DISCLAIMER: Aí eu penso... será que eu ia querer mesmo possuir Harry Potter? Ser J. K. Rowling? Uma das mulheres mais ricas da Grã-Bretanha, mas, ao mesmo tempo, chegar a pensar em quebrar o braço pra parar de escrever, de tanta pressão dos fãs? Eu, não. Eu me contento em esperar pacientemente que a tia Joanne escreva o próximo livro. Eu, hein? Minha vida já tem estresse que chegue!
N/A: Hogsmeade é considerado fora dos territórios da escola? Bom, pra mim é, então não reparem. Afinal, até prova em contrário, sou eu quem decide as coisas aqui Ah... e eu gosto da palavra "ianque". E ODEIO "bomba de bosta". Prefiro "bomba de esterco", não fica tão coloquial. Tá legal? "
N/A 2: Ah, e gente, aquele conto de fadas do capítulo 20 não fui eu que inventei, não... é de um livro antiiiigo da minha mãe (que eu adoro), da época em que "surpresa" ainda se escrevia com acento. O nome do conto é "O Bosque Encantado".
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Thanks to: Laís, Juliana (você foi a que mais deixou review irritado, com certeza!), Ameria Asakura Black, Helena-Black (demorei bem mais do que você esperava, hein? "), Juju Black, Mariana (quer dizer que eu fui deserdada? snif), Deby Padfoot, Lily Dragon (eu nunca soube o que é "label"... Oo Eu escrevo o título da fic em "label"), Karen13, Angelina Granger, Elwen, Adriana Black, Alicia Spinnet (claro que vou! Que dúvida... ), ------------- (I'm back, too!), Hermione Potter, Dani, Manoela Wood, nevans, Lain Lang, Kakal Black (a parte que eu mais gostei foi justamente a do coelho cor-de-rosa ) e . (o 'underline' simplesmente não aparece! O que tá acontecendo?!).
A todos que me chamaram de malvada: MUAHAHAHAHAHA!
Mais uma coisa: EU VOU FICAR MUITO TEMPO SEM INTERNET. Então, se eu demorar a atualizar, não me pressionem – mesmo porque eu vou ficar bem mais tempo sem entrar no meu e-mail, portanto, não vou saber se estão me pressionando ou não. Eu tô num humor muito estranho ultimamente, não reparem.
TIAGO
- Rony! HARRY!!
A pequena trupe de garotos parou no meio do caminho para a Dedosdemel, virando-se na direção da voz quase esganiçada de Gina. A menina, vinha correndo na direção deles, seguida por Sibila, que a ajudava a carregar uma grande caixa pelas ruas de Hogsmeade – as duas com a aparência de terem sido varridas por um vendaval, tal era o estado dos cabelos delas. As duas estavam quase botando os bofes pra fora, e tão logo os alcançaram, caíram de joelhos no chão, arquejando e largando a caixa no meio da rua. Tiago reparou que tinha alguma coisa escrita na caixa, que parecia ter sido riscado em cima às pressas, por isso ele não pôde ler.
- U... ufa! O Fred bem que podia ter colocado um feiticinho na caixa, pra ela ficar leve – disse Gina, se engasgando ao tentar falar e respirar ao mesmo tempo. – Pena que a gente não possa usar magia fora da escola... Isso que dá sair às pressas pelos fundos.
- Vocês estão bem? – perguntou Hermione, olhando preocupada para elas. – Que caixa imensa é essa?
- Negócios, negócios – ofegou Sibila, conseguindo se colocar de pé de novo e puxando Gina pela mão. – Mas a gente tava procurando vocês.
- É isso aí – disse Gina, colocando uma mão no ombro de Rony, mas olhando para Tiago e Remo. – O Fred e o Jorge querem falar com vocês.
- Fred e Jorge?? – repetiram Harry e Rony, espantados.
- Como assim, querem falar com eles? Como eles sabem que eles estão aqui?! – perguntou Harry, desconfiado.
- Gina, você andou falando o que não devia por aí?? – emendou Hermione, com as mãos na cintura.
