Voz do Coração

Disclaimer: Veja o capítulo 1.

Nota da Autora: Agradeço a todos vocês que leram e mandaram reviews para o primeiro capítulo. Espero que gostem deste do mesmo jeito.

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Parte 2: Você deve saber a verdade

É um momento estranho quando você percebe que está apaixonado por alguém. Certamente não teria sido assim se ele tivesse previsto ou planejado isso antes. Mas daí ele sempre pensou que grandes momentos dramáticos de revelação só aconteciam nos filmes ou nos livros, não na vida real.

Era um dia perfeitamente comum, uma tarde perfeitamente comum, e tudo o que Rony fez foi perguntar à Hermione, "Você vem para a partida de quadribol hoje?"

Uma pergunta perfeitamente comum que Rony sempre fazia para Hermione antes de todo jogo de quadribol. A falta de interesse de Hermione em quadribol já era bem conhecido, depois de tudo, e ela estava dizendo que queria ver alguma coisa na biblioteca para uma redação de Transfiguração no dia seguinte.

Hermione olhou primeiro para Harry e então para Rony, olhando para Rony como se ele tivesse acabado de perguntar seu próprio nome ou qualquer outra questão com resposta óbvia. "Vou," ela respondeu simplesmente, como se fosse algo que ele nem deveria ter perguntado.

E então Harry soube. Ele soube por que ele esteve tão aliviado por Hermione ter dado um fora em Clark Randall, soube que ele esteve feliz em ouvir que ela estava apaixonada por ele, apenas admitindo em seu subconsciente mas feliz do mesmo modo. Ele soube. Ele amava Hermione também.

Harry piscou para clarear sua mente enquanto ele estudava Hermione como se ele nunca a tivesse visto antes. Ou mais precisamente, como se ele a estivesse vendo com novos olhos, o que ele supôs que estava, novos olhos de um Harry que a amava e sabia disso... A curva da bochecha dela parecia estar pedindo à sua mão para toca-la... seus lábios, rosas com umas manchas cor leve de pêssego – como ele nunca tinha notado como eles eram suaves e beijáveis? O calor dos olhos castanhos dela com manchas douradas...

Ele a amava por sua lealdade, sua amizade, sua bondade, sua inteligência... Pelo jeito que ela ia para todas as partidas de quadribol, para o bem dele, mesmo sabendo que ele sabia perfeitamente que não era pelo jogo em si. Ele a amava pela determinação dela em ter certeza de que ele estava vivo...

Ele não conseguia se lembrar de quando isso começou ou como; não houve na verdade nenhum trovão vindo do céu. Talvez tenha começado desde a primeira vez que ele a viu, uma garota de 11 anos de cabelo crespo à procura de um sapo que um garoto que ela conheceu naquele mesmo dia havia perdido – só alguém tão gentil e solidário como ela para se dar o trabalho. Talvez tenha começado a partir do momento que ela mentiu para os professores para impedir que ele e Rony entrassem em uma encrenca enorme, quando ele já sabia que mentir para algum professor era considerado crime aos olhos dela. Seja lá quando isso começou, todo o tempo que ele passou com ela, as experiências e as aventuras e os minutos de silêncio quando nenhuma conversa era necessária; em todos esses momentos isso cresceu. Até este instante, esse dia, em que ele soube.

Ele a amava. Ele observou quando ela acenou para cumprimentar Gina e Luna e então virou-se de volta para Rony quando ele lhe fez uma pergunta sobre Feitiços. Ele a amava...

Rony olhou para Harry com curiosidade, antes de chacoalhar a mão na frente do rosto dele, fazendo Harry piscar e quase pular para trás. "Terra para Harry. O que está te incomodando, cara?" Rony perguntou casualmente o bastante apesar de ele estar preocupado com o comportamento estranho que Harry teve no dia anterior e nessa manhã.

Harry balançou a cabeça, forçando um sorriso. "Nada sério para ser honesto." Assumindo que sério ele queria dizer algo relacionado a Voldemort, e ele sabia que Rony entenderia o que ele queria dizer. Não deixava de ser uma resposta verdadeira, pelo menos...

Ele se forçou a parar de pensar em Hermione, colocando seus pensamentos de lado, agradecido de que ele tinha um jogo de quadribol para se concentrar no lugar. Ele pensaria nela mais tarde, quando ele estaria sozinho de novo sem distração alguma...

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Harry escapou mais cedo do Salão Comunal e da comemoração da vitória da Grifnória no quadribol, dizendo que estava cansado por não ter conseguido dormir direito na noite anterior, o que era verdade, mas não o motivo verdadeiro por ele querer sair. Ele se jogou na cama, fechando as curtinas e olhando em direção ao brasão de Hogwarts que ele mal podia ver pelo dossel acima dele.

