STFD – OS GLADIADORES

AUTHOR: Lady F., Towanda

DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions.

SPOILERS: OUT OF TIME (episódio), SE TUDO FOSSE DIFERENTE (fic).

Da série STFD leiam também as fics STFD - O Duelo e STFD - Thomy e Summerlee no 'Sonho' Perdido. Divirtam-se!

R-E-V-I-E-W!!!


Quando Roxton e Marguerite declaram guerra, somente uma pessoa terá coragem de testemunhar esse combate.


Marguerite e Verônica arranjaram uma nova diversão que mais do que isto tornou-se um enigma.

Observar Roxton e Thomy que ultimamente estavam bem próximos.

Sempre que tinha um tempo, o caçador pegava o garoto e ia com ele para uma área mais isolada na base da casa da árvore onde os dois ficavam por horas.

Olhando da varanda as duas mulheres tentavam descobrir o que ocorria, mas da posição em que se encontravam apenas conseguiam perceber que os dois estavam por lá.

Summerllee e Malone pediram a Challenger que tentasse descobrir, mas decididamente Roxton não queria que ninguém interferisse em qualquer coisa que eles estivessem fazendo.

E eles estavam fazendo...arapucas.

John Roxton era menino e, muito antes de ter seu primeiro rifle, adorava seguir pegadas de pequenos animais e armar arapucas dos mais diversos tipos e formas. Com o passar dos anos, conforme ia crescendo, esse prazer foi sendo esquecido.

Até o dia em que percebeu que Thomy seria o álibi perfeito para que ele voltasse a fazer algo que gostava sem que ninguém, especialmente Marguerite, ficasse zombando por ser coisa de criança e não de um homem.

Então, eles iam para o cantinho onde John havia escondido alguns utensílios e começavam a brincadeira.

Roxton também confirmou algo que há muito já desconfiava. Thomy era ótima companhia. Era o ouvinte perfeito, sempre prestando atenção, com os olhinhos atentos. Não que entendesse a que lhe era dito ou ensinado, mas parecia se divertir com a dedicação de Roxton ao tentar explicar as coisas.

"Preste atenção garoto. Você tem que amarrar bem firme os gravetos. Se ficar frouxo, a arapuca desmonta quando cair...e você tem que puxar a corda muito rápido ou então o bicho foge. Entendeu?" – Thomy balançou a cabeça concordando.

Foi Verônica quem percebeu. Ela contou a Ned que contou a Summerllee que contou a Challenger que contou a Marguerite que deveria ter contado a Roxton, mas não o fez. De alguma forma ela ia se divertir à custa do pobre caçador.

Qualquer que fosse a situação sempre que ouvia a palavra "entendeu" Thomy balançava afirmativamente a cabeça.

"Em breve, vamos entrar na mata e testar para ver se nossa armadilha vai funcionar." – Roxton trabalhava ajoelhado no chão. Thomy corria em volta dele e com um gritinho pulou no pescoço do caçador. Roxton riu e colocou o menino a sua frente. – "e uma coisa muito importante. Um caçador deve ser silencioso, então você tem que ficar bem quieto." – Thomy não se conteve e gritou mais uma vez empurrando Roxton que caiu de costas gargalhando.

"O que eu estou fazendo? Como vou fazer você ficar quieto por mais do que alguns segundos?"

Também usando gravetos bem finos, Roxton simulava pegadas de pássaro na terra e ia seguindo a trilha inventada.

"É assim que vamos seguir nossa presa." – explicou o homem andando ao lado do garoto, devagar pé ante pé. Thomy correu na frente dele e com as mãozinhas apagou as pegadas.

"Não!." – segurou a criança sorridente – "É pra seguir e não destruir as pegadas, entendeu?" – e uma vez mais Thomy balançou a cabeça.


Depois de dias e dias "treinando" seu pequeno parceiro, Roxton decidiu leva-lo a uma "perigosa" caçada de algum animal de pequeno porte, distante a no máximo uns trezentos metros da casa da árvore.

