DISCLAIMER: Eu não possuo Harry Potter... mas bem que eu queria escrever um livro. Quem sabe um dia? Meus próprios personagens? =D Uia, que legal!... É bom sonhar de vez em quando...
N/A: Eu postei o capítulo 21 à uma da manhã, e às duas da tarde do dia seguinte (ou do mesmo dia, o que vocês preferirem) eu descobri o site da J. K. Rowling. Lá, ela diz que o nome verdadeiro da Gina não é Virgínia, como muita gente (inclusive moi) pensa: é Ginevra. Portanto, a partir de agora, a Gina vai ser Ginevra aqui no OVTAN. Pena que eu já tinha escrito "Virgínia" no cap. 21 quando eu li isso... -.-"
N/A2: Eu sinto pena do Rony por causa do que eu faço com ele... XD Eu dei uma personalidade tão idiota ao pobrezinho. Mas eu gosto dele, sabe, só queria avisar isso. ;)
Obrigada pela paciência (um tanto quanto forçada =P) de:
Flavia
Helena Black (Fala sério... vocês me odeiam tanto assim? ;o))
Morguene
blah pra vc!!!!!
Juliana
Xanya
Ana Luthor (eu não sou nada sentimental... pra escrever uma cena de drama eu teria que fazer um esforço hercúleo e ia sair uma porcaria, então eu nem tento =P Mas eu não planejo fazê-los descobrir o futuro deles, anyway)
Ameria A. Black
Alicia Spinnet (vamos aguardar pra conferir! =D)
Lily Dragon
Laís (eu sei que aqueles pulinhos foram meio gays, sim, mas eu não resisti, eu tive que colocar aquilo =))
Adriana Black (não fique brava com o Harry, ele tem uma razão pra tudo isso! E... ahn... por que "atualizem"? eu sou uma s XP [?])
Karen13 (tô só imaginando você no ônibus... ::risos::)
Hermione Potter (ai, vocês me criticam muito... um dia eu ainda me rebelo... brincadeira, eu sei como é irritante esperar XD)
oO Nica-chan Oo
Tainah (eu tinha uma amiga com esse nome... onde andará ela?)
Raissa (vixi, eu te mandei o e-mail? Acho que eu esqueci! Nesse caso - Desculpa, desculpa! É que minha vida tá tão turbulenta... Se eu não esqueci, tudo bem, então XP Mas, não, não terminou ainda, e eu não faço idéia de quantos caps. faltam... falta ainda seis dias de fic pra eu escrever =D)
Nostalgi Camp (Desculpa aê, mas... o Sirius tá morto. Mortin! ::foge de possíveis objetos voadores:: Ah! Eu adoro todas as fics no meu profile, são 'tudibom'!! E muitas são melhores que a minha, sim, senhorita!)
Marcelinha Madden (ah... eles são muito cuidadosos com o assunto "Lily Evans"... mas não vão conseguir segurar pra sempre ;o))
Manoela Wood (eu também imaginava a cena no livro 5! Acho que todo mundo imaginava...)
Erika (o Sirius vai escapar, sim XD E Remo/Mione... acho que não vai evoluir... muito.)
Dax
Blah ao quadrado!!! ¬¬''''' (você é o/a mesmo/a de lá de cima? De qualquer forma, você me fez rir XD)
Marry
Youko Julia Yagami (Minha nossa! Você escreveu "atualiza" 100 vezes – eu usei o contador do Word! Foram CEM VEZES! Você deveria se orgulhar, sabe?!)
BLAH!!! (acho que é você de novo, não é? Eu não sou má! Nem uma criatura sem graça. Eu sou só... preguiçosa. Mas eu sou boazinha! Imagina se eu não escrevesse mais – acho que eu vou fazer isso com vocês, só de pirraça... ¬¬)
###TIAGO###
Mesmo com a algazarra que se podia ouvir do outro lado, na loja, dava para se distinguir quase perfeitamente a voz de Fred gritando pra Jorge entrar depressa no depósito, e a de Rony reclamando que não ia substituir ninguém, de jeito nenhum.
- Claro que vai – retrucou a voz de Fred, já perto da porta. – É bom que você vai treinando pra quando tiver que trabalhar!
- NÃO! – berrou Rony, quando Fred abriu a porta e passou por ela, seguido por Jorge. – Eu não vou---
Jorge bateu a porta na cara dele, abafando sua voz.
- Então, o que foi? – perguntou ele a Fred, que estava animadíssimo.
- Conhece nossos amigos? – disse Fred, indicando com a mão Tiago e Remo.
