DISCLAIMER: Não adianta, eu bem que tentei convencer a JKR a me vender os
direitos autorais de Harry Potter, mas aquela mulher é meio que imune a
hipnose. Ou seja... até que eu consiga descobrir A QUE aquela bendita
escritora não é imune, eu continuo não possuindo Harry Potter.
Nota da Autora: DESCULPA, gente! ^.^'' Eu sei que eu sou horrível, mas agora estamos de volta, calma! Respirem fundo... Dessa vez eu escrevi esse capítulo com o "Animais Fantásticos e Onde Habitam" aberto do lado do computador! -_-" Sem comentários... ah... esse foi o capítulo mais doido que eu já escrevi!! XDDD Tá muito tumultuado, cruz-credo.
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Para Helena: Aquela musiquinha é a coisa mais tosca que eu já vi na minha vida! XD Espera até a Manu ficar sabendo que eu usei a música dela de verdade... eu tinha contado, mas acho que ela não acreditou muito em mim ^^'
Para Mariana: Changalinha? Ahahahahahahaha, essa eu nunca tinha ouvido! Acho que ninguém gosta dela, mesmo, hein? Hehehe. Ah, olha... seu brigadeiro me deixou com água na boca! ^.^"
Para Estrela Cadente: Ô meu Deus... eu acho que vocês vão ficar decepcionados, mas a Gina não gosta do Sirius nem ele gosta dela desse jeito que vocês querem. U_U' Excuta... eu vi sua BIO, e parece que você ama o Draco, né? ^^ (Eu tambééém!!) E você também gosta de Rony/Mione! Por que você quer que a Mione sofra? Tadinha dela... mas eu também gosto de Remo/Mione; talvez eu faça isso... mwahaha. ^__^
Para Laís: Ih... *se esconde atrás da cadeira* Não me estrangule! Eu sou jovem demais! XP Desculpa aí... eu sentia que ia ter gente que ia ficar de mal comigo por causa do alarme falso ^^" Mas a preguiça foi porque eu tava sem vontade nenhuma de pensar. Eu, hein, depois daquelas provas matadoras, eu queria era férias pra minha "kbça" ^_^ Mas, aqui estamos, certo?
Para Tathi: Eu quero que o Snape acabe com a raça deles e vice-versa, quero só ver a confusão que isso vai dar! ^_____^ Já imaginou o Snape tirando ponto deles e chamando de "americanos imbecis"? Ah, nenhum deles vai deixar por isso mesmo... e o Draquinho vai ser muito maaaaau quando aparecer.
Para Ameria Asakura: A musiquinha existe! E como existe, é uma das preferidas dela ^_^ Ah, a música original não tem muita diferença não, a única coisa que muda é em vez de 'escova de dente' é 'patinete'. Só que bruxo não usa patinete, então... aliás, eu também acho que a Cho é chinesa, eu só escrevi 'japonesa' porque o Sirius não sabe se ela era uma ou outra. Aí, generalizando, ele falou que ela era japa.
Para -------------: Sabe... eu concordo com você. U_U Porque eu já vi muito leitor (homem) fanático por fanfic, e uns dos meus escritores favoritos são garotos/rapazes/homens/sei lá. Mas o negócio é que muitos têm vergonha (machismo, mesmo) de dizer que lêem ou de escrever, e assim, tem mil vezes mais escritorAs e leitorAs do que escritorEs e leitorEs. Eu acho isso um absurdo, também, mas... fazer o quê ^_^" AH! Na verdade, todos os reviews são anônimos XD Não, sério mesmo... eu não conheço ninguém que me manda reviews ^_^
Para Sett: n_n" Com uma apelação dessas, aposto que até minha mãe se convencia XD Sua CAF deve ser séria mesmo... eu já sofri muito disso, sabe, eu quase arrancava os cabelos quando os fanfics não eram atualizados por meeeses. Mas uma curiosidade: o que é H/L (desculpa minha ignorância, mas... sabe como é ^_^)? E eu também adoro minha Sibila! Ela é completamente diferente da Sibila original, mas isso aqui não é pra ter tanta coerência assim.
Para Manoela Wood: Oi! Desculpinha ^^"""" Mas era só pra pedir um tempo... mas acho que agora eu saí do meu surto de Inuyasha U_u" Beem... quase, né. Então, agora vamos ver se eu consigo escrever em dia!
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***TIAGO***
Ah, isso é que era vida. Manhã de sábado, deitado, sem fazer nada. Não tinha nada mais confortável do que ficar à toa, ouvindo o silêncio da manhã enquanto se enrolava no cobertor. Repetindo: isso é que era vida.
Que vida chata.
Tiago se levantou, colocou os óculos e abriu as cortinas ao redor de sua cama. Olhou ao redor do dormitório: pelo visto não tinha ninguém acordado, ainda. Os roncos de Sirius eram acompanhados por roncos ainda mais altos, vindos do lado do Neville. Se Tiago tentasse dormir de novo, com certeza não conseguiria.
Mas quem disse que ele queria? Se ele acordasse, não voltava a dormir por nada. Em outras palavras, acordava atacado. Essa era uma das desvantagens de se dividir um dormitório com Tiago Potter: ele era perigoso.
Tiago deu um sorrisinho muito maligno. Pegou a varinha de cima da mesinha de cabeceira e a fitou por um momento. O que era mesmo que o Seu Olivaras tinha dito? Mogno, vinte e oito centímetros, flexível. E o mais importante: excelente para transformações. Tiago não acreditara muito quando Olivaras lhe dissera, mas depois de anos usando-a não tinha como discordar; mesmo que ele não se esforçasse nada nas aulas de McGonnagall, ele quase sempre se dava bem nas provas.
Ele girou a varinha velha de guerra entre os dedos, pensando. O que seria mais... digamos, impactante? Transformá-los em Papais Noéis já era muito batido; o truque da pele azul também já tinha sido usado. Uma coisa que realmente irritasse...
- Já sei - sussurrou Tiago para si mesmo, e saiu devagarzinho da cama. - AAAH! Que diabos é isso?! - disse, tentando não gritar e dando um salto.
Quase pisara em alguma coisa verde e pegajosa no chão, que pulsava ligeiramente. Lembrava um tipo de órgão interno nojento que tinha sido arrancado pra fora à força, e agora tinha criado vida própria. A coisa verde emitiu um barulho longo e grave parecido com um "coach". Ah, mas aquele troço ia ver só uma coisa.
- Sai daqui, seu sapo dos infernos! - sibilou Tiago mirando um chute no sapo, que saiu zunindo pela janela. Tiago deu de ombros e resolveu seguir com seu plano.
- O que pensa que está fazendo?
Ele deu um salto e se virou rapidamente para a voz. Aquele sujeito, o Harry, abrira a cortina da própria cama e olhava para Tiago com óbvia desconfiança por trás dos óculos. Tiago levou a mão aos cabelos, sem-graça.
- Eu... eh... nada, ué, só ia olhar se o céu ainda tava azul - ele disse de uma vez, em voz baixa para não acordar os outros, enquanto se chutava mentalmente. Que desculpa mais idiota!
- Que desculpa mais idiota! - disse Harry no mesmo tom, e Tiago ergueu uma sobrancelha. Era só o que faltava, telepatia. - Você não espera que eu caia nessa, né?
- Ah, tá legal, eu sou péssimo pra inventar desculpas, quem é bom nisso é o Rabicho - suspirou Tiago em sua derrota. - Mas eu não tava fazendo nada de muito... hã... cruel.
- Imagino - disse Harry com um sorriso que dizia com todas as letras "Sua vida está em minhas mãos, moleque". - Vai dizer o que você ia fazer, ou quer que eu estrague tudo?