E da varanda da casa da árvore, as duas mulheres olharam os audazes caçadores entrarem na mata.

Montaram as arapucas, colocaram as iscas e esconderam-se nos arbustos. Foi ai que John percebeu que aquela tarefa poderia se mostrar impossível.

Atraído pelas migalhas deixadas, o pequeno pássaro pousou e foi ciscando e seguindo o caminho que o levaria a armadilha. Roxton prendia a respiração, ansioso, aguardando o animal ficar preso na engenhoca...

"shshshshshshshshshshshsh!!!"

"DROGA!" – Roxton correu atrás de Thomy que fazia barulho e corria agitando as mãozinhas na direção do pássaro que saiu voando.

Agarrando o garoto Roxton tentou explicar.

"Eu disse em silêncio. E é para capturar os animais e não salva-los. Entendeu?"


John Roxton não se lembrava de quando começou seu interesse pela caça e aventuras. Provavelmente ao observar o pai e o irmão mais velho William. E foram eles que lhe ensinaram a viver ao ar livre.

Nascera em berço de ouro. Seu pai tinha o título de Lorde e era respeitado nos altos círculos da Europa. A mãe, reservada, cumpria suas tarefas adequadamente, mas não gostava das aventuras do marido, e posteriormente de seus filhos.

Quando crianças William e John eram muito unidos. Inicialmente os irmãos andavam pela periferia da cidade em que nascera em busca de aventuras, com o mais velho sempre assumindo com orgulho seu dever de protetor e orientador do irmão. Foi quando John aprendeu a fazer arapucas simples. Conforme o tempo passava iam cada vez mais longe e faziam armadilhas cada vez mais complexas.

Quando John ganhou seu primeiro rifle, William começou a levá-lo para terrenos baldios. Devidamente preparados com comida, água e munição passavam o dia praticando tiro. E John não só aprendeu com rapidez como superou o irmão atraindo cada vez mais a atenção do pai, enquanto se afastavam cada vez mais de William.

Mas foi só quando ambos se tornaram adultos que o caçador finalmente percebeu o ciúme de William

E foi provavelmente tentando reconquistar esta atenção que William não só se aventurou com eles naquele safári, mas principalmente arriscou-se diante do animal.

E naquele dia tudo deu errado. Primeiro William Roxton perdeu o único tiro que tinha. Depois John, ao tentar salva-lo, atirou acertando não um, mas dois alvos para em seguida olhar com horror o irmão tombar morto, vítima de sua arma.

Com o coração cheio de culpa, John viu o pai morrer três semanas depois, provavelmente de desgosto, herdando um título que ele tinha certeza não devia lhe pertencer.

Embora soubesse que o peso da culpa o acompanharia pelo resto de seus dias, foi só quando refugiou-se nos mosteiros do Tibet que Lord John Roxton tomou a decisão de continuar sua vida da melhor maneira que pudesse.


As dolorosas lembranças do caçador foram interrompidas quando Thomy ameaçou correr para espantar a quinta presa do dia.

Mais do que depressa Roxton agarrou-o. No entanto quando viu o coelho começar a fugir impacientou-se e largando a criança começou a correr atrás do animal. Tentava pega-lo, mas ao mesmo tempo tentava não perder o menino de vista. E foi por isso que não viu a pequena depressão onde pisou sem firmeza torcendo o pé e caindo estendido no chão.

"Ai" – gemeu já segurando a perna machucada. Olhou para cima e viu Thomy aproximar-se para em seguida ficar de cócoras observando-o com curiosidade.

"Tudo culpa sua, seu caçador de araque" – Disse John fazendo uma careta de dor e apontando para o pequeno parceiro que continuou olhando para ele.

