O local permanecia silencioso, somente o barulho dos sussurros de alguns e das folhas dos livros, algumas vezes ouvia-se o som de alguém tossindo, mas mesmo assim o local era silencioso. A jovem permanecia lendo um livro, sentada a uma das varias mesas. Estava tão concentrada ao livro que não notou o rapaz que se aproximava e que docemente tocou seu pescoço beijando-o.
-Oi Águia – falou sorrindo
-O que foi? – perguntou sorridente – está seria.
-Não tive um dia muito bom. – falou meio chateada
Águia sentou-se na cadeira ao lado da moça e a olhou.
-O que foi?
-Nada...Só tive um dia chato.
-Então vem aqui... – falou puxando a namorada para perto e beijando-a ardentemente.
Desde a noite em que se beijaram na varanda os dois decidiram namorar, não sabiam bem ao certo, já que não sabiam o que sentiam um pelo outro, mas acharam que valia a pena tentar. Isso já durara dois meses.
Ferio permanecia sentado no banco no centro do parque há meia hora, o que havia acontecido, por que Tatra demorava tanto. Se bem que nos últimos messes o namoro dos dois não estava muito legal. Parecia que o fogo do começo da relação havia acabado, e tudo que sobrara não sustentava o restante do namoro, seria esse o fim de tudo.
-Oi Ferio, desculpe pelo atraso – falou Tatra ao chegar, logo deu um ardente beijo no namorado.
-Tudo bem... – falou com um sorrindo
Mesmo com o namoro não sendo uma maravilha, não tendo toda aquela paixão inicial, Ferio ainda gostava de sentir os lábios dela com os seus.
A neve começava a cobrir a cidade de Tókio naquele inverno. A paisagem tornava-se muito bonita, os enfeites de natais já iluminavam a cidade e a felicidade começava a brotar no coração das crianças ao verem a chegada do natal.
Anne estremeceu ao sentir o pequeno floco de neve tocar o seu nariz.
-E então Anne, como vai o namoro com Águia? – perguntou Marine ao tomar seu chocolate quente na lanchonete – por que não vamos lá pra dentro aqui ta frio.
-É bonito ver a neve cair Marine – falou Lucy.
-E então Anne? – perguntou novamente Marine.
-É legal – respondeu sem muito entusiasmo olhando para a neve.
-To vendo – comentou Marine sarcástica
Anne e Lucy permaneceram a olhar os flocos de neve caírem lentamente do céu, era uma coisa linda de se ver.
-Ai que deprê aqui! – irritou-se Marine – quer saber, eu vou lá pra dentro.
Lucy logo se levantou para acompanhar a amiga.
-Você não vem Anne? – perguntou já de pé
-Já vou...
E Anne voltou a olhar a neve cair.
Ferio olhava pela janela enquanto a neve caia.
-Aqui maninho – falou a suave voz de Esmeralda ao estender um chocolate quente – ta tudo bem?
-Ta... – respondeu sem entusiasmo, mas com um belo sorriso no rosto – é lindo não é?
-É, é sim...
Zagard apareceu e sentou-se ao lado de Esmeralda, beijando-a ardentemente, os dois sorriram ao se separarem, e Esmeralda aconchegou-se nos braços do namorado e continuou a ver o filme.
Ferio permaneceu parado a olhar a neve cair.
Águia não conseguia entender, por mais que quisesse e que estivesse bem com Anne, ele não conseguia parar de pensar na aquela bela ruiva que um dia já havia tido em seus braços. Irritava-se com isso, queria esquece-la, queria poder continuar sua vida, com Anne talvez, mas não conseguia.
Anne era uma moça tão boa, tão linda, e quando beijou-a na varanda havia sentido algo inexplicável, novo, mas mesmo assim não a amava, não conseguia. Gostava de beija-la, senti-la, ficar com ela, mas aquilo não era amor.
Sentiu Anne aconchegar-se em seus braços, estavam em sua casa e assistiam a um filme, mas ambos acabaram dormindo no meio do filme, no sofá, fora o primeiro a acordar e permanecera pensando ate aquele momento.