- Você me lembra a Lílian, vocês dois são uns estraga-prazeres - disse Tiago estreitando os olhos. Pensou ter visto o outro titubear, mas não deu atenção. - Muito bem, você vai ver... você se livrou do seu destino dessa vez, garoto. Só fica quieto no seu canto e observe o gênio aqui trabalhar, falou?
- Vê lá o que você vai fazer, "gênio".
Tiago ergueu a varinha acima da cabeça e disse "Avis!". Meia dúzia de pássaros amarelos e chilreantes saíram voando alvoroçados da ponta da varinha, e Harry olhou para Tiago como se ele fosse retardado.
- "Esse" é seu plano brilhante? Canários?! - sibilou ele, se abaixando para evitar um dos pássaros que dera um rasante em sua cabeça. - Do jeito que você falava parecia uma coisa muito mais inteligente!
- Fica quieto, seu leigo! - retrucou Tiago, ainda com a varinha no ar. - Presta atenção e vê se aprende.
Dizendo isso, ele apontou a varinha rapidamente para cada uma das camas de colunas ao redor do dormitório (exceto a sua e a de Harry), mandando cada um dos pássaros disparando para dentro das cortinas de veludo. Harry olhou para aquilo, interessado, e Tiago prendeu a respiração, esperando...
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***SIRIUS***
Ele estava sonhando um sonho muuuito esquisito. Ele estava num labirinto de paredes amarelo-ovo, e de vez em quando um coelho branco de colete passava por ele dizendo "é tarde, muito tarde!". Tinha um cogumelo gigante vermelho e branco, com pernas e braços minúsculos, que o seguia e dizia "Você está perto... não, não, não é aí... volte, seu incompetente. Isso, agora você está usando a cabeça... ESQUERDA, idiota!" Sirius estava quase perdendo a paciência e mandando o tal cogumelo pro inferno, quando sentiu bicadas dolorosas na ponta do nariz.
Ele abriu os olhos de supetão e logo viu o que lhe provocava dor: um... passarinho?
- Sai daqui, seu penoso imbecil - rosnou ele dando um safanão no pássaro e mandando-o para longe do seu nariz.
Sua cabeça latejava e rodava com aquele sonho esquisito, mas ele não teve muito tempo pra pensar; vários berros e baques surdos podiam ser ouvidos ao redor do dormitório. Ele abriu as cortinas de sua cama, rapidamente.
- O que...?! AAAAH, SAI DE MIM, BICHO DO CAPETA!!! - berrou ele dando um soco na ave que estivera bicando sua cabeça sem dó nem piedade.
O canário bateu no chão e deu tempo a Sirius de ver o que estava acontecendo. Pelo visto não tinha sido só ele a ser acordado por bicadas insistentes; ele viu Neville se engalfinhando com um pássaro particularmente violento no meio do quarto, e parecia estar levando a pior.
Simas e Rony tentavam acertar outros dois com livros e travesseiros. Rony eventualmente acertou, sem querer, uma livrada na cabeça de Simas, o que lhe rendeu uma travesseirada violenta na nuca que o mandou voando na direção de uma mesinha-de-cabeceira, e os dois pássaros ficaram livres para acertarem seus alvos novamente.
Remo estava tentando capturar um outro com seu chapéu de bruxo, mas o canário era rápido demais e sempre se esquivava. Quando, finalmente, ele conseguiu prender a ave, ela furou o fino tecido do chapéu com o bico afiado e continuou atacando furiosamente.
Dino tentava enfeitiçar um último canário, mas, não acertando, resolveu partir para a agressão: atirava despertadores, sapatos e mesmo uma bola de futebol trouxa no bicho, que parecia tentar acertar a "área proibida".
Sirius não conseguiu prestar atenção por muito mais tempo, pois o passarinho que ele acertara recobrara a consciência e disparara de novo em direção às suas canelas.
- Escolheu o alvo errado, cara! - disse Sirius e tentou dar um chute no bicho, mas não conseguiu e acabou acertando o pé da cama. Uivando de dor, ele pegou o travesseiro o mais rápido que pôde e o colocou na frente do rosto para impedir que seus olhos fossem furados pelo bico do canário.
Foi então que um ataque duplo de risadas ecoou pelo quarto. Dando uma travesseirada no pássaro que o mandou zumbindo pela janela, ele se virou para ver quem estava rindo.
- POTTER!!! - ele gritou, se referindo aos dois garotos quase idênticos que rolavam de rir no chão, mas lembrou que Tiago, aqui, não era Potter. - Ah--- WINDHAM!! SEUS FILHOS DA MÃE!!!
- O quê?!! - exclamou Remo, prendendo a ave que tentava furar sua barriga debaixo dos cobertores grossos da cama e segurando com força. - Isso é coisa de vocês!?
- Vocês, não! - corrigiu Harry, se controlando e apontando para Tiago. - Isso é coisa DELE.
- Tá legal - ofegou Rony dando uma livrada no passarinho mais próximo, que caiu inconsciente no chão. - PEGUEM ELES!!!!
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!! - berraram Tiago e Harry, quando os seis vieram pra cima deles, como cães de guarda.
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***SIBILA***
Quando Sibila acordou, encontrou o dormitório vazio. Nem sinal de Hermione ou daquelas duas esquisitas que haviam ficado fofocando até tarde da noite. Vestiu uma das vestes novas de dentro do malão e desceu, esperando que não tivesse muita gente àquela hora.
E não tinha. Só alguns alunos de primeiro ano, Gina, que estava a um canto escrevendo alguma coisa, e Hermione ao lado dela, com um gato laranja horroroso nos braços. Sibila chegou perto delas.
- Vamos, Gina, pra quem você tá escrevendo? - dizia Hermione, curiosa, tentando fazer Gina mostrar o pergaminho.
- Ninguém, Mione, ninguém - retrucou Gina, fazendo um gesto de impaciência com a pena e respingando tinta na cara do gato. - Ih, foi mal, Bichento.
Bichento, o gato laranja horroroso, não pareceu gostar nem um pouquinho, deu um silvo alto e pulou do colo de Hermione para o chão, indo se refugiar numa poltrona bem longe delas. Mas Hermione nem ligou pra ele.
- Gina, por que você não me mostra? Que segredo todo é esse, agora?!
- Mione, me deixa, vai tomar o café, os meninos estão te esperando. É melhor você estar lá pra separá-los se eles tentarem se matar de novo...
- Mas e você?
- Depois eu vou - disse Gina, se curvando sobre o papel e fazendo os cabelos longos esconderem o que quer que estivesse escrevendo. - Vai, tchauzinho.
Hermione suspirou, resignada, e, pegando alguns livros em cima da mesa, girou nos calcanhares e deu de cara com Sibila. Esta lhe lançou um sorrisinho "inocente" que fez Hermione tremer e sair quase correndo para o buraco do retrato, desaparecendo de vista.
- O que está escrevendo? - disse Sibila, se manifestando.
- Ah, oi! - disse Gina erguendo os olhos, surpresa. Parecia não ter percebido a presença de Sibila ali. - Eu estou escrevendo pros meus irmãos.
- Ah, aqueles? - disse Sibila, sentando numa cadeira perto dela.
- É - confirmou Gina em voz baixa. - Fred e Jorge. Mas a Mione não ia concordar com isso, por isso que eu não contei pra ela.
- Hum... e vai me contar o que está escrevendo? - insistiu Sibila.
- Claro, cúmplice. Olha aí - disse Gina, com um sorrisinho, dando um ponto final na carta e passando para Sibila, que pegou e leu com uma sobrancelha levemente erguida. A letra dela era mais desleixada do que a de Sibila (que era insuportavelmente redondinha, ela admitia), mas bem legível.
"Queridos Jred e Forge,"
- Os nomes deles não eram Fred e Jorge?
- Eram, não, "são". Mas é uma longa história. Esquece, vai lendo.