- Você é o sósia do Harry – disse Jorge, apontando para Tiago, que fez uma careta. Sósia?! Era só o que faltava! – E você... – ele apontou para Remo, - não sei quem é.
- Pois eu vou te dizer quem são – disse Fred, mal contendo o entusiasmo. – O de óculos é Tiago Potter, e o loiro é Remo Lupin---
- Eu não sou loiro! – exclamou Remo, horrorizado, enquanto Tiago se esforçava para não rir. – Isso é castanho-claro!!
- Cor-de-burro-quando-foge – sugeriu Tiago, sem poder se conter.
- E você, Sr. Sósia do Harry, guarde suas opiniões pra si mesmo – retrucou Remo, irritado.
- Você tava dizendo o quê, mesmo? – perguntou Jorge, distraído. – Eu não entendi.
- Tiago Potter e Remo Lupin!! – repetiu Fred, em voz alta.
Jorge arregalou os olhos, olhou para Tiago e Remo (que ainda estava emburrado) e de volta para Fred.
- Não seja ridículo, Fred – disse ele, com cara de quem duvidava da sanidade do irmão. – Que idéia absurda é essa?!
- É verdade! – defendeu-se Fred, determinado. – Pergunte ao Harry! Não é, Harry?
- É verdade – disse Harry, balançando a cabeça afirmativamente. Tiago só observava, divertido.
- Peraí, tô entendendo tudo, agora – disse Jorge, erguendo as mãos e franzindo o cenho. Fred fez um gesto com a mão para que ele prosseguisse, ansioso. – Isso é...
- É isso aí! Eu sabia que você ia entender!
- Eu sabia! É uma pegadinha! Tô fora – exclamou o rapaz, se virando para a porta (Tiago começou a rir). Fred ficou um segundo sem ação, mas logo correu para impedir o irmão de sair, colocando-se à sua frente.
- Espera, cara, não é nada disso – disse ele, revirando os olhos. – Olha pra cara deles. Não te parecem familiares??
Jorge lançou-lhe um olhar desconfiado, mas fez o que ele pedia – olhou atentamente de Tiago para Remo, e de Remo para Tiago. Ergueu uma sobrancelha e apontou para Tiago.
- Ele realmente se parece com o Harry, portanto se parece com Tiago Potter – começou ele, e Fred deu um sorriso triunfante, - mas lembra daquele cara que a gente encontrou que se parecia com o Percy, e a gente ficou implicando com o cara e acabou que ele era do Ministério, tinha trinta e dois anos e se chamava Kurt Gibbons??
- Kurt Gibbons? Já ouvi falar – disse Remo. – Não era aquele primeiranista da Corvinal, Pontas? Aquele que entrou esse ano, quer dizer, no "nosso" esse ano, sabe, 1976?
- É, acho que eu lembro do nome dele na Cerimônia de Seleção – disse Tiago, não muito interessado.
- Sua voz se parece mesmo com a do professor Lupin, só que mais fina – comentou Jorge. Remo fez cara de horror.
- Minha voz não é fina!! – protestou ele, a voz mais aguda do que o normal, logo depois pigarreando e repetindo (tentando engrossar a voz): – Minha voz não é fina.
- Não seja ridículo, Aluado – disse Tiago, com uma expressão no rosto que dizia com todas as letras "Eu não acredito que estou vendo isso".
- E então, acredita?! – insistiu Fred, vendo que Jorge parecia estar se convencendo.
- Mais ou menos – disse o outro, fazendo o irmão erguer as mãos para o alto, murmurando "Dai-me paciência". – Eles não podem ser Tiago Potter e Remo Lupin, primeiro porque Tiago Potter está sete palmos abaixo da t---
Jorge foi calado bruscamente por Harry, que se atirou em cima dele de qualquer jeito e o derrubou no chão – carregando Fred junto. Tiago e Remo se entreolharam, ambos com uma expressão extremamente intrigada. Tiago tinha cada vez mais certeza que tinha algo muito grave sobre ele que todos (principalmente Harry) estavam tentando esconder dele.
- Qual é, Harry, você endoidou?! – exclamou Fred, se desvencilhando dos dois e se levantando. Harry se apressou a se levantar também, os cabelos mais desalinhados do que nunca, ajeitando os óculos.
- Tá, tá legal, desculpa! Mas, vocês dois, CUIDADO com o que dizem, tá bom?! – retrucou Harry. – Fala sério, vocês estão me dando muito trabalho! Eu vou explicar a vocês o que tá acontecendo aqui, de uma vez, tá bom?! Escutem, vinte anos atrás, o professor Lupin, o Sirius, meu pai, Tiago, e a professora Trelawney estavam no sexto ano, assim como minha mãe, o Rabicho e o Snape.
