Capítulo 2 - A Solução

Hermione estava na toca a duas semanas e durante esse tempo havia visitado St. Mungos 4 vezes para tentativas frustradas de recuperar sua mágica. Ela se sentia solitária e depressiva. Rony e Harry estavam no Centro de Treinamento de Aurores e não puderam visitá-la nenhuma vez. Cada coruja que eles enviavam com notícias apenas a fazia sentir-se pior. Gina tinha enviado uma longa carta contando os detalhes so sétimo ano em Hogwarts, mas a amiga também não podia deixar a escola antes das férias.

A idéia de voltar ao mundo trouxa era cada vez mais forte. Ela ainda não havia contato aos pais sobre o acidente, mas a cada dia a possibilidade de voltar a ser trouxa era mais real.

A jovem estava ajudando Molly na cozinha quando uma coruja entrou pela janela deixando cair um envelope em suas mãos. Era um bilhete de Dumbledore. Um sorriso se abriu no rosto de Hermione.

- Dumbledore me pediu para ir a Hogwarts essa tarde. Espero que ele tenha boas notícias.

- Sem dúvida que serão, querida. Usaremos pó de flu até o Três Vassouras e depois iremos andando até a escola. Aproveitarei para levar umas guloseimas para Gina – resolveu a Sra. Weasley.

- Obrigada Molly. Não sei o que faria sem você – agradeceu Hermione com um beijo.

Ao chegarem a Hogwarts a Sra. Weasley foi procurar a filha enquanto Hermione subia até a sala do Diretor. Ao entrar percebeu que ele não se encontrava sozinho. Sentado próximo a lareira estava Severo Snape. Após os cumprimentos usuais o Mestre de Poções começou o seu discurso:

- Depois de profunda pesquisa encontrei a poção reparadora que irá restaurar seus poderes. Foram necessárias sete noites de trabalho árduo para obter a composição correta.

- Obrigada, professor – falou Hermione, sem acreditar que Snape tivesse tido tanto trabalho por sua causa. – Fico agradecida por seu empenho em me ajudar.

- Meu empenho não teve nenhuma relação com a senhorita – retorquiu o professor. – Apenas o fiz porque o Diretor me pediu.

- Bem, jovens, vamos a poção – interviu Dumbledore apaziguador. E dizendo isso entregou um pequeno frasco lilás a Hermione que o abriu e tomou seu conteúdo imediatamente. O gosto era amargo, mas não ruim.

Hermione empunhou a varinha, olhou ao redor e focalizou o pote de balas na escrivaninha do Diretor. Apontou para lá e disse com segurança: "Accio balas". Nada aconteceu. Hermione desabou na cadeira, as mãos jogadas ao lado do corpo e sem tenta o feitiço novamente.

- Não compreendo – exclamou Dumbledore. – Eu tenho certeza de que essa é a poção adequada.

O Mestre de Poções olhou para Hermione com o mesmo desdém que usava nas aulas e perguntou sem rodeios:

- Srta. Granger, a senhorita é virgem?

Hermione engoliu em seco diante da pergunta inesperada.

- O que o senhor quer dizer com isso? – perguntou a garota atônita.

- Se a senhorita não entendeu a minha pergunta eu posso refazê-la com outras palavras – continuou o professor irônico. – Eu perguntei se a senhorita já manteve relações sexuais.

- Não vejo onde minha vida particular possa interferir no meu tratamento – retrucou a bruxa com agressividade.

- Srta. Granger, eu não pedi a sua opinião – afirmou Snape monocórdico. – Apenas responda a minha pergunta.

Hermione olhou para Dumbledore a fim de verificar se ela tinha mesmo que responder. O velho bruxo baixou os olhos em concordância. A garota deu um longo suspiro e respondeu:

- Não.

- Não, a senhorita não vai responder; ou não, a senhorita não é virgem; ou não, a senhorita não manteve relações sexuais? – tentou esclarecer Snape aproveitando cada momento de agonia da jovem.

- Não, eu ainda não mantive relações sexuais – afirmou Hermione, enfatizando a palavra ainda, mas sem conseguir esconder o rubor que acentuava cada uma de suas sardas.

- Resolvido! Diretor, a srta. Granger é virgem. Agora o senhor já sabe a solução para o problema. Acredito que minha presença não é mais necessária – declarou Severo Snape deixando a sala.

Hermione continuava olhando para a porta por onde o professor havia passado quando Dumbledore perguntou: - Aceita uma bala de limão?

- Diretor, acredito que fui humilhada o suficiente por hoje. O senhor poderia me explicar o motivo?

- Um bruxo é considerado maior de idade quando completa 18 anos, e por isso perante o Ministério você é uma adulta. Mas uma poção não tem como perguntar a idade ao bruxo que a bebe, então ela considera a iniciação sexual como parâmetro para decidir se um bruxo é ou não adulto – e Dumbledore abriu mais uma bala, como se o assunto estivesse esclarecido.

- Certo Diretor, então para uma poção eu sou uma criança, e daí? – perguntou Hermione cada vez mais confusa.

- O feitiço que foi lançado contra você é muito poderoso e apenas uma poção com o mesmo poder poderá desfazê-lo. A poção que o professor Snape preparou tem essa qualidade, entretanto ela seria fatal para uma criança. Desse modo, quando a poção detecta que está sendo ingerida por uma criança ela se auto-anula – explicou o diretor.

- Então é só preparar uma poção específica para crianças, certo? – perguntou Hermione sentindo a voz falsear cada vez que dizia a palavra criança.

- Impossível! Uma poção tão forte nunca poderia ser preparada para "enfants" – afirmou Dumbledore sem olhar diretamente para Hermione.

- Isso significa que eu só poderei recuperar meus poderes depois de ... bem... o senhor sabe o que?

- Exato – respondeu o Diretor encerrando a visita.