Voz do Coração
Disclaimer: Veja a primeira parte.
Nota da Autora: Para todos aqueles que acreditam que o amor salvará Harry no final.
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Parte 3: O amor faz valer a pena
Ela saiu para caminhar, cansada demais para ficar dentro do castelo, dispensando a oferta de companhia de Rony. Ela queria ficar sozinha.
Havia passado mais de 4 dias desde que Harry foi embora, 4 dias de nada. Sem novidades, nada que indicasse se Harry estava vivo ou – ela parou seus pensamentos abruptamente, incapaz de até formular a idéia de que Harry pudesse não estar vivo... Ele havia prometido que voltaria e ela se apoiou naquela promessa, até irracionalmente ás vezes ela pensava, mas apoiada nela de qualquer jeito.
Porque a opção alternativa era impensável.
Ela estava no seu caminho de volta quando ela viu. Um pedaço negro amarrotado no meio do verde da grama.
Mais tarde, ela nunca podeira explicar como ela sabia o que era. Ela só sabia.
Seu coração parou e por um momento ela não conseguiu se mover, não conseguiu pensar. Só um instante e então ela gritou, "Harry!" e correu, medo e amor e esperança e terror brotando de dentro dela, colocando velocidade em seus pés.
Era Harry. Harry, machucado, ensanguentado, inconsciente, com os óculos quebrados, apertando duas varinhas numa mão e na outra um pedaço de roupa. Ela segurou o grito de horror com a visão dele, sabendo que entrar em pânico não ajudaria em nada. Ela precisava ficar calma; Harry precisava que ela ficasse calma...
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Madame Pomfrey balançou a cabeça, suspirando pesado, quando ela viu Harry. Ela tinha forçadamente expulsado todos da Enfermaria, todos com exceção de Hermione, Rony, e a diretora McGonagall. E agora ela fez uma careta, balançando a cabeça novamente enquanto ela passava sua varinha pelo corpo de Harry para averiguar todos os ferimentos.
"Ele – ele vai ficar bom?" McGonagall finalmente formulou a questão que Hermione e Rony não tinham se atrevido a fazer, sua voz hesitante e reprimida de forma completamente incomum.
Madame Pomfrey suspirou de novo, o som enviando uma onda fresca de medo para Hermione e causando o aperto da mão de Rony no braço da garota.
"É difícil dizer," ela finalmente respondeu. "Seus ferimentos físicos são terríveis mas podem ser curados, com tempo." Houve outra pausa. "Mas o dano na mente dele..." Ela olhou para Hermione e Rony, um olhar incomum de simpatia nos olhos dela. "Eu não sei quando – ou se – ele vai acordar."
Por um momento Hermione pensou que seus joelhos iriam ceder. Quando ou se ele vai acordar... Se... Não! Sua mente gritou em negação às palavras de Madame Pomfrey. Harry não podia não acordar; ela não podia perde-lo, não agora, não assim...
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Dor. Muita dor. Em todo lugar. O corpo inteiro dele machucado em todo lugar. E tudo estava tão escuro...
De repente, ele se viu de volta a Hogwarts, andando ao lado do lago. O sol estava brilhando e era um daqueles dias belos onde o mundo parecia estar celebrando a primavera. Nada doía mais. Ele se sentia maravilhoso, feliz, completamente livre pela primeira vez na vida.
E de repente ele os viu e sorriu, de algum modo sem estar surpreso. Ele estava esperando para ve-los, não estava? Seus pais, de mãos dadas sorrindo; Sirius rindo logo atrás deles, Hagrid, radiante e acenando com uma mão grande. Professor Dumbledore estava lá também, sorrindo como os outros, seus olhos azuis brilhantes como nunca por trás de seus óculos.
E lá estava ele, na frente de todos eles.
Lílian sorriu enquanto o abraçou. "Harry, você conseguiu. Seu pai e eu sempre soubemos que você conseguiria e estamos tão orgulhosos..."
Tiago colocou uma mão no seu ombro antes de dar um abraço no seu filho, e Harry percebeu que ele estava um pouco mais alto que seu pai. "Esse é o meu garoto," ele disse, seu sorriso ficando ainda maior.
Sirius colocou uma mão em cada um de seus ombros dizendo, "Sabia que você podia fazer isso, Harry," e Harry sorriu, abraçando seu padrinho pela primeira vez. "Obrigado, Sirius."
Ele virou-se para Hagrid que bateu no seu ombro algumas vezes, quase derrubando-o no chão. "Tudo certo, Harry. Você conseguiu, sabia que você podia."