- Hã... mais ou menos... – murmurou Gina, sem-graça. – Eles são meus irmãos, e eu sei que não vão contar pra ninguém, então por que eu não podia dizer a eles?...
Tiago olhou confuso para Remo, e este balançou os ombros, sem entender. Afinal, do que é que eles estavam falando? Aquela história de ficar de fora de tudo, sem conhecer ninguém e sem entender o que acontecia naquela época já estava ficando mais do que irritante.
- Eu me lembro desses nomes – disse Remo, com a mão no queixo.
- É, eu também – concordou Tiago, dando um soquinho na palma da mão. – Não são os gêmeos que fugiram da escola?
- É, eles mesmos – suspirou Hermione. – Péssimas influências...
- Pois então, eles abriram a loja deles aqui em Hogsmeade – disse Gina, animada. – e quando eu comentei que Tiago Potter, Remo Lupin e Sirius Black estavam aqui... ué, cadê o Sirius? – acrescentou ela, percebendo que ele não estava por perto.
- Ele tá zanzando por aí com a chinesinha – disse Tiago, dando de ombros. – A tal de Sangue.
- Chang – corrigiu Rony, com uma sobrancelha erguida.
- Ou isso.
- Humph! E quem precisa daquele metido? Ele que caia nas garras daquela víbora se quiser – bufou Gina. Tiago se perguntou se aquela menina estava gostando do Sirius; mas, logo que Gina sorriu docemente para Harry (e Tiago seguiu a direção do olhar dela para ter certeza), viu que ela não poderia gostar do amigo. Provavelmente estava era irritada com a Chang. – Harry, você sabe onde fica a loja deles, não sabe?
- Hã, sei, acho que sei – respondeu o garoto, corando ao ser pego de surpresa.
- Então vocês os levam até lá, tá? – pediu ela, dobrando as mangas das vestes e se preparando pra carregar o caixotão de novo, fazendo sinal com a cabeça para Sibila a ajudar. – A gente ainda tem que dar um jeito nisso aqui.
- Tá legal – respondeu ele, olhando incerto para as duas garotas que faziam força para levantar o objeto. – Não prefere que a gente ajude vocês?
- NÃO! – gritou a menina, quase soltando a caixa, fazendo alguns passantes olharem com ar de censura para ela.
- Preste atenção no que está fazendo, Weasley! – reclamou Sibila, irritada, tentando arrumar a caixa novamente nos braços.
- Desculpa – disse Gina, sem-graça. Depois tentou consertar o grito. – Não, não precisa, eh... a gente agüenta sozinhas, vão indo, vão indo – disse ela, nervosa, fazendo sinal a Sibila para começarem a andar. Por que elas não colocavam aquela caixa, sei lá, num carrinho de mão? Se bem que elas já eram bem rápidas daquele jeito.
- Suspeito – murmurou Remo, enquanto eles viam as duas meninas praticamente saírem correndo com a caixa nas mãos.
- Deveras – disse Rony, com ar de sábio. Hermione lhe lançou um olhar cômico, mas ele não se importou.
- Não sei... elas estavam fugindo da gente, não estavam? – perguntou Tiago, olhando para o alto. Um murmúrio de concordância seguiu suas palavras. – Então a gente não devia segui-las pra descobrir o que elas tão aprontando?
Levou um instante para Tiago perceber que estava andando sozinho, e que os outros estavam parados no meio da rua, mais atrás. O garoto ergueu as sobrancelhas ao ver que estavam os três olhando para Hermione.
- O... o que foi? – perguntou ela, olhando de um sorriso malvado para o outro. – Que caras são essas?
- Quem melhor do que nossa amiga Hermione pra um trabalho perigoso como esse? – disse Harry, sorrindo. – Afinal, não foi ela que descobriu o segredo da Câmara Secreta, ou o mistério dos sumiços do professor Lupin?
Tiago olhou para Remo.
- Que mistério? – perguntou ele, desconfiado, ao que Remo só encolheu os ombros.
