Capítulo 4 - O Encontro

Hermione esperava por Snape do lado de dentro dos portões de Hogwarts. Ele estava quase meia hora atrasado. Hermione mordiscava o lábio inferior. Ela sabia exatamente o que ele queria dizer com o atraso: você não é importante.

Ela temeu ter tomado a decisão errada. A princípio parecera que o professor de poções seria a pessoa certa para resolver o seu "probleminha". Ele era discreto, confiável e não havia nenhuma possibilidade de qualquer um dos dois considerar aquilo mais do que realmente era. Esse foi o ponto crucial na escolha, mais do que vergonha de pedir ajuda a um de seus amigos, o que ela mais temia era ser pega em um redemoinho de sensações por um deles. Seus sentimentos por Harry e Rony eram indefinidos. E sexo com qualquer um deles desbalancearia a frágil relação entre os três.

Trinta e cinco minutos de atraso. Já era noite. Ela podia simplesmente virar as costas, voltar para a escola e esquecer tudo aquilo. Onde ela estava com a cabeça? Severo Snape nunca perdera uma chance de humilhá-la e essa não seria a primeira vez.

Ela pediria ajuda a qualquer outro. Entraria no Três Vassouras, sentaria sobre o balcão e anunciaria:

- Quem está interessado em uma noite de sexo sem compromisso?

Pensar no absurdo da situação a fez relaxar um pouco. Bem, não devia ser tão difícil arrumar um amante. Hermione deu alguns passos em direção ao castelo. Foi então que viu o vulto negro se aproximando.

- Já desistindo, Granger? – perguntou Severo.

A jovem não respondeu e o professor continuou irônico:

- A coragem Grifinória lhe abandonou essa noite?

Hermione deu um suspiro e pensou - "Isso vai acabar logo e eu poderei voltar para a minha vida normal". Seu temperamento prático a fez decidir:

- Não professor. Eu pensei que o senhor havia desistido – respondeu a bruxa. – Vamos?

Snape apontou para os portões indicando o caminho e a seguiu. Assim que deixaram o campus da escola Severo envolveu Hermione em um abraço repentino que a jovem tentou evitar. Segundos depois ambos aparatavam em uma sala de estar.

- Me solte! – gritou Hermione se desvencilhando dos braços do professor.

- Vai ser um pouco difícil consumar o ato a que nos propusemos se eu não puder encostar em você – respondeu Snape rindo sarcasticamente. – Mas não se preocupe, eu só precisava abraçá-la no intuito de aparatar.

- OK. Onde estamos? – perguntou Hermione constrangida por ter reagido tão intensamente.

- Na mansão Snape. Eu não venho aqui com freqüência, mas é muito conveniente para esse tipo de encontro – respondeu o mestre fazendo Hermione pensar nas outras mulheres que estiveram naquela casa antes.

O lugar era frio e parecia desabitado. Lençóis protegiam os sofás e poeira revestia o chão. Os móveis descobertos eram imponentes e um grande brasão reluzia sobre a lareira escura. Hermione não pôde deixar de sentir um pouco de enjôo ao pensar em deitar-se num lugar assim tão sujo.

Severo observava Hermione enquanto ela esquadrinhava o ambiente. Ela não conseguia esconder o nojo que sentia. Quando ela passou os dedos sobre uma das mesas e franziu as sobrancelhas em desaprovação o professor não se conteve, descobriu um dos sofás com um movimento brusco e perguntou:

- Bem, Granger, você prefere sobre a mesa ou no sofá?

- Eu..., é...., não.... - um olhar de desespero se formou no rosto da jovem que não conseguiu terminar a frase. Severo quase se arrependeu do que disse.

- Não seja boba. Me siga – e dizendo isso Severo subiu as escadas.

Ao atravessarem a porta do quarto, no segundo andar, parecia que haviam entrado em outra casa. Um aposento amplo, arejado, absolutamente limpo. Fogo crepitava na lareira. Sobre uma pequena mesa repousavam dois copos, uma garrafa de vinho e o pequeno frasco lilás. Hermione não conseguia tirar os olhos da grande cama que dominava o ambiente lembrando a ambos o propósito da visita.

Foi o professor quem quebrou o silêncio:

- Aceita uma taça de vinho? – perguntou ele tentando ser civilizado.

- Não podemos resolver logo isso? – retrucou a garota sem dar conta da grosseria de sua resposta.

Snape respirou algumas vezes tentando se controlar. "Então é isso que ela quer?" – pensou ele – "Rapidez! Pois bem".

- Beba isso então – ordenou o professor ríspido retirando do bolso um frasco pequeno e o entregando a Hermione.

- O que é isso? – perguntou a jovem enquanto bebia o líquido.

- Uma poção contraceptiva – respondeu o mestre observando os lábios de Hermione sorverem o líquido e sentindo uma ereção indesejada. O descontrole sobre seu corpo o irritou e o fez acrescentar. – Não tenho nenhum interesse em ver um pirralho mestiço me chamando de pai.

Hermione engasgou com o último gole da poção - "Pirralho mestiço? Ele não tinha o direito de dizer isso".

- Retire o que você disse – gritou Hermione.

- A verdade incomoda, não é? – continuou Snape sentindo prazer em enfurecê-la. – Você é uma sangue-ruim e se um dia tiver um filho de um bruxo ele será um mestiço. Algum problema?

- Você é desprezível, Severo Snape – afirmou Hermione levando a mão a manga da veste à procura de sua varinha. Severo deu um meio sorriso que a fez desmoronar. Ela havia esquecido que sua varinha era inútil, mas não ele.

– Eu desisto. Você venceu – continuou a garota, enquanto ia até a janela e olhava para a escuridão como se procurasse a resposta para seu impasse. Hermione agarrou o parapeito com tanta força que se podia ver seus dedos vermelhos. – Sou eu que preciso da sua ajuda.

- Você não é obrigada a continuar – assegurou Snape reassumindo seu papel civilizado. – Eu não costumo forçar mocinhas indefesas a compartilhar minha cama.

- Mas eu quero – afirmou Hermione virando-se para ele e começando a desabotoar a blusa sob a veste.

Ela queria terminar com aquilo o quanto antes, sem perder o controle sobre si mesma, e isso era algo que ele não permitiria.

- Paciência, srta. Granger, paciência – retorquiu Severo enquanto a virava de costas novamente contra a janela, levantava seu cabelo e passava a língua delicadamente por sua nuca agora despida. – Eu posso ajudá-la, mas vai ser do meu jeito.

Hermione queria resistir, mas as sensações que aquela boca produzia eram deliciosas. E ela se deixou ficar na janela, na expectativa do próximo passo.

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Observação: para esse capítulo e o próximo eu me inspirei numa cena que a Judith Krantz escreveu em "A Filha de Mistral", onde Julien Mistral seduz a frígida Kate Browning. Tentei não copiar, mas as vezes caí em tentação. Eu chamo de inspiração literária, outros chamarão de puro plágio.