Professor Dumbledore sorriu e assentiu sua aprovação. "Sim, de fato, Harry. Você encontrou sua força dentro de você."
Lílian falou alto. "Agora é a sua vez de ser feliz, querido. Venha," ela disse, estendendo a mão. "Está na hora de nós sermos uma família de novo. Você não tem que sofrer mais."
Ser feliz... sem sofrimento, sem dor, sem preocupação... Parecia maravilhoso...
E ainda assim ele hesitou, resumindo sua hesitação numa única palavra. "Hermione."
Ele tentou explicar, dizer a seus pais que ele a amava, que ele não podia deixa-la assim, mas as palavras não viriam. Enfim ele disse simplesmente, "Eu – eu preciso dela."
Lílian e Tiago se olharam, um olhar carinhoso em seus olhos antes de voltarem sua atenção para Harry.
Os olhos verdes de Lílian, os mesmos que ele tinha, brilharam suavemente. "Seu pai me disse a mesma coisa uma vez, que ele precisava de mim." Ela pausou e então ela começou a assentir, sorrindo apesar das lágrimas brilhando em seus olhos. "Sim, Harry, você está certo. Fique com a sua Hermione. Ela, e seus sentimentos por ela, são mais importantes do que qualquer outra coisa."
Tiago e Sirius estavam ambos assentindo, compreensão e aprovação nos olhos deles.
Todos olharam em direção ao Professor Dumbledore assim que ele deu um passo a frente, seus olhos em Harry. "Viver é sentir dor, Harry. Mas também é sentir alegria, saber triunfar e amar. Aqui," ele abriu os braços para mostrar o que havia ao redor deles, "neste lugar, nós só conhecemos o encantamento da vida e nenhum sofrimento. Você sabe, Harry, que se você ficar, você pode finalmente ser feliz, livre, uma criança de verdade pela primeira vez. O que você tem que decidir é se ela faz valer a pena tudo o que você vai sofrer na sua vida futura. Ela vale a pena?"
Harry olhou para seus pais, seu padrinho, seu primeiro amigo, seu professor. E ele não hesitou. "Vale."
Foi tudo o que ele disse, tudo o que ele precisava dizer. Ele não precisava acrescentar o que ele sabia e o que ele suspeitava que pelo menos Sirius e Hagrid soubessem: sem Hermione, ele nunca seria completamente feliz; ele sentiria falta de uma parte de si mesmo...
Dumbledore sorriu então, assentindo devagar. "Ame, Harry; nunca esqueça de que isso é o que há de mais importante e poderoso no mundo."
"Ame," Lílian afirmou, apertando de leve o ombro de Harry antes de dar um passo para trás.
"Ame," Tiago e Sirius repetiram, Tiago lhe dando um abraço rápido antes de dar um passo para trás e parar do lado de Lílian.
"Ame," Hagrid disse, secando seus olhos e acenando com a mão.
"Ame," Dumbledore disse com segurança. "Ame, Harry, e viva."
E a dor explodiu pelo seu corpo e ele estava novamente sozinho...
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Ele não conseguia mover a mão. Por que ele não conseguia?
Alguém a estava segurando. Hermione.
Ela estava falando alguma coisa. O que ela estava dizendo? Ele precisou forçar a si mesmo para se concentrar, ouvir o que ela estava dizendo através da neblina que parecia estar obscurecendo sua mente.
"Você precisa acordar, Harry. Por favor acorde. Você lutou tanto por tanto tempo, Harry, lute só mais uma vez, lute pra ficar aqui. Você não pode ir embora. Você me prometeu que voltaria, Harry, você prometeu." A voz dela falhou um pouco mas ela continuou, embora ele pudesse ouvir o som de lágrimas em sua voz. "Eu amo você, Harry. Você pode me ouvir? Eu amo você e você não pode ir embora. Eu amo você; eu sempre amei você..." Sua voz baixou para quase um sussurro. "Eu sempre vou amar você. Por favor, Harry, acorde, volte pra mim..."
A dor cessou um pouco ao som daquelas palavras que ele esteve esperando a vida toda para ouvir, aquelas três palavras ditas pela pessoa mais importante de sua vida.
Ele tinha que dizer a ela que ele também a amava, tinha que dizer a ela que tinha feito tudo por ela...
Mas doía... Ele não conseguia abrir os olhos; isso requeria muito esforço e ele estava tão cansado... Cansado de se machucar, cansado de tentar... Novamente a escuridão o levou...
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Foram os quatro dias mais longos da vida de Hermione.
