DISCLAIMER: Sabe, uma vez eu disse que possuía Harry Potter, que a J. K. Rowling era uma fajuta e que os livros eram meus. Mas até eu convencer aqueles advogados com cara de dementadores que era tudo brincadeirinha, levou um certo tempo. Não tentem isso em casa.

N/A: ME DESCULPEM!! *implora pelo perdão de seus leitores* Eu sou uma pecadora!! Deixei vocês esperando por tanto tempo... *se debulha em lágrimas* Mas é que eu tava atochada até o pescoço de provas, nem chegava perto do PC, e depois o dito-cujo quebrou. Ah, é uma história complicada. Me compreendam ^^" ~ Ah... e eu prefiro Dudley a Duda. E thestrals a testrálias ou seja lá o que for. Fiquem avisados.

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QUANTOS REVIEWS!! O__O *embasbacada* Nisso que dá demorar... ¬¬"

Para Estrela Cadente: *ahem* Quantas perguntas... vamos ver... eu não vou fazer Sissi/Xô, fique tranqüila ^^ (Sissi, hahahaha), a Sibila tá totalmente OOC, eu admito, mas eu viajei quando fiz ela... e sabe, tem um motivo pelo qual o Sevvie existe, é pra fazer da vida dos Potter um Inferno! XD Que mais? Ah! O Draco vai ser MUITO mau, eu não vou chegar a matar a Chang, mas nada impede uma tortura, e eu não POSSO reviver o Sissi! Por mais que eu queira, eu já fiz uma trama no início da história em que o futuro do Harry é um fruto do que eles passassem naquela semana...

Para Helena-Black: Passou uns dois dias até que alguém me mandou review ^^ acho que o FF.net tava meio doido. Ah, você tá rindo porque não viu a cena que se formou dentro da minha cabeça quando eu escrevi isso... XDD Eu tô ficando cada vez pior! Pobre Seboso! E quanto ao futuro deles: você vai ver.

Para Angelina Granger: O_O *boiando* Não entendi... o que é "bués"? ^^" Hehe, mas brigada pelo review, de qualquer forma!

Para Ameria Asakura Black: ^_^" Hehehe... eu nunca pensei que causasse esse efeito nas pessoas. Espero que seja um bom sinal! Que doideira...

Para Laís: Calma! O FF.net também não tinha me avisado do seu. No final, você acabou sendo uma das primeiras, mesmo ^^ E quanto ao seu fic de D/Hr, eu já dei uma olhada, tá muito bom, continue!

Para Kakal Black: Meu humor é escrachado? XD Essa é nova! Eu não sabia disso. Mas que bom que você gostou, brigada pelos elogios! ^^ Eu posso dizer que os caps que eu mais gostei de escrever foram o 16 e o 19...

Para Tathi: Nossa O_o Eu nunca tinha ouvido essa história. Eu não pretendo matar o Seboso, tadinho... apesar de tudo, eu gosto dele (agora me diz, *como* alguém pode gostar do Snape?! Só eu mesmo. E os outros pottermaníacos pelo mundo afora).

Para --------------: Ou você resolveu deixar reviews com outro nome, ou faz tempo que você não deixa review aqui, mesmo! ^^ E eu demoro porque eu tô cheia de trabalho, prova e o diabo a quatro lá na escola pra fazer, e quando eu tenho tempo eu fico um tempão pensando antes de digitar. Sabe, quando a gente fica olhando pra tela do computador "viajando"? Então. Pra desenhar é a mesma coisa... eu bóio tanto...

Para Hermione Potter: Você não é impaciente... bom, talvez um pouquinho ^^ Mas até aí, eu também sou, oras. Mas eu sou demorada, mesmo, eu não posso fazer nada! Tenha mais paciência, please ^^"

Para Karen13: É, o Harry tá vendo como é agradável ter o pai dele por perto ^_^ Mesmo que o Tiago seja um metido a besta, não tem como NÃO gostar dele. Claro que isso não impede umas discussõezinhas básicas de vez em quando... ¬¬" E o Fred e o Jorge são tão terríveis quanto os Marotos! Se não forem piores.

Para Deby Padfoot: As idéias surgindo no pé, ahahahaha! Como eu ri quando eu li isso...

Para Juliana: 'Brigada! ^_^ E pode deixar, que eu vou continuar essa minha fic até o fim! *determinada* Vai ser uma looonga jornada... vocês ainda vão ter que ter muita paciência comigo! Ah, sim – a Cho vai desejar nunca ter nascido. Mwhohahaha...

Para Lain Lang: É, você só vem aqui de vez em quando em vez... mas eu fico muito feliz que você ainda goste da minha fic (mesmo que tenha parado de ler!)

Para Luisa: Ah, Harry/Gina ainda só tá começando! É que eu muito sutil, sabe... cof, cof... não, mas sério, vai vir aos pouquinhos. Mas eu já coloquei algumas pistas aqui e ali, ao longo da fic! E, ah! eu não respondi sua última review porque você escreveu depois de eu já ter postado o capítulo! É que o FF.net deu uns problemas aí e parecia que eu não tinha atualizado. Mas tinha!

Para Patty E.: Hã... e o que vão ser? Chaleiras? *sorri insolentemente* Brincadeirinha! Mas pode deixar, eu não vou falar (muito) mal do Tiago, porque, por incrível que pareça, eu também amo ele! E eu sinto que o Snape vai perder completamente a moral em Hogwarts depois da Macarena... que maldade XD

Para Thaissi: Mas a Gina não tem uma quedinha pelo Sirius... é só amizade! Eles só se entenderam melhor do que os outros, no início. Ele gosta da Cho (argh) e ela gosta do Harry. E eu não SEI fazer coisas profundas... _ É o meu fraco! Buááá!!