"Queridos Jred e Forge,
Vocês não vão acreditar no que está acontecendo! Tem quatro estudantes de intercâmbio aqui na escola, o Paul, o Gary, o Daniel e a Kathie. Sim, muito estranho. Mas este domingo a gente vai a Hogsmeade, e lá eu explico melhor. O negócio é o seguinte.
Eu queria que vocês nos ajudassem a preparar algumas, digamos, armadilhas para a Galinha. Acho que vocês sabem de quem eu estou falando: "aquela" Cho Chang. Pois é, e eu queria que vocês nos ajudassem - a mim e à Kathie (não pergunte) - a tirar aquele sorrisinho falso da cara dela. Vocês podem separar uns "artigos" especiais pra gente? Alguma coisa bem humilhante. Eu pensei naquela caixinha de maquiagem, vocês ainda têm?
Aí vocês guardam direitinho pra amanhã, e não contem pra ninguém. Ninguém mesmo. Eu e a Kathie vamos aí, pegamos e pagamos. NÃO CONTEM PRA NINGUÉM! Sacaram?
Beijos da sua melhor irmã,
Gina"
- E aí? - perguntou Gina, ansiosa. - Será que ficou bom?
Sibila ergueu os olhos para ela, e viu Gina mordendo o lábio inferior, incerta. Sibila empurrou os óculos para cima, pois já estavam quase caindo da ponte de seu nariz, e devolveu o pergaminho a ela.
- É - disse ela, fazendo pouco-caso. - Ficou razoável.
- Ótimo! - disse ela, sorrindo e dobrando o pergaminho cuidadosamente. - Agora a gente tem que pegar uma coruja. Será que eu podia pegar a Edwiges do Harry emprestada?... AI!
Uma bolinha penosa tinha entrado zunindo pela janela atrás de Gina, e passado raspando ao lado de sua orelha. Sibila se esquivou quando a bolinha veio em sua direção e Gina pulou da cadeira. Os alunos do primeiro ano, meio distantes, olharam assustados para elas.
- Pichitinho! - exclamou ela, de olhos arregalados. - Vem aqui!
"Pichitinho"? Que raio de nome era aquele? E aquela bolinha tinha nome? Bem, tivesse ou não tivesse, a bolinha deu meia-volta em pleno ar e disparou para as mãos de Gina, piando alegremente. Espera aí.
- Essa coisa é uma coruja?! - perguntou Sibila, incrédula.
- É claro que sim! É do Rony, meu irmão - retrucou Gina, abrindo as mãos e mostrando uma corujinha minúscula com os olhos maiores do que a cabeça, que piava feito doida. - É, acho que ele vai servir. Segura pra mim.
E colocou a coruja na mão de Sibila, que a segurou desajeitada, sem saber se podia fazer força ou não - e se ela partisse a coruja no meio?! Enquanto isso, Gina enrolava sua carta e pegava uma fita de dentro do bolso. Pichitinho começou a pular na palma da mão de Sibila, que teve de segurá-lo com mais firmeza para Gina conseguir amarrar o bilhete na perna dele. Mal ela deu um nó na fita, Sibila soltou Pichitinho e ele saiu voando de novo, animadíssimo, pela janela aberta.
- Que bicho esquisito.
- É, ele é assim mesmo. E aí, vamos descer pra tomar café?
- Não me misturo com meros mortais.
- Ah, deixa disso - disse Gina impaciente, puxando Sibila pelo pulso.
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***REMO***
Eles haviam acabado de chegar ao Salão Principal e se sentado à mesa da Grifinória. Tinha bem pouca gente nas mesas àquela hora da manhã; provavelmente estava todo mundo sonhando com cogumelos gigantes. Mas os grifinórios à mesa estavam bem mal-humorados para uma manhã tão agradável.
Remo, Sirius e Rony haviam se sentado de um lado da mesa, e Tiago e Harry correram a se sentar do lado oposto. Enquanto isso, Simas e Dino, a algumas cadeiras à esquerda, lançavam-lhes olhares assassinos, e Neville parecia um tanto quanto nervoso.
- Que brincadeira mais idiota - resmungava Remo, se servindo de ovos fritos.
- Mereciam um castigo muito pior - disse Rony antes de beber seu cálice de suco de abóbora de um gole só.
- Acho que estar num "país diferente" tá afetando a sua cabeça, "Gary" - rosnou Sirius, ainda irritado.
- Ah, audácia da carrapeta, vocês ficaram ofendidinhos demais! - disse Tiago, ainda esfregando a cabeça dolorida de tantos golpes que levara.
- É isso aí, foi só uma brincadeira! - acrescentou Harry, que estava com um dos olhos roxo. - Vocês quase me deixaram cego! Nunca ouviram dizer que não se bate em alguém de óculos?
- Foi só consertar seus óculos depois.
- Eu tô falando do vidro que podia ter entrado nos meus olhos!
- Ah, isso? Detalhes, detalhes.
- Será que vocês esqueceram das varinhas?! Pareciam um bando de trouxas!
- Vamos, meninos, acalmem os ânimos, Mione chegou! - disse a garota de cabelos cacheados, alegremente, enquanto se sentava ao lado de Remo.
- Grande coisa - murmurou Rony. - Cadê a Gina?
- Ela disse que vem depois, e antes que perguntem, a Sibila tava com ela e em paz. E aí, o que pretendem fazer hoje? - perguntou Hermione abrindo um livro e apoiando-o na jarra de suco. Remo imediatamente resolveu esquecer dos malditos passarinhos e tentou ler o livro de Hermione de longe. Mas ela não gostou. - Eu não gosto que leiam por cima do meu ombro, "Daniel"!
- Mas é crueldade abrir um livro perto de mim e não querer que eu fique curioso!
- Então toma esse - disse ela, tirando um outro livro do colo e entregando a ele. Remo viu Sirius, Tiago e Rony revirarem os olhos, mas os ignorou. Abriu o livro no início e imitou Hermione, apoiando-o na jarra de leite.
- E aí, vão me responder? - perguntou Hermione, com os olhos no livro. - O que pretendem fazer hoje?
- Eu tenho que aproveitar e fazer aquele monte de redações que eu deixei pra depois - suspirou Harry. - Se amanhã não fosse Hogsmeade, eu adiaria de novo.
- É, eu acho que também vou ter que fazer isso - disse Rony, olhando desanimado para seu mingau de aveia. - Uma redação de Transformações sobre animagos, uma de História da Magia sobre os bruxos mais importantes de TODAS as épocas da História, uma de Defesa Contra as Artes das Trevas sobre os doze usos do Sangue de Dragão, uma de Poções sobre Venenos, OUTRO diário mensal de sonhos para Adivinhação, uma de Trato das Criaturas Mágicas sobre as diferentes raças de Sereianos... sinceramente, o que foi que deu no Hagrid pra nos dar redação?! Ele nunca faz isso!
- Exigência do Ministério da Magia - disse Hermione, simplesmente. - Mas se vocês já tivessem feito isso, poderiam tirar folga hoje. Hoje vocês varam a noite.
- Obrigado, senhorita Eu-Bem-Que-Avisei - resmungou Rony.
- A gente podia ajudar - disse Tiago, e Remo ergueu os olhos para o amigo. O que ele estaria tramando agora?
- Ajudar como? - perguntou Harry, esperançoso.
- O negócio é o seguinte... a gente pode fazer algumas das suas redações, por exemplo, a dos animagos, os doze usos do Sangue de Dragão e a dos Sereianos a gente tira de letra. Isso é, se os dois irritadinhos aqui concordarem - acrescentou ele, lançando um olhar cansado para Sirius e Remo.
Remo levantou os olhos, pensando... se ele não estava enganado, os doze usos do Sangue de Dragão haviam sido descobertos por Dumbledore. Ele não era ruim em História da Magia, e os bruxos mais importantes da História era um assunto interessante. E animagos... bah. Sem comentários. Remo olhou para Sirius, e os dois concordaram com a cabeça.