Sempre resmungado e com cuidado o homem tirou a bota examinando o pé que começava a inchar. Não estava quebrado. Mais do que a dor ele imaginou o que diriam os amigos da casa da árvore, principalmente a herdeira, se o vissem naquela situação embaraçosa. Tinha que agir rápido e voltar para casa antes que alguém percebesse. Viu um galho solto que poderia usar como muletas, a alguns metros de distância.

"Thomy. Pegue o galho" – apontou para o pedaço de madeira. Roxton riu ao ver o menino correr animadamente até o local que ele indicara, mas seu sorriso logo se desfez quando o pequeno lhe trouxe uma...folha.

"Não. O galho" – impacientou-se o nobre.

Roxton deitou-se no chão cansado de tentar falar alguma coisa ao garoto. Thomy soltou um gritinho e pulou em cima dele rindo.

"Você é único, Thomy.. Eu aqui quase chorando de dor e você fica tentando brincar comigo.. Eu acho que estou ficando muito rabugento, me desculpe, está bem?"

Inexplicavelmente Thomy sorria feliz, e abraçava o caçador o quanto podia, até enjoar.

Roxton percebeu o quanto Thomy era especial, também para ele. Olhava-o tão orgulhoso, tinha que admitir, Verônica e agora,Ned, estavam fazendo um excelente trabalho. Já não conseguia imaginar como seria a rotina da casa sem o pequeno.

"Bem, vamos tentar novamente..."

Roxton levantou-se com dificuldade, fazendo caretas, o que fez o garoto rir ainda mais. John queria rir também, mas seu pé latejava e doía muito. Conseguiu dar alguns passos, mesmo com dor e seu parceiro o acompanhou meio encabulado. Chegou perto do galho que serviria como bengala e apontou. Desta vez, não teve como Thomy errar.

"Vamos ver se agora voltamos pra casa. Podemos continuar praticando outro dia não é?"

John começou a caminhar e chamou Thomy

"Ei... vamos embora rapaz.."

Thomy parecia distraído até que ouviu a voz do caçador e pareceu acordar.Então, começou a recolher as coisas, ou pelo menos o pouco que cabia em seus pequenos braços.

Roxton observou e sorriu, admirado em como ele se lembrara das recomendações de Verônica antes de sair.

"Olha, você é bem forte, eu não consigo carregar isso tudo sozinho." - John fez o elogio, mas pensou que Thomy fosse ficar orgulhoso, ao invés de olhá-lo com a bengala, de cima em baixo, como quem diz; - "Eu sei que você não é forte como eu"


Marguerite gargalhava vendo Roxton caminhar com dificuldade até o sofá, vermelho não se sabe se de raiva ou vergonha.

"Quer dizer que o pirralhinho levou você pra passear..."

"Marguerite, por favor..."

"Não, não, espere aí John, eu tenho que registrar isso!!!" - Disse com um brilho divertido nos olhos, enquanto John ficava roxo.

"O-o que você vai fazer?!?!?" - Perguntou desacreditado.

"Ah..." - Com um pesar na voz, parou diante da escada para o laboratório, voltando para junto dos dois. - "Esqueci que nossa câmera está com problemas...Mas tudo bem, você vai ficar assim por um bom tempo!"

Thomy pulava em volta de Roxton imitando, soltando gemidos de "ai ui ai ui" enquanto John olhava severamente para o garoto, que parecia conspirar contra ele, ou receber ordens de Marguerite.

"Teremos tempo o bastante para rir do John, não é pirralhinho?" - Marguerite sorriu animada enquanto ele pareceu pular mais alegre e John quase arrancava os cabelos.

"Marguerite...está doendo!!!" - Reclamou como uma criança carente, a não ser pela expressão.

Ela cruzou os braços diante dele. Estava sorrindo, triunfante, se deliciava com aquela cena, John implorando por ajuda!

"Pare de reclamar seu bebê chorão, eu vou trazer a maleta do milagre..."

"Ah, deixa meu pé melhorar, você vai ver..."

"O quê? Você disse alguma coisa? Lembre-se que você agora depende exclusivamente da minha benevolência e piedade Lorde John Richard Roxton!"