Para Bru: A Lily e o o Sebby?? Por mais que a idéia me agrade, eu não ia ter neurônios pra fazer isso (e dar um sentido à história)... mas eles dois, e mais uma pá de gente, vão aparecer na continuação dessa fic, que eu pretendo fazer ^^

Para July: Claro que vou ^^ Sabe que seu nick é meu apelido? ^o^" (que nada a ver, ahahahaha)

Para Keshi Toshimasa: Eu não posso negar que comecei a rir com a sua review... na parte do "um abuso de poder" ^^ Muito obrigada pelos elogios! (eu adoro isso XD) E quanto à musiquinha do Remo... agora eu fiquei curiosa! Você pode mandar pro meu e-mail?

Para Lily Dragon: Oi, Luisa! ^_^ Brigada! Esses reviews realmente fazem meu dia ^^ E sobre o próximo capítulo... esse tá pronto – o outro, só Deus sabe -_-"

Para elwen: Deixa eu ver se eu entendi, você não tava conseguindo mandar review? ^^" Eu comecei a rir quando li sua review, também (eu rio muito, praticamente me descabelo) E fique tranqüila, que a Cho vai sofrer, se depender de mim. Ah, vai.

Para Adriana Black: Meu Deus @_@ Eu demorei pra entender o que você quis dizer! É uma idéia muito louca, mas eu não tenho capacidade mental pra fazer isso ^^" Eu me desdobro pra conseguir fazer essa daqui ter sentido, imagina com esse rolo todo. E – o Sirius e a Cho tá mais ou menos feito, mas não tem futuro... mas Harry/Sibila e Tiago/Gina, eu nunca tinha pensado nisso O_o O Tiago gosta da Lílian (se bem que, claro, a Lílian e a Gina se parecem)! E eu duvido que alguém goste da Sibila, tadinha ^^ Mto brigada pela review!!

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***REMO***

Ele estava tendo um sonho tão calmo... com luas minguantes e camarões gigantes... também tinha uma garota de olhos grandes e fixos que falava com voz de barítono, mas... enfim. Quando se divide um dormitório com Tiago Potter, a peste em forma de gente, você tem que se submeter a esse tipo de coisa. Que coisa? Digamos, acordar transformado em galinha.

- PONTAS, DESSA VEZ EU TE MATO!!! – gritou Sirius, pulando em cima de Tiago (que ria de se acabar), em sua forma de coelhinho saltitante. Cor-de-rosa. Tiago soltou um grito e saiu do alcance de Sirius, quase tropeçando em Dino, o leitão.

Remo se olhava, distraidamente, no espelho, já acostumado com aquele tipo de coisa. Até que aquela varinha era mesmo boa pra transformações, ele estava uma galinha perfeita. Tinha até a crista. Só que era estranho ouvir sua voz sair de um bico.

Entrementes, Harry, o esquilo, e Simas, a fuinha, ajudavam Sirius a correr atrás de Tiago, que pulava por cima das camas, indeciso entre o riso e os berros.

- Mas o que significa isso? – perguntou a voz de Hermione, e Remo se virou para ver a garota parada, com Gina e Sibila, na porta do quarto. Agora, sim, ele se sentia ridículo. Patético. Por que Hermione tinha que vê-lo naquele estado?!

- Não deixem ele fugir! – grasnou Rony, em sua forma de marreco, também correndo desengonçado atrás de Tiago. Gina e Sibila arregalaram os olhos e começaram a rir, enquanto Hermione fazia cara de "Hein...?!".

- SEGURA ELE! – Harry gritou para as duas, quando Tiago correu em direção à porta, tentando fugir. Gina e Hermione, num movimento rápido se jogaram em cima dele e o derrubaram no chão com um THUMP.

- Eu acho que não, baby – disse Hermione, numa voz letal, que fez até Remo ficar com medo (mulheres eram assustadoras!). Tiago arregalou os olhos.

- Me larga, eles vão me matar! – gritou o garoto, se debatendo, mas as duas o mantinham pregado no chão, enquanto Sibila só observava, divertida.

- Não acho que matar você seja o suficiente – disse Remo, batendo as asas e pousando na cabeça dele. Os outros, que já vinham avançando pra atacar Tiago, pararam para ouvir. – Tenho uma idéia melhor... pagar com a mesma moeda.

- A mesma moe...? NÃÃOO!! – berrou Tiago, chutando e se debatendo mais ainda. Se Remo tivesse lábios naquele momento, ele sorriria maldosamente.

- O que vocês acham de um Poodle? – perguntou ele, inocentemente, aos outros, que concordaram veementemente com a cabeça, rindo, mas só mas só Sirius riu diabolicamente. Ambos sabiam que Tiago tinha recordações... um tanto... constrangedoras com o Poodle da tia. Ele tinha horror a Poodles.

Tiago com certeza também se lembrava disso, e tanto esperneou que se soltou de Gina e Hermione, jogou Remo longe e saiu correndo pela porta do dormitório. Os garotos hesitaram em sair daquele jeito, então Gina foi na frente, dizendo "Deixa comigo". Alguns instantes e um "ARGH" depois, ela voltou com um filhote de Poodle, branco, de laço vermelho em volta do pescoço, nas mãos.

- Riam, idiotas, podem rir – disse Tiago, sua voz soando engraçadíssima ao sair de um cachorrinho fresco como aquele, enquanto todos os outros rolavam de rir. Gina quase não conseguia segurá-lo direito, de tanto que se sacudia com suas risadas.

- Finite Incantatem – disse Hermione, se engasgando, e todos os garotos voltaram à forma humana. Menos Tiago, que olhou para ela, chocado.

- EI! E eu?! Vocês não pretendem me deixar assim, não é?? – guinchou ele, arregalando seus olhos de Poodle.