- Claro que - disse Sirius, calmamente, com a cara mais cínica do mundo. - eu não trabalho de graça...
- Interesseiro - disseram Remo e Tiago ao mesmo tempo, revirando os olhos.
- Depende de quanto - disse Rony. Hermione deu um muxoxo alto e escondeu a cara no livro.
- Vamos ver... três sicles cada redação? - disse Tiago.
- Parece justo pra mim - concordou Sirius. - Apesar de ainda estar meio barato demais...
- Vocês são loucos - disse Remo, tornando a olhar para o livro à sua frente. - Eu não cobro nada.
- Fechado - disseram Harry e Rony ao mesmo tempo. Pareciam aliviados de terem se livrado de pelo menos metade das redações. - Mas têm que fazer direito, entenderam?
- Claro - disseram eles, com ar de sabe-tudo.
- Duvido que alguém vá conseguir notas melhores que vocês depois que a gente fizer essas redações - disse Sirius.
- Eu aposto qualquer coisa que a Mione vai conseguir - disse Rony em tom casual, servindo-se de mais ovos e bacon.
Ah, garoto, você não devia ter dito isso, pensou Remo. Prendeu a respiração, ergueu os olhos devagarinho de um texto sobre Ermenegildo, o Esquisitão, e olhou para Sirius e Tiago. Estes, como ele previra, pareciam ter sido profundamente afrontados, e Sirius tinha um brilho perigoso nos olhos azuis.
- O que você tá TENTANDO insinuar, moleque?! - disse ele num rosnado muito parecido com o do Sinistro, e Rony olhou para ele de olhos arregalados. - Você quer dizer que essa garota é melhor do que a gente?!
- Sem querer soar metida, eu acho que sou, sim - disse Hermione suavemente, pousando o garfo ao lado do prato. Sirius e Tiago a fuzilaram com os olhos, mas ela não pareceu sequer abalada.
- Tá certo, então! - disse Tiago, ficando de pé e batendo as mãos na mesa. Hermione olhou para ele pendendo a cabeça para o lado, Rony parecia ter finalmente percebido a besteira que tinha feito e Harry olhava para Tiago com cara de desgosto. - Diz aí: o que é um Quintípede, senhorita sabe-tudo?
- O Quintípede - disse ela em voz alta se levantando também, parecendo ultrajada - é um animal semelhante a uma aranha caranguejeira, mas é muito maior e muito mais perigoso do que uma simples aranha. Possui cinco pernas e é coberto por pêlos grossos e castanho-avermelhados, e é encontrado na ilha de Drear, perto da Escócia, e por isso essa ilha foi tornada imapeável.
Hermione retomou o fôlego e disparou a falar de novo; Sirius e Tiago olhavam para ela de um jeito esquisito.
- Diz a lenda que a ilha de Drear já foi povoada por duas famílias bruxas, os McClivert e os MacBoon. Certa vez ocorreu uma luta de bêbados entre os chefes dessas duas famílias, e o chefe dos McClivert morreu. Segundo a lenda, os McClivert cercaram a casa dos MacBoon e transformaram cada membro dessa família em seres monstruosos de cinco pernas, mas o feitiço acabou virando contra o feiticeiro, pois os MacBoon haviam se tornado muito mais fortes e perigosos do que antes. Assim, os MacBoon transformados caçaram e exterminaram todos os McClivert e, sem ninguém que pudesse usar uma varinha e destransformá-los, ficaram assim para todo o sempre. Por essa razão, também, o Quintípede é chamado de MacBoon Peludo. SATISFEITOS?!
Quando ela parou de falar, estavam todos em silêncio. Rony e Harry pareciam espantados demais para abrir a boca, Tiago a olhava com aquele olhar totalmente ameaçador por cima dos óculos e Sirius havia cruzado os braços, provavelmente para não fazer nenhuma besteira com eles, como por exemplo, esganar aquela metida. Remo ergueu a mão vagarosamente.
- Eu... posso acrescentar uma coisa à explicação do Quintípede? - ele perguntou, e no segundo seguinte desejou que tivesse ficado com sua grande boca fechada.
- NÃO!! CALA ESSA BOCA!! - gritaram Hermione, Sirius e Tiago ao mesmo tempo, e Remo rapidamente se escondeu atrás de seu livro outra vez.
- Tá certo, menina, então nós te desafiamos - disse Tiago. - Vamos ver QUEM consegue as melhores notas nessas redações!
- Valendo um galeão pra cada vencedor - acrescentou Sirius, e Remo não pôde evitar murmurar "Mercenário de meia tigela".
- Fechado! - rebateu Hermione sem pensar duas vezes.
Os três se apertaram as mãos e sentaram de novo, como se nada de anormal tivesse acontecido. Na verdade, aquela pequena discussão parecia ter apagado de vez o "incidente dos canários" da cabeça de Sirius e Tiago, que agora conversavam normalmente.
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***SIRIUS***
Rony ainda não havia saído completamente de seu estado de choque por ver Hermione se rebelar daquele jeito, quando chegaram as duas pessoas que faltavam para que o "grupo" ficasse completo.
- Oi, gente - disse Gina, sorridente, enquanto se sentava ao lado de Harry. Todos devolveram-lhe o "oi".
A esquisita da Sibila veio atrás e se sentou ao lado dela. Muito estranho. O que dera naquelas duas para estarem amiguinhas de repente? Hm... comportamento suspeito. Nota mental: tomar muito cuidado. Complô entre mulheres já lhe rendera uma semana de ala hospitalar uma vez.
- Ei, Gina, por que você demorou tanto? - perguntou Rony na mesma hora.
- Eu tava escrevendo uma carta - disse ela, se servindo.
- Pra quem?
- Pra alguém.
- Que alguém?
- Não interessa! - disse ela, irritada, jogando a torrada no prato. Sirius se surpreendeu com a rapidez com que ela mudava de humor. - Por que você está sempre me vigiando?! Eu não sou mais bebê, sabia?!
- Acontece que eu sou o seu único irmão mais velho que sobrou aqui em Hogwarts, então eu vou te vigiar SIM! - retrucou Rony imitando a irmã.
Sirius prendeu a respiração e os outro fizeram o mesmo. Ele olhou devagarinho para Gina e logo percebeu que Rony estava condenado. Ela tinha cara de quem poderia transformar o irmão em um mosquito e esmagá-lo com as pontas dos dedos. Decididamente Rony sempre dizia a coisa errada, na hora errada...
- Ronald Weasley... - Gina rosnou, e se levantou de um pulo. - Você tá ferrado!
Rony (assim como Sirius, que estava ao lado dele) se encolheu ligeiramente na cadeira quando Gina fez menção de chutar a própria cadeira para longe e contornar a mesa para arrancar-lhe os olhos, mas antes que ela conseguisse sair do lugar, Harry e Sibila já haviam se apressado a segurá-la pelos ombros e fazê-la se sentar de novo.
- Weasley, sossega! - disse Sibila, ríspida e parecendo levemente alterada pela impertinência de Gina. - Que criancice!
- Chega, "Kathie" - disse Harry, olhando feio para ela. - E você, Gina, segura a onda! Você tá muito irritadinha ultimamente.
- Me larguem! - disse Gina, se soltando, meio vermelha e evitando olhar para Harry. - Vocês não mandam em mim.
Gina voltou sua atenção para o prato quase intocado à sua frente e decidiu continuar a comer. Rony parecia ter entrado em outro estado de choque; provavelmente meia dúzia de canários assassinos, mais os "ataques" de Hermione e de Gina, era mais do que a cabeça dele conseguia processar num começo de manhã.
Remo e Hermione haviam se protegido por trás de seus livros e pareciam querer fingir que não tinham visto nem ouvido nada. Tiago olhava de Harry para Gina (ambos constrangidos) de um jeito meio calculista, e Sirius achava que sabia o que se passava na cabeça dele.