- Não importa – disse Rony, afastando o assunto com a mão. – O importante é que a Mione aqui é a única capaz de entrar no mundinho cor-de-rosa daquelas duas e viver pra contar a história.
- Ah, Rony, por favor, até parece que elas são perigosas – resmungou Hermione. – Eu não vou tentar arrancar uma resposta da Gina. Se ela tem segredos, o problema é dela.
- Claro – disse Remo, entrando no jogo. – Mas eu tenho certeza de que você tá morrendo de curiosidade pra saber o que elas estão aprontando, não tá?
- Eu? Não, claro que não – retrucou ela, cruzando os braços, indiferente.
- Tem certeza? – insistiu Tiago. – Você não tem notado o quanto a Gina e a... "Kathie" estão amiguinhas ultimamente? A Kathie detestava a Gina no início.
- Bem... – disse Hermione, olhando para eles, ainda não muito convencida. – Eu percebi isso, mas...
- Você vai deixar ser deixada de fora, Mione? – disparou Rony, agora que ela tinha baixado a guarda.
- Logo você, de quem a Gina nunca guardou segredos?! – emendou Harry.
- Que sempre esteve do lado dela, nas horas mais difíceis?! – disse Tiago, mesmo sem fazer a mínima idéia do que estava falando.
- E que--- - ia dizendo Remo, mas não pôde continuar, pois Hermione soltara um grito de irritação.
- TÁ BOM! JÁ CHEGA!! – gritou a garota, acaloradamente. – Vocês venceram, eu vou!!
E saiu andando na direção que as outras duas tinham seguido, batendo os pés e empurrando os passantes. Rony olhava pra ela, quase embasbacado.
- Bem – disse ele, ainda meio surpreso. – Taí uma coisa que agente não vê todo dia: a Mione sendo enrolada tão facilmente. E perdendo a pose.
- Nada é impossível quando se é um Maroto – disse Tiago, correndo os dedos pelos cabelos e fazendo Harry bufar, irritado. – Que é, agora?
- Dava pra você parar de fazer isso?! – exclamou ele, os olhos brilhando perigosamente.
Por uma fração de segundo, Tiago se lembrou de "alguém" que tinha olhos verdes iguaizinhos àqueles, tão perigosos quanto; mas logo sacudiu a cabeça, era impossível. Lílian nunca, em hipótese alguma, teria algo a ver com aquele "moleque". Se lembrou, a tempo, de responder.
- E por que eu faria uma coisa dessas?! Eu sempre fiz isso, e vou continuar fazendo pro resto da vida. Aliás, você já devia estar acostumado – disse ele, bagunçando os cabelos mais uma vez, só de pirraça. Harry revirou os olhos levantando as mãos pro céu, como que dizendo "dai-me paciência". Ouviu Remo fazer "tsc, tsc" mais atrás, seguido de uma risada abafada de Rony.
- Vamos de uma vez – resmungou Harry, se virando e começando a andar a passos rápidos. – Vamos ver o que Fred e Jorge querem.
- Ah, é mesmo – disse Rony, dando um soquinho na palma da mão.
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SIBILA
Gina e Sibila corriam como duas doidas, tentando ao mesmo tempo carregar a tal caixa, enquanto corriam de um vulto de cabelos lanzudos que as seguia.
- Volta aqui AGORA, Virgínia Weasley!! – gritava Hermione, correndo atrás delas.
Os transeuntes mais espertos saíam do caminho logo que viam a nuvem de poeira que elas estavam causando, enquanto os infelizes retardatários eram acotovelados e pisoteados sem dó. Gina já havia esbarrado numa senhora de cabelos brancos (que revidara com uma série de bengaladas na cabeça da menina) e Hermione mandara uma sacola de compras pelos ares, mas ainda assim elas não paravam.
- Mione, quer parar com isso?! Isso é particular!! – gritou Gina, de volta.