- A Morcega Trelawney tem a idade do Snape?! – disse Fred, fazendo uma careta incrédula. Tiago achou aquilo interessante: então, a mãe de Harry tinha sua idade? Isso era informação preciosa. – Fala sério! Ela parece tão mais velha, sei lá, uns... cinqüenta anos?
- Eu sabia que ela ia virar uma velha caquética – comentou Tiago, fazendo que "sim" com a cabeça.
- Isso não interessa agora, posso continuar? – disse Harry, exasperado.
- Ei, relaxa, Harry – disse Jorge, erguendo as mãos. – Você tá estressado demais, hoje.
- Ah, então ele não é assim ranzinza o tempo todo? – perguntou Tiago, espantado. – Desde que eu o conheci, ele tá sempre resmungando!
- O Harry, ranzinza?! Que absurdo! – exclamou Fred, rindo.
- É verdade, ele é muito gente boa – concordou Jorge. Harry desviou os olhos e cruzou os braços. – Ah, pelo amor de Deus, Harry.
- É uma situação estranha, tá legal?! – retrucou ele, bruscamente, sem olhar para eles. – Estranha demais, pro meu gosto. Ah, quer saber, vocês explicam a eles a história toda.
Em dois passos, Harry atravessou a sala e saiu pela porta, batendo-a atrás de si. Tiago estava intrigado; quer dizer que havia algo mais por detrás daquele moleque do que aparentava?
- Então, nós é que vamos explicar como viemos parar aqui? – disse Remo, pensativo. – Por onde começamos?
- Talvez, pela parte do Vira-Tempo quebrado – sugeriu Tiago, enquanto Jorge pegava uma caixa de uma prateleira próxima e abria na sua frente.
- Joaninhas? – ofereceu ele. Remo fez uma cara divertida.
###SIBILA###
Hermione examinava os poucos artigos das Gemialidades Weasley que estavam dentro da sacola de papel, interessadíssima, enquanto Gina e Sibila explicavam seus planos para aquela semana. Na verdade, ela parecera uma garota tão santinha no início, que Sibila estava tendo problemas em se acostumar com aquele brilho demoníaco nos olhos dela.
- ... e a gente tava pensando em deixar os artigos mais, digamos, interessantes para os dias da semana – dizia Gina, em voz baixa. – A hora das refeições, em que todo mundo vai estar no Salão Principal, são perfeitas.
- Assim ela passa vexame na frente da escola inteira – completou Sibila, no mesmo tom. – E a Weasley disse que vai ter um jogo de quadribol na sexta-feira, da Corvinal contra a Lufa-Lufa... podemos fazer alguma coisa ali também.
- Não é todo dia que a super jogadora de quadribol da Corvinal é zoada em praça pública – murmurou Hermione, agora lendo o rótulo de uma caixinha com os dizeres "Porca Miséria", um sorriso maligno nos lábios.
- Não é por nada, não, mas você tá conseguindo me assustar, Granger – disse Sibila, estremecendo involuntariamente. Hermione riu.
- Por que não começamos agora? Só pra testar – sorriu ela, mostrando a caixinha que estivera examinando. – Podemos usar esta daqui.
- Porca Miséria...? Interessante, o nome – disse Sibila.
- Vamos, então! – disse Gina, entusiasmada, jogando os artigos que Hermione espalhara pela mesa dentro da sacola, novamente, e se levantando da cadeira. – A Changalinha deve estar por aí, com o Sirius---quero dizer, com o Paul – corrigiu ela, nervosa, olhando para os lados para ver se alguém ouvira. Difícil. Estavam todos muito compenetrados com suas próprias conversas para prestar atenção nelas...
- Changalinha? – repetiu Sibila, em tom divertido. – Gostei dessa.
- É, eu inventei no ano passado, logo depois que o Harry e a Cho começaram a namo... bem, não importa – disse ela, corando de repente, parecendo querer bater em si mesma por ter dito uma coisa tão idiota. Sibila olhou interrogativamente para Hermione, que só balançou a cabeça num gesto afirmativo.
As três saíram do Três Vassouras, ignorando os olhares de Feuza e Lilibeth, e (depois de olharem de um lado para o outro) decidiram começar a procurá-los pela esquerda. Sibila achava que elas não conseguiriam achar a Chang tão cedo nesse ritmo, e ia dizê-lo, mas Gina falou primeiro.