Ele podia ver Hermione em sua mente, a qualquer hora que ele fechasse os olhos. Ver seu sorriso, seu rosto concentrado ou bravo com alguma injustiça... Ele a amava e se perguntava como ele nunca tinha percebido isso mais cedo. Parecia tão óbvio... Que outra garota poderia entendê-lo tão bem? Em que outra pessoa ele poderia confiar tão completamente? Que garota seria capaz de até tentar substituir Hermione em questão de importância em sua vida, quando Hermione tem sido sua melhor amiga por tanto tempo?

Era muito claro agora... Ele a amava... mas apesar de essas palavras passarem pelo seu pensamento pela milésima vez, ele sabia que que ele não podia dize-las para ela. Ele não tinha o direito de amar alguém agora... ele não tinha o direito de dizer a ela, de começar um relacionamento com ela bem agora. Ele era um homem marcado, um alvo, e ele não podia fazer isso com ela. Ele não poderia contar a ela que ele a amava e então ir e lutar contra Voldemort sem nem saber se ele iria viver ou morrer. Isso não era justo para ela. Ele não podia fazer isso. Ele sabia que isso faria com que fosse ainda mais difícil para Hermione ve-lo ir embora para lutar contra Voldemort. Ele sabia o quanto ela se preocupava com ele só por eles serem amigos; isso estava claro nos olhos dela quando ela o encarava em todas as vezes que ela lhe dava um livro novo de DCAT ou lhe contava sobre algum feitiço que ela tinha encontrado e que poderia ajuda-lo...

Seria muito mais difícil para ela se eles estivessem namorando ou em algum outro tipo de relacionamento. E seria mais difícil para ele, sabendo que estaria sendo difícil para ela...

Sem falar que isso faria dela um alvo também. Ele sabia que Voldemort iria dar pulos com a idéia da importância de Hermione para ele. Ele pensou em Sirius, do que havia acontecido a Sirius porque Voldemort sabia o quanto o garoto se importava com ele... Não, ele não podia fazer aquilo com Hermione, não podia coloca-la em perigo maior do que aquele em que ela já estava só por ser nascida trouxa e ainda sua amiga para completar. Se soubessem que ele a amava... ele se arrepiou com idéia; Hermione se tornaria o primeiro alvo de Voldemort.

Isso não poderia acontecer. Ele não permitiria que isso acontecesse. Ele não poderia dizer a ela ou a alguém que ele a amava.

Ele suspirou involuntariamente. Ele nunca havia sentido tanto rancor do seu destino como ele sentia nesse momento. Qualquer outro garoto poderia se declarar para a garota que ele amava, só tendo o medo da rejeição. Ele não tinha esse medo mas ele não podia se declarar para a sua garota. Não agora, não ainda. Talvez nunca...

Ele tentou sumir com esse pensamento mórbido mas ele persistiu. Talvez nunca... Ele não sabia se ele iria sobreviver ao seu próximo encontro com Voldemort. Ele estava quase meio-certo, de fato, que ele não sobreviveria. E ele não tinha se importado com isso, ou pelo menos tinha se importado muito pouco em se tratando de sua própria vida, porque ele sempre acreditou que seu objetivo na vida estaria cumprido se ele livrasse o mundo de Voldemort para sempre, mesmo se ele morresse no processo. E depois de tudo, se seu propósito, objetivo, missão, destino, o que quer que seja fosse realmente cumprido, que outra razão ele teria para viver?

Até agora. Até Hermione. Agora ele sabia que ele queria viver. Ele queria viver por ela, para que ele pudesse dizer a ela que a amava, para que ele pudesse beija-la do jeito que ele queria... Ele desejava viver...

E um deve morrer pelas mãos do outro pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver... Ele se arrepiou involuntariamente enquanto as palavras que o perseguiam ecoavam novamente em sua mente, só que agora com uma ameaça adicionada. Seu destino, talvez; sua maldição, definitivamente... E, oh, mas ele odiava isso. Ele odiava saber que ele teria que guardar esse segredo de Hermione. Ele odiava a idéia de que ela passaria pelos próximos meses com a incerteza dos sentimentos dele quando ele sabia que poderia trazer um sorriso ao seu rosto (um lindo sorriso, ele pensou) só contando a ela.