Sibila, que estava na frente, virou para a esquerda numa esquina, fazendo Hermione, que estava alguns metros atrás delas, trombar com um menino de uns oito anos. O garoto estava carregando um cone de sorvete com duas bolas de Delícias Gasosas, que caiu no chão com o choque. O menino começou a chorar que nem um bebê.
- BUUUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!! MAMÃE, ESSA ATROPELADORA DE INOCENTES DERRUBOU MEU "DELÍCIAS"! – berrava o menino, enquanto Hermione tentava em vão acalmá-lo. A essas tantas, Sibila e Gina já se afastavam, rindo de se acabar.
- Não, olha, garotinho, toma esses sicles aqui e vai comprar mais um pra você... – Sibila ainda conseguiu ouvi-la dizer, enquanto as duas corriam o mais depressa que podiam.
- E então, madame, onde pretende guardar o arsenal?! – perguntou Sibila a Gina, em voz baixa, quase se engasgando na tentativa de tomar ar, quando elas conseguiram se esconder dentro de um beco entre o correio e uma loja de artesanato. Pôde ver Hermione passar correndo pela entrada do beco.
- Eu, eu não sei – sussurrou Gina, arquejando e pousando a caixa no chão. – Meus braços tão doendo... eu não pensei nisso antes – confessou ela, sem- graça, esfregando os braços. Sibila sentia que os seus também doíam demais, e começou a flexioná-los para que voltassem ao normal. – Não podemos voltar pra Hogwarts agora, acabamos de chegar.
- Eu não sei, a gente podia pedir a alguém do sétimo ano pra colocar um feitiço na caixa, pra diminuir o tamanho dela, não sei – disse Sibila, mas logo percebeu a besteira que dissera. – Ah, é mesmo, não podemos ter testemunhas.
- Será que cabe alguma coisa dentro da minha mochila? – comentou Gina, tirando a mochila (da qual Sibila só notara a existência agora) dos ombros, se agachando de encontro à parede do beco e abrindo-a. – Sabe, eu sempre trago minha mochila pra Hogsmeade. Não tem nada pesado, só coisas que eu posso precisar, tipo... uma xícara, pena e tinteiro, porta-retrato da minha tia Alaíde, sabe, pra espantar indesejáveis... olha, ele é bem feia – ela mostrou a foto de uma mulher cujo rosto mais parecia uma uva passa. – Uma vez essa foto já assustou o Malfoy. Foi bem engraçado. Ele tava passando pela gente, e eu sabia que ele tava armando alguma, então---
- Tá, tá, esquece esse assunto – cortou Sibila, fazendo Gina emburrar. - Cabe alguma coisa aí dentro?!
- Acho que sim. Abre a caixa aí e vai me passando as coisas.
Sibila desamarrou os cordões que lacravam a caixa e foi passando os vários potes, embrulhos e caixinhas que pegava. No final, a mochila de Gina conseguiu agüentar a maioria dos artigos dos gêmeos; agora era só dar um jeito no resto.
- Aquelas suas amigas – lembrou Sibila. – Será que elas não podiam ajudar a gente?
- Não, elas não conseguiriam ficar de boca fechada – disse Gina, fechando o zíper da mochila.
- Mas elas não precisam saber de tudo, sabe – insistiu Sibila, tendo uma idéia. – E se a gente puser algumas coisas naquelas bolsas delas?
- Elas iriam mexer!
- Claro que não! É só dizer que, sei lá, são substâncias tóxicas pra aula de Poções, ou veneno de praga pra aula de Herbologia. Nem elas seriam tolas o bastante pra mexer numa coisa dessas, não acha?
Gina ergueu lentamente os olhos para Sibila, compreendendo.
Alguns minutos depois, as duas estavam sentadas ao redor de uma mesa no Três Vassouras, tentando convencer Lilibeth e Feuza a cooperarem. Mas as duas não estavam muito a fim.
- Ah, não, eu é que não carrego uma coisa dessas na minha bolsa! Imagina só – exclamou Lilibeth, cruzando os braços. – Meus batons, meu lencinho, minha make-up, misturadas a bile de tatu e essência de beladona? De jeito nenhum.