- Aposto qualquer coisa que ela levou o Paul lá na Madame Puddifoot's! – disse ela, cerrando os punhos. – Foi lá que ela levou o Harry, e o Michael também. Vamos procurar pelos lados de lá.
Mas elas começaram a se dirigir para a casa de chás, Hermione (que estava no meio) ergueu um braço para cada lado e as fez parar, bruscamente, murmurando "quietas".
- Que foi? – perguntou Gina, olhando para o mesmo lado que Hermione. – Ah, claro.
Sibila olhou também e viu Chang e Sirius, a alguns metros delas (o suficiente para que não as percebessem), olhando para dentro da vitrine da Dedosdemel. A garota olhava sonhadoramente os doces espalhados pela prateleira, até que se virou para Sirius com um sorriso. As três puderam ouvi-la dizer, com voz pidona, "Paaaaauuuulll, compra um pra mim?", e ver a cara sofrida que Sirius fez.
- Eu não trouxe dinheiro, sabe... – ele ainda conseguiu dizer, antes de ser puxado para dentro da loja.
- Pobre Sirius – disse Gina, com um sorriso escarninho nos lábios.
- Vamos de uma vez, eu tive uma idéia – murmurou Sibila, fazendo sinal com a cabeça para que a seguissem, e entrando devagarzinho na loja de doces.
Tinha gente demais na Dedosdemel, também, mas nada que se comparasse à loja dos irmãos Weasley. Comparando as duas, ali estava até muito tranqüilo; mas dava para se esconder atrás das prateleiras, por exemplo. E foi o que Sibila fez, depois de pegar a caixinha da mão de Hermione e ler rapidamente as instruções no verso (dizia, entre outras coisas, que tinha "efeito imediato"). Dentro da caixa havia um canudo e uma espécie de mini-dardo verde-limão brilhante, parecendo um espinho.
- E se tiver algum efeito colateral sério? – perguntou Gina, não parecendo preocupada.
- Não deve ter, ou os gêmeos não teriam lançado – disse Hermione, apesar de haver um tom de dúvida em sua voz.
- E, se tiver, melhor – disse Sibila, colocando o espinho na ponta do canudo. - Eu tenho que soprar essa coisa?
- Acho que sim – disse Hermione, e tentou pegar o frasquinho. – Deixa que eu faça isso, eu tenho pontaria.
- Eu também tenho, ora, deixa comigo – retrucou Sibila, afastando a mão. – Esperem aqui; eu vou ser rápida.
Sibila esgueirou-se devagar por entre os clientes da Dedosdemel, em direção a Sirius e Chang – que estavam convenientemente virados de costas para ela – e, depois de colocar o canudo na boca e mirar por um segundo, soprou com força.
O espinho fincou por um instante no braço da Chang, o que Sibila só foi saber quando ela soltou um "ai" e bateu no braço, como que para acertar um inseto. Mas deu pra ver que o espinho não entrara na pele dela pois Sibila vislumbrou um pequeno brilho verde-brilhante no chão, antes de se afastar apressadamente dali.
###SIRIUS###
- Que foi? – perguntou Sirius, olhando confuso enquanto Cho batia no braço e olhava para a mão, irritada.
- E eu que achei que ia ficar livre desses mosquitos vindo pra Hogwarts, lá em casa tem aos montes – resmungou ela, olhando para baixo, procurando um possível mosquito esmagado no chão. Sirius franziu a testa; era impressão sua ou a voz dela ficara meio rouca de repente?
- Tem alguma coisa errada com a sua voz? – perguntou ele, preocupado.
- Minha voz? – repetiu ela, erguendo a cabeça. Sirius não conseguiu comprimir um grito de surpresa ao ver o rosto dela.
- O q... o que aconteceu?! – exclamou ele, a voz ligeiramente aguda, recuando vários passos. Cho ergueu as sobrancelhas, sem entender - mesmo sem ter mais sobrancelhas.
O rosto arredondado e gracioso dela havia se transformado numa – numa – coisa gorda e roliça, rosada, com um enorme focinho de porco no meio, dois olhinhos apertados e uma boca imensa e nojenta. Examinando mais atentamente, depois do primeiro choque, dava pra ver que as mãos dela haviam dado lugar a duas patas de porco, com pequenos cascos, e a pele dela estava coberta de protuberâncias. Sirius não conseguia evitar em sentir repulsa; nunca gostara de porcos, muito menos de um gigante.
Uma menina baixinha, mais próxima a eles, se virara ao ouvir a voz de Sirius, e agora soltava um guincho longo e desafinado de pavor. Logo a atenção de todos ao redor, inclusive a do vendedor, se voltou para Cho, a porca.