- Aaaah, imagina o SUCESSO que você ia fazer com as cachorrinhas lá de Hogsmeade – disse Gina, afagando a cabeça dele, com voz de tatibitate, ainda rindo de leve. Tiago rosnou.

- Ei! – disseram Rony e Harry ao mesmo tempo, indignados.

- Pára de abraçar esse cara! – disse Harry, meio vermelho.

- É, Gina, solta esse vira-lata, que eu tô mandando! – ordenou Rony, irritado.

- Ih... o que é isso, ciúmes? – perguntou Dino, sorrindo maldosamente, de sobrancelhas arqueadas.

- O QUÊ?! É claro que não!! – exclamou Harry, ficando ainda mais vermelho, e Tiago se deitou no colo de Gina, lançando-lhe um olhar triunfante. Harry franziu a testa. – Mas ele tá me provocando!

- Ah, deixem de besteira, vocês dois – disse Gina, rindo. – Não é como se ele gostasse de mim, ou vice-versa, ele é só um cachorrinho fofinho agora – e, dizendo isso, abraçou-o com força. Rony se empertigou e arrancou Tiago das mãos dela.

- Me solta ou eu te mordo! – ameaçou Tiago, e Rony (com cara de repulsa com a idéia de ser mordido por Tiago) jogou-o em cima de Sirius, que o jogou em cima de Remo, que o empurrou para cima de Simas, que o atirou para Neville. – Ei, parem com isso, eu não sou uma bola de vôlei! AAAAH! – gritou ele, quando Neville o lançou de qualquer jeito a Hermione.

- Mas os garotos são tão bobos, viu – ela suspirou, conjurando um laço vermelho e colocando-o em volta do pescoço de Tiago. – Olha só! Não é um perfeito cachorrinho de madame?

- Vocês vão me pagar quando eu voltar ao normal – rosnou Tiago, não parecendo nada ameaçador debaixo de todo aquele pêlo felpudo e com aquele rabo de pompom.

- Eu te aconselharia a não abrir a boca, Gary – disse Simas, enquanto eles saíam em bando pelas escadas. – Você não vai querer estragar sua imagem, não é? Quem vai respeitar um Poodle de lacinho?

Tiago rosnou, mas aparentemente, resolveu seguir o conselho. Será que, se Remo pedisse a Dumbledore, ele deixaria a lembrança de Tiago naquela forma em sua cabeça?

- Onde foi que vocês arranjaram esse cachorrinho tããão meiguinho? –perguntou Lilá quando eles passaram pelo Salão Comunal para irem para o café da manhã. A garota se ajoelhou e começou a afagar a cabeça de Tiago.

Remo, Sirius e os outros garotos olharam, abobalhados, um batalhão de garotas cercarem Tiago, fazendo carinho e o abraçando. E ele, com certeza, estava gostando muito da atenção. Vira-lata sem-vergonha! Ele estava fazendo mais sucesso instantâneo naquela forma de poodle do que já fizera como apanhador da Grifinória em dia de jogo!

- Ei, ei, podem soltar – disse Dino, se embrenhando naquela mata feminina e tirando Tiago (já sem o laço e com o pêlo todo amarrotado) lá do meio. – Se quiserem mexer no Ladislau, vão ter que pegar senha!

Remo se engasgou, e Harry e Neville começaram a rir. Ladislau?! Que espécie de nome sem pé nem cabeça era aquele?! Hermione se segurou para não rir, ao seu lado. Tiago olhou indignado para Dino e tascou-lhe uma mordida na mão.

- AAAAAAHHHHHH!!! – berrou o garoto, jogando Tiago longe e desatando a soprar a mão. – Seu sarnento!! Se tiver me passado raiva, vai se ver comigo!!

Tiago baixou as orelhas e rosnou ameaçadoramente. Dino levantou as sobrancelhas, surpreso. De repente, Tiago partiu pra cima de Dino, latindo que nem um doido (ele levava jeito pra coisa), e o garoto soltou um grito agudo e disparou pelo Salão Comunal, com o "Poodle" em seus calcanhares.

- E ele parecia tão mansinho... – comentou uma garota do sétimo ano, observando interessada à perseguição. Remo só deu de ombros.

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***SIRIUS***

Sirius mal e mal colocou meia torrada na boca, de tão nervoso e ansioso que ele estava. Parecia que seu estômago estava cheio de pedras de gelo, e ele não conseguia sentir a mínima fome. O tempo, todo, ele se virava na cadeira para correr os olhos pelo Salão Principal, tentando avistá-la naquele mar de gente.

- Procurando sua namoradinha? – perguntou a voz de Gina, atrás dele, e Sirius se virou de volta para vê-la fitando-o do outro lado da mesa. Sibila, ao seu lado, segurava uma xícara de chá nas mãos e a girava, olhando-a fixamente, enquanto murmurava coisas sem sentido.

- Quer dizer que a Senhorita Weasley voltou a falar comigo? – perguntou ele, com um sorriso, sendo respondido com um olhar estreito de gelar os ossos. – Tudo bem, tudo bem, esquece o que eu disse... e, respondendo à sua pergunta, sim. Eu estou procurando a Cho.

- Não se preocupe, ela não faltaria a um encontro com o grande "Paul Mussel", não acha? Vai ser ótimo pro currículo dela – disse Gina, em tom frio, levando sua xícara de chá à boca. Sirius revirou os olhos. O que aquela garota tinha contra a Cho? Ela era tão... angelical!

- Só tome cuidado pra ela não ficar mais encantada com o Ladislau do que com você – disse Remo, casualmente. Tanto Sirius como Tiago soltaram rosnados caninos, fazendo Remo rir.

Depois do que pareceram horas para Sirius (e que haviam sido apenas alguns minutos), todos se dirigiram ao Saguão de Entrada. Demorou alguns instantes até que Sirius encontrasse aquele par de olhos orientais, mas tão logo o havia feito, se apressou a ir ao seu encontro.