- Eu também não aceito – reclamou Feuza, enchendo a cara de cerveja amanteigada. – Minha bolsa já não tem espaço mais nem um botão, quem dirá de caixas e caixas e caixas de não sei o quê!
- Por favor, meninas – pedia Gina, e Sibila viu que ela estava tão a ponto de torcer o pescoço daquelas duas quanto ela própria. – Pensem bem. Você vão estar ajudando uma amiga!
- Uma amiga que está cheia de segredinhos pra nós, ultimamente! – rebateu Feuza, com chateação na voz. Gina arregalou os olhos. – E fez a gente esperar por mais de meia hora! Desde que essa americana aí chegou – ela apontou com a cabeça para Sibila, – você tem andado estranha. Pois não vamos te ajudar enquanto não voltar a ser a Gina que a gente conhece.
- "TIMO! – berrou Gina, indignada, batendo a mão na mesa e derrubando a garrafa de cerveja amanteigada da amiga. – Vocês que se danem! Eu posso muito bem me virar sem vocês! Vamos logo, Kathie!! – acrescentou ela a Sibila, se levantando e atirando a mochila, agora estufada, às costas.
Gina e Sibila saíram do bar sem se preocupar em dar tchau ou qualquer outra coisa às duas, carregando o resto de seu "armamento" dentro de uma grande sacola de papel. Mal tinham dado cinco passos do lado de fora, quando foram surpreendidas por trás.
- BUUUUU!
- AAAAAAAAAHHHHHHHHH!!!!!!! – gritaram as duas, quando duas mãos bateram em seus ombros de uma vez, jogando-as pra frente.
- O que é isso?! – gritou Sibila, se virando num rodopio.
- Achei vocês – disse Hermione, simplesmente, com um sorriso vitorioso. – Agora, que tal vocês me dizerem o que estão aprontando?
- Sabe, a gente poderia simplesmente continuar correndo de você – comentou Gina, balançando os ombros. – Mas eu tô cansada demais pra fazer isso.
- "timo, eu também tô – disse Hermione, baixando os ombros, aliviada. Olhou ao redor, e fez cara de surpresa. – Ué, cadê o caixotão?
- Não acha melhor a gente abrir o jogo com ela? – disse Sibila a Gina, fazendo cara de sofredora. – Isso já tá me cansando. A Granger pode ser nossa aliada. Ela pode esconder o resto dos artigos...
- "A Granger" está aqui bem na sua frente, não finja que não a vê – interrompeu Hermione, sarcástica. Sibila sentiu uma enorme vontade de mostrar-lhe a língua. – Podem ir desembuchando, vamos, vamos.
- Tá legal, então vamos pra algum lugar onde não nos ouçam – concordou Gina. – Vamos voltar pro Três Vassouras.
- Mas a gente acabou de sair de lá!! – exclamou Sibila. – E a essas horas aquelas suas duas amigas devem estar falando horrores de nós.
- Como assim? – perguntou Hermione, sem entender. – Tá falando da Feuza e da Lilibeth? O que elas fizeram?
- Eu te explico lá dentro – disse Gina, indo em direção à porta do bar- lanchonete, fazendo sinal com a mão para que elas a acompanhassem. – A gente senta longe delas – acrescentou ela, vendo a cara que Sibila fazia.
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SIRIUS
- ...e eu tenho uma foto dele do lado da minha cama, numa moldura linda que ele me deu, e sempre dou "boa-noite" a ele antes de dormir...
Sirius olhava para Cho (que falava entusiasmada) com um misto de tédio e indignação. Era o cúmulo. A garota o convidava para ir a Hogsmeade com ele, abraçava, beijava – mesmo tendo aquele gosto amargo de lágrimas – e agora não parava de falar no ex-namorado morto dela. Ah, por Merlin. O que ele tinha feito de errado?! Se tinha sido por querer matar o Seboso na Casa dos Gritos no ano anterior, ele pedia perdão aos céus! Ninguém merecia uma humilhação daquela; os pombinhos sentados perto deles na casa de chá (Madam Puddifoot's – belo nome) pareciam querer se engolir, e lá estava ele, ouvindo sobre o quanto o tal de Cedrico era maravilhoso. Era o cúmulo.