"Não, não disse nada Marguerite...ai, por favor..." - John estava se entortando no sofá enquanto se deitava, com expressão de dor.

A herdeira rodou os olhos. - "Como são fracos!"

Quando Marguerite saiu, Roxton sentou-se tentando agarrar o menino que logo, parou de debochar.

"Parou porque, sua cúmplice não está mais aqui para te proteger é? É isso que ganho por te levar pra passear garotinho?"

Thomy se escondeu atrás da cadeira, observando-o, sorrindo como um moleque travesso, pois John não podia se levantar.

"Depois conversaremos a sós." - Cochichou o caçador enquanto voltava a deitar e gemer ao ver Marguerite chegando.

"Ainda chorando? Que vergonha my lorde"

"Não é vergonha sentir dor 'my lady'"

Marguerite pegou uma cadeira e sentou-se perto do caçador, limpando-lhe o pé para começar a enfaixar. Thomy correu para perto dela, parecia aflito. Coçava as mãozinhas, como fazia sempre que queria dizer chamar a atenção para alguma coisa e não conseguia.

"Thomy, depois nós rimos mais, agora preciso cuidar deste bebezão."

Mas o garoto insistia em ficar ali perto puxando a blusa de Marguerite e apontando para o pé de Roxton que pareceu entender o que Thomy queria, e lançou olhares nada amigáveis para o menino, que continuou a cutucar Marguerite agora por trás da cadeira, nas costas.

Com o garoto fazendo-lhe cócegas era impossível para a herdeira cuidar apropriadamente do caçador .

"Thomy!" - Chamou sua atenção. - "Eu sei que você quer rir, mas agora não!!!"

Então ele ficou muito nervoso, e pareceu perder o receio de se aproximar de John. Parou entre os dois adultos dando uma olhada prolongada para cada um e em seguida para o pé machucado. De repente, gritou dando um chute no pé do homem, fazendo-o revirar os olhos de dor e soltar um gemido abafado na almofada.

Marguerite assustou-se com a atitude do menino e mais ainda ao vê-lo observar o homem, franzindo a sobrancelha e coçando a cabeça, como se não entendesse o porquê daquela reação. Continuava a apontar pra ele desesperado, tentando dizer algo para a herdeira.

De súbito, pegou rapidamente o chapéu de Roxton e fingiu mancar como ele. Marguerite observou aquilo. Depois parou de mancar e andou normalmente e com as mãos erguidas como garras, atrás de alguma coisa.

"Quem ele está imitando?" - Marguerite colocou as mãos na cintura e virou-se para o caçador que parecia dançar no sofá, e parou imediatamente.

"Eu não sei...Não faço idéia." - Disse inocentemente para Marguerite enquanto ela o encarava desafiadoramente.

"Me parece que ele está imitando um John muito bom do pé!"

"Ele está conspirando contra mim!!!" Tentou se explicar.

"Eu não sou idiota, entendeu?" - gritou a mulher se levantando da cadeira. Thomy a cutucou balançando a cabeça.

"Mas..."

"Mas nada!" Ela fechou a maleta e jogou no colo de Roxton e indo para o outro lado da sala com Thomy, logo atrás.

"Vou te mostrar uma coisa." - Ele olhou intrigado e ela continuou - "Thomy. Roxton é um idiota entendeu? "

Thomy balançou a cabeça. Quando parou Marguerite olhou para o caçador rindo. Depois repetiu.

"Entendeu?... Entendeu?..." - Marguerite pegou o menino, que balançava a cabeça sem parar, pela mão e se aproximou do o caçador boquiaberto.

"Agora você sabe o quanto ele é idiota". – Disse retomando o curativo do humilde, quieto e inerte John Roxton.

Uns quinze dias depois...

CONTINUA...

R-E-V-I-E-W!!! R-E-V-I-E-W!!! R-E-V-I-E-W!!!