- Uma porca! Uma porca!!! – gritava a menininha, apontando para Cho, os olhos arregalados. Cho, por sua vez, começava a entrar em pânico.
- Mas... mas o que foi?! O que aconteceu, Paul?? – perguntou Cho, se aproximando de Sirius (que se afastou ao mesmo tempo, se controlando para não gritar igual à menina baixinha).
Ao ouvir a própria voz, os olhinhos apertados de Cho ficaram do tamanho de sicles, e ela levou as mãos à boca, horrorizada, murmurando "Minha voz!" por detrás delas – até ver no que suas mãos haviam se transformado e a começar a gritar como uma louca, também, sapateando no mesmo lugar, enojada de si mesma.
- PAULLL!!! SOCORRO!! – guinchou ela, se jogando para cima de Sirius.
Este não conseguiu agüentar mais de tanto pavor misturado com nojo, soltou um berro de horror, se desviando dela, e saiu acotovelando todo mundo pra sair daquele lugar. Aquela garota o assustava cada vez mais – e ele não ligava a mínima pra imagem de afeminado medroso que ele estava passando para aquelas pessoas. (Afinal de contas, ele não era daquele tempo, mesmo... era isso que o consolava.)
A primeira coisa que lhe veio à cabeça ao sair da loja foi – os Marotos. Agora é que ele ia atrás deles, mesmo. Ele é que não ia mais ficar perto daquela garota maluca que virava porco; era mais negócio sair correndo feito um condenado e encontrar os outros que, pelo menos, eram normais. Mas onde eles poderiam estar??
- A Zonko's – disse Sirius para si mesmo, ainda sem reconhecer a própria voz, brecou e deu meia-volta, continuando a correr para o outro lado. Ainda conseguia ouvir a vozinha da menina baixinha gritando "Uma porca, uma porca", mas preferiu ignorá-la com todas as forças.
E para a Zonko's ele estava indo, até que seu caminho foi obstruído por uma pequena multidão do lado de fora de uma loja cor de laranja ("Gemialidades Weasley", dizia a placa). Pensando consigo mesmo que algo que atraía tanta gente só podia ser interessante, ele acabou por se infiltrar no meio daquele muvuca – do que ele logo se arrependeu.
Ele nunca conseguiria explicar como conseguira chegar até o balcão, mas o fato é que ele conseguiu. Espiando para o lado de dentro, viu que quem estava atendendo a todos aqueles clientes era ninguém menos do que o irmão de Gina, Ronald, e parecia estar à beira de um ataque de nervos com toda aquela gritaria nos seus ouvidos, sem saber a quem atender primeiro.
- Ei! RONALD! – chamou Sirius, segurando-se ao balcão com mais força ao sentir algo puxar sua perna.
- É Rony! – gritou o garoto de volta, aparentemente por puro instinto, porque nem se virou para Sirius, ocupado em libertar seu braço de uma cliente desequilibrada que o agarrara.
- Ô moleque, olha pra cá!! – insistiu Sirius, irritado.
- O que que é?! – retrucou Rony, as orelhas vermelhas, soltando-se com um puxão e virando-se para o lado em que Sirius estava. Arregalou os olhos ao ver que era ele, e aproximou-se dele. – Ah, é você, Paul?! Os seus capangas tão lá dentro!
- Ah, estão, é? Bem que eu imaginei – disse Sirius, com dificuldade, ao ser imprensado contra o balcão. – Onde tem confusão, tem Maroto. Agora, se importa em me deixar entrar??! Eu tô à beira da morte, sabia?!
- Espera aí – Rony se virou para o outro lado, e chamou: - Harry! Me ajuda aqui!!
- Quié?! – veio a voz de Harry, de longe, e logo o próprio entrou dentro do plano de visão de Sirius. – Que que foi?
- Abre a porta pro Paul – disse Rony, tirando do bolso uma maçaneta (?) de madeira e entregando-a ao garoto. – Sabe fazer isso, pelo menos?
- Sei, sinhozinho – resmungou ele, pegando o objeto bruscamente. – Isso tudo é por causa do pote de minhocas malabaristas, não é?!
- É sim! – devolveu Rony, mal-humorado.
- Bah – disse Harry, sumindo por detrás do balcão.
Um instante depois, Sirius levou um puxão no pé que o fez escorregar até o chão, batendo o queixo na quina do balcão. Resmungando de dor, ele olhou para onde deveria ser a "parede" da balcão, que agora estava aberta como uma portinhola. Harry fez um sinal urgente para que ele entrasse, e ele obedeceu o mais rápido que pôde – alguém começara a chutar suas costas.