É... parecia que tanto pai como filho tinham ruivas traçadas em seus destinos.
Nota da Autora: DESCULPA, gente! ^.^'' Eu sei que eu sou horrível, mas agora estamos de volta, calma! Respirem fundo... Dessa vez eu escrevi esse capítulo com o "Animais Fantásticos e Onde Habitam" aberto do lado do computador! -_-" Sem comentários... ah... esse foi o capítulo mais doido que eu já escrevi!! XDDD Tá muito tumultuado, cruz-credo.
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Para Helena: Aquela musiquinha é a coisa mais tosca que eu já vi na minha vida! XD Espera até a Manu ficar sabendo que eu usei a música dela de verdade... eu tinha contado, mas acho que ela não acreditou muito em mim ^^'
Para Mariana: Changalinha? Ahahahahahahaha, essa eu nunca tinha ouvido! Acho que ninguém gosta dela, mesmo, hein? Hehehe. Ah, olha... seu brigadeiro me deixou com água na boca! ^.^"
Para Estrela Cadente: Ô meu Deus... eu acho que vocês vão ficar decepcionados, mas a Gina não gosta do Sirius nem ele gosta dela desse jeito que vocês querem. U_U' Excuta... eu vi sua BIO, e parece que você ama o Draco, né? ^^ (Eu tambééém!!) E você também gosta de Rony/Mione! Por que você quer que a Mione sofra? Tadinha dela... mas eu também gosto de Remo/Mione; talvez eu faça isso... mwahaha. ^__^
Para Laís: Ih... *se esconde atrás da cadeira* Não me estrangule! Eu sou jovem demais! XP Desculpa aí... eu sentia que ia ter gente que ia ficar de mal comigo por causa do alarme falso ^^" Mas a preguiça foi porque eu tava sem vontade nenhuma de pensar. Eu, hein, depois daquelas provas matadoras, eu queria era férias pra minha "kbça" ^_^ Mas, aqui estamos, certo?
Para Tathi: Eu quero que o Snape acabe com a raça deles e vice-versa, quero só ver a confusão que isso vai dar! ^_____^ Já imaginou o Snape tirando ponto deles e chamando de "americanos imbecis"? Ah, nenhum deles vai deixar por isso mesmo... e o Draquinho vai ser muito maaaaau quando aparecer.
Para Ameria Asakura: A musiquinha existe! E como existe, é uma das preferidas dela ^_^ Ah, a música original não tem muita diferença não, a única coisa que muda é em vez de 'escova de dente' é 'patinete'. Só que bruxo não usa patinete, então... aliás, eu também acho que a Cho é chinesa, eu só escrevi 'japonesa' porque o Sirius não sabe se ela era uma ou outra. Aí, generalizando, ele falou que ela era japa.
Para -------------: Sabe... eu concordo com você. U_U Porque eu já vi muito leitor (homem) fanático por fanfic, e uns dos meus escritores favoritos são garotos/rapazes/homens/sei lá. Mas o negócio é que muitos têm vergonha (machismo, mesmo) de dizer que lêem ou de escrever, e assim, tem mil vezes mais escritorAs e leitorAs do que escritorEs e leitorEs. Eu acho isso um absurdo, também, mas... fazer o quê ^_^" AH! Na verdade, todos os reviews são anônimos XD Não, sério mesmo... eu não conheço ninguém que me manda reviews ^_^
Para Sett: n_n" Com uma apelação dessas, aposto que até minha mãe se convencia XD Sua CAF deve ser séria mesmo... eu já sofri muito disso, sabe, eu quase arrancava os cabelos quando os fanfics não eram atualizados por meeeses. Mas uma curiosidade: o que é H/L (desculpa minha ignorância, mas... sabe como é ^_^)? E eu também adoro minha Sibila! Ela é completamente diferente da Sibila original, mas isso aqui não é pra ter tanta coerência assim.
Para Manoela Wood: Oi! Desculpinha ^^"""" Mas era só pra pedir um tempo... mas acho que agora eu saí do meu surto de Inuyasha U_u" Beem... quase, né. Então, agora vamos ver se eu consigo escrever em dia!
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***TIAGO***
Ah, isso é que era vida. Manhã de sábado, deitado, sem fazer nada. Não tinha nada mais confortável do que ficar à toa, ouvindo o silêncio da manhã enquanto se enrolava no cobertor. Repetindo: isso é que era vida.
Que vida chata.
Tiago se levantou, colocou os óculos e abriu as cortinas ao redor de sua cama. Olhou ao redor do dormitório: pelo visto não tinha ninguém acordado, ainda. Os roncos de Sirius eram acompanhados por roncos ainda mais altos, vindos do lado do Neville. Se Tiago tentasse dormir de novo, com certeza não conseguiria.
Mas quem disse que ele queria? Se ele acordasse, não voltava a dormir por nada. Em outras palavras, acordava atacado. Essa era uma das desvantagens de se dividir um dormitório com Tiago Potter: ele era perigoso.
Tiago deu um sorrisinho muito maligno. Pegou a varinha de cima da mesinha de cabeceira e a fitou por um momento. O que era mesmo que o Seu Olivaras tinha dito? Mogno, vinte e oito centímetros, flexível. E o mais importante: excelente para transformações. Tiago não acreditara muito quando Olivaras lhe dissera, mas depois de anos usando-a não tinha como discordar; mesmo que ele não se esforçasse nada nas aulas de McGonnagall, ele quase sempre se dava bem nas provas.
Ele girou a varinha velha de guerra entre os dedos, pensando. O que seria mais... digamos, impactante? Transformá-los em Papais Noéis já era muito batido; o truque da pele azul também já tinha sido usado. Uma coisa que realmente irritasse...
- Já sei - sussurrou Tiago para si mesmo, e saiu devagarzinho da cama. - AAAH! Que diabos é isso?! - disse, tentando não gritar e dando um salto.
Quase pisara em alguma coisa verde e pegajosa no chão, que pulsava ligeiramente. Lembrava um tipo de órgão interno nojento que tinha sido arrancado pra fora à força, e agora tinha criado vida própria. A coisa verde emitiu um barulho longo e grave parecido com um "coach". Ah, mas aquele troço ia ver só uma coisa.
- Sai daqui, seu sapo dos infernos! - sibilou Tiago mirando um chute no sapo, que saiu zunindo pela janela. Tiago deu de ombros e resolveu seguir com seu plano.
- O que pensa que está fazendo?
Ele deu um salto e se virou rapidamente para a voz. Aquele sujeito, o Harry, abrira a cortina da própria cama e olhava para Tiago com óbvia desconfiança por trás dos óculos. Tiago levou a mão aos cabelos, sem-graça.
- Eu... eh... nada, ué, só ia olhar se o céu ainda tava azul - ele disse de uma vez, em voz baixa para não acordar os outros, enquanto se chutava mentalmente. Que desculpa mais idiota!
- Que desculpa mais idiota! - disse Harry no mesmo tom, e Tiago ergueu uma sobrancelha. Era só o que faltava, telepatia. - Você não espera que eu caia nessa, né?
- Ah, tá legal, eu sou péssimo pra inventar desculpas, quem é bom nisso é o Rabicho - suspirou Tiago em sua derrota. - Mas eu não tava fazendo nada de muito... hã... cruel.
- Imagino - disse Harry com um sorriso que dizia com todas as letras "Sua vida está em minhas mãos, moleque". - Vai dizer o que você ia fazer, ou quer que eu estrague tudo?
- Você me lembra a Lílian, vocês dois são uns estraga-prazeres - disse Tiago estreitando os olhos. Pensou ter visto o outro titubear, mas não deu atenção. - Muito bem, você vai ver... você se livrou do seu destino dessa vez, garoto. Só fica quieto no seu canto e observe o gênio aqui trabalhar, falou?