- Eu me lembro de quando nós ficávamos nos jardins vendo o sol se pôr – continuava Cho, emocionada, os olhos brilhantes. – Ele era tão cavalheiro...
- Escuta, Cho – interrompeu Sirius, se endireitando na cadeira (ele estivera debruçado na mesa, com a cabeça apoiada nas mãos). – Você... não acha que já devia ter superado a perda do Penico?
- Cedrico! – corrigiu ela, indignada.
- Qualquer que fosse o nome do sujeito! – disse Sirius, impaciente. – Quero dizer, ele já foi pro andar de cima há quanto tempo, uns dois anos? Pelo que você me disse, você já saiu com o Harry e com o tal de Michael Corners depois disso. Isso não significaria que você já o esqueceu?
- Ora... não, claro que não – retrucou Cho. – Significaria que eu tentei esquecê-lo, mas não pude. Você não vê?!
- Não, eu não consigo ver por que diabos você quis vir aqui comigo se quer ficar falando de outro – disse Sirius, levantando da cadeira acolchoada. – Quando você superar essa sua crise, me procura.
E ia se retirar dignamente da tal casa de chás (ia procurar os outros, tinha certeza de que estavam fazendo algo mais interessante que aquilo), quando sentiu que um par de mãos o segurava pelo braço. Virou-se e viu Cho de pé, fitando-o com os olhos cheios de lágrimas – e vacilou. Isso era golpe sujo.
- Espera, Paul – sussurrou ela, a voz ligeiramente tremida. – Me desculpa, eu pensei que você não fosse se importar, você podia ter me dito isso antes... é só que... – e soltou o braço dele, cobrindo o rosto com as mãos, começando a chorar ruidosamente.
Sirius fez uma careta quando os casais nas mesas ao redor foram se dando conta do choro cortante da moça, a apontar para eles e a murmurar palavras de censura.
- Esses ianques, são todos uma raça... Vêm pra cá estudar e só fazem estrago.
- Esses com carinha de anjo são os mais perigosos!
- O que será que ele fez com ela?! Deve tê-la ofendido, homens não têm o menor tato pra essas coisas...
- Homens!... Nos conquistam e depois nos partem o coração!
- Eu mereço, eu mereço... – sussurrou Sirius, cobrindo o rosto com a mão. – Só pode ser castigo.
E Cho continuava a chorar. Agora ela começara a soluçar, sacudindo os ombros, escandalosamente. Não dava pra ela chorar que nem ela havia feito na carruagem? Discretamente e elegantemente? Economizaria muito escândalo e lágrimas.
Ah, droga. Por mais irritado que ele estivesse com ela, ainda lhe partia o coração ver aquela garota tão linda chorando tão alto por sua causa... ou de Cedrico, ele ainda não descobrira, mas não fazia diferença. Seja um cavalheiro, Black!, ele disse a si mesmo, Faça-a esquecer esse Penico de uma vez por todas!
- Vamos, Cho, se acalma – murmurou ele, colocando uma mão no ombro da moça, que não mostrava sinais de que ia parar.
Procurou seu lenço no bolo, mas não o achou; ah, sim, Cho tinha ficado com ele. Sem muita coragem de lhe pedir o lenço de volta, ele se virou para um cara sentado próximo a eles.
- Eh... pode me emprestar seu lenço, por favor? – pediu ele, decidido a ser educado.
O cara lhe lançou um olhar de solidariedade, puxou um lenço de dentro do bolso e lhe estendeu, fazendo a garota ao seu lado lhe dar um tapa no braço, dizendo "O que pensa que está fazendo?! Ela é da oposição!". Sirius entregou o lenço a Cho, que o pegou e assoou o nariz nele. Ah, meleca, pensou Sirius, olhando para o dono do lenço (que estava horrorizado).