- Que desgraça esse lugar – reclamou Sirius, tentando espanar a grande quantidade de sujeira que caíra em suas roupas, inclusive uma mancha de ketchup e um beijo de batom na gola da camisa (que ele não sabia explicar como fora parar ali). – Você trabalha aqui, por acaso?
- Não, cabeça, os irmãos do Rony trabalham aqui, lembra? Foram os que fugiram da escola – disse Harry. Os clientes continuavam a batucar na tábua do balcão, querendo ser atendidos. – Eles trancaram o Rony aqui fora e eu não quis ficar mais lá, então resolvi vir ajudar. Mas pelo jeito, meu trabalho não está sendo reconhecido – acrescentou ele, em voz alta, por cima do ombro. Rony lançou-lhe um olhar maligno.
- Então é melhor vocês irem cuidar da sua freguesia, meus camaradas – disse Sirius, sorrindo sadicamente, dando um tapinha no ombro de Harry. – Eu vou lá pra dentro achar aqueles sujeitos. Se cuidem.
E, sem mais delongas, abriu uma porta que havia ali nos fundos e deixou Rony e Harry (horrorizados) sozinhos com aquele oceano humano. Depois de um corredor estreito, havia outra porta, que ele abriu também.
- Até que enfim os encontrei, desertores! – bradou Sirius, sobressaltando os que estavam ali dentro: os dois outros Marotos e uma dupla de rapazes idênticos, de cabelo vermelho e sardas. – Deixa eu ver... vocês são os irmãos do Ronald? Greg e Ford?
- Fred e Jorge – corrigiu um deles, saltando na frente de Sirius e sacudindo-lhe a mão vigorosamente, entusiasmado. – E eu sou o Fred, aquele ali atrás – ele indicou o outro (que acenava animadamente) com a cabeça, e continuou a falar rapidamente, sem tomar fôlego. – é meu irmão Jorge, e você deve ser Sirius Black, o Almofadinhas, não é?? Encantado, eu sou seu fã, você é meu ídolo, não necessariamente nessa mesma ordem! Saiba que eu e meu irmão desvendamos todos os mistérios do Mapa do Maroto, o qual, devo dizer, é uma obra-prima, belíssimo, artístico e perfeitamente elaborado, aquela frase para abrir o mapa é esplêndida, vocês são gênios, e eu fiquei sabendo que foi você que descobriu as passagens para Hogsmeade, é verdade?!
Sirius ainda hesitou por um segundo, olhou para Tiago e Remo – que só encolheram os ombros, rindo – e depois de novo para aquele rosto brilhante de admiração. Aquele cara falava como se ele fosse uma entidade mitológica a ser admirada (não que não fosse verdade, claro). Sirius ainda pensou em perguntar como é que ele sabia do Mapa, mas achou melhor não.
- Ah... na verdade, a de debaixo do Salgueiro Lutador foi o Aluado que descobriu – disse Sirius, com um sorriso amarelo.
- E aí, Almofadinhas, cadê aquela garota chinesa? – perguntou Tiago, felizmente mudando de assunto, e fazendo Fred se tocar e soltar da mão de Sirius. – Não vai dizer que você deixou a menina sozinha?
- É isso mesmo que eu vou dizer – disse Sirius, de repente retomando aquela sensação de pânico na boca do estômago. – Ela virou uma PORCA, Pontas! Uma PORCA, do nada, você sabe o que é isso?! Até rabinho enrolado ela tinha!
- Ah meu Deus – disse Remo, espantado. – Você não armou escândalo por causa disso, armou?!
- Claro que armei, que pergunta! – retorquiu Sirius, olhando para Remo como se ele fosse maluco. – Aquela monstra veio pra cima de mim, querendo me abraçar! Até parece que eu não ia soltar a franga, eu saí correndo que nem um infeliz.
Remo e Tiago bateram na testa ao mesmo tempo, murmurando "retardado" e escondendo o rosto por detrás das mãos.
- Você é o quê, um idiota?! – exclamou Remo, pegando Sirius pelos ombros e começando a chacoalhá-lo, como que tentando colocar algum bom senso na cabeça de minhoca dele. – Você devia era ter ficado do lado dela e apoiado a garota, e não sair correndo feito uma menininha de quatro anos!!
- Escuta aqui, até o balconista da Dedosdemel se assustou – disse Sirius, em autodefesa, se soltando. – Você não viu a coisa medonha que ela virou. Escorria um muco amarelo-esverdeado pelo nariz dela, você vomitaria se estivesse ali!