- Vê lá o que você vai fazer, "gênio".
Tiago ergueu a varinha acima da cabeça e disse "Avis!". Meia dúzia de pássaros amarelos e chilreantes saíram voando alvoroçados da ponta da varinha, e Harry olhou para Tiago como se ele fosse retardado.
- "Esse" é seu plano brilhante? Canários?! - sibilou ele, se abaixando para evitar um dos pássaros que dera um rasante em sua cabeça. - Do jeito que você falava parecia uma coisa muito mais inteligente!
- Fica quieto, seu leigo! - retrucou Tiago, ainda com a varinha no ar. - Presta atenção e vê se aprende.
Dizendo isso, ele apontou a varinha rapidamente para cada uma das camas de colunas ao redor do dormitório (exceto a sua e a de Harry), mandando cada um dos pássaros disparando para dentro das cortinas de veludo. Harry olhou para aquilo, interessado, e Tiago prendeu a respiração, esperando...
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***SIRIUS***
Ele estava sonhando um sonho muuuito esquisito. Ele estava num labirinto de paredes amarelo-ovo, e de vez em quando um coelho branco de colete passava por ele dizendo "é tarde, muito tarde!". Tinha um cogumelo gigante vermelho e branco, com pernas e braços minúsculos, que o seguia e dizia "Você está perto... não, não, não é aí... volte, seu incompetente. Isso, agora você está usando a cabeça... ESQUERDA, idiota!" Sirius estava quase perdendo a paciência e mandando o tal cogumelo pro inferno, quando sentiu bicadas dolorosas na ponta do nariz.
Ele abriu os olhos de supetão e logo viu o que lhe provocava dor: um... passarinho?
- Sai daqui, seu penoso imbecil - rosnou ele dando um safanão no pássaro e mandando-o para longe do seu nariz.
Sua cabeça latejava e rodava com aquele sonho esquisito, mas ele não teve muito tempo pra pensar; vários berros e baques surdos podiam ser ouvidos ao redor do dormitório. Ele abriu as cortinas de sua cama, rapidamente.
- O que...?! AAAAH, SAI DE MIM, BICHO DO CAPETA!!! - berrou ele dando um soco na ave que estivera bicando sua cabeça sem dó nem piedade.
O canário bateu no chão e deu tempo a Sirius de ver o que estava acontecendo. Pelo visto não tinha sido só ele a ser acordado por bicadas insistentes; ele viu Neville se engalfinhando com um pássaro particularmente violento no meio do quarto, e parecia estar levando a pior.
Simas e Rony tentavam acertar outros dois com livros e travesseiros. Rony eventualmente acertou, sem querer, uma livrada na cabeça de Simas, o que lhe rendeu uma travesseirada violenta na nuca que o mandou voando na direção de uma mesinha-de-cabeceira, e os dois pássaros ficaram livres para acertarem seus alvos novamente.
Remo estava tentando capturar um outro com seu chapéu de bruxo, mas o canário era rápido demais e sempre se esquivava. Quando, finalmente, ele conseguiu prender a ave, ela furou o fino tecido do chapéu com o bico afiado e continuou atacando furiosamente.
Dino tentava enfeitiçar um último canário, mas, não acertando, resolveu partir para a agressão: atirava despertadores, sapatos e mesmo uma bola de futebol trouxa no bicho, que parecia tentar acertar a "área proibida".
Sirius não conseguiu prestar atenção por muito mais tempo, pois o passarinho que ele acertara recobrara a consciência e disparara de novo em direção às suas canelas.
- Escolheu o alvo errado, cara! - disse Sirius e tentou dar um chute no bicho, mas não conseguiu e acabou acertando o pé da cama. Uivando de dor, ele pegou o travesseiro o mais rápido que pôde e o colocou na frente do rosto para impedir que seus olhos fossem furados pelo bico do canário.
Foi então que um ataque duplo de risadas ecoou pelo quarto. Dando uma travesseirada no pássaro que o mandou zumbindo pela janela, ele se virou para ver quem estava rindo.
- POTTER!!! - ele gritou, se referindo aos dois garotos quase idênticos que rolavam de rir no chão, mas lembrou que Tiago, aqui, não era Potter. - Ah--- WINDHAM!! SEUS FILHOS DA MÃE!!!
- O quê?!! - exclamou Remo, prendendo a ave que tentava furar sua barriga debaixo dos cobertores grossos da cama e segurando com força. - Isso é coisa de vocês!?
- Vocês, não! - corrigiu Harry, se controlando e apontando para Tiago. - Isso é coisa DELE.
- Tá legal - ofegou Rony dando uma livrada no passarinho mais próximo, que caiu inconsciente no chão. - PEGUEM ELES!!!!
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!! - berraram Tiago e Harry, quando os seis vieram pra cima deles, como cães de guarda.
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***SIBILA***
Quando Sibila acordou, encontrou o dormitório vazio. Nem sinal de Hermione ou daquelas duas esquisitas que haviam ficado fofocando até tarde da noite. Vestiu uma das vestes novas de dentro do malão e desceu, esperando que não tivesse muita gente àquela hora.
E não tinha. Só alguns alunos de primeiro ano, Gina, que estava a um canto escrevendo alguma coisa, e Hermione ao lado dela, com um gato laranja horroroso nos braços. Sibila chegou perto delas.
- Vamos, Gina, pra quem você tá escrevendo? - dizia Hermione, curiosa, tentando fazer Gina mostrar o pergaminho.
- Ninguém, Mione, ninguém - retrucou Gina, fazendo um gesto de impaciência com a pena e respingando tinta na cara do gato. - Ih, foi mal, Bichento.
Bichento, o gato laranja horroroso, não pareceu gostar nem um pouquinho, deu um silvo alto e pulou do colo de Hermione para o chão, indo se refugiar numa poltrona bem longe delas. Mas Hermione nem ligou pra ele.
- Gina, por que você não me mostra? Que segredo todo é esse, agora?!
- Mione, me deixa, vai tomar o café, os meninos estão te esperando. É melhor você estar lá pra separá-los se eles tentarem se matar de novo...
- Mas e você?
- Depois eu vou - disse Gina, se curvando sobre o papel e fazendo os cabelos longos esconderem o que quer que estivesse escrevendo. - Vai, tchauzinho.
Hermione suspirou, resignada, e, pegando alguns livros em cima da mesa, girou nos calcanhares e deu de cara com Sibila. Esta lhe lançou um sorrisinho "inocente" que fez Hermione tremer e sair quase correndo para o buraco do retrato, desaparecendo de vista.
- O que está escrevendo? - disse Sibila, se manifestando.
- Ah, oi! - disse Gina erguendo os olhos, surpresa. Parecia não ter percebido a presença de Sibila ali. - Eu estou escrevendo pros meus irmãos.
- Ah, aqueles? - disse Sibila, sentando numa cadeira perto dela.
- É - confirmou Gina em voz baixa. - Fred e Jorge. Mas a Mione não ia concordar com isso, por isso que eu não contei pra ela.
- Hum... e vai me contar o que está escrevendo? - insistiu Sibila.
- Claro, cúmplice. Olha aí - disse Gina, com um sorrisinho, dando um ponto final na carta e passando para Sibila, que pegou e leu com uma sobrancelha levemente erguida. A letra dela era mais desleixada do que a de Sibila (que era insuportavelmente redondinha, ela admitia), mas bem legível.
"Queridos Jred e Forge,"
- Os nomes deles não eram Fred e Jorge?
- Eram, não, "são". Mas é uma longa história. Esquece, vai lendo.
"Queridos Jred e Forge,
Vocês não vão acreditar no que está acontecendo! Tem quatro estudantes de intercâmbio aqui na escola, o Paul, o Gary, o Daniel e a Kathie. Sim, muito estranho. Mas este domingo a gente vai a Hogsmeade, e lá eu explico melhor. O negócio é o seguinte.