Ela continuou sua vigília ao lado da cama de Harry, segurando a mão dele, tentando introduzir nele sua própria força, seu amor, se perguntando enquanto ela olhava para a face pálida dele e olhos fechados se ela voltaria a ter aqueles olhos verdes olhando para ela de novo...
"Hermione. Hermione, acorde."
Ela acordou com um toque em seu ombro, olhando para cima para ver Rony e Madame Pomfrey.
"Hermione, você devia descansar. Você pode ficar doente," Rony disse gentilmente.
Hermione pensou consigo que Rony provavelmente parecia um pouco melhor do que ela mesma. Ele estava pálido e seus olhos vermelhos por falta de sono. A principal diferença entre eles era que ele ficava acordado por maior parte da noite no Salão Comunal da Grifnória enquanto ela ficava na Enfermaria. (Ela sabia que Rony não conseguia ficar no dormitório masculino do sétimo ano na Torre da Grifnória onde ainda estavam as coisas de Harry enquanto a cama dele estava vazia e o próprio Harry estava inconsciente na Enfermaria sem que ninguém soubesse se ele recuperaria a consciência novamente.)
"Não, Rony. Eu quero ficar com ele. Se ele acordar, eu não quero que ele esteja sozinho. Você entende, não entende, Rony? Que eu tenho que ficar com ele?" Ela olhou para ele, seus olhos pedindo compreensão.
Ele assentiu bem devagar. "Sim, eu entendo."
Foi o primeiro reconhecimento que ele deu de saber sobre seus sentimentos por Harry e ela sorriu, seu primeiro sorriso em mais de uma semana. "Obrigada."
"Mas pelo menos vá até a cozinha e coma alguma coisa e então vá tomar ar fresco. Eu vou ficar com Harry um pouco. Você pode ir dizer a Dobby como ele está," Rony continuou, sorrindo de leve.
"Srta Granger," Madame Pomfrey falou alto, "Sr. Weasley tem razão. Você devia comer alguma coisa e tomar ar fresco. Não é como se a condição do Sr. Potter se alterasse drasticamente na sua ausência."
Ela sabia que eles estavam certos. Ela de repente percebeu que ela não conseguia se lembrar da última vez que ela tinha comido alguma coisa. "Tudo bem. Eu volto logo então." Ela parou para olhar para Harry de novo. "Me chamem se ele acordar," ela disse suavemente, virando-se para Rony.
"Claro. Agora caia fora daqui," ele replicou, seu sorriso zombeteiro suavizando suas palavras.
Ela sorriu de volta e saiu, dirigindo-se às cozinhas.
As terras de Hogwarts foram estritamente fechadas para o resto do mundo bruxo, com exceção de Remo Lupin e dos Weasleys, mas isso não impediu a chegada das corujas. O Profeta Diário mandava uma coruja a cada meia hora perguntando sobre a condição dele, se Harry havia acordado e quando (ou se) ele daria uma entrevista. Todas as respostas sobre a condição de Harry, enviadas todas as noites, haviam sido as mesmas – que ele ainda estava inconsciente e que ninguém sabia quando ele recobraria a consciência.
Ninguém sabia... O pensamento a perseguia em todos os minutos do dia.
Será que Harry, Harry, poderia realmente não acordar, mas ficar apenas deitado inconsciente dia após dia, ano após ano, como ela ouviu que alguns pacientes permanentes do St. Mungo's faziam? Harry que tinha sobrevivido em tantas situações, que era tão forte até mesmo quando ele próprio não percebia isso... Ele não podia...
E ainda assim... ainda assim... ela não conseguia negar o medo gelado de que ele poderia... Madame Pomfrey havia parecido tão impressionada...
Não. Ela se deu uma sacudida mental, recusando a deixar-se ceder por medos como esse. Harry iria acordar. Ele se recuperaria. Ele ficaria bem.
Ela acreditava nisso.
Ela tinha que acreditar nisso...
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Harry acordou com a mesma consciência de que alguém, que Hermione, estava segurando sua mão entre as dela. Ele esperou pela mesma explosão de dor que acompanhava todos os seus momentos de consciência desde que ele havia encarado Voldemort – mas ela não veio. Ele se sentiu tenso, pesado, mas de algum modo sem dor. E isso era um alívio abençoado.
Tentativamente, ele apertou seus dedos entre os de Hermione. Ele saberia o momento que ela sentiria sua leve pressão quando falhasse o ritmo da respiração da garota.
Outro esforço, outro minuto, e ele se forçou a falar. "Hermione..." Beleza, não falar exatamente; o nome dela saiu como algo um pouco maior que um sussurro, só um som insignificante escapando de sua boca.