- Valeu – disse Sirius, pegando o lenço na pontinha (quem se importa em parecer fresco quando se está numa situação dessas?!) e jogando na mesa do cara. – Vamos, Cho, depressa – acrescentou ele, apressando-se a sair dali, se a namorada do cara se revoltasse.
- Então... você me desculpou? – perguntou Cho, chorosa, já do lado de fora da casa de chás.
- Claro, como não? – suspirou Sirius, sem conseguir ficar realmente bravo com ela.
- Que ótimo!! – exclamou ela, abrindo um grande sorriso e pegando a mão dele, começando a puxá-lo por Hogsmeade (dizia que queria lhe mostrar o lugar). Como ela conseguia mudar de humor tão rápido?!
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REMO
Cotovelada. Tropeço. Tombo. Elementos de nosso cotidiano.
- Da próxima vez que eu vier aqui, eu trago uma bomba de esterco junto! – exclamou Tiago, finalmente conseguindo se levantar depois de ser pisoteado. Era uma milagre que seus óculos não tivessem se quebrado, e ele tinha uma marca de sapato na camisa.
- Você nunca mais vai vir aqui, eu te garanto! – retrucou Harry, se içando para junto do balcão.
- E por que não?! Meu "eu" mais velho não poderia vir aqui?
- Cadê o Rony?! – perguntou Harry, sem parecer ter ouvido uma única palavra (o que era possível, devido à algazarra ao redor deles).
- Eu não o vejo desde que aquela menina pisou no cadarço dele e ele caiu de queixo no chão – disse Remo, tentando olhar por cima do mar de cabeças, sem sucesso. Isso era no que dava ser verticalmente prejudicado!
- Ali! Eles estão ali! – exclamou a voz de Rony, em algum lugar do outro lado do balcão.
Remo, Harry e Tiago olharam na direção da voz; Rony (de queixo vermelho) vinha correndo na direção deles, seguido por uma espécie de versão geneticamente modificada sua. Era um cara ruivo, de sardas, mais baixo que Rony mas não tão magricela – mas ainda assim, muito parecido. Harry exclamou "Fred!".
- Jorge, na verdade – disse o sujeito, com uma... maçaneta (é, parecia uma maçaneta de madeira) na mão. Se abaixou por detrás do balcão e, no instante seguinte, uma portinhola havia sido aberta por debaixo dele.
- Que irado – murmurou Tiago, enquanto passavam pela "semiporta", fugindo da algazarra dos outros clientes. – Aqui não tinha porta, tinha?
- Não, digamos que isso aqui é uma porta-portátil – disse Jorge, fechando rapidamente a porta e se virando para ele. – E você... é a cara do Harry.
- Eu diria que ele é a minha cara, eu sou o original – retrucou Tiago, ao que Jorge fez cara de que não tinha entendido.
- Depois a gente explica a história – disse Remo, quando viu uma meia dúzia de mãos puxarem Jorge por trás do balcão, com seus respectivos donos gritando pedidos. – Você parece meio ocupado.
- Meio – concordou Jorge, se virando para os negócios.
- Vamos, o Fred tá lá dentro – disse Rony, já abrindo uma porta maior na parede atrás deles.
- Como foi que você chegou antes da gente? – perguntou Remo, curioso. – Você ficou pra trás.
- Não me pergunte – disse Rony. – É um dos mistérios da vida.
Remo não pôde evitar se sentir imensamente aliviado ao escapar daquela bagunça (ele nunca fora muito fã de barulho). A sala em que entraram a seguir era muito mais bem iluminada e silenciosa, com dúzias de caixas empilhadas por todo canto, e uma escrivaninha de madeira polida no canto, onde um Jorge II estava sentado, rodeado de pergaminhos e penas e tinteiros, parecendo estar sob tortura.
- Ah, graças! – exclamou ele, saltando da cadeira, jogando a pena longe. – Desde que a Gina foi chamar vocês, eu não consigo me concentrar direito... mas então – ele parou por um instante, olhando para Tiago e Remo. – são vocês?
