinha e o que não tinha comido...
Mas mesmo que as duas expressões "mais proibidas" do seu vocabulário tivessem sido usadas (Vamos jantar? e Sair de casa), ela não poderia recusar um convite de Draco...
- Moça, estamos aqui. São 5 pratas...
- Ah, ok...
- É menina ou menino?
- Menina - Gina sorriu, enquanto pagava o motorista
- Ah, Deus abençoe. Minha mulher acabou de ter uma também...
- Mesmo? E como é o nome dela?
- Hermione.
- Que ela tenha sorte! - Gina deu um sorriso cínico - Obrigada.
"Maior do que eu lembrava..." Pensava Gina, enquanto olhava para cima, tentando enxergar a ponta da torre do castelo que era a mandão Malfoy. Preta, sombria, infeliz e sem vida. Era bem assim que ela lembrava dela. Porém, desde que ela havia conhecido Draco, a sua visão sobre os Malfoys mudara consederávelmente. Portanto, a casa lhe parecia mais viva...
Subiu os 5 grandes degraus da escada em frente à porta e tocou a campainha. Esperou, e ninguém veio atendê-la. "Talvez ele esteja na cozinha, ou qualquer coisa assim...". Tocou de novo. Esperou uns 5min e nada. Começou a ficar irritada, pensando na possibilidade de não haver ninguém em casa para recebê-la, já que Draco havia dispensado os elfos domésticos agora que tinha se mudado.
Tentou bater na porta, já sem esperanças de ser atendida. Qual foi sua surpresa ao dar de cara com a porta somente encostada. "Estranho... Bom, vai ver ele deduziu que estaria ocupado demais para vir atender à porta e deixou ela encostada para mim..."
Entrou na antiga mansão, andando cuidadosamente e tentando não fazer barulho. Tinha pensado em falar o nome de Draco, chamando-o, porém, pensou em dar-lhe um susto ao chegar na cozinha. Só estranho o fato de a casa estar muito escura...
Sentiu seu celular vibrar... Abriu a bolsa e checou quem era que estava ligando.
- Draco... - murmurou, confusa
"Será que eu estou atrasada?". O loiro continuou insistindo, porém parou. Ela ouviu um grito, e deu um pulo de espanto. Vozes...
Vozes na escuridão...
Vozes...
Elas vinham da sala de estar. Da sala aonde ficava a lareira.
- Draco? Draco você está aí?
- Gina, não venha aqui Gina, vá embora!
- Draco, eu não vou embora - ela já estava praticamente correndo. A nota de pânico na voz do loiro a fez tremer - O que está acon... Oh, Merli
Um homem alto e forte apontava a varinha para Draco, olhando-o com raiva. O loiro jazia amendrontado no chão, olhando para Gina, e tentando lhe dizer para ir embora. Lucio Malfoy olhou para a ruiva com raiva,e então berrou:
- O que faz aqui Weasley? Veio roubar alguma coisa?
- Lucio Malfoy! Eu achei que você estava morto! Não só eu, todos acham isso!
- Vocês são todos incopetentes e despreparados! Um seguidor fiel do mestre nunca morre, nunca se vai! Só fica mais e mais forte! Eu possuo a marca negra, eu fiquei com ele até o fim! Eu o segui, eu me sacrifiquei!
Podia-se notar um traço de loucura no belo rosto de Lucio Malfoy. Um pouco mais magro e fraco, com os cabelos sem corte e as roupas gastas. Nem se podia notar os poucos cabelos brancos em meio a cabeleira platinada.
- Senhor Malfoy, o senhor...
- Ora, cale a boca Weasley! - um sorriso malvado apareceu no rosto de Lucio - Então, a pequena Weasley já começou a sua ninhada também não! E então? Quem é o pai? Quem é o coitado!
Gina avançou para frente, até ficar a dois passos de Lucio:
- Cumprimente o seu neto, papai.
O clima ficou tenso. A respiração de todos parou. Lucio ficou vermelho, sua pele pálida sendo salpicada por suor:
- Nunca... Nunca, em toda a linhagem dos Malfoys... Nunca - ele olho para Draco com raiva, e depois virou para Gina - Weasley maldita! - deu em Gina um tapa tão forte que a mulher caiu no chão, batendo a barriga e gritando de dor.
- Lucio, NÃO! - berrou Draco, levantando-se e fazendo menção de ir até Gina
- Não se atreva a sair daí, garoto ingrato!
- É meu filho que você acabou de machucar!
- Não fale isso alto! Como pode não ter se matado sabendo que engravidou um ser tão desprezível como uma Weasley?
- ELA NÃO É DESPREZÍVEL! VOCÊ É!
Lucio andou até Draco, e fez o loiro sentar no sofá. Apontou a varinha para o peito dele:
- GAROTO INSOLENTE! NUNCA, NUNCA INSULTE ALGUÉM QUE TEM O MESMO SANGUE PURO QUE VOCÊ! e MUITO MENOS PARA DEFENDER UMA WEASLEY! VOCÊS VAI PRIMEIRO!
- NÃO!
Os dois homens olharam para Gina, que tinha gritado.
- Não o que Weasley? Não o quê?
- Não faça nada a ele! - Gina estava ofegante, e sua barriga doia muito... Sentia algo escorrer pelas suas pernas.
- Gina! Gina, você está sangrando! Você tem que ir ao hospital!
- Eu não... ai... Não se preocupe comigo Draco, eu estou bem. - a ruiva sorriu
- Ora - disse o Comensal - Que linda cena! Sorria para a morte, Weasley...
E tudo aconteceu muito rápido. Lucio gritou um feitiço desconhecido, e enquanto ele gritava, Draco levantou e jogou uma estatueta na nuca do pai. O flash roxo de luz desviou um pouco, mas acertou o lado direito do tórax de Gina. Lucio caiu no chão, ao mesmo tempo que Draco corria até a ruiva.
- Gina! Gina, você está bem? - o loiro já estava praticamente chorando - Gina, acorde Gina! Acorda! ACORDA!
Mas ela não acordou. Respirava fracamente, mas mantia os olhos fechados, com um sorriso doce nos lábios. Draco sentia-se fraco, sentia-se mal, e culpado. E a ruiva sangrava por entre as pernas.
- Eu... - o loiro murmurou, entre soluçoes de dor - Eu estou perdendo ao mesmo tempo, as únicas duas pessoas a quem eu realmente amei... E eu nem pude dizer o quanto eu te amo Gina, eu nem pude! - o loiro debruçou-se sobre a barriga de Gina e chorou. Mas sentiu alguém pegar a sua mão. Levantou a cabeça, surpreso
- Eu também te amo! - Gina chorava e sorria, sorria. Sorria um sorriso triste, melancólico, porém feliz. Contraditório, mas real
- Então não vá! Não morra Gina, não morra!
- Eu não posso - a ruiva soluçava - eu não tenho esse poder Draco, mas salva a nossa filha. E não esquece que eu te amo... Eu - suspirou, e dormiu
- NÃO! Não, não... Eu, eu não posso viver sem você eu... Eu não sei mais viver sem você! Gina, não vá Gina, não vá...
E com as suas últimas forças, Draco aparatou para o Hospital St. Mungus.
N/A: pô, oi né... Se algum de vocês ainda quiser falar cmgo D
Não me odeiem, vocês sabiam desde o começo que essa era um fic de drama... Bom, comentem aí, e ainda tem o epílogo... Comentem, todos que lerem... No epílogo vai ter agradecimentos, mas só pra quem comentar nesse capítulo, hehehe x)
Kaká sentindo-se culpada (