Eu queria que vocês nos ajudassem a preparar algumas, digamos, armadilhas para a Galinha. Acho que vocês sabem de quem eu estou falando: "aquela" Cho Chang. Pois é, e eu queria que vocês nos ajudassem - a mim e à Kathie (não pergunte) - a tirar aquele sorrisinho falso da cara dela. Vocês podem separar uns "artigos" especiais pra gente? Alguma coisa bem humilhante. Eu pensei naquela caixinha de maquiagem, vocês ainda têm?
Aí vocês guardam direitinho pra amanhã, e não contem pra ninguém. Ninguém mesmo. Eu e a Kathie vamos aí, pegamos e pagamos. NÃO CONTEM PRA NINGUÉM! Sacaram?
Beijos da sua melhor irmã,
Gina"
- E aí? - perguntou Gina, ansiosa. - Será que ficou bom?
Sibila ergueu os olhos para ela, e viu Gina mordendo o lábio inferior, incerta. Sibila empurrou os óculos para cima, pois já estavam quase caindo da ponte de seu nariz, e devolveu o pergaminho a ela.
- É - disse ela, fazendo pouco-caso. - Ficou razoável.
- Ótimo! - disse ela, sorrindo e dobrando o pergaminho cuidadosamente. - Agora a gente tem que pegar uma coruja. Será que eu podia pegar a Edwiges do Harry emprestada?... AI!
Uma bolinha penosa tinha entrado zunindo pela janela atrás de Gina, e passado raspando ao lado de sua orelha. Sibila se esquivou quando a bolinha veio em sua direção e Gina pulou da cadeira. Os alunos do primeiro ano, meio distantes, olharam assustados para elas.
- Pichitinho! - exclamou ela, de olhos arregalados. - Vem aqui!
"Pichitinho"? Que raio de nome era aquele? E aquela bolinha tinha nome? Bem, tivesse ou não tivesse, a bolinha deu meia-volta em pleno ar e disparou para as mãos de Gina, piando alegremente. Espera aí.
- Essa coisa é uma coruja?! - perguntou Sibila, incrédula.
- É claro que sim! É do Rony, meu irmão - retrucou Gina, abrindo as mãos e mostrando uma corujinha minúscula com os olhos maiores do que a cabeça, que piava feito doida. - É, acho que ele vai servir. Segura pra mim.
E colocou a coruja na mão de Sibila, que a segurou desajeitada, sem saber se podia fazer força ou não - e se ela partisse a coruja no meio?! Enquanto isso, Gina enrolava sua carta e pegava uma fita de dentro do bolso. Pichitinho começou a pular na palma da mão de Sibila, que teve de segurá-lo com mais firmeza para Gina conseguir amarrar o bilhete na perna dele. Mal ela deu um nó na fita, Sibila soltou Pichitinho e ele saiu voando de novo, animadíssimo, pela janela aberta.
- Que bicho esquisito.
- É, ele é assim mesmo. E aí, vamos descer pra tomar café?
- Não me misturo com meros mortais.
- Ah, deixa disso - disse Gina impaciente, puxando Sibila pelo pulso.
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***REMO***
Eles haviam acabado de chegar ao Salão Principal e se sentado à mesa da Grifinória. Tinha bem pouca gente nas mesas àquela hora da manhã; provavelmente estava todo mundo sonhando com cogumelos gigantes. Mas os grifinórios à mesa estavam bem mal-humorados para uma manhã tão agradável.
Remo, Sirius e Rony haviam se sentado de um lado da mesa, e Tiago e Harry correram a se sentar do lado oposto. Enquanto isso, Simas e Dino, a algumas cadeiras à esquerda, lançavam-lhes olhares assassinos, e Neville parecia um tanto quanto nervoso.
- Que brincadeira mais idiota - resmungava Remo, se servindo de ovos fritos.
- Mereciam um castigo muito pior - disse Rony antes de beber seu cálice de suco de abóbora de um gole só.
- Acho que estar num "país diferente" tá afetando a sua cabeça, "Gary" - rosnou Sirius, ainda irritado.
- Ah, audácia da carrapeta, vocês ficaram ofendidinhos demais! - disse Tiago, ainda esfregando a cabeça dolorida de tantos golpes que levara.
- É isso aí, foi só uma brincadeira! - acrescentou Harry, que estava com um dos olhos roxo. - Vocês quase me deixaram cego! Nunca ouviram dizer que não se bate em alguém de óculos?
- Foi só consertar seus óculos depois.
- Eu tô falando do vidro que podia ter entrado nos meus olhos!
- Ah, isso? Detalhes, detalhes.
- Será que vocês esqueceram das varinhas?! Pareciam um bando de trouxas!
- Vamos, meninos, acalmem os ânimos, Mione chegou! - disse a garota de cabelos cacheados, alegremente, enquanto se sentava ao lado de Remo.
- Grande coisa - murmurou Rony. - Cadê a Gina?
- Ela disse que vem depois, e antes que perguntem, a Sibila tava com ela e em paz. E aí, o que pretendem fazer hoje? - perguntou Hermione abrindo um livro e apoiando-o na jarra de suco. Remo imediatamente resolveu esquecer dos malditos passarinhos e tentou ler o livro de Hermione de longe. Mas ela não gostou. - Eu não gosto que leiam por cima do meu ombro, "Daniel"!
- Mas é crueldade abrir um livro perto de mim e não querer que eu fique curioso!
- Então toma esse - disse ela, tirando um outro livro do colo e entregando a ele. Remo viu Sirius, Tiago e Rony revirarem os olhos, mas os ignorou. Abriu o livro no início e imitou Hermione, apoiando-o na jarra de leite.
- E aí, vão me responder? - perguntou Hermione, com os olhos no livro. - O que pretendem fazer hoje?
- Eu tenho que aproveitar e fazer aquele monte de redações que eu deixei pra depois - suspirou Harry. - Se amanhã não fosse Hogsmeade, eu adiaria de novo.
- É, eu acho que também vou ter que fazer isso - disse Rony, olhando desanimado para seu mingau de aveia. - Uma redação de Transformações sobre animagos, uma de História da Magia sobre os bruxos mais importantes de TODAS as épocas da História, uma de Defesa Contra as Artes das Trevas sobre os doze usos do Sangue de Dragão, uma de Poções sobre Venenos, OUTRO diário mensal de sonhos para Adivinhação, uma de Trato das Criaturas Mágicas sobre as diferentes raças de Sereianos... sinceramente, o que foi que deu no Hagrid pra nos dar redação?! Ele nunca faz isso!
- Exigência do Ministério da Magia - disse Hermione, simplesmente. - Mas se vocês já tivessem feito isso, poderiam tirar folga hoje. Hoje vocês varam a noite.
- Obrigado, senhorita Eu-Bem-Que-Avisei - resmungou Rony.
- A gente podia ajudar - disse Tiago, e Remo ergueu os olhos para o amigo. O que ele estaria tramando agora?
- Ajudar como? - perguntou Harry, esperançoso.
- O negócio é o seguinte... a gente pode fazer algumas das suas redações, por exemplo, a dos animagos, os doze usos do Sangue de Dragão e a dos Sereianos a gente tira de letra. Isso é, se os dois irritadinhos aqui concordarem - acrescentou ele, lançando um olhar cansado para Sirius e Remo.
Remo levantou os olhos, pensando... se ele não estava enganado, os doze usos do Sangue de Dragão haviam sido descobertos por Dumbledore. Ele não era ruim em História da Magia, e os bruxos mais importantes da História era um assunto interessante. E animagos... bah. Sem comentários. Remo olhou para Sirius, e os dois concordaram com a cabeça.
- Claro que - disse Sirius, calmamente, com a cara mais cínica do mundo. - eu não trabalho de graça...