- Você é um fresco, é isso que você é – rebateu Remo, exasperado. – Imagina alguém ter medo de porco! Alguém que quer ser auror quando terminar a escola! Você não tem o menor senso de ridículo, tem?!
Sirius ia dar-lhe uma resposta tremendamente mal-educada, mas foi – felizmente para Remo – impedido por Jorge.
- Ahn... sem querer me intrometer, mas já me intrometendo... – Jorge começou a falar, com uma mão no queixo. – Você por acaso sabe o que transformou a Cho Chang nessa porca medonha, como você disse?
- Não, não sei, ela se transformou de repente – disse Sirius, sentindo um arrepio na espinha só de lembrar. – Mas ela disse que tinha sido picada por um mosquito ou algo assim, antes.
- Isso explica muita coisa – disse Jorge, virando-se para o irmão. Os dois abriram sorrisos maléficos idênticos.
- Explica o quê? – perguntou Tiago, desconfiado. Sirius conhecia aquela expressão no rosto dos dois. Era a que Tiago usava sempre que armava alguma pra cima de Snape. – Vocês sabem alguma coisa a respeito disso, não sabem?
- Nós?! Imagine só – disse Fred, com uma cara de inocente que não enganou ninguém.
- É só um pressentimento – disse Jorge, dando de ombros. – Imagino que, essa semana, vão acontecer muitos... ah... incidentes desse tipo em Hogwarts.
- É isso mesmo, nós lançamos uns artigos novos, e estão vendendo como água – continuou Fred, com um sorriso largo.
- Sério?! Que artigos são esses? – perguntou Tiago, entusiasmado, saltando da cadeira. Sirius se viu bastante interessado, também.
- Não acho que os criadores do Mapa do Maroto vão se surpreender com criações de dois míseros fãs como nós – disse Fred, dramaticamente. Sirius abriu um sorriso involuntário ao ver Remo revirar os olhos.
- Talvez vocês tenham alguma coisa que possa mudar a voz do Seboso?! – perguntou Sirius, tendo uma súbita inspiração.
- Quem? – perguntou Jorge, tanto ele quanto o irmão sem conseguir entender.
- Severo Snape Seboso – disse Tiago, ansioso. – Vocês sabem de quem a gente tá falando!
- Ah sim! O Snape! – exclamou Fred, fazendo um gesto de "Como eu não pensei nisso", para logo depois franzir a testa. – Vocês querem aprontar com o Snape?!
- E por que não? – disse Tiago, dando de ombros. – Ele merece. E depois, ele nunca vai saber que fomos nós.
- Eu achava que estávamos planejando a Macarena? – lembrou Remo, finalmente voltando a falar depois de ficar emburrado resmungando consigo mesmo. Os gêmeos Weasley arregalaram os olhos.
- Macarena?! Eu não acredito! – exclamaram Jorge e Fred ao mesmo tempo.
- Deixa a gente explicar a vocês...
###REMO###
Fred e Jorge definitivamente eram do tipo Maroto: inconseqüentes, inteligentes, com um senso de humor algumas vezes doentio e... bem, marotos. Por isso mesmo, eles estavam achando tão tremendamente divertido o que Tiago lhes contava (Tiago falava demais, não havia oportunidade nem necessidade dos outros dois falarem) sobre o que eles estavam tramando para aquela semana. Isso, claro, além de tudo o que eles já haviam feito para cima do Seboso...
- ...e teve uma vez em que nós, quer dizer, eu e o Sirius, viramos o Seboso de cabeça pra baixo na frente de todo mundo – ele dizia, em meio a risos gerais. Remo se lembrava bem desse dia; ainda se arrependia por não tido feito nada. Mas ria, assim mesmo. – Parecia que ele não lavava as cuecas há anos, de tão encardidas!
- Será que ele ainda usa cuecas cinzentas como aquelas? – ponderou Remo, quando Tiago finalmente abriu uma brecha. Fred e Jorge abriram sorrisos malignos.
- Podemos descobrir isso – disse Sirius, com um brilho cruel nos olhos.
- Pena que já saímos de Hogwarts – lamentou Fred, ainda com aquele sorriso. – Eu bem que gostaria de ver os grandes Marotos atuando.
- Por que eles ficam nos chamando de "grandes Marotos"? – murmurou Remo para Sirius, já começando a ficar desconfortável.
- Porque nós somos os grandes Marotos, ora, que dúvida! – replicou Sirius no mesmo tom, como se fosse óbvio.
O problema era que Remo não gostava tanto de atenção, ou de ter fãs ardorosos, quanto Sirius ou Tiago; não era muito do seu feitio. Ele gostava mais de ficar na dele. Mas ele já havia aprendido, há vários anos, que ser amigo daqueles dois tinha seus preços.