- Depende – disse Tiago. – Somos nós o quê?
- São eles – disse Harry, simplesmente.
- Tem certeza? – insistiu Fred, olhando desconfiado para eles, principalmente Tiago. – Com certeza esse aqui se parece com você, mas...
- São eles, eu tenho certeza, Fred – disse Harry, enfatizando nas palavras.
- Mas eu achava que eram três – disse Fred, ainda não muito convencido. Remo também não estaria, em seu lugar. – Vocês são... Potter e Lupin, certo? E o Black?
- Por aí, com a Chang – disse Rony, fazendo um gesto de indiferença com a mão. Harry franziu levemente a testa.
- Com a Chang?! – repetiu Fred, espantado. Por um momento Remo pôde ver as roldanas se movendo dentro da cabeça dele, mas ele logo tratou de falar alguma coisa para disfarçar. – Aquela menina não perde tempo, mesmo.
- Você nos chamou aqui pra quê, afinal? – perguntou Remo, enquanto Tiago olhava ao redor da sala, com interesse.
- Na verdade, eu só estava curioso pra saber se a Gina tava falando a verdade – disse Fred. – Mas eu ainda não tenho certeza se...
- Olha só, Aluado, uma pena que escreve sozinha – comentou Tiago, completamente distraído remexendo dentro das caixas entreabertas pela sala.
Fred congelou por um momento.
- O que foi que você disse?! – ele quase gritou, tropeçando na direção de Tiago, que ergueu uma sobrancelha.
- Não é uma pena que escreve sozinha? – disse ele, olhando de novo para dentro da caixa. – É o que diz no rótulo.
- Não isso! – disse ele, a voz quase aguda. – Do que foi que você o chamou?!
- Ah, Aluado – disse Tiago, com cara de "ah, t". – É um apelido.
- Ih – fez Harry, fazendo uma careta. Fred olhava apalermado de Tiago para Remo. – Eu tinha me esquecido disso.
- Aluado?! – repetiu Fred, agitado. – Como em "Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas"?! Como no Mapa do Maroto??
Silêncio.
Remo e Tiago se entreolharam e olharam para Harry e Rony, que olhavam para o teto, para o chão ou para a bagunça em cima da escrivaninha – menos para eles.
- Tá legal, o que mais vocês sabem da gente? – perguntou Remo, achando que nada mais o surpreenderia, àquela altura.
- Não pode ser – murmurava Fred, de olhos arregalados. – Se vocês são os Marotos... e são Tiago Potter e Remo Lupin... então Remo Lupin e Tiago Potter faziam parte dos Marotos... Sirius Black também?! Quem ele era, o Almofadinhas? É, faz sentido, o Sirius se transformava em Sinistro...
- "Transformava"? Por acaso não se transforma mais? – perguntou Tiago, confuso.
- Fred, toma cuidado com o que você diz, tá legal?! – disse Harry, em voz alta. – Eles não podem saber nada sobre o futuro deles!
- Que seja – disse Fred, fazendo um gesto de impaciência. – Mas falta um!
- O Rabicho, é – confirmou Remo. Não se importava de revelar de quem eram os apelidos, já que todos ali já sabiam de tudo.
- Cara, eu não acredito! Os Marotos! Na minha frente! Vocês são meus ídolos!! – berrou Fred, quase dando pulinhos. – Güentaí, eu vou chamar o Jorge! Rony, vem comigo!
- Por que eu?? – perguntou Rony, pego de surpresa, sendo puxado porta afora pelo irmão.
Remo e Tiago olharam pelo canto do olho para Harry, que escondera o rosto na mão e balançava a cabeça. Com certeza Sirius gostaria de ouvir aquilo, também.
- Isso está ficando interessante, não, Sr. Aluado? – perguntou Tiago, se jogando na cadeira onde Fred estivera sentado.
- Concordo plenamente, Sr. Pontas – disse Remo, sorrindo.