- AH, Mussel! – disse Cho, com um sorriso mais radiante que as estrelas e uma voz mais musical que qualquer orquestra. Ah, ótimo... quando é que ele tinha se tornado tão poético?! E nem era um bom poeta! – Eu estava te procurando!

- Ahn... pode me chamar de Paul – disse Sirius, sentindo-se estranhamente tímido. Controle-se, Black!, ele disse a si mesmo, asperamente, Não é como se você nunca tivesse ido a Hogsmeade com uma garota antes. Seja você mesmo e ela não resistirá aos seus encantos!

- Tudo bem... Paul – riu ela, corando um pouco. Hesitante, ela segurou a mão de Sirius (quase fazendo-o ter uma parada cardíaca) e o puxou para a porta de entrada. – Então, vamos?

Lançando um último olhar a Remo e Tiago/Ladislau (Remo fez um gesto com as mãos, como se dizendo "Vá em frente", e Tiago apenas latiu, não podendo fazer outra coisa em suas condições), Sirius seguiu a garota e deixou que ela o conduzisse até a fila para saírem. Passaram por Filch, que parecia realmente abatido, com "aquela" gata (agora azul-petróleo) assustadora nos calcanhares, e foram para o lado de fora, onde as dezenas de carruagens sem cavalo esperavam.

- Você sabe o que faz essas carruagens se mexerem, Paul? – perguntou Cho, olhando distraidamente para o lado de fora da carruagem, depois de eles terem partido e seguirem para Hogsmeade.

Sirius se lembrava de algo sobre cavalos alados invisíveis, mas achou melhor agir como um estudante estrangeiro que não sabia de nada e disse que não. Cho deu um pequeno sorriso.

- Thestrals – ela disse, ainda olhando para fora. – Hagrid, nosso professor de Trato das Criaturas Mágicas, nos falou sobre eles. São como esqueletos de cavalo, com asas grandes parecidas com as de morcego... eu não sei muitos detalhes, já que eu nunca vi um.

- Ah, eu sei... parece que só quem consegue vê-los são aqueles que já viram uma pessoa morrer, não é? – disse Sirius, lembrando que Remo podia enxergá- los, mas não o disse.

- Isso mesmo. Harry consegue ver os Thestrals, ele me contou uma vez – disse Cho, num sussurro, baixando os olhos para as mãos. Sirius arregalou os olhos. Aquele garoto tinha visto uma morte?!

- Hã... – disse Sirius, pensando em algo para falar.

- Ele viu Você-Sabe-Quem matar o Cedrico – ela disse, subitamente, com a voz meio embargada. Sirius viu que ela estava com os olhos cheios de lágrimas, e se desesperou. Que ótimo! Ele nunca soubera o que fazer quando uma mulher começava a chorar.

- Quem... eh... era Cedrico? – perguntou ele, incerto. Para Voldemort tê-lo matado, devia ser alguém no mínimo importante.

- Ah, ele foi meu namorado no ano retrasado – murmurou Cho, lágrimas caindo livremente de seus olhos, e Sirius entrou em pânico de vez.

- Ah, n-não chore! – exclamou ele.

Sirius agradeceu aos céus que não tivesse mais ninguém na carruagem com eles, ou ele tinha certeza de que iria pagar um belo mico. Sabia que estava ridículo, vendo aquela moça linda e maravilhosa, que parecia gostar dele, chorar na sua frente pela morte de seu ex-namorado. Ah, tenha dó! Mas tinha que acalmá-la, agora, e não censurá-la. Seja gentil com as mulheres, Black, ele pensou, pegando o lenço impecável que ele guardava para emergências em seu bolso, e entregando-o a ela.

- Vamos, não precisa chorar – disse ele, quando ela pegou seu lenço e enxugou suas lágrimas nele, soluçando silenciosamente. – Quer... hã... conversar sobre isso?

- N-não, é melhor eu esquecer dessas lembranças tristes – murmurou ela, sorrindo levemente para ele, ainda secando delicadamente as lágrimas. Ela se aproximou, vagarosamente. – Obrigada, Paul. Você é um anjo... nunca conheci alguém gentil como você.

Tá legal, agora seus rostos estavam muito perto um do outro. MUITO perto. Ela estava fazendo o que ele achava que ela estava fazendo??! Sirius arregalou os olhos quando a viu fechar os dela e fazer beicinho. Como assim?! Era ELE que devia fazer o primeiro movimento!

Bah, pensou ele, fechando os próprios olhos e se inclinando, às favas com as regras. A ordem dos tratores não altera o viaduto, já dizia Lílian Evans.

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***TIAGO***

- Quer ficar quieto, Ladislau?! Assim eu não consigo ajustar a sua coleira!

Tiago lançou a Hermione um olhar mortal, mas não ousou abrir a boca para reclamar enquanto ela regulava aquela tortura jugular trouxa que ela chamava de "coleira". Os trouxas não tinham mais o que inventar, mesmo. Ele quase morria sufocado toda hora que tentava se afastar! Mas não podia virar pra ela e gritar, "Ô garota, tira essa porcaria do meu pescoço AGORA ou você vai sentir a cólera de Tiago Potter quando eu voltar à minha forma escultural e máscula!".

Não, ele não ousava fazer aquilo com todo aquele povo ao seu redor; eles reconheceriam sua voz e espalhariam por toda a escola que Gary Windham tinha sido transformado em Poodle. E em Poodle Mini-Toy, como Gina o chamava. Seria motivo de piada até a sexta-feira seguinte. E ele queria fazer de tudo para ser respeitado ao máximo durante sua estada naquele tempo.