Olhava Anne, como era bonita, o rosto, os lábios, os cabelos, tudo. Parecia perfeita, e mesmo sabendo que ele não a amava, continuava ali, com ele, talvez para ajuda-lo a esquecer Lucy, talvez por que o amasse, não sabia, mas ela era boa, era uma boa pessoa, uma boa amiga, e não merecia ser usada com ele fazia com ela.
Beijou ternamente seus lábios, fazendo-a despertar de seu sono, ela olhou-o calma e sorriu.
-Acho que precisamos conversar... – falou Águia serio, não era justo com ela, era melhor acabar tudo.
Tatra chegou ao local e procurou por Ferio, este permanecia escorado em uma arvore. Abraçou a si mesma tentando amenizar o frio e aproximou-se com um sorriso. Observou que Ferio estava serio, e quando ele começou a falar sentiu que se tratava de algo muito importante.
Os flocos de neve começaram a cair ao redor dos dois, a cena era linda, mas o que acontecia ali não era agradável para nenhum dos dois, Tetra segurava as lagrimas em seus olhos, não as deixando escapar e ouvia atentamente o que Ferio dizia, sabia que ele estava certo, e realmente perguntava-se, será que os dois realmente deveriam continuar juntos, será que os dois se amavam?
No final Tetra não chorou e Ferio ficou com uma enorme dor no peito ao faze-la sofrer, mas sabia que assim era melhor, os dois sabiam, e assim separaram-se, com mais nenhuma palavra, apenas tristeza em seus peitos, enquanto todos riam naquele mês tão alegre, no mês em que Jesus nascera, no mês da alegria e da harmonia, os dois tristemente voltavam para suas casas, tentando ter um natal feliz e volta a suas vidas a normalidade.
Ferio chegou em casa e viu que na casa da frente encontrava-se Anne, sentada na escada da varanda. Parecia triste, sentada sozinha, enquanto a neve caia, e ela nem ao menos tentava se proteger, apenas deixava os frios flocos de neve chegarem ao seu corpo.
-Oi Anne – falou aproximando-se, logo notou que ela chorava discretamente.
-Oi Ferio – falou forçando um sorriso – tudo bem?
-É, mas ou menos – falou soltando um sorriso não muito verdadeiro.
-É, o mesmo comigo.
-O que foi – perguntou sentando ao lado da garota
-Eu e Águia...terminamos – falou olhando para os próprios pés.
-Por que?
-Não iria da certo, eu não o amava, e ele ainda não conseguiu esquecer Lucy.
-Então porque estavam juntos?
-Eu não sei...Tinha algo... E você e Tatra? Como vão?
-Nos...terminamos
-Desculpe.
-Ta tudo bem.
-Não, quer dizer, fui eu que juntei os dois e.
-Você não tem culpa, eu e Tatra fomos felizes...Mas acabou.
-O que foi que ouve?
-Ficou diferente com o tempo, não estávamos mais apaixonados... Quando a paixão acaba e não resta nada, fica difícil continuar a relação.
Os dois então ficaram em silencio, o vento frio cortava-lhes os rostos, e seus pensamentos estavam longe dali, ficaram parados, sem falar nada por vários minutos, apenas pensando em tudo, em suas vidas e como elas chegaram ate ali, os dois sentados no frio pensando, um do lado do outro.
Anne abriu a boca pra falar, mas achou melhor calar-se, não sabia o que falar, não tinha idéia do que fazer, queria apenas quebrar aquele silencio, mas achou melhor esperar um pouco.
Ferio permaneceu calado, pensava em Esmeralda e Zagard, será que um dia ele encontraria uma paixão, um amor assim? Algum dia ele encontraria alguém que o faria largar tudo, que lhe faria ser único, será que algum dia ele iria realmente amar?
-Então... – começou Anne finalmente quebrando o silencio – acho que isso significa que estamos solteiros.
Ferio a olhou e sorriu serenamente -É, acho que sim.