Levou outro esforço extraordinário da parte dele tentar abrir os olhos, mas ele se forçou a isso. Sua visão estava embaçada e ele piscou devagar, até que clareasse e então ele a viu. Ele a viu e se sentiu em casa, se sentiu seguro...
Um sorriso estava tremendo nos lábios dela, embora houvessem lágrimas em seus olhos. "Harry, você acordou. Oh, eu estou tão feliz..."
Bem devagar, os olhos dele miraram o rosto dela, inconscientemente memorizando-o, o rosto querido que ele conhecia tão bem, o rosto que ele viu em sua mente durante todo o tempo em que ele esteve fora, quando ele encarou Voldemort, a figura mental em que ele se apoiou mesmo no meio da Cruciatus, o lembrete de que ele não estava lutando por uma idéia abstrata ou até para salvar um mundo anônimo... Ele estava lutando por ela – pela amizade, pela lealdade, pela felicidade que ela trouxe à sua vida – pelo amor que ela lhe havia dado e o amor que ela tinha lhe ensinado a sentir. A imagem dela, a compreensão de que ele tinha que sobreviver pelo bem dela e não só pelo seu, a promessa que ele tinha feito de voltar – tudo isso lhe deu força, o último pedaço de força e de energia que ele precisava para ser o último sobrevivente, quando tudo estava terminado e ele desejava desistir, parar de tentar... No último momento antes de ele finalmente derrotar seu inimigo ele quase podia jurar que ouviu a voz dela, como ele ouvia nas suas partidas de quadribol, Vamos, Harry, você consegue. E no último instante, ele se forçou a ter um semblante lívido de um sorriso e pensou, Eu consegui, Hermione, por você...
Só olhar para o rosto dela foi como cura para ele... Ele fez uma careta de leve. "Você parece exausta," ele tentou dizer, sua voz rouca com a falta de uso.
Ela riu um pouquinho, secando as lágrimas de seu rosto, terminando com um meio-soluço. "Harry Potter, isso é coisa que se diga quando eu passei a última semana sem nem saber se eu conversaria com você de novo?"
"Quanto tempo..." ele fez o mínimo dos movimentos com sua cabeça, indicando seus arredores, a Enfermaria. E como sempre, ela entendeu o que ele quis dizer.
"Voc está aqui por quatro dias, Harry. Hoje é sábado; era segunda-feira à noite quando eu te encontrei."
"Desculpa..." Harry se forçou a dizer. Desculpa por toda a preocupação que ele tinha lhe causado, pelas lágrimas, pelas noites sem dormir que haviam deixado sombras debaixo dos olhos dela...
Ela sorriu, apertando a mão dele entre as dela. "Não se desculpe; você não tem do que se desculpar."
Ele assentiu de leve, a exaustão começando a tomar conta dele novamente.
Hermione fez menção de se levantar. "Eu vou chamar Madame Pomfrey; ela vai querer saber que você está consciente."
Ele apertou forte a mão dela na dele. "Fica comigo," ele tentou dizer.
Ela se sentou de novo, sorrindo através das lágrimas que ainda estavam em seus olhos. "Pelo tempo que você quiser."
Os lábios dele se moveram numa tentativa de um sorriso enquanto seus olhos se fechavam. "Obrigado," ele murmurou.
Hermione sentou-se ali com ele até perceber que ele estava adormecido. Ele havia acordado. Ele acordaria de novo. E tudo o que ela conseguiu pensar foi, obrigada, embora ela não soubesse a quem estava agradecendo.
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A primeira coisa que Harry viu quando acordou foi Hermione, sentada numa cadeira perto de sua cama. A mão dela estava segurando a dele, do mesmo modo que estava quando ele adormeceu.
E ele de repente percebeu que ele se sentia feliz, em paz. Ele estava preso numa cama na Enfermaria onde ele já tinha passado tempo demais. Mas Voldemort se foi e ele tinha certeza de que estava no lugar certo, com Hermione, que o amava.
Ele pensou em seu sonho?, fantasia?, onde quer que fosse que ele esteve, o lugar onde ele havia escolhido Hermione ao invés de permanecer com seus pais, com Sirius e Hagrid. Olhando para ela agora, ele sabia por que ele nem havia hesitado. Hermione era sua felicidade; era bem simples assim. E observando-a, ele sentiu as palavras que ele nunca disse para nenhuma outra pessoa se espalharem em seu peito. Ele queria dizer essas palavras para ela, e ele disse, bem suave, um pouco mais alto que um sussurro, partindo da idéia de que ele não queria acorda-la. Não precisava que alguém lhe dissesse que ela não tinha dormido tanto nos últimos dias. Foi só um som baixinho escapando de seus lábios. "Eu amo você, Hermione."