E também – ele não achava que eles fossem "grandes". Eles nunca abririam uma loja como a dos gêmeos Weasley, por exemplo, mesmo porque nenhum deles gostava de tanta responsabilidade assim. Quando Remo despertou de seus pensamentos, viu que os outros estavam amontoados ao redor da escrivaninha, olhando para dentro de uma caixa.
- ... E aqui, esse líquido amarelo vira fumaça em contato com o ar, então é só borrifá-lo que ele vai fazer efeito devagar, o que chega a ser mais cômico do que se fosse rápido... e aqui, olha, a gente chama de "tortura chinesa aperfeiçoada"...
- O que estão fazendo? – perguntou Remo, desnorteado, se aproximando.
- Você é aluado demais, sabia? – disse Tiago, rindo. – Tava ali sonhando acordado, aposto que nem ouviu quando a gente te chamou.
- E sabe como é, não se deve acordar os sonâmbulos – disse Sirius, girando um vidrinho comprido nos dedos, como um bastão. – E aí, quanto vai custar isso tudo?
- Custar? Que idéia, para os grandes Marotos tudo aqui é de graça – disse Fred, atônito. Parecia horrorizado com a idéia de cobrar deles.
- Mas acho que isso vai causar prejuízo, não? – perguntou Remo, desconfiado.
- A honra de vocês usarem nossos produtos é pagamento suficiente – disse Jorge, com um sorriso largo. – E, é claro... queremos que vocês virem aquela escola de pernas pro ar.
- Faremos o possível – disse Tiago, claramente achando aquilo tudo ótimo. De repente, pareceu se lembrar de algo importantíssimo. – AH! É verdade, eu tinha me esquecido! Vocês recuperaram o Mapa do Maroto das garras do Filch, não foi?! Ele confiscou o mapa da gente mês passado, e a gente até agora não conseguiu recuperar.
- É verdade, onde está o mapa, agora? – perguntou Sirius, interessado.
- Ué – disse Jorge, estranhando. – O Harry não contou a vocês? Está com ele, a gente entregou a ele quando ele tava no terceiro ano.
Tiago, Remo e Sirius ergueram as sobrancelhas ao mesmo tempo. Por que será que Harry ainda não comentara nada com eles? Era bem verdade que eles também haviam se esquecido, com toda aquela confusão...
- Vamos perguntar a ele quando formos embora – disse Tiago, pensativo. – Provavelmente ele também está com a Capa da Invisibilidade...
- Vocês têm uma capa da invisibilidade??
- Eu tenho – corrigiu Tiago. Fred e Jorge estavam boquiabertos. – Foi do meu pai.
- Eu nunca soube que o Harry tinha uma capa dessas – disse Fred ao irmão, admirado.
- O Roniquinho deve saber, é claro – disse Jorge, revirando os olhos.
- Sirius, não acha que é melhor ir ver como está a Chang? – lembrou Remo, ainda ligeiramente irritado pela falta de sensibilidade de Sirius para com a moça (Remo era uma tanto quanto romântico, ou pelo menos mais do que os outros). Quando Sirius fez cara de horror, ele acrescentou: - Imagina só, a pobrezinha está sozinha lá fora, com um monte de gente apontando pra ela, rindo dela e correndo dela, e ela sem saber o que fazer! Eu achava que você gostava dela?!
- Eu não acho que vou conseguir olhar pra ela sem imaginar um focinho de porco no meio da cara dela! – exclamou Sirius em retorno. Tiago só assistia à discussão, entediado.
- Por Merlin, Sirius, eu não entendo como você pode ser tão "conquistador" – ele revirou os olhos ao dizer isso, - se não sabe nem ser gentil com as mulheres. Pelo amor de Deus, vai lá fora e apóia a garota!
- Eu não vou, e nada vai me fazer ir! E se ela ainda estiver daquele jeito?!
- Acho que a gente pode ajudar – disse Jorge, abrindo um vidro cheio de balinhas coloridas. Pegou uma cor-de-laranja e entregou a Sirius. – Isso deve fazê-la voltar ao normal, é só ela engolir de vez, sem mastigar.
- Tem certeza? – perguntou Sirius, olhando desconfiado para a bala.
- Positivo – disse Jorge, confirmando com a cabeça.
- E como vocês teriam um antídoto pra isso, se nem sabem o que causou a transformação? – perguntou Tiago, curioso.
Fred e Jorge só deram de ombros, sorrisos misteriosos e idênticos em seus rostos.