Novamente, Harry permaneceu acordado, olhando para a tapeçaria da cama pela maior parte da noite. Mas pela manhã ele ficou calmo. Ele sabia o que ele tinha que fazer, ele resignou-se a isso. E depois de tudo, ele sabia que Voldemort viria atrás dele em breve. Não demoraria muito agora... Pela primeira vez sua apreensão com relação ao duelo com Voldemort foi ofuscada por outro assunto, algo mais forte: seu amor por Hermione e sua vontade de se declarar para ela...

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O momento havia chegado.

O momento que ela vinha temendo já há 2 anos havia chegado, o momento em que Harry teria que ir embora, ir confrontar Voldemort. Ela não poderia deixa-lo ir embora assim, sem lhe dizer como ela se sentia. Ela só não conseguiria. Ela nem parou para temer a reação dele, não parou para se perguntar se ele a rejeitaria. Todos os seus medos e sua preocupação estavam focados no que Harry teria que encarar, no que poderia acontecer com ele, sem deixar espaço para ela se preocupar consigo mesma...

Ela agarrou o braço dele. "Harry, espere."

Ele virou-se para olhar para ela, a expressão concentrada em seu rosto, sua boca inflexível se suavizando enquanto ele se voltava para ela.

"Harry, eu – eu..."

Ele a cortou antes que ela pudesse terminar. "Não! Não diga isso, Hermione, eu não quero ouvir."

Ela recuou. Ela não tinha pensado que ela poderia sentir algo além de seu medo por Harry mas descobriu que ela ainda podia sentir dor, podia sentir seu coração quebrado...

Harry estremeceu com a dor no rosto dela, odiando-se por machuca-la. Seu tom de voz abrandou enquanto ele acrescentava, "Não agora, não aqui... Me diga quando eu voltar." E pela primeira vez, a voz de Harry estava certa, confiante quando ele mencionou que voltaria. Ele voltaria; ele tinha que voltar. Ele tinha muito pelo que viver, pelo que lutar agora. Ele voltaria por ela; ele voltaria para que ele pudesse dizer a ela que a amava, para poder ouvir dela que ela o amava... Ele voltaria por ela...

Uma força que é a um só tempo mais maravilhosa e mais terrível que a morte... Ele ouviu a voz do diretor Dumbledore explicando o poder do amor, a força que o havia salvado... E ele entendeu. Ele sobreviveria a isso por causa do amor, de seu amor por Hermione e do amor dela por ele. Ele sobreviveria para que ele pudesse contar a ela... Porque ele sabia que ele não podia deixar esse mundo sem que ela soubesse... Ele estava indo embora com sua tarefa mais importante ainda incompleta, estranhamente certo de que ele não poderia morrer sem dizer a ela, finalmente, que ela era a pessoa mais importante de sua vida, que era por ela que ele lutava.

Ele forçou um sorriso para ela e a beijou, só um leve roçar dos lábios dele na bochecha dela, antes de encontrar os olhos da garota. "Eu vou voltar," ele disse com um suspiro intenso, a força de sua promessa em seus próprios olhos.

E então ele se foi.

Nos dias e noites que se seguiram... Hermione passou por eles em constante medo e preocupação. Hogwarts basicamente se fechou enquanto esperava; ninguém nem ao menos fingiu que estava tudo normal, apenas esperaram. Esperaram por novidades, alguma indicação de que o inferno criado pelo crescente poder de Voldemort havia terminado de uma vez ou crescido incomensuravelmente. Esperaram...

Ela revivia o momento que ele foi embora de novo e de novo, a certeza estranha de sua promessa, resultando num voto, de que ele voltaria... O beijo na sua bochecha, um gesto incomum da parte dele, já que Harry nunca havia iniciado um contato fisico com ninguém, embora ele tenha ficado bem mais acostumado com isso ao passar dos anos. Mas apesar disso, os poucos gestos físicos da amizade entre eles sempre aconteciam com a iniciativa dela. Ela sempre foi a única a toca-lo, a abraça-lo, a beijar sua bochecha. Aquele contato dos lábios dele na bochecha dela foi uma mudança e ela passou horas se perguntando o que isso indicava. Ela queria acreditar que isso queria dizer que ele a amava mas uma parte dela raciocinou de que no último momento antes de ele ir embora, regras normais de comportamento poderiam ser quebradas devido a tensão da situação. Mas então ela se lembrava do olhar nos olhos dele, da verdade neles quando ele prometeu que voltaria, voltaria para ela, e ela teve esperança. Teve esperança e esperou...

CONTINUA...

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Nota da Tradutora: Oi! Espero que tenham gostado deste capítulo, o último estarei postando logo...

Valew pelas reviews!!! Adoro quando posso ler o que vocês estão achando! Então não deixem de manda-las, beleza?

Silvinha Potter