Hermione se espreguiçou, fazendo aqueles leves sons de quem está acordando e que trouxeram um sorriso para os lábios dele. Era algo tão íntimo observar alguém dormir, mesmo sendo uma soneca numa cadeira, e então observar esse alguém acordar. Não era algo que normalmente se via, mesmo com os amigos, ao menos que você divida o quarto. São só esses momentos breves que aproximam as pessoas, e ele sorriu com a percepção de que isso, acordar para ver Hermione, observa-la dormir e acordar, era algo que ele queria durante todos os dias pelo resto de sua vida.
Ela abriu os olhos e o viu e seus lábios se curvaram num sorriso. "Harry, você está acordado," ela disse de leve. "Como está se sentindo?"
"Melhor. Eu não me sinto mais como se eu tivesse sido atropelado por um bando de hipogrifos," ele brincou.
Ela se arrepiou de leve e seus olhos se escureceram com as palavras dele.
Harry se apressou para mudar de assunto, olhando para baixo, mais diretamente para suas mãos dadas. "Obrigado por ficar comigo."
Ela lhe deu um sorriso pequeno, um que ele nunca havia visto antes e de algum jeito ele sabia que ela nunca tinha mostrado para nenhuma outra pessoa, um sorriso de carinho, de quem se importa. Um sorriso que transmitia força, só de olhar para ele. "Onde mais eu estaria quando você está na Enfermaria?"
A questão era tão simples e ainda tão direta, um lembrete de todas as vezes nos últimos sete anos em que ele esteve machucado tanto por causa do Quadribol quanto por Voldemort e Hermione esteve com ele. Ela sempre esteve com ele; em qualquer hora que ele esteve ferido (e até mesmo quando ele não estava), ela sempre esteve lá com ele. Que raios ele fez para merecer tamanha lealdade?
Ele soluçou. "Hermione, eu – eu quero te dizer uma coisa."
"O que é, Harry?"
Ele abriu a boca, fechou, franziu um pouco as sombrancelhas como se estivesse pensando em como colocar seus pensamentos em palavras antes de dizer simplesmente, "Eu amo você."
Ela prendeu a respiração, seus olhos lacrimejando. "Oh, Harry..." ela suspirou de leve.
Ele continuou, as palavras vinham rápido agora que o mais importante a ser dito já estava fora do caminho, e durante todo o tempo os olhos dele prenderam os dela. Ele teve um pressentimento repentino de que esse era o momento mais importante de sua vida, o momento em que ele dizia a Hermione a verdade sobre seus sentimentos. Encarar Voldemort foi um dever, o fim de anos de tensão e preocupação e perigos. Mas isso – isso era a razão pela qual ele tinha feito tudo, a razão pela qual ele sobreviveu... "Eu não permiti que você dissesse antes de eu ir embora. Eu acho que uma pequena parte de mim não queria ouvir isso até que tudo estivesse acabado. É por causa disso também que eu não te disse antes, apesar do fato que eu sei disso há meses já." Ele fez uma pausa, apertando forte a mão dela na sua. "Eu sabia que eu não podia morrer sem te contar que eu te amava, sabia que eu voltaria, até mesmo do inferno, pra te dizer." Ele sorriu de leve. "Eu te prometi que voltaria e eu tinha que manter minha promessa, não tinha?"
Ela sorriu em meio as lágrimas em seu rosto. "Oh Harry... eu também amo você."
Seus olhos se encontraram e se prenderam. Então bem devagar, ela se inclinou para baixo, os olhos dela nunca deixando os dele, até que eles se fecharam no último instante. E seus lábios se encontraram pela primeira vez.
O beijo foi suave, tingido com uma leve incerteza sobre esse novo passo em seu relacionamento, suave e doce e perfeito...
Harry pensou em seus pais, Sirius, Hagrid, e em sua oferta de paraíso, e ele soube sem sombra de dúvida que ele tinha tomado a decisão certa. Isso, estar com Hermione, saber que ela o amava e que ele finalmente estava livre para ama-la – isso sim era seu paraíso.
FIM
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Nota da Tradutora: Espero que tenham gostado dessa fic tanto quanto eu! O encontro do Harry com seus pais e os outros foi a melhor parte, na minha opinião! E vocês, o que acharam??? Me contem!!!
Até a próxima!!!
Silvinha Potter