- Assim, bom menino – disse ela, afagando sua cabeça e colocando-o no chão. Ele estava se sentindo extremamente ridículo. Seus MUI amigos tinham sumido no meio de Hogsmeade e o abandonado nas mãos daquela garota, que – só agora ele percebera - era completamente pirada.

- Aaaaahhh, deixa eu segurar o Ladislau um pouquinho, Mione! – implorou uma garota do quinto ano, de cabelos cacheados, até muito bonitinha. Mas o que estragava era aquela coisa de "Ladislau". Ladislau é o caramba, sua filha de uma p...

- Claro, Jenny – disse Hermione, sorrindo e passando o cordão da coleira para a menina, que fez um barulhinho extremamente agudo que fez os agora- sensíveis tímpanos de Tiago se despedaçarem. Jenny se ajoelhou e, num gesto rápido, abraçou-o com força, quase fazendo seus olhos saltarem pra fora das órbitas.

- Aaaah, sabe o que a gente podia fazer?? – exclamou Jenny, rodopiando com o pobre Tiago nos braços. – A Madame Rosmerta, do Três Vassouras, sabe, tem uma cadelinha Poodle, quem sabe o Ladislau e ela não se entendem?

Tiago arregalou os olhos até não poder mais, em estado de choque. Tinha vontade de gritar "O QUÊÊÊÊÊÊÊ~~~??!!", sem ligar a mínima para o que os outros alunos iriam pensar, mas sua voz também parecia ter ficado paralisada. Aquela... aquela... garota... estava querendo que ele... acasalasse com um cachorro??! Mas nem morto!!

Mas ele não contava com a recém-descoberta maluquice de Hermione Granger. A garota o olhou de um jeito apavorante, até mais do que àquela hora em que ela e Gina o haviam jogado no chão, e sorriu. Tiago sentiu um frio correr por sua espinha de cachorro.

- Ora, e por que não? – disse ela, com voz suave. – Ele já é praticamente adulto, mesmo. Ele tem que descarregar toda essa energia acumulada, certo, Ladislau?

Os sentidos subitamente voltaram a Tiago; com um rosnado, ele meteu os dentes no braço (mas sem fincar, pois ele não tinha intenção nenhuma em sentir gosto de sangue) da tal de Jenny – que soltou um grito mais agudo do que o humanamente possível e o atirou em cima de Hermione.

- Tira... tira esse... esse MONSTRINHO da minha frente!! – guinchou a garota, histérica, segurando o braço "mordido" com a outra mão, e saiu correndo, berrando pros sete ventos que ela tinha sido infectado por um vira-lata pulguento.

- Pulguento é o escambau, minha filha! – latiu Tiago, no colo de Hermione, agora que não havia ninguém mais por perto. Virou-se para a garota, irritado. – E você! Que idéia BIRUTA foi aquela de querer me fazer... fazer acasa... ARGH! – exclamou ele, sem conseguir se obrigar a terminar a frase, enojado com a cena que se formara em sua cabeça.

- Foi só uma brincadeira, Tiago – disse Hermione, revirando os olhos, como se fosse óbvio. Tiago piscou várias vezes, pasmo. Definitivamente, ela sabia fingir muito bem.

- Hã... tá... que seja! – retrucou Tiago, profundamente aliviado. – Mas agora, quer me transformar em gente de novo??

- Não, eu não quero – disse Hermione, e riu ao ver Tiago abrir a boca, indignado. – Mas tudo bem... você já sofreu o suficiente. Se prometer que não vai mais pregar aquelas peças bestas de manhã, eu te destransformo.

- Vocês são uns chatos, se quer saber – murmurou Tiago, mas concordou.

Hermione sorriu triunfante, tirou a coleira do pescoço dele, colocou-o no chão e agitou a varinha. Um segundo depois, o chão parecia bem mais longe para Tiago. Até que enfim, pensou ele, aquela coisa de andar em quatro patas era cansativa.

- Aaaahhh, meu corpo, eu amo você, ser gente é uma bênção! – disse ele, abraçando a si mesmo, e Hermione riu. – Vamos, corpinho, me leve até onde aqueles amigos-da-onça estão!

E seus pés o levaram até a Dedosdemel, que continuava igualzinha à última vez que Tiago estivera ali, em sua época; as prateleiras cirurgicamente organizadas, os doces enfileirados, a multidão desenfreada... e lá estavam eles, no fundo da loja, examinando Palitos de Dente de Todos os Sabores Bertie Botts. Tiago se virou para Hermione, colocou um dedo em cima da boca (em sinal de silêncio) e se esgueirou para trás deles.

- É claro, eles tinham que inovar, mas... – dizia Remo, olhando criticamente para a caixinha de palitos. – Sinceramente, isso é idiota.

- Pois eu não acho! – exclamou Rony, entusiasmado, pegando umas três caixinhas de palitos de uma só vez. – É prático! Enquanto você está palitando os dentes, você pode sentir o gosto de morango, maçã verde, ovos mexidos, ou mesmo de---

O garoto se virou para trás, dando de cara com Tiago, e soltando um grito esganiçado. Tiago abriu um sorriso malvado ao ver que Rony, Harry e Remo haviam ficado ligeiramente brancos ao vê-lo.

- Que tal o gostinho da vingança? – sugeriu Tiago, ainda sorrindo cruelmente. Hermione deu de ombros e os ultrapassou, indo vasculhar as prateleiras de doces. – Ou da vitória? Ou poderia ser o gosto amargo da derrota, o que escolhem?

- Ahn... Você voltou ao normal, Pontas, meu chapa! – exclamou Remo, com um sorriso amarelo, dando tapinhas nas costas de Tiago, e recebendo um olhar gelado em troca. – Aaaahhh, "Gary", você não levou aquela brincadeirinha sério, não foi?