- Interesseiro - disseram Remo e Tiago ao mesmo tempo, revirando os olhos.
- Depende de quanto - disse Rony. Hermione deu um muxoxo alto e escondeu a cara no livro.
- Vamos ver... três sicles cada redação? - disse Tiago.
- Parece justo pra mim - concordou Sirius. - Apesar de ainda estar meio barato demais...
- Vocês são loucos - disse Remo, tornando a olhar para o livro à sua frente. - Eu não cobro nada.
- Fechado - disseram Harry e Rony ao mesmo tempo. Pareciam aliviados de terem se livrado de pelo menos metade das redações. - Mas têm que fazer direito, entenderam?
- Claro - disseram eles, com ar de sabe-tudo.
- Duvido que alguém vá conseguir notas melhores que vocês depois que a gente fizer essas redações - disse Sirius.
- Eu aposto qualquer coisa que a Mione vai conseguir - disse Rony em tom casual, servindo-se de mais ovos e bacon.
Ah, garoto, você não devia ter dito isso, pensou Remo. Prendeu a respiração, ergueu os olhos devagarinho de um texto sobre Ermenegildo, o Esquisitão, e olhou para Sirius e Tiago. Estes, como ele previra, pareciam ter sido profundamente afrontados, e Sirius tinha um brilho perigoso nos olhos azuis.
- O que você tá TENTANDO insinuar, moleque?! - disse ele num rosnado muito parecido com o do Sinistro, e Rony olhou para ele de olhos arregalados. - Você quer dizer que essa garota é melhor do que a gente?!
- Sem querer soar metida, eu acho que sou, sim - disse Hermione suavemente, pousando o garfo ao lado do prato. Sirius e Tiago a fuzilaram com os olhos, mas ela não pareceu sequer abalada.
- Tá certo, então! - disse Tiago, ficando de pé e batendo as mãos na mesa. Hermione olhou para ele pendendo a cabeça para o lado, Rony parecia ter finalmente percebido a besteira que tinha feito e Harry olhava para Tiago com cara de desgosto. - Diz aí: o que é um Quintípede, senhorita sabe-tudo?
- O Quintípede - disse ela em voz alta se levantando também, parecendo ultrajada - é um animal semelhante a uma aranha caranguejeira, mas é muito maior e muito mais perigoso do que uma simples aranha. Possui cinco pernas e é coberto por pêlos grossos e castanho-avermelhados, e é encontrado na ilha de Drear, perto da Escócia, e por isso essa ilha foi tornada imapeável.
Hermione retomou o fôlego e disparou a falar de novo; Sirius e Tiago olhavam para ela de um jeito esquisito.
- Diz a lenda que a ilha de Drear já foi povoada por duas famílias bruxas, os McClivert e os MacBoon. Certa vez ocorreu uma luta de bêbados entre os chefes dessas duas famílias, e o chefe dos McClivert morreu. Segundo a lenda, os McClivert cercaram a casa dos MacBoon e transformaram cada membro dessa família em seres monstruosos de cinco pernas, mas o feitiço acabou virando contra o feiticeiro, pois os MacBoon haviam se tornado muito mais fortes e perigosos do que antes. Assim, os MacBoon transformados caçaram e exterminaram todos os McClivert e, sem ninguém que pudesse usar uma varinha e destransformá-los, ficaram assim para todo o sempre. Por essa razão, também, o Quintípede é chamado de MacBoon Peludo. SATISFEITOS?!
Quando ela parou de falar, estavam todos em silêncio. Rony e Harry pareciam espantados demais para abrir a boca, Tiago a olhava com aquele olhar totalmente ameaçador por cima dos óculos e Sirius havia cruzado os braços, provavelmente para não fazer nenhuma besteira com eles, como por exemplo, esganar aquela metida. Remo ergueu a mão vagarosamente.
- Eu... posso acrescentar uma coisa à explicação do Quintípede? - ele perguntou, e no segundo seguinte desejou que tivesse ficado com sua grande boca fechada.
- NÃO!! CALA ESSA BOCA!! - gritaram Hermione, Sirius e Tiago ao mesmo tempo, e Remo rapidamente se escondeu atrás de seu livro outra vez.
- Tá certo, menina, então nós te desafiamos - disse Tiago. - Vamos ver QUEM consegue as melhores notas nessas redações!
- Valendo um galeão pra cada vencedor - acrescentou Sirius, e Remo não pôde evitar murmurar "Mercenário de meia tigela".
- Fechado! - rebateu Hermione sem pensar duas vezes.
Os três se apertaram as mãos e sentaram de novo, como se nada de anormal tivesse acontecido. Na verdade, aquela pequena discussão parecia ter apagado de vez o "incidente dos canários" da cabeça de Sirius e Tiago, que agora conversavam normalmente.
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***SIRIUS***
Rony ainda não havia saído completamente de seu estado de choque por ver Hermione se rebelar daquele jeito, quando chegaram as duas pessoas que faltavam para que o "grupo" ficasse completo.
- Oi, gente - disse Gina, sorridente, enquanto se sentava ao lado de Harry. Todos devolveram-lhe o "oi".
A esquisita da Sibila veio atrás e se sentou ao lado dela. Muito estranho. O que dera naquelas duas para estarem amiguinhas de repente? Hm... comportamento suspeito. Nota mental: tomar muito cuidado. Complô entre mulheres já lhe rendera uma semana de ala hospitalar uma vez.
- Ei, Gina, por que você demorou tanto? - perguntou Rony na mesma hora.
- Eu tava escrevendo uma carta - disse ela, se servindo.
- Pra quem?
- Pra alguém.
- Que alguém?
- Não interessa! - disse ela, irritada, jogando a torrada no prato. Sirius se surpreendeu com a rapidez com que ela mudava de humor. - Por que você está sempre me vigiando?! Eu não sou mais bebê, sabia?!
- Acontece que eu sou o seu único irmão mais velho que sobrou aqui em Hogwarts, então eu vou te vigiar SIM! - retrucou Rony imitando a irmã.
Sirius prendeu a respiração e os outro fizeram o mesmo. Ele olhou devagarinho para Gina e logo percebeu que Rony estava condenado. Ela tinha cara de quem poderia transformar o irmão em um mosquito e esmagá-lo com as pontas dos dedos. Decididamente Rony sempre dizia a coisa errada, na hora errada...
- Ronald Weasley... - Gina rosnou, e se levantou de um pulo. - Você tá ferrado!
Rony (assim como Sirius, que estava ao lado dele) se encolheu ligeiramente na cadeira quando Gina fez menção de chutar a própria cadeira para longe e contornar a mesa para arrancar-lhe os olhos, mas antes que ela conseguisse sair do lugar, Harry e Sibila já haviam se apressado a segurá-la pelos ombros e fazê-la se sentar de novo.
- Weasley, sossega! - disse Sibila, ríspida e parecendo levemente alterada pela impertinência de Gina. - Que criancice!
- Chega, "Kathie" - disse Harry, olhando feio para ela. - E você, Gina, segura a onda! Você tá muito irritadinha ultimamente.
- Me larguem! - disse Gina, se soltando, meio vermelha e evitando olhar para Harry. - Vocês não mandam em mim.
Gina voltou sua atenção para o prato quase intocado à sua frente e decidiu continuar a comer. Rony parecia ter entrado em outro estado de choque; provavelmente meia dúzia de canários assassinos, mais os "ataques" de Hermione e de Gina, era mais do que a cabeça dele conseguia processar num começo de manhã.
Remo e Hermione haviam se protegido por trás de seus livros e pareciam querer fingir que não tinham visto nem ouvido nada. Tiago olhava de Harry para Gina (ambos constrangidos) de um jeito meio calculista, e Sirius achava que sabia o que se passava na cabeça dele.
É... parecia que tanto pai como filho tinham ruivas traçadas em seus destinos.