- Na verdade, não – disse Tiago, rindo, voltando à sua expressão normal, fazendo os três suspirarem aliviados. – O que vocês têm aí, eu tava ouvindo... são palitos?

- Palitos de Dente de Todos os Sabores! – anunciou Rony, animado, jogando uma caixinha nas mãos do garoto. – É o mais novo lançamento da Bertie Botts, sabe, pra variar um pouco dos feijões. São ótimos! E muito práticos, como são compridos, duram mais e podem ser usados também para se espetar bonecos de vodu...

- Ele tá sendo pago pra fazer propaganda? – perguntou Tiago, em voz baixa, para Harry, enquanto Rony continuava tagarelando sem parar.

- Não, ele só tem um parafuso meio solto, mesmo – retrucou Harry, se virando para a prateleira e pegando um dos itens enfileirados. – Diabinhos de Pimenta! Acho que vou mandar um desses pro Dudley!

- Quem é Dudley? – perguntou Tiago, desconfiado.

- Ah... quem?... É... hã, ele é meu primo – disse Harry, fazendo um gesto displicente com a mão, tentando fugir do assunto. – Mas, pensando melhor, eu não tô com vontade de gastar meu dinheiro com ele. Olha! Cachos de Barata!

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***SIBILA***

Gina conseguiu enganar Lilibeth e Feuza, dizendo que elas se encontrariam "dali a pouco" no Três Vassouras, e ela e Sibila se apressaram a sumir no meio da multidão de Hogsmeade.

- Eu não gosto de fazer isso com elas – suspirou Gina, cruzando os braços. – Mas elas podem ser muito abelhudas quando querem. E fofoqueiras. Não podemos deixar que alguém descubra o que vamos fazer.

- Mas afinal, onde é que fica essa loja dos seus irmãos? – perguntou Sibila, já impaciente. E ansiosa. Queria ver logo o que ela ia usar primeiro pra tirar aquele sorrisinho besta da cara da Chang!

- Por aqui! – disse Gina, animada, guiando-a pelo povoado cheio de gente. – Você vai ver, a loja deles é tudo de bom! Você vai adorar aqueles do...

Gina parou de falar bruscamente, fez cara de sofredora e cobriu o rosto com a mão. Quando Sibila perguntou o que era, ela simplesmente apontou para o outro lado da rua. Sibila ergueu as sobrancelhas.

Simplesmente parecia que setenta por cento dos alunos de Hogwarts estava aglomerado, fazendo barulho e tentando se infiltrar numa loja – que quase não se podia ver direito, exceto por uma placa cor-de-laranja no alto: Gemialidades Weasley.

- Aaaah, não – exclamou Sibila, assustada, olhando para Gina de olhos arregalados. – Você não tá me querendo dizer que é "ali" que a gente vai ter que entrar.

- Infelizmente, sim – suspirou Gina, olhando desanimada para a multidão se acotovelando, chutando e distribuído mordidas pra poder entrar na loja. – Deve ser por causa daquela nova invenção deles, uma pena que escreve sozinha.

- Escreve sozinha?

- Sim, mas só o que ela quer – resmungou Gina. – Eu me dei muito mal na prova escrita de Herbologia quando eu a usei, porque eu achei que ela podia me dar as respostas, sabe... no final, tudo o que a caneta fez foi escrever obscenidades sobre a professora e me chamar de bobotúbera de cabeça de fogo. Esse povo todo vai levar uma bela surpresa...

- Diz uma coisa... – começou Sibila, levantando nas pontas dos pés pra ver se via a porta. Ora, tudo bem, ela era baixinha! – Você não pode chamar seus irmãos aqui fora?

- Não, eles não vão me escutar com essa zona, temos que entrar – disse Gina, pegando a mão de Sibila e puxando-a para o meio da confusão.

Algumas cotoveladas, dois chutes, quatro pisões no pé e uma dedada no olho depois, as duas conseguiram alcançar o balcão da loja. Ambas estavam descabeladas e cansadas, mas, principalmente, muitíssimo irritadas. Principalmente, com aquele garoto idiota que as tinha derrubado no chão e passado por cima. Sibila olhou para cima e viu, entalhada numa plaqueta de madeira, o aviso: "Esta loja possui um Feitiço Contra Ladrão. Se levarem sem pagar, os artigos se voltarão contra você – e você não vai gostar disso. Não mesmo." Quase não dava pra ver mais nada da loja, a não ser o teto, onde estavam penduradas galinhas de borracha, aviõezinhos de papel e outras coisas aparentemente comuns.

- Jorge, eu queria levar essa Dentadura Dançante aqui – pediu uma garota de cabelos pretos logo ao lado de Gina, segurando uma caixinha colorida com o desenho de uma dentadura com chapéu e bengala, sapateando.

Um momento depois, um rapaz de cabelos vermelhos tão vivos quanto os de Gina, sardento e vestido de azul-escuro, emergiu de detrás do balcão, sorridente.

- Dois galeões, Loren – disse ele, ao que a moça atirou-lhe duas moedas de ouro e saiu dali o mais rápido que pôde, claramente agoniada com aquele aperto.

- Jorge! – exclamou Gina, sem fôlego, agarrando a manga da veste dele quando ele não a ouviu na algazarra. – Ei!

- Mas o que... ah, oi, Gina! – saudou o rapaz, bagunçando ainda mais os cabelos dela. – Achávamos que não viesse mais.

- É, muito trânsito – disse ela, sarcástica. – Vamos, cadê aquilo que vocês me prometeram?!

- Ei, Jorge, me atende!

- Jorge, quanto custa isto aqui?!

- Isso causa alergia, Jorge?

- Ah, é duro ser gostoso – suspirou Jorge, correndo a abrir a portinhola de debaixo do balcão, para Gina e Sibila passarem, e fechando-a rápido para os outros fregueses fanáticos não invadirem. – Vão lá pra dentro da loja, o Fred está organizando os pedidos... você é a tal de Kathie? – acrescentou ele, olhando para Sibila.

- É, pode-se dizer que sim – disse Sibila, e, com um aceno de mão, ela e Gina já tinham entrado por uma porta aos fundos, justo quando alguém acertou a cabeça de Jorge com um queijo suíço.

Dava para respirar bem melhor naquele lugar, Sibila constatou, aliviada, olhando ao redor. Era uma sala espaçosa e iluminada, com várias caixas amontoadas, com "Mexericas Mexeriquentas", "Flautas de Hamelin" e "Almas Penadas" escrito em vermelho, prateleiras cheias de pacotes coloridos de "Varinhas Falsas", e um espantalho em tamanho real que tinha um aspecto um tanto ameaçador. A um canto, havia uma escrivaninha de madeira polida onde uma cópia de Jorge estava sentado, cheio de pergaminhos, penas e tinteiros espalhados à sua frente.

- Eu não fui feito pra fazer contas – ele estava resmungando, quando as duas irromperam na sala, o fazendo erguer a cabeça, abrir um sorriso ao ver a irmã e se apressar a levantar daquela escrivaninha dos infernos. – Ora essa, minha discípula mais querida! Estava esperando você.

- É, eu sei, Jorge me contou – disse Gina, alegremente, ajeitando os cabelos "disfarçadamente", ao que Sibila já a estava imitando.

- E você é...? – perguntou Fred, olhando para Sibila.

- Kathie Whisp – disse Sibila, inventando um sobrenome rapidamente, estendendo a mão, que Fred apertou, olhando curioso para ela.

- Engraçado, você parece a morcega velha da Trelawney – comentou ele. – Principalmente os óculos maiores que a cara.

- Coméquié??! – gritou Sibila, corando de raiva, vendo Gina sufocar um risinho. Que atrevimento daquele sujeito! – Pro seu governo, Cabeça de Fósforo, o que eu tenho é miopia aguda!

- Calma, calma – disse Gina, tentando acalmá-la, lutando contra as risadinhas que brotavam de seus lábios. – Não precisa fingir pro Fred. Ele vai ficar de boca fechada, certo? – ela acrescentou, olhando significativamente para o irmão.

- Talvez, se vocês me contarem – retrucou Fred, dando de ombros.

- O negócio é o seguinte...

E Gina começou a contar em detalhes tudo o que acontecera – do ponto de vista dela, claro –, desde quando ela encontrou Sirius falando com o professor Moody (a única parte que interessou Sibila) até a parte em que Sibila e ela haviam se unido para acabar com a Chang.

- Espera, espera, pára tudo – disse Fred, erguendo as mãos e interrompendo o discurso de Gina. – Você quer dizer... que o pai do Harry, o Sirius e o professor Lupin estão andando por Hogsmeade??

- Basicamente, é isso sim – confirmou Gina, sorrindo.

- Por mais que isso seja ridiculamente impossível... - começou Fred, ao que Gina abriu a boca para protestar, - ... eu posso até acreditar. Mas só se você os trouxer aqui, porque eu quero ver com meus próprios olhos.

- Hã... - disse Gina, olhando para Sibila, incerta. – O que você acha?

- Por que não? – disse Sibila, dando de ombros. – Aposto que aqueles três e os seus irmãos se entenderiam muito bem.

- Mas é por isso que eu não tô muito certa se devemos – insistiu Gina, olhando de esguelha para Fred, que sorriu inocentemente. – Eles podem colocar Hogwarts abaixo se juntarem suas mentes criminosas.

- Vamos, Gina, não pode ser tão ruim – disse Fred, animado. – O máximo que pode acontecer é eles explodirem um banheiro... ou transformar o lago em gelatina.

- Tá, tá, que seja! – exclamou Gina, impaciente. – Se não me engano, a gente veio aqui pra buscar nossa encomenda. Do resto a gente cuida depois. Vocês separaram o que eu pedi?

- Bem, na verdade, o fizemos com o maior zelo possível para nossa querida e mui amada irmã – disse Fred, dramaticamente, levantando uma caixa do chão (que dizia "Xô-Chang") e pousando-a cuidadosamente em cima da escrivaninha. – Tomamos a missão de coração, dedicamos horas em pesquisas, tudo para agradá-la. Vasculhamos toda a loja à procura de artigos perfeitos, verificamos nossos arquivos, fizemos uma varredura no estoque---

- 'Brigada, Fred, vocês são um amor – disse Gina, revirando os olhos e sorrindo ao mesmo tempo. – Podemos continuar?

- Ah, mas esses jovenzinhos de hoje são muito impacientes – resmungou ele, pegando a varinha e tocando na caixa, fazendo com que os barbantes que a lacravam desaparecessem. – Muito bem. Olha, a gente tava pensando o que você podia fazer a Cho usar sem que parecesse muito suspeito – disse Fred,– Então, teriam que ser artigos femininos ou unissex. Como a gente disse na carta, aqui tem o Perfume Titillandus – um vidrinho de perfume sofisticado, com um líquido rosa-choque –, os Brincos da Agonia – um par de brincos dourados e azuis, grandes e enfeitados – e a Maquiagem-Armadilha – um estojo de maquiagem cheio de acessórios.

- Assim... só por curiosidade, quem deu as dicas pra esses artigos, Fred? – perguntou Gina, pegando o Perfume Titillandus na mão e o observando de perto, fascinada com sua cor (era um tanto quanto hipnotizante).

- Angelina – disse ele, com um gesto displicente da mão, continuando a pegar coisas da caixa. – Você não sabe do que aquela garota é capaz de inventar... e, olha só, temos o Pente Psicopata de Cabelos Inocentes, ou PPCI como a gente gosta de chamar, estes Sapatinhos Vermelhos... conhecem a história da menina que colocou sapatos de dança e não conseguiu mais tirar, não é?... Pois é, temos essa Caneta Careta, uma nova versão do Creme de Canário, a Tesoura Psicopata de Cabelos Inocentes, a TPCI, que age junto com o PPCI, estes Doces Chama-Morcego...

E ele continuou tirando. Parecia que aquela caixa não tinha fundo, e que Fred tinha um fôlego infinito, porque não parou pra respirar sequer um momento, até o último artigo (quando ele ergueu a cabeça, inspirou oxigênio com um AAAARRRR e voltou à cor normal), uma caixinha azul-turquesa, que ele mostrou às duas como quem apresenta a explicação do Universo. Gina e Sibila simplesmente ergueram as sobrancelhas.

- O que é? – perguntaram, em uníssono. Fred revirou os olhos.

- Vocês leram a carta que a gente mandou pra vocês ontem?? – perguntou ele, exasperado. As duas balançaram a cabeça afirmativamente. – Pois é, este é o artigo que a gente desenvolveu e que está em estado de testes!

- Que tudo!! – disse Gina, imediatamente mais animada, dando um gritinho agudo. – E o que é, Fred?? Hein? Diz aí!! Mostra, vai, não faz mistério!

- Sossega o facho, Gina – disse o rapaz, desconcertado com o entusiasmo da irmã. – Este é uma material muito sensível, e deve ser manejado com todo o cuidado...

Nisso, a caixinha escorregou por seus dedos e caiu no chão, com um CRECK. Gina ergueu os olhos para o irmão, que deu um risinho amarelo.

- Nada que não possamos consertar, não é? – disse ele, sem-graça, dando um toque na caixinha com a varinha e murmurando "Reparo!". – Eu só quis fazer um suspense. Na verdade, o que quebrou foi o vidrinho – acrescentou Fred, abrindo a caixa e tirando de dentro um vidro de remédio tampado com uma rolha, com uma etiqueta escrita à mão "Sapos Sapecas". Dentro havia um pozinho esverdeado. – O que importa é o que tem dentro. Vocês devem jogar esse pó na bebida da Cho, ou na comida, ou em qualquer coisa que for pela goela dela abaixo.

- Hã... interessante – disse Sibila, olhando desconfiada para o vidrinho. – E pra que serve?

- Vou contar uma historinha pra vocês, Srta. Futura Morcega Velha – disse Fred, recolocando o vidrinho dentro da caixinha azul-turquesa, fazendo Sibila cerrar os punhos. – Vou contar em resumo, tá legal? Bem, ela começa assim... Era uma vez uma moça que morava com a madrasta malvada e a meia- irmã (tão má quanto), numa cabana no meio do bosque. Seu pai havia morrido, e ela era a moça mais gentil e bondosa do mundo.

- Típico – murmurou Gina, revirando os olhos, fazendo Sibila sorrir. – Essas mocinhas indefesas e puras me dão náuseas.

- Seu nome, digamos que era Tati, e o de sua meia-irmã, Célia – continuou Fred, sem dar atenção à irmã. – Um dia, a madrasta mandou Tati ir buscar água num poço muito distante da casa. Lá, enquanto Tati pegava água, apareceu uma senhora franzina e caquética, que lhe pediu um gole de água. Tati lhe deu de beber, sem hesitar. Acontece que essa velha era uma feiticeira disfarçada.

- Deixa eu adivinhar, é um conto trouxa – disse Gina, de sobrancelhas erguidas.

- Sim, na verdade, a gente achou isso na ala trouxa da Floreios e Borrões – disse Fred, rindo. – É uma história bem ridícula, mas me escutem e vocês vão entender.

- Pois bem, prossiga – disse Sibila, fazendo um gesto com a mão.

- E essa feiticeira, sem que Tati soubesse, lhe lançou um feitiço que faria saírem rosas e pedras preciosas de sua boca, quando ela falasse – nisso, as duas garotas caíram na gargalhada.

- Os trouxas são tão ingênuos, pobrezinhos – disse Gina, entre risadas. – Dá até dó!

- Deixem eu continuar, no final vocês podem rir à vontade! – disse Fred, de braços cruzados.

- Aaah, Fred, pára de se fingir de sério – ria Gina, tentando se controlar. Fred sorriu, mas continuou falando.

- Quando a madrasta viu o que saía da boca de Tati, fez a moça explicar como aquilo tinha acontecido, e, enquanto ela falava, a mulher ia catando as jóias que caíam no chão. Entusiasmada com a idéia de dinheiro fácil, e percebendo que a velha em questão era uma feiticeira (esperta ela, não?), a madrasta mandou Célia ir buscar água também, dizendo pra ela deixar a velhinha beber o quanto quisesse. E lá foi a Célia, resmungando e reclamando, mas foi. Chegando lá, ela não encontrou velha nenhuma, e sim uma jovem linda e elegante, que lhe pediu água. Mas Célia a chamou de folgada e disse pra ela pegar água sozinha, que ela não era empregada de ninguém. E aí, a feiticeira, vendo que a Célia era mesquinha e egoísta...

- Que querem dizer a mesma coisa... – comentou Sibila, em voz baixa, fazendo Gina rir.

-... Jogou uma praga nela, fazendo com que, toda vez que ela falasse, saíssem sapos, baratas, ratos e essas coisas nojentas e asquerosas da boca dela – terminou Fred, com um ar misterioso, erguendo a caixinha azul- turquesa diante dos olhos das duas. – Na verdade a história continua, mas só nos interessa até aí. Adivinhem o que isto aqui faz.

Sibila e Gina demoraram um instante para entenderem o que ele queria dizer, mas, tão logo compreenderam, abriram sorrisos maléficos idênticos. Aaah, era bom demais pra ser verdade!